quinta-feira - 18/10/2018 - 08:10h
O eleitor

O caráter coletivo

Por François Silvestre

O brasileiro, em matéria política, tem caráter pastoso. Ora, amolece e toma a forma do recipiente. Ora, enrije e fica gelatinoso.

Nesse momento, toma partido, se descabela, briga e faz intrigados.

Daqui a um ano, ou até menos, estará “desiludido”, falando mal de todos os políticos. Dizendo que ninguém presta, tudo é ladrão e incompetente. Esquece até em quem votou. Até que chegue outra eleição e tudo se reverta.

Talvez por isso os políticos não levem a sério essa “irritação”.

Sabem que o caráter coletivo do brasileiro tem a mesma solidez e merece a mesma credibilidade das promessas e princípios dos políticos.

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segunda-feira - 15/10/2018 - 12:10h
Candidatos

Tatibitates

Por François Silvestre

Os dois candidatos à presidência têm pelo menos uma coisa em comum. Ambos são tatibitates.

Não no sentido infantil, de trocar consoantes.

Mas na condição adulta, de linguagem tartamudeada.

Os dois têm carência de articulação, cada um do seu jeito, e ambos tropeçam na pronúncia e têm dificuldade de expressão.

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  • Art&C - PMM - Maio de 2025 -
quinta-feira - 11/10/2018 - 11:42h
Pesquisas

Empulhação da margem de erro ou cartel de pesquisas?

Por François Silvestre

Essa gente, digo Ibope e Datafolha, é somente cínica ou aposta na nossa estupidez absoluta? Nem esperaram a cinza das mentiras recentes e já voltaram descaradamente repetindo tudo.

“A porcentagem de que esses dados refletem a realidade é de 95% por cento, e a margem de erro é de 2% por cento”. Os 95% caíram para menos de 45%. A margem de erro foi, em alguns casos, de 85%. E cinicamente já voltaram com a mesma empulhação.

Cá no Rio de Janeiro, um aventureiro lançou mão. O que estava em quinto lugar, lá na rabeira, com “95% por cento de certeza”, passou para o primeiro lugar. O que estava em primeiro, disparado, desabou para um terço dos votos previstos nas pesquisas. E observe que s& atilde;o combinados.

Os números são sempre aproximados entre os dois institutos.

Um cartel de pesquisas. Patifes, e cadê essa tão decantada jaboticaba de Justiça Eleitoral?

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quinta-feira - 04/10/2018 - 22:40h
Eleições 2018

A melancolia do ocaso

Por François Silvestre

A estarem certas as pesquisas, ou refletirem o resultado das urnas, veremos, no Rio Grande do Norte, o ocaso de lideranças calcificadas. Saindo do êxito do sem-árido para a hospedagem no cristalino.

Vejamos.

Garibaldi Filho (MDB), imbatível em quase todos os pleitos. Só perdeu uma vez. Para Wilma de Faria, que de imbatível noutras eras foi eleitoralmente humilhada nas urnas ao aliar-se com os tradicionais adversários.

Pelo que dizem as pesquisas, Garibaldi vai perder o emprego no Senado.

José Agripino (DEM), prefeito nomeado de Natal, conseguiu o feito de vencer Aluízio Alves, imbatível até então, e transformar-se numa liderança dona de metade do Estado. Agora, para não ser derrotado desceu a ladeira do Congresso, saindo da disputa ao Senado e, humilhantemente, tomando o lugar do filho na disputa para deputado federal.

Geraldo Melo (PSDB) é um caso atípico. Após eleger-se governador, depois senador, foi aposentado ao perder a disputa para o senado.

Ficou de fora por “longo tempo”.

Ao ser preterido na chapa do “amigo” Garibaldi, resolveu tomar rumo próprio buscando ressurreição política. Parecia ter dado certo.

Só que havia no meio do caminho um capitão prendedor de motoristas e uma deputada inteligentemente escolada para ser a “nova” esquerda.

O Rio Grande do Norte escreve certo e errado por linhas retas.

Torto aqui só o casarão do Ferreiro Torto. Macaíba é nosso porto!

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terça-feira - 02/10/2018 - 22:34h
Segundo turno

Disputa de rejeitados

Por François Silvestre

O segundo turno será a disputa dos rejeitados. O Lula, que é tudo e todos no PT, cujo partido e individualidades não existem, só o divino Lula e seu acólito Zé Dirceu, o Mourão de Lula, contra os anti-petistas, que votariam em qualquer um contra essa divindade lulista.

Bolsonaro não é ninguém. É apenas o fantoche de uma rejeição monstruosa parida nesse maniqueísmo. Uma catarse que a ignorância oferece a um momento de culpa social. Uma penitência a purgar a sociedade pelos erros de escolha.

