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quarta-feira - 16/06/2021 - 14:20h
História

Sob o signo do chifre

Marechal Deodoro levou a pior no cerco à Baronesa, mas levou o Brasil a isso que chamam de República (Reprodução)

Marechal Deodoro levou a pior no cerco à Baronesa, mas levou o Brasil a isso que chamam de República (Reprodução)

Por François Silvestre

Na madrugada do dia 16 de Novembro de 1889, Deodoro da Fonseca aceitou a argumentação dos republicanos e assinou do Decreto de Proclamação da República, assumindo o poder na condição de Ditador.

Não foi no dia 15. Por que então se comemora o dia 15? Porque foi no dia 15 a marcha para o Campo de Santana, com toda a pompa da manifestação cívico militar, cuja movimentação é registrada em fotos e fanfarras.

A verdade é mais opaca. Bem menos brilhosa. Deodoro era amigo do Imperador e defensor do Império. Queria apenas a destituição do Gabinete do Visconde de Ouro Preto, chefe do Governo Imperial. Até a madrugada do dia 16, ele estava decidido a proteger e manter o Imperador. Irredutível.

Foi então que um dos republicanos, talvez Benjamim Constant, teve a ideia luminosa. Criaram uma edição falsa do um jornal existente no Rio, que noticiava o seguinte: O Imperador decidira destituir o Gabinete de Ouro Preto. O que Deodoro queria. Mas a notícia seguinte alterou a decisão do velho Marechal.

O jornal informava que D. Pedro nomeara para a presidência do Conselho de Ministros o ex-presidente da Província do Rio Grande, magistrado e senador, Gaspar da Silveira Martins. Foi a gota d’água que entornou o Império. E convenceu Deodoro.

Silveira Martins, que dá nome à rua do oitão direito do Palácio do catete, tomara uma namorada de Deodoro, quando este servira em Porto Alegre. O então oficial alagoano, sediado no Rio Grande, apaixonara-se por uma jovem gaúcha. Namoraram algum tempo. Até que ela apaixonou-se por Silveira Martins e abandonou Deodoro. Ficou a intriga figadal.

Ao saber dessa nomeação, o Marechal assinou o decreto de proclamação. Foi assim. Fato semelhante ocorreu muitas décadas depois, quando Carlos Lacerda fez uma edição falsa de um jornal existente para convencer Gregório Fortunado a confessar o atentado da Rua Tonelero. O jornal dizia que Lutero Vargas havia confessado e fugido.

Pois bem. Duas constatações. A História se repete, com a farsa no lugar da tragédia e a República nasceu sob o signo do Chifre. É por isso que o povo é sempre o último a saber das coisas.

Nota do Blog – A Baronesa do Triunfo, Maria Adelaide, pivô desse entrevero, é figura dos intramuros da história gaúcha. Bom saber mais detalhes. No livro “1889”, o escritor e jornalista Laurentino Gomes mexe no assunto.

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Categoria(s): Artigo

Comentários

  1. Q1naide maria rosado de souza diz:

    A paixão desenfreada proclama uma República, boa ou não.
    François Silvestre vou enriquecer meus ensinamentos aos meus netos.

  2. Fernando diz:

    O chifre aparece nos dias atuais envolvendo a caserna.

    • Marcos Pinto. diz:

      É por isso que abundam por aí uns tais bucéfalos da vida, seriamente acometidos pela SÍNDROME DA CHIFRONITE AGUDA. Um alerta: Estando perto de um desses sacripantas nunca fale em gado ou queijo. Decifra-me ou te devoro. Essa é de lascar.

  3. João Claudio diz:

    O culpado por pelo chifre nesse corno e o nascimento das pérolas, Bolsonaro, Renan Calheiros, Lula e grande elenco, foi aquela maldita tempestade que fez com que a caravela do Cabravéi desviasse da rota e ancorasse em terras tupiniquins.
    De lá pra cá, tudo que se toca nessa merda vira bosta.

  4. François Silvestre diz:

    Ainda no mar, indo expulso do Brasil, D. Pedro escreveu um soneto-recado para Deodoro. Que terminava assim: “Mas a dor que crucia e que maltrata,/ que fere o coração e quase o mata,/ é ver na mão cuspir à extrema hora/ a mesma boca aduladora e ingrata,/ que tantos beijos nela pôs outrora”/.

  5. Marcos Pinto. diz:

    Sob o enfoque do contexto histórico da famosa chifronute aguda, observe-se o fato da vinda da família Real portuguesa para o Brasil – resultado de cinematográfica fuga desenfreada, quando, sob a agitação da pressa abandonaram no Porto do embarque vários caixotes abarrotados de caríssimas peças sacras de ouro e prata surrupiadas de vetustas Igrejas. Mas a parte do enredo mais interessante desta espécies de epopéia Real batrela-se ao fato de que a ilustre consorte do cornífero Dom João VI a mais que feiosa dona Carlota Joaquina resolveu embarcar em uma Caravela por ela destinada para acomodação própria com a sua criadagem, tendo obrigado ao conformado marido que embarcasse em outra Nau, decisaot cumprida sem resmungos. Imagine-se as orgias e tribuzanas chifronícias delineadas ao longo dos três meses da travessia do Atlântico, nos mesmos moldes da que foi protagonizada pela belíssima Cleópatra e seu amado Marco Antonio. Para completar a agonia do pançudo Sim João VI, eis que a pérfida Rainha Carlota Joaquina deliberou, quando já se aproximava da cidade de Salvador-BA, em aportar e desembarcar já na já famosa Cidade brasileira, tendo ali sido suntuosamente instalada com a sua trupe, onde alinhou sua estadia por mais de um mês. Durante essa tal estadia, é para conformar o João Pançudo, que enviará vários mensageiros convocando-a ao Rio de Janeiro, respondeu que o motivo de ter aportado em Salvador dera-se por força das circunstâncias, causadas por fortes ventos que obrigou ao Capitão da Nau a ancorar na bela praia baiana de São Salvador. Essa foi de lascar.

  6. Marcos Pinto. diz:

    Ainda sob a temática : O nosso Presidente psicopata vê genocida deixou uma péssima impressão, por ocasião do DIA DIA NAMORADOS, quando deixou de proporcionar um DIA em lugar paradisíaco ao lado da esposa, para se fazer acompanhar por mais de seis mil marmanjos/motoqueiros em São Paulo, na tal motociata, que bem poderia ser denominada de MOTOCIATA CORNÍFERA. Essa foi de lascar. Maiores detalhes sobre a EPOPÉIA CORNIFERA elencados em segunda postagem, vide Livro “1808 – Autor: Laurentino Gomes. Inté.

  7. Amorim diz:

    Obrigado François, um banho de cultura.
    A história contada nos livros escolares sempre foi escrita de acordo com as conveniências.

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