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segunda-feira - 22/06/2009 - 15:58h

Sexo, jogatina, dinheiro e algo mais no jogo do poder

Em pleno exercício do poder, o presidente Bill Clinton foi ainda mais super-exposto. Em tese, nada que pudesse comprometer o poderio econômico e bélico dos Estados Unidos. Em tese.

Apareceu à altura de sua cintura, a boca da estagiária Mônica Lewinski (AQUI). O escândalo quase o tira da Casa Branca.

Desse outro lado do hemisfério, o Brasil, os bastidores sempre foram pródigos em personagens influentes, mas sem cargos visíveis.

Tancredo Neves foi para o túmulo como presidente (sem nunca ter tomado posse), deixando além da viúva Risoleta, a figura de sua secretária particular, dona Antônia Gonçalves, com atuação além do gabinete. Discretíssima, ela era ouvida por Tancredo.

Dom Pedro I fez de sua vida uma grande esbórnia e nenhuma mulher na corte – casada ou solteira – estava a salvo de suas perversões. A mais notória foi a Marquesa de Santos, que ganhou título e posses graças às evoluções na alcova. A Coroa (nossos antepassados) pagava a conta.

Governador de São Paulo e regido pelo lema “Rouba mas faz”, Adhemar de Barros conservou até a morte uma amante coberta de muito dinheiro: Ana Benchimol Capriglione. Quando atendia um telefonema seu, ele tratava-a, disfarçadamente, por “doutor Rui”.

Todos em sua volta sabiam que era o nome de guerra da favorita do poderoso. Ela chegou a ser roubada (ou expropriada) em 1969 em 2,6 milhões de dólares, numa ação do grupo terrorista VAR Palmares no Rio de Janeiro. À polícia, Ana e seus familiares disseram que o cofre estaria vazio.

Era difícil explicar a origem de tanto dinheiro.

Avião e Potengi

O presidente Juscelino Kubitschek enfileirou amantes. Narra-se um episódio em que embarcou somente ele, uma mulher, piloto e co-piloto em aeronave presidencial para sobrevôo de Brasília, enquanto “dava uma”. Informalmente é relatado que o acidente (ou assassinato) que o vitimou nos anos 70, antecedeu encontro que teria com uma antiga concubina, em São Paulo.

No Rio Grande do Norte, um governador chegava a mandar avião do Estado pousar em Mossoró para levar mulher de sua preferência para visita ao Palácio do Potengi. Outro se encantou por uma interiorana, a ponto de fazer noitadas secretas à beira-mar em Ponta Negra.

Por pouco o mundo não desaba.

Existem ainda situações em que a cama não ligava poderoso e auxiliar: o principal era a grana. Eis a dupla titânica Collor de Mello e seu tesoureiro alagoano PC Farias.

Impeachment, milhões roubados do erário e mortes fazem parte da história ainda cheia de interrogações que envolvem Collor e PC. É dessa época também o namoro adúltero entre os ministros Bernardo Cabral (Justiça) e Zélia Cardoso de Mello (Economia).

Certas decisões foram tomadas em meio ao romance. A própria Zélia deixou escapar informações dessa envergadura, num livro chulo que escreveu.

Antônio Carlos Magalhães, velho cacique baiano já falecido, também tem das suas.

Corre na justiça uma ação para reconhecimento de paternidade e divisão de sua fortuna de bilhões, com um filho que teria produzido com a embaixatriz Lúcia Flecha de Lima (AQUI). A Grande Imprensa, com raras exceções, prefere abafar a baixaria de luxo.

Nos anos 90, tendo Itamar Franco como desafeto e prestes a assumir a presidência da República, ACM tentou derrubá-lo produzindo dossiê falso. Atribuia-lhe perfil de homossexual para tentar desmoralizá-lo.

No regime militar, também não faltaram peripécias da turma verde-oliva.

O presidente João Batista Figueiredo empregou uma antiga amante, Edine Macedo, na época em que ainda não tinha assumido o comando do país. Quando tudo veio à superfície, teve que enfrentar ação para pagamento de pensão alimentícia.

