terça-feira - 11/06/2019 - 10:28h
Opinião

A cascavel mordeu o maracá

Por François Silvestre

Quando uma pessoa ou grupo de pessoas sofrem uma acusação arrimada em provas obtidas legalmente questionáveis, a primeira defesa não é negar o fato ou os fatos, mas desqualificar as provas. Isso é o corriqueiro. Aí os acusadores explicam que a fonte produtora das provas pode ser questionada, mas não desfigura a verdade do que foi apurado. E geralmente conseguem a condenação do acusado.

Isso aconteceu às pencas na Lava-Jato.

Sérgio Moro e Deltan Dallagnol foram alcançados em diálogos que ferem o Devido Processo Legal (Fotos: The Intercept Brasil)

Muitos estão condenados ou presos após inquéritos nascidos desse procedimento, com provas de fontes anônimas ou de vazamento telefônico obtido clandestinamente.

Tudo justificado na louvabilidade dos fins, justificando os meios, por mais patifes que tenham sido.

Agora, a cascavel mordeu o maracá. E os defensores dessa prática, ao sentir o gosto do próprio veneno, usam a mesma tática abusada ontem pelos seus investigados. Não negam o fato nem o defendem juridicamente. Não.

Negam e condenam a obtenção de provas por meio ilícito. Mas o fato é cristalinamente verdadeiro.

Um Juiz orientando investigação, acolitando e sendo acolitado por membros do Ministério Público. Numa aberração que desmonta o Devido Processo Legal. O Processo comporta Partes e Julgador. Acusação e Defesa são Partes.

Devem, por imposição legal, receber o mesmo tratamento do Julgador. E este não pode ter preferências.

Quando decidir pelo direito de uma das partes, deve fazê-lo pelo convencimento a que foi levado pelas provas dos Autos e pelo cotejamento das razões de cada parte, tratadas com a mesma isenção. Nunca por presunção de simpatia ou concordância com uma das partes.

Diferentemente disso, em sendo honesto, o Juiz obriga-se à declaração de suspeição.

É tudo muito ruim nesse episódio.

Uma operação que merece o respeito de todos, tem esse respeito trincado após descobrirmos que todos delinquiram nesse cipoal. Os corruptos públicos, os corruptores privados, os investigadores e os julgadores.

Cada um delinquiu na medida e na dimensão do seu gesto.

Acompanhe o Blog Carlos Santos pelo  TwitteAQUIInstagram AQUIFacebook AQUIYoutube AQUI.

Compartilhe:
Categoria(s): Artigo
sábado - 08/06/2019 - 16:26h
'Prisidente'

Moeda de latão

Por François Silvestre

Vejo nas folhas que nem o mercado nem o Congresso levam a sério esse estrupício de moeda comum entre o néscio Bolsonaro e o desmoralizado Macri.

Bolsonaro e Macri: Peso Real (Foto: Agustin Marcarian)

Um é o outro em tempos diferentes. Bolsonaro é Macri amanhã.

A pergunta é: O que danado pode ser levado a sério nesse “guverno”. Canclomo, coclomo quem possa responder.

O prisidente acaba de nomear embaixadora do Brasil na Venezuela indicada por Guaidó. Cadê Guaidó? Bolsonaro, o conclomante, guardou?

Fez uma zoada de tambor e mostrou ação de cuíca. Mesmo com Maduro caindo de podre. Sumiu nas mentiras de Trump e Bolsonaro, que lhe garantiram apoio e mijaram na rabichola.

Sem fazer nada, absolutamente nada, até agora, o néscio quer resolver os problemas da Argentina à custa da grana escassa dos brasileiros. Misturar o real, moeda ainda respeitada, com o peso argentino, completamente desmoralizada.

Só um ministro de economia, discípulo filosófico de Olavo de Carvalho, poderia inventar tamanha estupidez. Tudo para mascarar e iludir a realidade da sua incompetência.

Cantado em verso e prosa como salvador da economia, agora diz que tudo depende do Congresso. Ora, se tudo dependo do Congresso qualquer um poderia ser ministro da economia. Até um dos filhos do prisidente.

Em resposta à Dilma, que queria ser chamada de presidenta, Bolsonaro se diz prisidente, pois presidente significa antes do dente. Ou dente presado.

Eita que chafurdo na falta de Stanislaw Ponte Preta.

Acompanhe o Blog Carlos Santos pelo  TwitteAQUIInstagram AQUIFacebook AQUIYoutube AQUI.

Compartilhe:
Categoria(s): Artigo
  • Repet
domingo - 02/06/2019 - 07:22h

Ontem com cara de hoje

Por François Silvestre

As eleições presidências de 1945, após a queda do Estado Novo, foram realizadas sob o comando constitucional da Carta de 1937. Essa constituição foi um diploma de inspiração fascista, elaborada por Francisco Campos, que “evoluíra” do positivismo de Comte para o fascismo ítalo-brasileiro.