Muito triste.

Miserável tempo, que oferece saudade dos tempos de chumbo.

Eu nunca imaginei que teria essa saudade.

No meio da desgraça daquele tempo, o miasma do sangue coagulado nas vestes do torturado exalava um “estranho cheiro de súplica”.

Hoje, não há cheiro nenhum, só o fedor do suor de sovacos dos farsantes carregados por multidões de idiotas.

O preço por isso será cobrado antes e muito antes do que se espera.

Os vivos verão.

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segunda-feira - 01/10/2018 - 22:22h
Opinião

Eles sabem o “povo” que têm

Por François Silvestre

Passadas as eleições, todo mundo detesta políticos e política. Ninguém quer saber de política. Tudo que acontece de ruim é culpa dos políticos. E os políticos nem aí.

Nem precisam mudar de atitude ou comportamento. Por quê?

Porque eles sabem o “povo” que têm.

Nas primeiras pesquisas ninguém vota em ninguém. Aí começa a campanha, com os mesmo candidatos antes detestados. Com o mesmo comportamento de sempre, as mesmas caras e mesmas atitudes. Aí os números vão mudando.

Quando chega perto das eleições, o mesmo “povo” que detestava a política começa a se descabelar, brigar e esfolar em favor dos seus.

Ninguém mais acha ninguém ruim, ou melhor, são ruins só os adversários. Cada lado com seus santos a combaterem os diabos do lado oposto. Até que passe um ano, e aí os políticos voltarão ao estágio de satanás.

Para serem canonizados no próximo pleito.

Ah!…vão catar piolho em cu de macaco.

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segunda-feira - 01/10/2018 - 06:30h
Basta!

A civilização contra o fascismo

Por François Silvestre

As manifestações de sábado (29), pelo Brasil e pelo mundo, foram um sobro de espanto que fez os fascistas usarem o velho e surrado escudo da mentira.

Vi e participei da movimentação na Cinelândia.

Indescritível a beleza do movimento.

Enquanto isso, alguns resíduos do fascismo esperneavam em Copacabana. O que apareceu, nalguns focos da net, foi uma foto da época do Impeachment como se ontem fora.

Em todo o Brasil as mulheres deram uma lição de democracia e civilidade. Só no Brasil? Não. No mundo. E não foi em Cuba ou Venezuela. Foi na Dinamarca, Noruega, Irlanda, França, Alemanha, Austrália, Argentina, Inglaterra, África do Sul e vários outros países.

Quem apostou nas experiências da direita fascista começa a arrepender-se.

Veja o caso emblemático da Argentina.

A autocrítica feita pela Itália, Espanha e Portugal.

O fascismo andava escondido, com vergonha do holocausto e das ditaduras latino-americanas. Mas a estupidez de algumas “esquerdas” personalistas e desonestas ressuscitaram o fascismo.

É preciso acabar essa história de Esquerda e Direita. São duas merdas testadas e comprovadamente maléficas. A saída é a Democracia, o socialismo democrático. Sem amarras da burrice ideológica.

Viva a Liberdade, vivam a tolerância e a paz!

Fora o fascismo, de qualquer lado.

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sexta-feira - 28/09/2018 - 12:52h
Veja

Doidice ou ignorância?

Por François Silvestre

Doidos ou apenas analfabetos políticos? Lulistas compravam a Veja para queimá-la. Anti-lulistas compravam a Veja para colecioná-la.

A Veja que está nas bancas inverteu os ódios.

Tem lulista comprando-a pra guardar e bolsonarista comprando-a pra queimar.

E a Veja não merece nenhuma dessas honrarias; merece mesmo é boiar nas bancas, agora e antes.

Vou transferir meu título para Assunção, que lá a democracia bufa é original.

A daqui é cópia pirata do Paraguai.

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terça-feira - 25/09/2018 - 09:02h
Eleições 2018

Cabos eleitorais

Por François Silvestre

Sérgio Moro, Temer e o STF foram os melhores cabos eleitorais do PT.

Lula e o PT foram os melhores cabos eleitorais de Bolsonaro.

Essa é a nossa dialética tupiniquim, na terra dos tupinambás, vizinhos dos nuaruaques e com a educação dos nhambiquaras.

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domingo - 23/09/2018 - 07:02h

Democracia de picadeiro

Por François Silvestre

Aqui preservo o Circo, retirando apenas o sentido metafórico da farsa. A Democracia brasileira não está no campo do humor, mas na seara da empulhação. Com intervalos de ditaduras sangrentas e “deus ex machina” de “salvadores”.

