domingo - 19/04/2015 - 11:51h

Sistema de transporte público – um problema crônico

Por Gutemberg Dias

Fazer uma discussão sobre o problema do Sistema de Transporte Público em Mossoró se faz necessário, antes de mais nada, entender a dinâmica socioeconômica do município e os programas de desenvolvimento da malha urbana.

Mossoró economicamente tem sua maior expansão econômica e demográfica a partir da década de 1970 e, principalmente, logo após o início operacional das atividades de exploração petrolífera na década de 1980, quando há um crescimento natural nos fluxos migratórios e aquecimento econômico.

Nesse período os deslocamentos ainda estavam restritos ao perímetro central, onde o fluxo de pessoas acontecia com certa facilidade devido as pequenas distâncias a serem vencidas, ou seja, nesse período a mobilidade urbana poderia ser considerada satisfatória.

Porém, com o crescimento da mancha urbana patrocinado, em parte, pelo desenvolvimento econômico e pelos programas de habitação dos governos, bairros passaram a ser criados perifericamente ao núcleo central urbano e, com isso, as distâncias passaram a ser maiores, já sinalizando a necessidade de se pensar estratégias que garantisse ou facilitasse o deslocamento coletivo para esses novos territórios.

Com a expansão do tecido urbano as distancias aumentaram de forma gradativa e a necessidade de deslocamento passou a ser um problema para a massa de povo que aos poucos eram deslocadas para os bairros periféricos. Essa expansão não foi acompanhada da infraestrutura necessária no tocante ao transporte público e, naturalmente, a própria malha viária urbana foi sendo criada sem o planejamento necessário a devida implantação de políticas de transporte público coletivo.

É notório que os problemas advém de longa data e a atual administração apenas faz o favor de manter ele vivo, já que ações efetivas não são tomadas para sanar as deficiências e garantir um perfeito funcionamento do sistema que deveria responder majoritariamente pelo maior fluxo de deslocamento da população.

É sabido que apenas investir no sistema de transporte público não é a solução e, diante disso, a gestão municipal precisa fazer uma leitura ampla do problema, não se restringindo apenas a querer colocar ônibus nas ruas. Claro que essa é uma solução urgente, porém paliativa.

Em 2009, se não estiver errado, a cidade era atendida por 13 linhas que cobriam cerca de 64% da demanda do município. Saliento que esses dados são da própria prefeitura em documento que trata da mobilidade urbana no governo da ex-prefeita Fafá Rosado. Mas, acredito que na atualidade esses números são menores, principalmente, no que tange à cobertura.

Um dado do Ipea (2012) que merece ser trazido a essa discussão, mostra que em cidades acima de 60 mil habitantes no Brasil, cerca de 38% dos percursos são feitos a pé. O mais interessante disso é que esse alto índice de percursos a pé não está relacionado apenas ao problema da falta do transporte, ou seja, uma grande parte é em função do preço da tarifa.

Nesse sentido a gestão municipal em Mossoró precisa de imediato garantir uma frota suficiente na rua, mas, também, precisa se ater aos demais problemas associados ao sistema que degradam a qualidade, como a questão da tarifa, a regulação melhor de seu espaço urbano (rever a expansão horizontal), o reordenamento dos percursos, reestrutura dos corredores (vias) de acesso e, também, a regulação de veículos em áreas centrais.

Quanto a esse último ponto, a questão dos veículos, nada será resolvido se a gestão municipal não criar mecanismos eficazes para inibir o uso de veículos próprios, principalmente, no centro da cidade. Dessa forma, a criação da Zona Azul é uma ferramenta imprescindível na reestruturação do Sistema de Transporte Público, salientando que toda sua arrecadação deve ser utilizada única e exclusivamente para financiar a melhoria do sistema como um todo.

Num contexto geral, se nada for feito e se não houver um entendimento sistêmico do problema, com o crescimento populacional e, principalmente, devido a expansão da mancha urbana, Mossoró estará fadada a ser uma cidade com gigantescos (hoje são grandes) problemas no tocante a mobilidade urbana no futuro próximo.

As soluções existem e a cada ano que se passa mais caro fica para o cidadão.