Ela serviu ao projeto político de Vargas, com o fim da federação e implantação de um Estado unitário. Cuja consecução deu-se simbolicamente com a queima das Bandeiras dos Estados.

Hoje, a diferença é mais de forma e menos de conteúdo. Continuamos a ser uma Federação de mentira, sob o amparo de uma Direita obtusa, que promete ética e entrega hipocrisia; e uma Esquerda confusa, que promete progresso e entrega esmola.

As eleições foram disputadas pelos novos Partidos. O PSD, de inspiração getulista, com sustentação conservadora e base eleitoral no coronelismo e na vida rural. A UDN, de inspiração no liberalismo americano, com força nas camadas urbanas, também conservadora e refratária às transformações sociais.

O PTB, getulista puro, aliava-se ao PSD, assumindo o comando do trabalhismo urbano. Indo do sindicalismo ao peleguismo. Tudo brasileiramente macunaímico.

Pois bem. A Carta de 37 não previa a figura do Vice-presidente. A coligação PSD/PTB derrotou a UDN. O candidato do PSD, General Eurico Dutra, que fora o sustentáculo da Ditadura Vargas, derrotou o Brigadeiro Eduardo Gomes, candidato dos udenistas.

Ocorre que a Constituinte de 46 restaurou a investidura da Vice-presidência. E à própria Assembleia foi delegada, por legitimidade natural, a prerrogativa de eleger o Vice-presidente.

Nem precisa dizer que a briga de foice, na penumbra das conspirações, típicas da nossa formação política, foi deflagrada nas mumunhas do poder. O PSD lançou o nome do Senador catarinense Nereu Ramos, que não gozava do afeto pessoal do presidente Dutra.

Os dissidentes do PSD, sabendo dessa desafeição, conspiraram com os udenistas para derrotar Nereu. Dissidência política, no Brasil, não se dá por amor à pátria. Mas por interesses pessoais. Era assim ontem, é assim hoje.

Esses insatisfeitos procuraram Dutra e informaram que se eles lançassem outro candidato, da ala dissidente do PSD, teriam os votos da UDN e derrotariam Nereu Ramos.

Eurico Dutra, que ouvia muito e falava pouco, ouviu de ficar rouco. Depois falou: “Os senhores não tem o meu aval. Minha orientação é que votem no Nereu”.

Ante a perplexidade dos “dissidentes”, Dutra lecionou:

– “É verdade que eu não gosto do Senador Nereu Ramos. Mas a UDN o detesta muito mais do que eu. Se o Vice-presidente for alguém suave à UDN, ela vai conspirar todos os dias para me derrubar. Se for Nereu Ramos, eu ficarei tranquilo, pois A UDN não vai querê-lo no meu lugar”.

Assim foi feito e Dutra governou sossegado.

François Silvestre é escritor

Compartilhe:
Categoria(s): Artigo
sexta-feira - 31/05/2019 - 06:26h
Eu vi

Alegoria não platônica

Por François Silvestre

Subindo a serra ontem, após audiência em Almino Afonso, na ladeira que dá acesso a Serrinha dos Pintos, para chegar a Martins, vi uma cena de twitter: Um grupo de jumentos, desses abandonados nas estradas, divididos nas duas margens da estrada.

Uns à margem esquerda e outros à margem direita.

Acompanhe o Blog Carlos Santos pelo TwitteAQUIInstagram AQUIFacebook AQUIYoutube AQUI.

Compartilhe:
Categoria(s): Artigo
  • Art&C - PMM - Maio de 2025 -
domingo - 26/05/2019 - 09:20h

O astrólogo de luneta

Por François Silvestre

Sem formação acadêmica, Olavo de Carvalho jacta-se de sabedoria infusa. Autointitulado filósofo, não chega sequer aos pés daqueles filósofos clássicos.

Nem ao umbigo dos filósofos modernos. Exemplo de Platão ou Sartre.

Nesse afã de amealhar seguidores incultos, malestudados, espaçosos e ridículos que infestam as redes sociais, o “mestre” Olavo bate no peito e confessa-se autodidata.

Aí me veio à memória a lição do poeta Mario Quintana: “O autodidata é um ignorante por conta própria”.

François Silvestre é escritor

Compartilhe:
Categoria(s): Artigo
segunda-feira - 20/05/2019 - 15:16h
EUA

Cadê o OCDE?

Por François Silvestre

O gato comeu? Lembram?