Nossa democracia nunca foi um modelo a ser copiado por qualquer outro país. A República nasceu de um golpe, consolidado numa madrugada do dia 16 de Novembro e não no dia 15 de 1889.

Um imperador ancião, uma filha herdeira e um genro estrangeiro. Só isso? Não. Foi preciso um chifre para garantir aos republicanos a assinatura do Decreto que derrubou o Império.

Deodoro da Fonseca era amigo e aliado leal do Imperador. Ele queria apenas derrubar o Gabinete do Visconde de Ouro Preto, seu desafeto recente. O Visconde não era um habilidoso político; pelo contrário, tinha na arrogância sua marca mais acentuada.

Mesmo assim, Deodoro não levou a sério a informação de que Ouro Preto queria prendê-lo. Por duas razões. Ouro Preto não tinha força militar e o Gabinete já entregara sua renúncia, quando D. Pedro desceu de Petrópolis.

Na movimentação do dia 15, Deodoro, ao marchar para o Campo de Santana, não proclamou a República. Levantou o quepe e gritou uma saudação ao Imperador. Foi aí que o Cel. Benjamim Constant mandou disparar os canhões e o barulho abafou a saudação do Marechal.

Na madrugada do dia 16, Benjamim Constant e seus auxiliares mostraram a Deodoro uma publicação falsa que informava já ter o Imperador nomeado o novo Chefe do Gabinete. Quem? Gaspar da Silveira Martins. O mesmo que dá nome à Rua que passa pelo oitão direito do Palácio do Catete.

Foi essa informação “montada” que fez Deodoro assinar o Decreto de Proclamação da República e assumir, como Ditador, o novo governo, com o banimento da Família Real.

Quando servira em Porto Alegre, o jovem oficial Deodoro da Fonseca apaixonou-se perdidamente por uma bela gaúcha, com quem iniciou um namoro e pretendia casar-se. A união frustrou-se porque a jovem preferiu os encantos do conterrâneo Gaspar da Silveira Martins.

De Ouro Preto, Deodoro era desafeto. De Silveira Martins, era inimigo figadal. E Benjamim Constant sabia disso.

O curioso é que foi de uma praça de táxi, da Rua Silveira Martins, que saiu o carro usado para o atentado da Rua Toneleros, que feriu Carlos Lacerda e matou o Major Vaz, em 1954. E os investigadores do Galeão usaram do mesmo artifício, ao mostrarem uma reportagem falsa, de um jornal do Rio, a Gregório Fortunato, que imaginando ser verídica, confessou o crime.

E por falar em Palácio do Catete, foi um vice-presidente, Manuel Vitorino, quem fez a mudança da sede do governo federal, do Palácio Itamaraty, para o Catete. E foi aí que Prudente de Moraes, convalescente, percebeu que Vitorino não queria devolver a presidência ao titular.

Informou-se da hora de chegada do presidente em exercício ao novo Palácio e antecipou-se. Quando Manuel Vitorino chegou para o expediente, encontrou Prudente de Moraes sentado na cadeira que ele queria usurpar.

“Reassumi a Presidência”, disse lacônico o presidente titular. Foi o único golpe, na república nascida do chifre, evitado por um traseiro posto na cadeira.

Neste 2018  basta ver a propaganda eleitoral “gratuita” e o nível dos candidatos, em todos as postulações, com escassas exceções, para concluirmos que o riso continua a ser o herói da nossa democracia de ópera bufa. Mesmo assim é melhor que seja assim; e no picadeiro, por trás da máscara enfeitada, uma lágrima do povo desce do olhar de pouco alcance e escorre lavando a tintura no rosto do palhaço. Té mais.

François Silvestre é escritor

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quinta-feira - 20/09/2018 - 21:02h
Presidente

Simples assim

Por François Silvestre

Quem não vota em Jair Bolsonaro (PSL) nem quer o PT de volta ao poder só tem uma saída: Votar em Ciro Gomes (PDT).

Quem vota em Geraldo Alckmin (PSDB), Marina Silva (REDE) ou Álvaro Dias (PODEMOS) está dando o passaporte para o PT no segundo turno.

E aí tudo pode acontecer de ruim.

Bolsonaro ou Fernando Haddad será o atraso ou a discórdia.

O país não aguenta mais essa disputa entre o ruim conhecido e o péssimo anunciado.

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domingo - 16/09/2018 - 12:09h

Ciro Gomes. Por quê?

Por François Silvestre

Porque é cristalina a opção. Esse maniqueísmo infantil, de adolescência política, entre petismo e anti-petismo já esgarçou por demais a estopa da nossa realidade político-administrativa. Chega.

