Alvo de dois arrastões no mês passado (veja AQUI e AQUI), em que pacientes e servidores foram acuados por bandidos e estiveram sob mira de armas de fogo, o Centro de Atenção Psicossocial de Álcool e Drogas (CAPS AD III – 24 Horas), de Mossoró, Nova Betânia, vive uma experiência nova. É algo que anima e empolga, servindo de paradigma nesses tempos de sucateamento da coisa pública.
Fechado desde o último incidente (no dia 26 de dezembro), o Caps AD III está passando por reforma física que privilegia a segurança, haja vista que a gestão passada – Francisco José Júnior (PSD) – prometeu, prometeu, mas não garantiu sequer Guarda Civil Municipal no local.
Mas a iniciativa não é decorrente da gestão passada nem da recém-instalada – Rosalba Ciarlini (PP). Graças a ação e recursos pessoais do psiquiatra Roncalli Cunha, com apoio dos demais servidores, obra está sendo feita no prédio do Caps AD III.
“Tomei decisão pessoal de investir com recursos próprios (mesmo com dois meses sem receber e sem o décimo) na segurança minha, dos colegas funcionários e dos próprios pacientes. Colocamos grades nos acessos vulneráveis, concertina no muro, tranca eletrônica no acesso principal, com interfone e câmera, além de fechamentos de janelas com alvenaria”, relata Roncalli.
Ele acredita que há “uma sensação de segurança” em face do que foi e está sendo feito ainda.
A instituição atende em média 60 pacientes por semana e acolhe outros 10 a 12 pacientes em horário integral para tratamento de dependência química. Toda demanda de consultório de rua, encaminhamentos de pacientes das Unidades Básicas de Saúde (UBS) com indicação de tratamento etc., além de apoio aos menores infratores, urgências oriundas das Unidades de Pronto-Atendimento (UPA´s) estão parados.
O secretário da Saúde do município, enfermeiro Benjamim Bento, foi cientificado do que fora desencadeado. Elogiou a iniciativa, além de garantir apoio – obrigação do poder público – à retomada do funcionamento pleno do Caps.
Comissão gestora
Ontem, mesmo com salários em atraso, houve mutirão de servidores fazendo limpeza do imóvel. A mobilização não teve apenas o uso dessa mão-de-obra voluntária, mas os próprios funcionários levaram material de limpeza de suas casas, como panos para chão, rodos, vassouras e detergentes.
Sem uma direção formal constituída há cerca de um ano, o Caps criou uma espécie de “comissão gestora” escolhida democraticamente pelos funcionários, para fazê-lo funcionar.
“Se tudo correr bem, na próxima terça-feira (10) estaremos de portas abertas à população oferecendo os nossos serviços”, transpira em tom eufórico o psiquiatra Roncalli Cunha.
Nota do Blog – O serviço público tem jeito. O serviço público é imprescindível. Mas exige a valorização do indivíduo que queira trabalhar, que tenha oportunidade de progressão funcional pela meritocracia e não o apadrinhamento politiqueiro.
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