Gutemberg Dias é empresário, geógrafo e mestre em Recursos Naturais

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Categoria(s): Artigo

Comentários

  1. Inácio Augusto de Almeida diz:

    “Dessa forma, a criação da Zona Azul é uma ferramenta imprescindível na reestruturação do Sistema de Transporte Público, salientando que toda sua arrecadação deve ser utilizada única e exclusivamente para financiar a melhoria do sistema como um todo.”
    Acode, acode que o Zé Ruela está engasgado de tanto rir.
    Todo este amontoado de palavras para defender a implantação de mais uma taxa para ser paga pelos mossoroenses. Achar que o Zona Azul é uma FERRAMENTA IMPRESCINDÍVEL na reestruturação do Sistema de Transporte Público…
    Sonhar que toda a arrecadação desta “facada” nos mossoroenses vai ser destinada a financiar alguma coisa…
    Sei que o PC do B é aliado do prefeito. Mas jamais imaginei que a coisa chegasse a este ponto.
    AS RUAS DE MOSSORÓ ESTÃO INTRANSITÁVEIS, algumas até mesmo para tratores.
    Como se falar em transporte coletivo sem vias que ofereçam as mínimas condições de tráfego?
    Eu desafio você, meu caro Gutemberg Dias, inclusive em você votei, a ir no seu carro, no meu não que eu não sou louco, circular pelas ruas dos bairros periféricos desenvolvendo 20 km por hora. Não existe malha viária em Mossoró e a prefeitura finge que desconhece isto.
    O governo federal tem recursos que destina ao asfaltamento de todas as vias por onde circulam coletivos. Será que não veio um centavo para Mossoró? Se veio, o que foi feito? Os vereadores de oposição são só de oposição de H. Quando o dinheiro que veio para a Rio Branco foi aplicado? A Av. Alberto Maranhão está se tornando intransitável nas imediações do STOCK FRIOS. Falo de uma das mais importantes avenidas de Mossoró. O asfalto está destruído em grande parte desta avenida. Mossoró está abandonada.
    Deixemos o problema da malha viária. Vamos sonhar que tudo seja consertado e Mossoró possa passar a contar com ruas em boas condições de tráfego.
    Ganha o mossoroense o suficiente para pagar a tarifa que será cobrada pelas empresas de ônibus? Suportarão o comércio e a indústria bancarem estas passagens para os seus funcionários?
    Mossoró, meu caro Gutemberg, é uma CIDADE PLANA. E em sendo uma cidade plana torna-se ideal para a construção de ciclovias. Por que não construir ciclovias e partir para uma campanha de popularização do uso da bicicleta, inclusive estimulando até os que se utilizam do transporte individual a usarem a velha magrela? Como isto pode ser feito, depois eu digo. Mas garanto que sei como isto pode ser feito.
    Mas estimular o uso da bicicleta desagrada a muitos e contraria intere$$e$…
    Por que não nos reunimos e junto com Cinquentinha e Josué elaboramos um plano para resolver de uma vez por todas o problema do transporte público em Mossoró. E de quebra, o problema deste trânsito cada dia mais caótico e de solução tão fácil?
    Atrelar-se a estes que estão no poder, principalmente um jovem como você, cheio de ideais e com um brilhante futuro político, não é um bom negócio.
    Pelo seu texto, apesar de ser você um jovem inteligentíssimo, dá para se notar a dificuldade que teve para defender o indefensável.
    Saiba que ninguém foge ao seu destino. E o seu destino político não é se juntar a; deixa prá lá.
    Pense nisto.
    91397139
    ////
    QUANDO SERÃO JULGADOS OS RECURSOS SAL GROSSO?

  2. Gutemberg Dias diz:

    Prezado Inácio,

    Primeiramente, gostaria de deixar claro que até o momento o PCdoB não faz parte da base de apoio do Prefeito Silveira Jr (PSD), bem como, se o fizesse, esse que vos fala estaria aceitando a decisão do coletivo partidário, mas não estaria calado em relação aos grande problemas que afligem Mossoró e seus moradores.

    Creio que você se apegou apenas a uma parte do artigo, especificamente, aquela que trata da Zona Azul como forma de financiamento do Sistema de Transporte Público. Gostaria que o amigo entendesse que o Sistema não é apenas ônibus nas ruas e vias asfaltadas e que, com base no Plano Nacional de Mobilidade Urbana, as cidades tem que dar prioridade ao veículos de transporte coletivo e ao pedestre. Dessa forma, eu defendo a Zona Azul como forma de criar um mecanismo que garanta a quem quiser continuar usufruindo de seu transporte particular, que o faça, porém sabendo que deverá pagar por esse uso em áreas centrais e, muito bem, delimitadas pelo poder público.