O petismo teve sua chance, seu tempo, sua superação. O anti-petismo não é a negação do petismo. É a tentativa de ressuscitar, em nome desse antagonismo, uma excrescência histórica que produziu a Ditadura mais cruel da nossa História, fazendo do Estado Novo um arremedo pífio da violência e da barbárie.

O PT adotou, no exercício do poder, o pragmatismo mais escrachado aliando-se com o que havia de pior na vida empresarial do Brasil. Não se pode brigar com os fatos.

Esmola para os pobres e dinheiro franco para os corruptos. Banqueiros e “empresários” bem sucedidos à custa do dinheiro público.

O outro lado, da pilantragem de direita, usa essa realidade para prometer “coisa melhor”. Cretinice de semelhantes da corrupção e piores de caráter político.

Bolsonaro é apenas um instrumento dessa corriola de fascistas que se esconde sem mostrar a cara ensebada, por covardia e falso pudor, para retomar o projeto de atraso político, preconceito de costumes e repressão da liberdade.

O candidato do PT nem sabe onde fica o Raso da Catarina, no sertão da Bahia. Um neófito de Brasil. Um rapaz ilustrado de informações inúteis.

Há um candidato ideal? Não.

Há um candidato viável, para o possível papel de transição. Esse candidato é Ciro Gomes.

Não se filia ao pragmatismo arrependido do PT, que agora promete voltar ao estuário do projeto original abandonado, nem se alia à escrotice da direita escorraçada nas urnas e ávida para transformar em pior o que já está ruim.

Fizeram isso com Temer, aqui.

Com Macri, na Argentina.

Com Trump, nos Estados Unidos.

Não existe direita ou esquerda. Existe dignidade ou indignidade humana.

E Ciro Gomes é, ao meu ver, a dignidade possível contra a indignidade que tenta se estabelecer.

Votar em quem corre o risco perder para a indignidade, mesmo sendo digno, é votar contra a Democracia.

François Silvestre é escritor

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segunda-feira - 10/09/2018 - 08:18h
Eleições 2018

Notícia da cadeia

Por François Silvestre

Ontem, a notícia foi do hospital. Hoje, é da cadeia. Triste e maluca eleição.

Lula pede para adiar a decisão de indicar o candidato substituto. Uma demonstração de que qualquer substituto já começa desqualificado.

É assim que se comporta o técnico ao adiar a substituição do jogador, por não confiar plenamente na sua opção do banco. Mas o jogo continua e o tempo tem prazo certo.

Quanto mais demora, mas o substituto será menos útil. Enquanto essa estratégia incompreensível da cadeia vai se configurando, a situação do hospital vai se consolidando.

Lula é o melhor cabo eleitoral de Bolsonaro.

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domingo - 09/09/2018 - 05:32h

O lobo perde o pelo…

Por François Silvestre

…mas não perde o vício. Após ter escrito no meu Blog um texto condenando veementemente o atentado contra o  senhor Bolsonaro, inclusive torcendo por sua recuperação e participação na campanha, imaginando uma visão pacífica do mesmo sobre tudo isso, vejo fotos, na Net, do senhor Bolsonaro apontando os dedos em forma de armas de fogo.

Demonstrando o caráter violento da sua formação inalterada.

Isso numa cama de hospital, em estado grave de observação.

Concluo que se fosse outro o candidato agredido ele estaria rindo e dizendo: “Esfaqueou, e aí? o que quer que eu faça”.

É assim que ele reage quando a desgraça é alheia. Não me convence essa campanha “humanitária” do anjo agredido.

Foi um ato reprovável, violento, sob todos os aspectos. Mas o agredido é um profissional da violência, da intolerância e do fascismo.

A agressão sofrida não o torna manso. Pelo contrário, o mostra monstro.

Eu não queria falar mais nada sobre esse cidadão, cuja saúde desejo recuperada, mas seu comportamento num leito de hospital fotografa uma pessoa desprovida de qualquer senso de humanidade.

Nem a violência contra si mesmo o faz comedido.

É um aventureiro da desgraça que se arvora salvador da pátria. Torço pra que viva e voto pra que perca!

François Silvestre é escritor

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terça-feira - 04/09/2018 - 20:12h
Opinião

Pátria Supérflua

Por François Silvestre

Quando assumi a presidência da Fundação José Augusto (FJA), decidi não ser apenas um traseiro numa cadeira confortável. Era confortável e suja aquela cadeira. Sujeira do tempo, do uso de esfregação de inúmeras nádegas antecessoras. A ficar nela, recebendo gratificação, sem nada fazer e sendo bajulado, sairia de lá sem nada ter feito e guardando no currículo o sossego que oferecem os órgãos de controle público do Estado a quem nada faz.

