Menos mal: temos uma seca dolorosa, mas sem levas de retirantes e saques a cidades, comércios ou caminhões com mantimentos ou invasões de prédios públicos. Efeito bolsa-famÃlia e outras ações governamentais.
Não sei se exagero, mas de algum modo evoluÃmos em relação ao passado. Em outros tempos, o quadro seria de miséria, com multidões de famintos se aglomerando nas cidades e vagando por estradas e veredas à cata de migalhas à sobrevivência.
A própria história da formação social de Mossoró deriva de uma seca assombrosa, ocorrida no triênio de 1877 a 1879, em plena monarquia, reinado de Dom Pedro II. PerÃodo de sua célebre frase de que venderia até a última jóia da coroa, mas aplacaria o sofrimento do povo faminto e sedento.
Àquele perÃodo, Mossoró chegou a inchar com mais de 25 mil habitantes, massa de famintos vinda de todos os recantos do sertão, para uma espécie de panaceia.
A população nativa de cerca de 6,5 mil moradores foi ‘engordada’ e definitivamente nos transformamos num aglomerado humano miscigenado e referência no semiárido até o momento.
Também surgiram os espertalhões, que fizeram caixa próprio com a miséria alheia.
Enfim, Mossoró virou a terra que acolhe.
Mãe gentil.
“Também surgiram os espertalhões, que fizeram caixa próprio com a miséria alheia.”
Estes foram os que mais se desenvolveram.
E continuam com as mesmas práticas de antigamente.
Não tiveram sequer o cuidado de mudar a metodologia tão certos vivem da impunidade que parece ser assegurada por lei aos que se cevam no dinheiro público.
Será que isto nunca mudará?
Foi na seca de 1877 que começou a construção do prédio que abriga hoje o nosso Museu Municipal. Foi uma das medidas para ocupar as levas de retirantes que aqui chegavam famintos e desesperados. Mossoró, como sempre, uma terra que sabe acolher e dar oportunidades a pessoas de boa fé.