Jair Bolsonaro foi aos Estados Unidos, bateu continência para Donald Trump, abriu as pernas, digo portas, para americanos entrarem no Brasil sem qualquer controle, quando e onde quiserem, sem a recíproca para os brasileiros entrarem na terra do Tio Sam. E ainda abriu mão de interesses nacionais na Organização Mundial do Comércio (OMC).

Tudo para quê?

Para Trump bancar o ingresso do Brasil na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o clube comercial dos ricos.

Bolsonaro deu mas Trump não cumpriu a promessa.

Agora, véspera do encontro desse “clube”, Trump está bancando o ingresso da Argentina e nada disse sobre o Brasil.

Os diplomatas americanos informaram que não receberam nenhuma recomendação sobre o Brasil.

É isso aí.

Trump, que nada tem de besta, percebeu que Bolsonaro é um fã e não um aliado.

Um lírico bocó, pousando de estadista de quintal.

Acompanhe o Blog Carlos Santos pelo  TwitteAQUIInstagram AQUIFacebook AQUIYoutube AQUI.

Compartilhe:
Categoria(s): Artigo / Política
  • San Valle Rodape GIF
domingo - 19/05/2019 - 07:52h

Desgoverno, português e tabuada

Por François Silvestre

Bolsonaro curtiu e repercutiu um texto que afirmava ser o país “ingovernável sem os conchavos”, e ainda afirma que Bolsonaro até agora “não fez nada”.Quando alguém divulga um texto alheio, para deleite de outros leitores, sem contestar o que está escrito, confirma concordância com o que leu. Isso é tão elementar quanto “dois mais dois É quatro”, diria o ministraço da educação, como disse e repetiu em sua fala na Câmara.

Portanto, Bolsonaro concorda que sem cambalacho não pode governar e que nada fez até agora. Se fizer alguma coisa daqui pra frente terá de ser com cambalacho.

Essa é uma confissão pré-paga.

Depois Bolsonaro deixou-se fotografar com garotos de um colégio público.

Após a fotografia, ele aconselhou a garotada: “Primeiro obedeçam papai e mamãe, depois obedeçam os professores, que devem ensinar coisas importantes como português e tabuada”.

Pronto.

Tá explicado o desastre do governo.

Os ministros de Bolsonaro não tiveram bons professores no primário, não aprenderam português nem tabuada.

François Silvestre é escrirtor

Compartilhe:
Categoria(s): Artigo
quarta-feira - 15/05/2019 - 08:12h
Brasil

O pior tempo…

Por François Silvestre

…é o tempo da piedade.

O da caridade é uma lástima. Cobra esmola, servidão, pequenez humana. Porém, o tempo da piedade deixa o homem na condição de barata. Exposto ao primeiro pé desatento. Ter pena é o pior estágio na relação dos sentimentos.

E quando você tem pena dos inimigos, aí a coisa desce abaixo da moradia dos ratos, que fica no andar inferior das baratas.

O Brasil vive esse estágio. Não sendo fanático, torço pra que melhore. Sem olhar quem comanda.

Mas, quem comanda? Que governo temos?

Gostaria de que houvesse um governo merecedor de oposição. Existe? Não. Existe um simulacro de poder, ou de poderes, de três falácias citadas numa constituição de fantasia.

Há o quê? O que merece o país? Merece pena. Pena. Recitar Unamuno? Fá-lo-ei. Não me doem as pernas, não me doem os braços. Não me dói a cabeça. Não me dói o coração.

É o Brasil que me dói.

Acompanhe o Blog Carlos Santos Twitter no AQUIInstagram AQUIFacebook AQUIYoutube AQUI.

Compartilhe:
Categoria(s): Crônica
  • Art&C - PMM - Maio de 2025 -
sexta-feira - 10/05/2019 - 20:30h
Opinião

A mulher de César

Por François Silvestre

A Magistratura carrega a maldição da mulher de César. Não basta ser honesta, precisa demonstrar a honestidade. Em tudo. Aqui não se trata de honestidade no alcance financeiro. Não. Honestidade jurídica, mesmo.

Basta um juiz expor-se a qualquer tropeço nos princípios para alguém querer jogar farpas na Magistratura. Até com ex-juízes.

Veja o caso de um ex-juiz que virou governador – Wilson José Witzel (PSC). No Rio de janeiro. Não só defende o uso de armas ostensivamente como autoriza seu uso para tiroteios em público.

Ampliou a seu talante o instituto da legítima defesa prescrito no Código Penal. E não o fez a favor do indivíduo contra os excessos do Estado. Pelo contrário, autorizou o Estado a matar.

Criou a Pena de Morte putativa, invertendo a legítima defesa putativa do Código, quando alguém reage imaginando uma agressão fatal e iminente.

Outro ex-juiz, agora Ministro do Executivo, submete-se a vexames todo dia.