Abandonar não é improbidade.

Comecei visitando os próprios que hospedavam equipamentos culturais. Patrimônio entregue ao descaso. Começo por um desses próprios. A Pinacoteca do Estado, hospedada no Palácio Potengi.

Observei, com orientação técnica da própria Fundação, que ali estava um acampamento de risco. Ambiente com cavaletes de madeira, telas de pano e tintas inflamáveis. E o pior; uma linha do teto, de maçaranduba, posta e envergada, quase caindo, sobre o comando do ar condicionado geral.

Bastava uma piúba de cigarro, ou outra fagulha qualquer, após o contato da linha com a central de refrigeração, para tudo virar cinza. Sem salvação. Um barril de pólvora, exposto à incúria do poder público. Adiei até hoje o sinistro, mas não sei até quando.

Convoquei a Coordenação de Obras da Fundação e determinei a imediata solução do problema. Combinada com uma restauração completa do Palácio. E assim se fez. Ninguém reclamou ou cobrou “correção de rumos”.

Passado o tempo, os órgãos de controle, diga-se Ministério e Tribunal de Contas, me processaram por improbidade administrativa. Porque não fiz licitação com empreiteiras. Usei a Coordenação da Fundação José Augusto, no sistema de administração direta.

Imagino alguém, no Rio, ter feito o mesmo pra salvar o Museu Nacional. Seria processado pelo MP carioca e pelo Tribunal de Contas de lá. O gaiato é que o relatório do TC de lá teria de ser assinado por Conselheiros na cadeia, por corrupção.

No caso daqui, tanto o MP quanto o TCE argumentam que dispensa de licitação carece de emergência para sua configuração. E cuidar de cultura ou instrumento cultural não é uma emergência. É uma “bobagem supérflua”, como consta num dos processos.

Emergentes são os corredores dos hospitais, os quais também estão abandonados.

A diferença é que, na pátria supérflua, os humanos mortos nos hospitais são corpos novos sem apelo antropológico, e os equipamentos culturais são destruídos sem respeito histórico.

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domingo - 02/09/2018 - 07:30h

O Cristo e a pedra

Por François Silvestre

Essas mal traçadas linhas, no bico de pena do computador, olhando para a Pedra Rajada. A mesma que avistei ainda menino na primeira vez que subi a Serra, com noção sub rudimentar das coisas.

Na garupa do cavalo Petróleo, preto mesclado de branco, sob o comando do padre Alexandrino Suassuna de Alencar. Nem lembro qual era o meu tempo de vida. Com certeza, antes dos oito anos. Pois que com essa idade, eu vi seu corpo inerte, estirado num velório improvisado na casa da minha avó.

Minha avó. A memória mais suave, alegre, feliz, vestida de flores, banhada de vida, que o regresso à infância consegue me levar.

A lembrança do padre, tio e pai adotivo, é confusa. Misto de admiração, afeto e medo. Relação de uma criança peralta com um pai ciclotímico. Ora, de agasalho afetuoso. Ora, de rigorosa punição. Havia na parede da sua biblioteca uma palmatória, chamada Vitória, que impunha pavor.

A casa da minha avó era o paraíso. E eu o Adão inexpulsável. Um quintal de frutas e flores. Uma casa vasta, que ela imitava, em Martins, sua casa de jovem em Maranguape.

Filha de um Juiz do Exu, João Antunes de Alencar, aqui ficada por acerto de casamento com um filho de Bisinha Suassuna. Juntava-se aí o sertão de Pernambuco, do Exu; o da Paraíba, de Catolé do Rocha; com a Chapada do Apodi, Gomes e Pintos espalhados pelas Serras do Martins e Portalegre.

Mas não é de genealogia que esse texto trata. Tenta tratar, se possível, desta tarde daqui defronte da Pedra Rajada.

Não defronte do Promontório da Lucárnia onde, nas águas de Antemusa, reinavam Agláope, Teossíope e Partênope, as líderes Sereias encantadoras dos navegantes.

Apenas no amparo de uma tarde modorrenta, como assim definiu Cláudio Santos, ao dizer do medo de enfrentar as tardes. Para quem não teme tormentas, acho que foi uma desculpa para descer a Serra.

Pois bem. Estou defronte da Pedra Rajada. Vista do Mirante Mãe-Guilé, cujo nome tenta aproximar pela paisagem a inimitável figura da avó. A inapagável imagem resistente de uma criança esperneante da memória.