    A implantação de mecanismos como esse é amplamente utilizada nas cidades que resolveram encarar o problema da mobilidade urbana e, sobretudo, que quiseram mudar a cultura do uso do transporte coletivo. Acredito, como disse no artigo, que essa medida atrelada a outras que, também, estão pontuadas no irão garantir a médio e longo prazo uma melhora no Sistema de Transporte Público em Mossoró.

    Por fim, gostaria de deixar claro que não concordo com seu ponto de vista e que a solução não é fácil e muito menos resolvida com uma simples canetada. Garanto que o problema tem solução e precisa ser encarado de frente pelo gestor, mesmo que para isso, seja necessário a disputa de ideias para mostrar que o caminho apontado no artigo tem as bases gerais para apontar desdobramentos mais minuciosos. Ainda, para complementar meu raciocínio, esse problema precisa ser discutido com todos os atores que fazem parte dessa cadeia, inclusive com o você.

    Um forte e fraternal abraço e que nossos caminhos e ideias continuem convergindo para termos uma Mossoró melhor e que cuide dos seus munícipes.

    • Inácio Augusto de Almeida diz:

      Prezado Gutemberg
      Afirmei que o PC do B está atrelado ao prefeito porque naquela reunião com o tal professor de economia, que em tom professoral afirmou que o dólar alto só prejudica os ricos, para de rir, Zé Ruela, quando falei que a administração Silveira era a mais desastrosa de todas que Mossoró teve, ele saltou e disse que o PC do B estava coligado ao PT e que Mossoró não era uma cidade fácil de administrar, etc.
      FINALMENTE, SIM OU NÃO: O PC do B FAZ PARTE DA BASE DE APOIO AO SILVEIRA?
      Vamos ao problema Zona Azul.
      Você sabia que em todas as cidades onde ele foi implantado os donos de veículos pagam ZONA AZUL e de quebra tem que pagar aos FLANELINHAS?
      Aqui para nós, sem que ninguém nos ouça, até porque você faz parte da base de apoio da atual administração, você acredita realmente que o dinheiro do Zona Azul vai ser aplicado em favor da melhoria de alguma coisa? Veja o exemplo da Taxa de Iluminação Pública. Quanto a prefeitura arrecada com esta taxa e qual o retorno que os mossoroenses tem? Tem é ruas muito mal iluminadas.
      Leia o que você mesmo escreveu: “Gostaria que o amigo entendesse que o Sistema não é apenas ônibus nas ruas e vias asfaltadas e que, com base no Plano Nacional de Mobilidade Urbana, as cidades tem que dar prioridade ao veículos de transporte coletivo e ao pedestre.”
      Se a solução deste problema não passa por ônibus nas ruas e vias asfaltadas e de acordo com o Plano Nacional de Mobilidade Urbana tem que ser dada PRIORIDADE aos veículos de transporte coletivo, então por onde passa a solução deste problema? Pela construção de metrôs?
      Vamos ser realistas e não querer buscar soluções mirabolantes. Vamos na base do feijão com arroz.
      A solução deste problema em Mossoró é simples:
      Asfaltamento das avenidas e ruas por onde transitarão os ônibus, construção de abrigos de passageiros, as tais paradas de ônibus, criação de ciclovias e estímulo ao uso da magrela.
      DINHEIRO PARA CONSTRUÇÃO DOS ABRIGOS DE PASSAGEIROS JÁ VEIO E NÃO FOI POUCO.
      Por que os abrigos não foram construídos,não me pergunte.Talvez a Cláudia Regina saiba responder esta pergunta,já que ela anunciou o recebimento de UM MILHÃO DE REAIS para construção destes abrigos.
      Você já pensou na criação de mão única em grandes avenidas nos horários de pico?
      Das 7 às 8:30 a descida da São Manuel será a partir do trevo da delegacia sentido único centro. Quem quiser ir do centro para depois da delegacia vai pela feira do bode ou pega outro caminho pela BR.
      Das 17: 30 às 19 horas inverte o sentido. O mesmo se aplicará a outras avenidas e isto resultará numa maior fluidez do trânsito. Uso dos Azulzinhos a partir das 7 da manhã orientando o trânsito e prevalecendo a orientação deles sobre os sinais de trânsito. Quantas vezes dezenas de carros ficam parados esperando o sinal abrir sem que outros carros estejam trafegando no sentido lateral?
      Encerro dizendo que o mossoroense não merece pagar mais este imposto disfarçado, Zona Azul, que irá prejudicar e muito o comercio na área central da cidade.
      Infelizmente, meu caro Gutemberg, não dá para colocar tudo num comentário.
      Quando você tiver um tempinho a gente conversa mais sobre este assunto.
      Já começou a pensar em 2016? Só não acredite em conversa de ser vice. Isto ele promete a todos
      Tenho certeza de que o seu futuro político será brilhante.
      Um forte abraço.
      91397139
      /////
      QUANDO SERÃO JULGADOS OS RECURSOS SAL GROSSO?