Contrário ao uso abusivo de armas de fogo, silencia numa cumplicidade típica de político profissional. Pra negar ser leitor do Guru de Bolsonaro, justificou ser sua obra muito “densa”. E ponha densa nisso.

Sobre as peripécias do filho do Presidente com Fabrício Queiroz, exatamente no Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), declarou “eles já explicaram tudo”. Explicaram a quem?

Nem o MP conseguiu ouvi-los.

O mesmo Coaf que ele quer “sob” seu comando.

Acho que nesse caso ele distingue “sob” de “sobre”. Até aonde vai seu apreço e quanto ele topa pagar, em decepções, no aguardo por uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF)?

Trocou a Magistratura pela Política, lugar onde ser honesto também é obrigação, mas dispensa a ostentação de honestidade da mulher de César.

Acompanhe o Blog Carlos Santos pelo  TwitteAQUIInstagram AQUIFacebook AQUIYoutube AQUI.

Compartilhe:
Categoria(s): Artigo
terça-feira - 07/05/2019 - 14:46h
Brasil

Maluquice, ignorância ou safadeza?

Por François Silvestre

Esse troca-troca de acusações, agressões e desrespeito público a que chegou o “governo” Jair Bolsonaro (PSL) mostra de forma clara que essa gente não tinha preparo nem pra dirigir um time de futebol. Ou uma escola de samba.

A história nos mostra que o centro-direita é um conjunto ideólogo de defesa do laissez-faire, liberdade de mercado, liberalismo econômico. Possui no seu histórico nomes da mais elevada condição humana. Social democracia no capitalismo.

Mostra-nos também que o centro-esquerda é a fatia ideóloga da generosidade, da repartição, da promoção humana. Resume-se pela denominação de socialismo.

Ainda nos mostra que o centro é a ideologia da esperteza, fiel de uma balança que pesa o oportunismo. Mas, faz parte do jogo e cumpre suas regras.

Os extremos de direita e esquerda se encontram nas duas pontas do círculo, no centésimo octogésimo grau. De antagônicos na pregação, na verdade são vizinhos e cúmplices. Compõem a negação das ideias, pois o fanatismo não agasalha o pensar.

É onde estamos. Um governo eleito com o aval de um povo crédulo, ingênuo e deseducado. Que esperava milagres, desses que os evangélicos da modernidade vendem a torto e a direito. Quando se falava em democracia, na campanha, alguém respondia: “pela ordem”.

Era a palavra mágica da promessa contra a violência. Contra a violência, corrupção, desemprego, insegurança. Nenhum passo foi dado, sequer sinalizado, de que alguma coisa esteja sendo feita nesse rumo.

Só essa zorra ideologizada pelo viés da estupidez. Briga de cães. Pitbulls ou dálmatas enrustidos?

E somos os culpados. Ou como se dizia, no sertão: Quem pariu os maus teus que os balance.

Acompanhe o Blog Carlos Santos pelo  TwitteAQUIInstagram AQUIFacebook AQUIYoutube AQUI.

Compartilhe:
Categoria(s): Artigo
  • Repet
domingo - 05/05/2019 - 09:20h

Reformas – da propaganda aos resultados

Por François Silvestre

Essa lengalenga de reformas no Brasil vem desde a divisão da colônia em capitanias hereditárias, depois governo geral, que foi desmembrado em dois governos também gerais. De lá pra cá o que muda é a indumentária, a vestimenta da mentira.

Foi sobre a desculpa de reformas que a direita usou os milicos para dar o golpe, em 1964, e depois foram defenestrados pela caserna cheia de políticos frustrados vestidos de generais. Tenentes dos anos Vinte, coronéis dos anos Quarenta e generais dos anos Cinquenta. Tudo político fantasiado de militar.

Voltou à cena a quadra demagógica e falaciosa das reformas. Recentemente foi aprovada a reforma trabalhista. O que se prometia? Aumento do emprego formal, redução da informalidade, criação de empregos.

Era uma verdade absoluta, como toda mentira costuma ser. O que de fato ocorreu? A informalidade virou clandestinidade, a formalidade atrofiou-se e o desemprego cresce diariamente.

O porta-bandeira dessa reforma que deu nágua foi o ex-deputado potiguar Rogério Marinho. É o mesmo que chefia a Secretaria de Governo, braço direito do Ministério da Economia, que propõe a reforma da Previdência.

Que a Previdência precisa ser reformada, ninguém de bom senso pode negar. O que se questiona é o tipo e alcance da Reforma. E mais a promessa notoriamente mentirosa de que essa reforma via resolver os problemas da Economia. Do mesmo jeito que a reforma trabalhista resolveria os problemas do desemprego.