NA PEDRA CHAPADA SOBRE A GROTA VEEM-SE DUAS FIGURAS DE COMPLEIÇÃO HUMANA. Uma de perfil, serena, cuja mancha preta das águas, ao longo dos séculos, lhe ornamenta uma vasta cabeleira. Outra, acima e à direita, mostra um rosto sofrido, com olhos macerados, parecendo tortura.

A imaginação popular diz que são figuras do Cristo. E que a dificuldade de identificá-las acusa impureza no observador. Muitos se apressam na identificação, como os conselheiros daquele rei que exigia admiração por uma roupa inexistente.

O Cristo visto ou não de qualquer pedra continua a saga de ser pregado na cruz. E quem o prega é ateu? Não. São os nominados cristãos que O penduram e O pregam na cruz. Quando vendem milagres, quando O evocam para justificar mentiras, quando prometem o que não cumprem.

Nesse ano de eleições e julgamentos, de mentiras expostas nos templos, das igrejas e tribunais, o Cristo é o expulso. Debaixo de chicotadas da mais fina hipocrisia.

Não há Pilatos, posto que nem água com sabão, mexido de soda cáustica, consegue lavar as mãos dos centuriões romanos dessa Roma devastada, posta no hemisfério latino da sul América.

Nessa escrita, chega gente de longe. Uma família de Cajazeiras, com parentes de Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro. O chefe do clã fala alto: “Quero ver se daqui se vê luzes de treze cidades. E comer galinha caipira com arroz de puta-rica”.  Té mais.

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sexta-feira - 31/08/2018 - 16:44h
Lá vai

Perguntar não paga imposto

Por François Silvestre

Dizia Candindé Queiroz, fundador da “Gazeta do Oeste”.

Então eu pergunto: Em quem votam para Presidente da República os candidatos a Governador do Rio Grande do Norte? A pergunta guarda pertinência ante a cobrança de assessores sobre o voto dos eleitores.

Eleitor não precisa dar satisfação do seu voto. Vota como e em quem quiser. Candidato, não.

Candidato tem obrigação de mostrar sua opinião sobre tudo, inclusive em quem vota para Presidente. Em quem votam para Presidente da República os candidatos a governador do Rio Grande do Norte?

Se escodem o voto, por conveniência, não cobrem declaração de voto do eleitor.

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Categoria(s): Opinião / Política
segunda-feira - 27/08/2018 - 06:30h
Opinião

Sinonímia

Por François Silvestre

Racista, fascista e idiota são sinônimos? Não. Idiota merece respeito.

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domingo - 26/08/2018 - 07:34h

Autorretrato

Por François Silvestre

Essa coisa de autorretrato é uma prática dos pintores. Tenho inveja deles, pois nunca consegui pintar um nariz de frente. Mesmo que D. Raimunda Barreto, minha professora primária no Grupo Almino Afonso, tenha tentado muito. Não teve jeito.

Depois, já no ingresso do segundo grau, um professor de desenho me disse que eu iria sofrer muito na vida por “não conseguir compreender, no plano, as perspectivas espaciais das figuras geométricas”.

Já sofri muito na vida, não mais do que gozei, mas nenhum dos meus sofrimentos se deu por causa da incompreensão das figuras no espaço ou no papel. Compreendo do meu jeito, tortamente.

Outra inveja, a música. Sou o que se chama no sertão um peido n’água, em matéria de afinamento. Afinação nula, ouvido rombudo.

E aí sobrou a escrita. Mesmo assim, precária. Vez ou outra descubro o dodecaedro pentelhando o desenho das frases e o ouvido desafinando a sonoridade das metáforas.

Se fizesse um júri, nesse julgamento pessoal, seria um promotor relapso e um defensor esperto. Como se estivesse roubando no jogo de cartas da paciência.

A acusação: Sou vaidoso e me acho bonito. Fujo do espelho, pra evitar decepção. Sou pretensioso e me acho inteligente. Fujo dos intelectuais para evitar o desmentido.

Sou impaciente. Quando fui candidato fingi paciência pra ganhar votos. Não adiantou. Foi uma mentira ineficaz.

Não gosto de visitar doentes, não vou a enterros, não visito presos. E olhe que já recebi visitas na cadeia e nos hospitais. Só falta recebê-las no cemitério, mas não tenho pressa; quem quiser visitar-me espere deitado. Prefiro a cremação.

Sou egocêntrico. Acho-me morando no centro do Universo, mesmo cercado pela minha própria estupidez e pela burrice nativa que me irrita e amofina. Giram em torno deste meu centro uma galáxia de passarinhos perseguidos, fruteiras assassinadas, broqueiros idiotas queimando grotas e notícias ruins nos jornais televisivos.

