A insolência do correligionário
Chamado à Fazenda São João, o militante polÃtico "Chico" Carlos, de Governador Dix-sept Rosado, está diante do ex-governador TarcÃsio Maia. É o ano de 1986.
Esparramado numa rede, mãos com dedos entrelaçados, pés cruzados em chinelos em couro cru, TarcÃsio é direto:
– Francisco, eu soube que você anda falando do governo de José (José Agripino, governador) e dizendo que vai romper para apoiar Geraldo Melo.
– É verdade, governador – dispara o interlocutor sem qualquer abalo. "Eu não estou sendo prestigiado", justifica.
Para encerrar o assunto, TarcÃsio é pragmático:
– Então deixe aqui o que você recebeu do governo durante esse tempo!
Com seu estilo atrevido, curto e grosso, incapaz de levar desaforos para casa, Chico não se sente preso pelo emprego no Banco do Estado do Rio Grande do Norte. Manda a tréplica:
– O senhor também deveria deixar o que recebeu para apoiar a candidatura de Tancredo Neves.
Quase transbordando de ira, mas represando a ira, TarcÃsio encerra a arenga:
– Francisco, por favor se retire daqui com sua insolência…
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