A reforma da Previdência resolve alguns problemas de caixa do Tesouro, de caixa da Previdência e redução de déficit previdenciário. A urgência dela é pra ontem. Já deveria ter sido efetivada há muito tempo. Não se nega.

O que se nega é a mentira. A panaceia curativa com tintura de jucá.

François Silvestre é escritor

Compartilhe:
Categoria(s): Artigo
segunda-feira - 29/04/2019 - 21:10h
Plim-plim

A “inimiga” abre as pernas

Por François Silvestre

Desde que Bolsonaro elegeu a Globo inimiga do seu governo e a platinada começou a perder grana por escassez de publicidade, a velha cortesã do poder, que apoiou a Ditadura, paparicou Collor, chupou os bagos de Sarney, apoiou a “nova república”, virou tucana, agora tenta bolsonarizar-se.

Não por isenção jornalística, que nunca foi seu norte, mas por sobrevivência.

Até escalar um time de charlatões, bonecos de novelas, que não resistiriam a um teste de teatro, para fazer figuração ética.

A televisão brasileira é certamente uma das mais escrotas e depravadas, em matéria jornalística, do mundo.

Em matéria cultural é um esgoto de massificação.

Globo, Record, SBT.

A trindade estupradora da cultura.

Cafetinas deste vasto cabaré.

* Ilustração: Caio César Arts

Acompanhe o Blog Carlos Santos pelo  TwitteAQUIInstagram AQUIFacebook AQUIYoutube AQUI.

Compartilhe:
Categoria(s): Artigo
  • Repet
terça-feira - 23/04/2019 - 07:12h
Ô louco, meu!

O “hospício está nas redes

Por François Silvestre

Lembram dos napoleões de hospício? Aquele doido que fica andando pelos corredores com um chapéu de abas pra cima e com a mão enfiada, na altura do peito, num colete imaginário? Pois bem. O governo bolsonariano, gêmeo antagônico do bolivariano, criou e alimenta o Sócrates de hospício.

Chama-se Olavo de Carvalho, que já tem vários discípulos hospedados em muitos hospícios espalhados pelas redes sociais. Essa coisa só se sustenta porque a fatia majoritária da oposição também não bate bem dos miolos.

Lula é o frei Damião de hospício, ou o padre Cícero, sei lá.

Essa doideira generalizada deixa no chinelo a ficção de “O alienista” de Machado de Assis. Doutor Simão Bacamarte cresceu e multiplicou-se.

Encheu tribunais, palácios e parlamentos. Porém, todos doidos com método.

Não rasgam dinheiro nem dispensam privilégios.

E o país nadando de braçadas no oceano do ridículo.

Aposentaram o senso e o bom senso.

Acompanhe o Blog Carlos Santos pelo  TwitteAQUIInstagram AQUIFacebook AQUIYoutube AQUI.

Compartilhe:
Categoria(s): Artigo / Política
sábado - 20/04/2019 - 11:08h

Chorando por ti, Argentina

Macri: controle de preços (Foto: Presidência)

Por François Silvestre

A direita cantou loas, fez festa, soltou balões quando da eleição do Mauricio Macri. Seria o arquétipo do liberalismo para sepultar o populismo econômico e colocar a esquerda no esquecimento.

Por aqui, foi a cantilena que se ouviu. Aí vem Bolsonaro, também no mesmo ramerrão. No que deu?

Lá pras plagas portenhas saiu tabelamento de preços. Macri copiou Sarney. Não só pelo falso e impossível controle da inflação pro esse método, mas exatamente igual a Sarney para ganhar a próxima eleição.

Cadê a eficiência liberal?

Na hora do sufoco correm para o mesmo e condenável populismo econômico. Aproveitando as últimas sílabas, o povo argentino tá pagando o mico.

Enquanto Macri está “preocupado” com os problemas da Venezuela. Aqui, começou cedo o desmascaramento. Intervenção, sempre criticada, nos preços da Petrobrás. Liberação de “dotes” para parlamentes, sempre negada, para aprovar a “reforma” da previdência.

Criação do bolsa caminhoneiro, com empréstimo em grana, que nunca será honrado, e promessas mirabolantes de afago e “carinho” aos motoristas.

Mais um tipo de esmola, conquistada por chantagem, que desmoraliza o discurso liberal. E a inflação despertando.

E assim tal Macri, Bolsonaro também quer resolver os problemas da Venezuela.

Vão ambos varrer o quintal alheio, pisando no lixo dos próprios quintais. Que Tal?

Acompanhe o Blog Carlos Santos pelo  TwitteAQUIInstagram AQUIFacebook AQUIYoutube AQUI.

