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domingo - 02/06/2024 - 07:24h

Sempre é tempo

Por Odemirton FilhoDois caminhos, já teve, passado e presente, escolha, passado e presente, terra arrasada

Li um texto que dizia assim: “é na velhice que os fantasmas do arrependimento e da culpa costumam aparecer com mais frequência. Quando se chega a um tempo no qual o que ainda falta viver é muito menos do que o que já se viveu, o passado, as memórias e as escolhas que não foram feitas invadem o presente e exigem uma injusta prestação de contas para a qual dificilmente nos preparamos”.

Realmente, o passar do tempo nos faz refletir sobre o que vivemos. E fizemos. Não, não se trata de remoer o passado, pois este deve ficar devidamente guardado lá atras; é preciso virar a página do livro da vida, como se diz. No entanto, tenho certeza que a maioria de nós faz essa reflexão. Às vezes, nos perguntamos: e se tivesse enveredado por outros caminhos, a vida teria sido diferente? Fiz a escolha certa naquela ocasião? Enfim, são inúmeros os questionamentos, poucas as respostas.

Decerto, muitos devem carregar no peito uma ou outra culpa pelo que fez. Por vezes, uma atitude irrefletida nos leva para o abismo do arrependimento. Fazemos mea-culpa. Se dá para remendar o malfeito, ótimo, senão, resta-nos carregar pelo resto da vida o peso da culpabilidade. Para o Direito Penal, a culpabilidade é o juízo que se faz sobre a reprovabilidade da conduta do agente. Somos ao mesmo tempo, no tribunal de nossa consciência, o juiz, o promotor, o advogado e o réu.

Entretanto, não podemos conduzir a nossa vida carregando o peso de arrependimentos. A vida impõe escolhas, temos que decidir. Talvez, acertemos, talvez, erremos. Não importa. Faz parte da jornada. Porém, não dá para conviver com essa angústia. É preciso viver, pois o passado está morto, e o futuro é incerto. O que temos é o presente, porquanto a vida é um instante, dizem por aí.

Muitos acreditam na “lei do retorno”, uma vez que pagaremos os erros cometidos por aqui, não na outra vida, para quem acredita, claro. Colhemos hoje o que plantamos ontem. Semeamos amor ou ódio? Fomos bons filhos? Fomos bons pais? Cultivamos amizades? Fizemos o bem?

Quem sabe, não devemos esperar chegar ao crepúsculo de nossa existência para fazermos uma reflexão sobre o que estamos a fazer, mesmo porque não sabemos quando será o ocaso da vida. Creio que sempre é tempo para revermos valores, principalmente, atitudes.

Odemirton Filho é colaborador do Blog Carlos Santos

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Categoria(s): Crônica

Comentários

  1. Bernadete Lino diz:

    Interessante essa crônica: hoje acordei pensando num bocado de coisas e fiquei meio deprê. Às vezes as coisas que mais nos entusiasmam , conflitam com valores e coisas que aprendemos desde pequenos. Tive a felicidade de nascer numa família onde meus pais não perdiam uma oportunidade de nos mostrar o certo e o errado. Para ilustrar, lembro que entrei na casa de uma madrinha e vi um “santinho de papel”, daqueles com uma criança ajoelhada e o anjo da guarda atrás. Peguei e levei pra casa. Minha mãe, muito observadora, perguntou que papel era aquele e quem tinha me dado. Tive que falar a verdade. Ela disse: vá lá e devolva e nunca mais pegue o que não é seu. Sai preocupada; rezando pra não ter ninguém que me visse devolvendo, pra não passar vergonha. Por sorte, ninguém me viu pegar e nem devolver. Voltei aliviada. Isso me marcou para sempre. Numa outra ocasião, passando na calçada vi uma nota de 5 (a moeda eu não lembro). Bati na porta e o dono veio saber o que eu queria. Eu disse: achei esse dinheiro na sua calçada e é seu. Ele riu e disse: menina, dinheiro perdido na rua é de quem achar. Eu respondi: minha mãe vai brigar comigo. Então ele disse: aguarde ai. Foi numa bodega e comprou de negro bom e me entregou. Se sua mãe não acreditar na sua história, venha que eu explico. Mamãe acreditou e eu nunca mais esqueci. Incorporei o ensinamento. Não sei se viajei no seu tema de hoje, mas eu evito os possíveis arrependimentos. Mas tenho alguns; não sou santa. Grata por seus escritos.

    • Odemirton Filho diz:

      Cara Bernadete, eu que agradeço seus comentários que, aliás, são um complemento aos nossos textos. Muito interessante a sua história. São nessas pequenas atitudes que consolidamos os nossos valores para a vida.
      Um abraço. Deus te abençoe. Fique bem.

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