A defesa: A ganância nunca me motivou. E olhe que a ganância honesta, de quem trabalha para justificá-la, não merece crítica. Merece aplauso. Mas não consegui fazer da ambição uma motivação de vida.

Não hospedei a avareza. Sempre fui esbanjador, mesmo esbanjando pouco, pois nunca tive muito. Se muito houvesse, eu seria generoso. Em sendo pouco, sou apenas estroina. Moderadamente, com cautela.

Dizia Sêneca que “ao avarento falta-lhe o que tem e o que não tem”. A única avareza respeitável é a do dinheiro público, exatamente onde o Poder que o guarda não o guarda. Rouba-o. E quem diz protegê-lo cobra caro pelo controle e controla ineficientemente.

Tenho o maior número de melhores amigos do mundo. E desafio quem os tenha tanto quanto eu. E da minha família, não me exibo para evitar quebranto.

E assim dito, senhor Juiz, neste júri simulado, resta pedir a condenação. Para que, serenamente, a sentença reflita, na sua motivação, o direito negado às provas do acusador. Nos termos em que o retratado pede deferimento. Té mais.

François Silvestre é escritor

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terça-feira - 21/08/2018 - 21:20h
Brasil

Democracia de gaveta

Por François Silvestre

Há contratos de gaveta, coisa antiga, entre mutuários vendedores de imóveis que deixam pendentes a quitação. Coisa dos costumes na legislação civil.

O Brasil inova com a democracia de gaveta. O que é isso?

É o contrato eleitoral que desconhece a importância da opinião do eleitor e dá prevalência às decisões da justiça. Questionáveis ou não. Aí estão os fatos. Derrubaram Dilma, legalmente. Dentro da Lei. Prenderam Lula, legalmente, dentro da Lei.

Temer assumiu a Presidência, legalmente, dentro da Lei. O que diz o povo sobre isso? Que é tudo uma mentira democrática. Uma farsa eleitoral.

Temer é rejeitado por noventa por cento da população. E população é sinônimo de eleitor. Lula é aprovado por trinta e sete por cento da população, mesmo preso legalmente.

Depois dele, vem Bolsonaro, que não pertence a nenhum dos grandes partidos que derrubaram Dilma. E Dilma está disparada na disputa para o senado, em Minas Gerais, o Estado cujo candidato ao governo foi o relator do impeachment dela.

Eu não votaria em Lula nem em Dilma, mas não reconheço legitimidade nessa nossa democracia de gaveta. Nessa eleição de miçanga.

Fórum não é foro legítimo para verificar vontade do povo. Vontade do povo, certa ou errada, é coisa de eleição. E eleição não é legítima com ausência de candidato líder nas pesquisas, de qualquer pesquisador. Ou então a justiça eleitoral, jaboticaba, declare a inveracidade das pesquisas e as proíba.

País grandioso sob o tacão de anões, exibidos numa vaidade que envergonha os anjos da Rua Conde Lage, virados para a parede pelas meretrizes do Bairro da Glória.

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domingo - 19/08/2018 - 09:48h

A idolatria desconhece a razão

Por François Silvestre

Os ídolos não têm culpa da tolice alheia. Os mitômanos apenas revelam a angústia da sua insuportável pequenez.

Quando esse fenômeno tão comum, que parece natural, atinge o campo das artes, o mal passa despercebido. Mesmo assim, não raramente, até nessa seara ocorrem tragédias por conta da idolatria.

Seja pela inveja que o ídolo atrai ou por outra morbidez de comportamento, sem razoável explicação. Caso dos assassinatos de cantores dessa babaquice de ostentação ou de casos universalmente rumorosos, exemplo da morte de John Lennon.

Essa doença não possui diagnóstico oficial. Nem consta da farmacopeia. É um típico processo psicossocial, de natureza coletiva, que vai da admiração ao fanatismo. E no meio dessas duas pontas abrigam-se inúmeras configurações.

Chega-se à infantilidade de alguém instruído lamentar não ter conhecido bem o ídolo venerado após sua morte. Como se pedisse desculpas por não ter sido tão bobo quanto a bobagem geral. E aí enumera outros ídolos, numa indisfarçada compensação.

A idolatria é uma doença que não escolhe culturas nem distingue instrução. É uma espécie de catarse coletiva, onde o anonimato se compensa na visibilidade do idolatrado.

É a sublimação da bobagem. A marca da pré-humanidade, intervalo entre o ancestral microcefálico e o futuro ser humano de cérebro desenvolvido. Esse ser humano, pós pré-humanidade, aparece vez ou outra de forma excepcional. Uns quanto, outros nem tanto.