Compartilhe:
Categoria(s): Artigo
  • San Valle Rodape GIF
segunda-feira - 15/04/2019 - 15:02h
História

Nosso Al Capone

José Maria Marin está preso nos Estados Unidos (Foto: AP Photo/Seth Wen)

Por François Silvestre

Alphonse Gabriel “Al” Capone foi um criminoso multidisciplinar. Navegou em todos os mares da criminalidade.

Porém, nunca foi apanhado pelos seus crimes bárbaros. Traficou bebidas, drogas e cometeu inúmeros assassinatos. Matou um amigo para ficar com sua mulher. Praticou uma chacina, com bandidos fantasiados de policiais, no centro de Chicago. Incontáveis delitos.

Mas, os Federais não conseguiam provar. E ele nadava na impunidade. Até que, num deslize fiscal, ele foi apanhado como sonegador. Crime suave provado, foi preso e mandado para um presídio federal.

Lá, ele foi humilhado, surrado brutalmente e nunca mais se levantou. Um pequeno delito o fez pagar pelos grandes crimes.

Temos aqui um sósia seu, na fisionomia delituosa. José Maria Marim. Foi durante o regime ditatorial senhor de destaque do poder em São Paulo. Apoiava politicamente a tortura de presos políticos e financiava o aparelho repressor.

No emaranhado da vida empresarial, misturada com futebol, ele deitava, rolava e roubava. Corrupto notório e financiador de assassinatos, por tortura. Nunca foi apanhado por esses crimes.

Tudo mudou. Há alguns anos foi alcançado por crimes de corrupção, preso na Suíça e transferido para Nova York, onde foi posto num presídio infecto; imundo igual a ele.

Pela corrupção provada, está pagando, igual ao mafioso ítalo-americano. Agora foi punido pela FIFA (veja AQUI), com pena perpétua de impedimento sobre qualquer ação no futebol.

Tardou, mas chegou!

Acompanhe o Blog Carlos Santos pelo  TwitteAQUIInstagram AQUIFacebook AQUIYoutube AQUI.

 

Compartilhe:
Categoria(s): Artigo / Gerais / Opinião
segunda-feira - 25/03/2019 - 21:22h
Opinião

Complexo de inferioridade

Por François Silvestre

É uma manifestação psicossocial do indivíduo que se pretende maior do que acha que é avaliado.

Em se achando maior do que imagina ser visto, expõe-se feito o cururu, que incha para enganar o predador, fazendo-se maior do que realmente é.

O Juiz Marcelo Bretas é um arquétipo dessa condição humana. Feio, sofre com a beleza dos outros. Inculto, esbanja-se em citações alheias. Fanático religioso, usa o credo da sua crença para fundamentar o infundamentável.

Agora, após a auto defenestração de Sérgio Moro da magistratura, negociada com Bolsonaro por uma vaga no Supremo, Bretas decidiu ocupar o vácuo.

E aí destrambelha-se, como sói acontecer com todos os complexados. Vêm à tona os recalques de quem não os trabalhou para resolvê-los.
Mandou algemar o ladrão Sérgio Cabral com algemas dos pés para as mãos, do torço, num espetáculo grotesco.

Por quê? Porque o larápio, perigoso corrupto, mas inofensivo como preso, comentou numa audiência que o juiz Bretas era filho de lojista de bijuterias. Suprema humilhação.

E na tentativa de aparecer como sucessor de Moro, que foi sucessor de Joaquim Barbosa, o arrependido, decreta prisão preventiva na mais escrachada desconsideração definidora desse tipo de prisão.

Nem um juiz de paz, do sertão antigo, cometeria tal aberração. Fruto do complexo de inferioridade.

Acompanhe o Blog Carlos Santos pelo  TwitteAQUIInstagram AQUIFacebook AQUIYoutube AQUI.

Compartilhe:
Categoria(s): Artigo
  • Art&C - PMM - Maio de 2025 -
sexta-feira - 22/03/2019 - 16:40h
Política e tosse

Gargarejo de romã

Por François Silvestre

É bom pra tosse. A previdência venceu Temer no poder, e agora toma alento com sua prisão.

Bolsonaro vai ver o que é bom pra tosse, com seu papo de não dar satisfações aos políticos.

Administração se efetiva pelo trabalho dos servidores com o gerenciamento da política. É assim em todo canto do mundo, nos regimes democráticos. Não se vive coletivamente sem política.

Quem não gosta de política é ditador ou alienado.

Sérgio Moro tá vendo a diferença entre sua independência de magistrado e a dependência política do executivo. Ou dá satisfações ou leva cocorotes, como os tomou do presidente da Câmara.

O Capitão vai continuar dizendo uma coisa e fazendo outra. E a sargentada se engalfinha, entre filhotes e insatisfeitos, sem saber pra onde vai.