Carlos Lacerda

Nos intramuros do poder, às vezes também entra em jogo a questão da fidelidade canina: o segurança particular do presidente Getúlio Vargas, Gregório Fortunato, terminou condenado e preso (morreu no presídio Frei Caneca no Rio), por organizar atentado ao jornalista Carlos Lacerda. Estaria agindo isoladamente (?) em defesa do seu líder.

O próprio Lacerda, de bissexualidade embutida, fora vítima de uma armação do regime militar ao final de sua vida, em 1977. A versão corrente é de que o Serviço Nacional de Informação (SNI) gravara áudio comprometedor com o incendiário orador de larga cultura e impetuosidade.

Rasputin, a “eminência parda” (AQUI) na corte dos Romanov (Rússia), terminou assassinado por desafetos, que não gostavam de seu poderio. Ele era "o cara" no final do império dos czares.

Em se tratando de vida pessoal, não é só sexualidade e influência externa que pesam nos bastidores. Vícios como jogatina e bebedeira mexem com credibilidade. Se forem moderados e não influenciarem a vida pública, tudo bem.

Mas nem sempre foi assim com o beberrão Jânio Quadros (ex-presidente) e com o carismático Lula. Os dois têm em comum a afeição pelo copo. Vários exageros são listados, com reflexos na política no tempo de cada um.

Na mesa de jogo, dona Yolanda Silva (mulher do presidente-general Costa e Silva) tinha dívidas de baralho pagas pelo rico Paulo Maluf. Daí teria começado a carreira política e o verbo depreciativo "malufar".

Como se vê, a vida privada de figuras públicas tem tudo a ver com o interesse da sociedade. Talvez quem melhor resuma onde começa e termina a vida íntima do homem público, seja o consagrado jornalista Gilberto Dimenstein:

– A rigor é irrelevante saber se o ministro é homossexual, se o chanceler tem caso com suas secretárias ou se o presidente namora atrizes de televisão. A vida particular, entretanto, ganha importância caso o namoro do presidente com a atriz interfira na administração pública.

Em Mossoró, já tivemos político que passava dias em bordel, mas não era execrado pela opinião pública nem se ouvia falar que desviasse milhões para ajeitar a vida de alguma prostituta. Não envolvia vulva com emprego, mas é certo que gerava votos. Os tempos eram outros, de pleno machismo. 

Nos dias atuais, Mossoró não é exceção, se imaginando um “país” à parte – onde a coisa pública possa ser privatizada pelos inquilinos do Palácio da Resistência.

Quem pensa e age de forma diferente, apenas justifica o que este Blog diz há tempos: "A patota não é do ramo".

Foto: Acervo do Blog do Carlos Santos (Adhemar de Barros ao microfone, anos 50, São Paulo).

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Comentários

  1. alcides diz:

    Carlos, sem cabotinismo, mas, dessa vez você esmerou-se no post. Parabéns.

  2. cezar alves diz:

    O texto é longo, disto não tem como duvidar, mas começando o leitor não tem como parar. É a exposição precisa de farto material politico tratando sobre os principais escandalos de nossos tempos. Mossoró entra no eixo. Parabéns…

  3. MARCIA CELIA FREITAS DE SOUZA DIAS diz:

    Sou sua fã.

  4. Ana Gabana diz:

    continuo sua fã e leitora assídua… rs

  5. carlos alberto diz:

    PARABENS,SEM COMENTARIOS.

  6. william diz:

    Eles são capazes de criar guerras para se manter no poder, imaginem isto que foi apresentado, isso é nada para eles. Sabem que o povão nem liga aí botam é f…… em todos. Agueeeeeeenta!!!!

  7. Ronaldo Fernandes diz:

    Postagem digna de ser debatida nas aulas de história em nossos colégios e universidades. Parabéns!

  8. Francimar Aprygio de Souza diz:

    Pobre Mossoró! na mão desse cidadão chamado Gustavo Rosado… parabéns pelo texto!

  9. J Pedro diz:

    No Paraná havia um governador que mandava buscar a amante em Cascavel. Mas ela exigia que o avião do governo fosse o jato executivo, não aceitava deslocar-se para Curitiba em turbo hélices e outros modelos de avião de status supostamente inferiores. Nada de King Air e Sêneca…

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