São os cientistas, pensadores, artistas, filósofos e transformadores, que se diferenciam do seu tempo e atravessam os séculos sendo lembrados. Porém, nenhum desses precisa da idolatria para registrar sua grandeza. Eles próprios não se admiram. Não são seguidores de si mesmos.

Cada geração tem seu código, ensinou Paulo Francis. E todas elas cultivam seus ídolos. Uns sensatos, outros malucos. Uns que nenhum mal produzem e outros que causam destruição. Os tipos são tão notórios que dispensam exemplificação.

As gerações de ontem tiveram ídolos na arte e na luta. Foi o “tempo de guerra, sem sol, da comida na batalha”…como disse Brecht. Que iam de Guevara a Cohn-Bendit. Dos Beatles aos Rolling Stones.

Os ídolos individuais; de James Dean a Elvis Presley. Os ídolos políticos; de Perón a Vargas. Pra não falar na idolatria sangrenta de Hitler e Mussolini. A idolatria é a senilidade da idade teórica.

O movimento Beatnik, de Jack Kerouac a Allen Ginsberg. “Eu vi as melhores mentes da minha geração destruídas pela loucura”. Disse Ginsberg. E daí em diante a palavra loucura saiu do nosocômio para o mundo da criatividade artística.

Essa loucura coletiva na política, de grupos ou partidos, a abrirem mão de suas individualidades diluídas na pessoa do líder ou chefe é a característica originária do fascismo. É triste observar que as tragédias antigas e recentes não conseguem vacinar contra a estupidez.

“O Apanhador no Campo de Centeio”, que nada tem de colheita nem de agricultura, cuida do apanhar disperso da linguagem aparentemente sem nexo, com que Salinger cospe na face infantil dos idólatras.

Té mais.

François Silvestre é escritor

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domingo - 12/08/2018 - 08:10h

Quem tece esse tear?

Por François Silvestre

Há, hoje, nos grotões da vida em sociedade, uma espécie de tristeza mórbida, que só não alcança fanáticos ou alienados absolutos. No campo do fanatismo, vamos encontrar a direita renascida do esterco e a esquerda trombando nas próprias frustrações.

Os alienados, aparentemente felizes, são os mesmos dos antigos tempos da direita conservadora e da esquerda reformista. No mesmo quadro de ilusão lírica ou interesse reprimido.

Ambas a buscarem justificativas ou inventarem convencimentos. A direita conservadora, não fascista, diluiu-se e faz falta. A esquerda lírica, não idiotizada, recolheu-se e deixou o vácuo.

O pragmatismo serve de pretexto à mistura no charco, onde o limite da ética inventada permite nadar na lama.

Em política, ser honesto ou falso é só uma questão de oportunidade. Tudo metodologicamente explicável ou justificável. Como a loucura nos personagens de Shakespeare. O método que espanta remorsos e modela biografias caricatas.

Mas os políticos não estão solitários nesse embuste. Longe disso, eles têm a companhia dos que exibem falsamente o combate ao desmando. Até conseguem algumas reparações, mas não convencem, posto que a ética cantada em verso e prosa não resiste à ganância dos paladinos, recheando os bolsos com o zinabre que carrega o cheiro da miséria do povo.

Porém, o aparato da exibição, que fantasia a alienação dos novos tempos não consegue retirar a maquiagem do palhaço, após sair do picadeiro e mergulhar na solidão do camarim.

Fossem eficientes os discursos das castas, espertamente abastecidas, tudo seria mais facilmente alcançável. Seria, mas não é.

Quem cobra austeridade nem sempre é austero. Quem cobra honestidade pública muitas vezes esconde a desonestidade nos escaninhos da legalidade duvidosa. E o que é duvidoso na moral, agasalha a lei no legalismo; porém, a desmente na legitimidade.

Isso produz tristeza? Sim. Mas ser triste é suficiente? Não. Nem indignar-se é suficiente.

A denúncia exposta acalanta a ira, botando-a para dormir, mas não produz efeito reparador. Apenas faz a catarse de quem se sente mal nesse pântano de hipocrisia.

Não é redundante lembrar que desonestidade não é apenas enfiar a mão no bolso ou no patrimônio público ou privado. Não. Usar e abusar de enviesados teóricos e brechas legais para saquear o contribuinte também é desonestidade funcional. E com rebuscados argumentos vira desonestidade intelectual.

E quando um desonesto intelectual pune o desonesto material, perde-se o fio do fuso e quebra-se a roca do tear. Quem tecerá o Brasil amanhã? Porque hoje a pátria de estopa resta esgarçada. Lembrando o poeta, “um galo sozinho não tece uma manhã”.

Não há pompa ou pose, nem liturgia falsificada que remende esse tecido rasgado. Té mais.

François Silvestre é escritor

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