Enquanto a merda fede por aqui, o Capitão tá “resolvendo” os problemas da Venezuela. Tudo para o agrado do seu líder-mor Donald Trump.

Receita: Um punhado de cascas de romã, meio copo de água; deixando em descanso por oito horas. Quando a água estiver bem amarela, da cor da bandeira, gargareja-se cada gole por alguns segundos e depois cospe.

Durante o gargarejo não se deve conversar bosta, pra não engasgar.

Acompanhe o Blog Carlos Santos pelo  TwitteAQUIInstagram AQUIFacebook AQUIYoutube AQUI.

Compartilhe:
Categoria(s): Crônica
quinta-feira - 21/03/2019 - 13:30h
Brasil

Duas mentiras nobiliárquicas

Por François Silvestre

E facilmente desmascaradas. A primeira e mais escancarada é a de que se resolve o problema da violência com uma lei ou conjunto de leis. Mentira.

Resolve-se o problema da violência com prevenção, pela via da inteligência policial, e com repressão eficiente. Leis pra isso já existem, basta que se cumpram. Isso contra a violência já estabelecida, pois contra a violência futura, das gerações mais novas, a resolução vem com educação, saúde, emprego, dignidade humana. Não há outro remédio.

Lei não é e nunca foi produtora de bens ou de serviços. É o motor normativo do Estado a serviço do poder. Só. Assim fosse, bastava decretar o fim das secas, da fome e da desigualdade. Legislava e pronto.

“Saúde, educação e segurança são direitos de todos e dever do Estado”. Onde está isso? Na Constituição. A lei maior. Quantos anos faz que essa mentira está legislada?

A segunda diz respeito a resolver a Economia com reforma da Previdência. Mentira.

O mais que pode acontecer é fazer economia de caixa na própria previdência, se acontecer. Isso seria mais facilmente conseguido com o combate às fraudes e cobranças dos grandes devedores. Mas, o legislador e o provedor executivo têm interesse nessa devassa? Aqui, ó.

Isso é só o começo do estuário de mentiras que vêm por aí. A mentira continuada, como as mentiras do PAC, inclusão social e esbanjamento de esmola para os pobres e dinheiro franco para corruptos e banqueiros. Somos a Pátria da mentira patriótica.

Acompanhe o Blog Carlos Santos pelo  TwitteAQUIInstagram AQUIFacebook AQUIYoutube AQUI.

Compartilhe:
Categoria(s): Artigo / Opinião
  • San Valle Rodape GIF
domingo - 17/03/2019 - 10:00h

O reino das fraudes

Por François Silvestre

Vivemos no reino das fraudes.

Um “filósofo” guru, coisa que nem Sócrates ousou ser, reina sobre os seguidores, puxando orelhas e dando caneladas. É o rei fraudão e seus vassalos fraudinhas.

Um bom ator, Zé de Abreu, resolve canastrar-se e torna-se uma fraude política, na ausência completa de qualquer resguardo do ridículo.

Um procurador da república, Deltan Martinazzo Dallagnol, resolve plantar bananas para ser o rei da sua república particular. Fraudou o concurso que o fez procurador, cujo processo após sua posse foi defendido por seu pai, também procurador, alegando a cláusula do fato consumado.

Não negou a fraude, apenas arguiu que o fato consumado assegurava sua investidura.

Agora, numa operação de “caixa 3” resolve criar uma fundação privada, vinculada ao MP, para fim específico de uma operação. Afronta direta a dispositivo impeditivo da Constituição Federal.

Uma boladinha de 2,5 bilhões de reais.

Tá rasgando fraldas de ódio contra tudo e contra todos. Uma fraude ética, cuja atividade investigatória é obrigação funcional, muito bem remunerada, e não favor patriótico.

Fraudes…fraudes…fraudes.

François Silvestre é escritor

Compartilhe:
Categoria(s): Artigo
segunda-feira - 04/03/2019 - 19:14h
Carnaval

Um velho ou quase…

Por François Silvestre

..na Segunda do carnaval. Após o pirão de carne na casa de Geraldo e Maria, pais do meu genro Daniel Rocha, voltei à casa de mim mesmo.

Não à casa paterna dos versos românticos de tantos poetas.

Pois bem. Voltei. E das músicas que tanto me moviam e empolgavam tempos atrás ou das troças e blocos passantes, senti enfado. Abri o computador e procurei Carmina Burana, de Carl Orff.Dele a compilação e melodia dos versos “perdidos” de séculos medievais, com a abertura fantástica da busca da fortuna. E o fracasso dessa procura.

Depois, a beleza minimalista em acordes e repetições do Bolero de Ravel. O Maurice celebrizado por este bolero. Cuja empolgação melódica vai num crescendo lento, rítmico, suave e repetitivo que consegue ganhar até meus ouvidos rombudos.