      • raimundo nonato sobrinho diz:

        Seu Inácio mais uma vez te alerto: Nem tudo que parece é. Nao tenho nada a acrescentar a pessoas que nao resiste a um convite, e na primeira oportunidade se entrega de corpo e alma. Tem muita gente em Mossoró que sonha todo dia com um convite, como se diz por lá: Esta lambendo a rapadura.

        • raimundo nonato sobrinho diz:

          Sei Ináci sei que o sr já perceber que o nosso projeto nao tem nada a ver com o da gestao atual. Sei que muitos nao concordam comigo, e nao poderia ser diferente. Servidores, comissionados, terceirizados, aluguéis, mobilidade, saúde, e relaçoes com denunciados na justiça. Percebeu o tamanho do abismo.

          • Inácio Augusto de Almeida diz:

            Seu Cinquentinha
            Marque o dia para a gente assinar a flliação ao PSOL.
            Cansei de apelar para que uma união acontecesse em Mossoró entre os que se dizem oposicionistas. Se for possível, estou sem impressora, imprima o pedido de desfiliação do PMDB e o de filiação ao PSOL.
            Só espero que menos um carro de som o PSOL, através do FUNDO PARTIDÁRIO, disponibilize para Mossoró. E com este carro de som iremos, bairro a bairro dizer o que a maioria dos mossoroenses ainda não sabe.
            A campanha de 2016 será bem diferente.
            Isto eu garanto.
            /////////
            QUANDO SERÃO JULGADOS OS RECURSOS SAL GROSSO?
            QUANDO OS QUE SE DIZEM OPOSICIONISTAS AUTÊNTICOS ESCREVERÃO SOBRE SAÚDE, EDUCAÇÃO, SEGURANÇA?

  3. FRANSUÊLDO VIEIRA DE ARAÚJO diz:

    Caro GUTEMBERG, parabéns pelo artigo, e, sobretudo pelo enfoque coletivo dado à questão em vergasta.

    Claro que o gestor público, no caso o sr. FRANCISCO JOSÉ SILVEIRA JUNIOR têm suas obrigações e deve necessariamente atuar na direção e no fomento de políticas realmente públicas e no enfrentamento da sabida atuação dos lobbies que os interesses privados mantêm na órbita política local.

    À meu ver, além dos conhecidos lobbies privados historicamente entranhados na estrutura da máquina pública, há também um considerável obstáculo a ser administrado sob os mais variados aspectos pelo gestor público na condução e na mudança de mentalidade, conquanto a utilização dos serviço de transporte público coletivo, que diz respeito à cultura do transporte e meios de locomoção motorizado e individual por demais enraizado culturalmente em nossa egoísta, imediatista e individualista sociedade de consumo.

    Nesse sentido, temos como exemplo a ser seguido a PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO, QUE NA GESTÃO FERNANDO HADDAD, tem dado demonstrações de capacidade administrativa, de força política, tino administrativo e personalidade na condução e na implantação das revolucionárias ciclovias e outras formas inteligentes de bem tratar a questão do transporte coletivo, e, para tal, está tendo que enfrentar inclusive a parte podre e reacionária do Ministério Público e do judiciário com seus conhecidos e manjados enclaves conservadores ancorados no órbita do reacionarismo da política nacional.

    Sem esse enfrentamento dos interesses e lobbies contrários e secularmente estabelecidos e ao mesmo tempo uma sistemática mudança de paradigma junto a cultura do transporte coletivo em nosso país, inclusive com inserção de aulas no ensino básico a esse respeito. Dificilmente mudaremos a atual e dantesca realidade, que de fato, espelha esses caos que é a a mentalidade de cada um possuir um transporte individual como solução para cada indivíduo/trabalhador chegar ao seu trabalho e aos afazeres do seu dia-dia resultando em quilométricos engarrafamentos e poluições de toda ordem, e no caos que dia-a-dia se aprofunda nas ruas e avenidas do mundo e do Brasil contemporâneo.

    Um baraço

    FRANSUÊLDO VIEIRA DE ARAÚJO.
    OAB/RN. 7318.

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