Sou péssimo absorvente de música, do ponto de vista da reprodução, mas possuo um ouvido razoável para deleite e descoberta da boa melodia.

Aí fui à quinta dança húngara de Johannes Brahms, um sossego nostálgico. Que se não me trai a memória é um dos compositores preferidos de Laurence Nóbrega. Ou de Florentino Vereda.

Se eu estiver errado é culpa dessa Segunda de carnaval, ou desse carnaval de segunda. Sei lá…

Acompanhe o Blog Carlos Santos pelo  TwitteAQUIInstagram AQUIFacebook AQUIYoutube AQUI.

Compartilhe:
Categoria(s): Crônica
  • San Valle Rodape GIF
sábado - 23/02/2019 - 09:02h
Razão

Um bem de sobra

Por François Silvestre

Se há um bem que todo mundo se acha possuidor e generosamente esbanja é a razão. Já foi dito que ninguém pede reforma da razão porque todos se acham possuidores dela em excesso.

Não há pobres de razão. Todos são milionários.

Assim ocorre com esse embate estúpido de ideologias. Cada ideólogo espuma de raiva contra as ideologias, como se não fosse ele mesmo um ideólogo intolerante. Não há antônimo de ideologia, só sinônimos.

O apolítico é um ideólogo.

A omissão é uma ideologia.

Todos cobertos de razão.

Cada um mais “sensato” do que o oponente.

E cada um vendo a ideologia do outro como trituradora de cérebro. Enquanto esse liquidificador vai triturando os cérebros sem distinguir os lados. Mas, todos cobertos de razão. É por isso que todos querem reforma tributária, pois se sentem carentes de compensação.

Querem reforma agrária, pois se sentem desapropriados. Querem reforma urbana, pois se sentem desabitados.

Porém, ninguém reivindica reforma da razão. Posto que todos se acham bastante abastecidos desse bem.

Acompanhe o Blog Carlos Santos pelo TwitteAQUIInstagram AQUIFacebook AQUI.

Compartilhe:
Categoria(s): Artigo
terça-feira - 19/02/2019 - 17:48h
Humanidade

Ode à impureza

Por François Silvestre

A impureza é tão necessária ao coletar o puro, quanto a limpeza se abastece do sujo. Sem uma a outra não teria dimensão. Porém, esse antagonismo não resolve a completude do mundo nem satisfaz sua existência pelo extremado do imundo.

Há contidas, no meio dos extremos, incontáveis configurações. Inumeráveis. Assim como nos matizes das cores, também incontáveis nas suas misturas.

O azul é mais distância do que cor. Quanto mais longe, mais azul. A limpeza, a beleza, a pureza são iguais ao azul. Quanto mais perto, mais turvo. Mais sujo.

O Brasil é pacífico, comparado ao Iraque. Por ser o Brasil pacífico? Não. Por ser o Iraque distante. Mas se a distância é azul, por que o Brasil, de tão perto de nós, parece mais azul do que o Iraque, que de longe, parece-nos mais cinzento?

É aí onde reside a falsidade da pureza. Das cores? Não. Da nossa visão conveniente sobre as cores. Nenhuma consideração dos filósofos, desde a antiguidade, consegue a pureza de aceitação.

Negar a verdade não é mentir, é reconstruir outra versão, sobre o túmulo do conceito morto.

A única verdade absoluta é que não há verdade absoluta. O único “inquérito veraz” é o que não aponta inocentes. Não há réu inocente, nem promotor inocente, nem advogado inocente, nem juiz inocente.

A Justiça inocente, felizmente, ainda não foi inventada. E a mídia, que faz a cobertura da impureza, agasalha-se com lençóis furados, no meio do charco.

Isso é ruim? Porra nenhuma. Assim não fosse, não haveria humanidade. Haveria répteis, pássaros, mamíferos, peixes, cetáceos. Haveria tudo, menos nós.
Nós somos criaturas da imundície do mundo. Bendita sujeira. Sem ela, não teríamos sobrevivido.

A angústia das perguntas não se acautela na ciência, que produz outras perguntas. Deságua nas seitas, que oferecem respostas fáceis.

O conforto aconchegante que inventa a imortalidade. Posto que a morte é a mais caudalosa nascente das angústias.

Fuja dos “puros”. São aprendizes de ditadores. Lambuze-se honestamente da impureza humana e faça-se humanidade.

Acompanhe o Blog Carlos Santos pelo  TwitteAQUIInstagram AQUIFacebook AQUI.

Compartilhe:
Categoria(s): Artigo
Home | Quem Somos | Regras | Opinião | Especial | Favoritos | Histórico | Fale Conosco
© Copyright 2011 - 2025. Todos os Direitos Reservados.