domingo - 21/10/2012 - 07:49h

São Paulo, São João com Ipiranga – Uma despedida

Por Honório de Medeiros

“Para se conhecer uma cidade, é necessário viver nela três dias ou trinta anos. Ao final dos trinta anos, verifica-se que o julgamento apos os três dias é que é o bom” (Jean Cocteau, citado em “A biblioteca e seus habitantes”, de Américo de Oliveira Costa).

À noite, todos as nuances da escuridão são ameaças, no centro de São Paulo. O passo de quem lá aporta, por esse ou aquele motivo, desenham incompreensíveis percursos aos olhos de quem os observa. Mas não é embriaguez (ou é); não é o resultado de alguma droga (ou é).

É a distância calculada que se toma de qualquer outro transeunte – esse desconhecido, o perigo.

Os bares da São João. Pequenos. Quase todos lotados apenas de homens. O cheiro de fritura no ar. Os habitantes: bêbados, drogados, prostitutas, traficantes, decaídos, mendigos, travestis, menores, andarilhos, e a polícia, sempre a polícia.

Os hotéis e sua aparência. Qual aparência? De decadência. No meio da rua, noite alta, o adolescente franzino, dentre muitos outros, de cabelos lisos e compridos incessantemente afastados dos olhos, vestido com uma irreal calça “jeans” extremamente folgada, cujos bolsos dianteiros e traseiros batiam-lhe nos joelhos, revoluteava, borbolético, entre um bar e uma casa de diversão de jogos eletrônicos.

No dia seguinte, pela manhã, e já tarde da noite, novamente, lá estava ele, ininterrupto, como se ali fosse seu mundo ou então fizesse ele parte da paisagem local. Onde moraria? Quem seriam seus pais? Teria irmãos? Ninguém sequer lhe aprisionava o olhar.

“Recanto dos Amantes”. Um nome em contraste com a cinza selva de pedra em plena transversal da São João. Lá, ela me disse, olhando para algum ponto indefinido, enquanto segura o copo de conhaque: “talvez não nos vejamos nunca mais”.

O “nunca” me soou estranho. Havia uma melancolia calculada nas suas palavras. Eu me dispus a lhe contar como encarava esses encontros e desencontros da vida: um imenso pátio, vazio, folhas secas pelo chão, uma rajada de vento, a dança delas no ar, o encontro, logo desfeito, casual, entre uma e outra folha – eis como tudo ocorria. Não o fiz.

Como ela engordara muito, esse tom não combinava com sua nova estampa.

A São João, à noite, causa medo aos que não lhe são íntimos. Além de curiosidade e repulsa durante o dia. Quando o sol se põe a São João vira uma selva, onde cada um com o qual se cruza pode ser um predador – aquele que o destino lhe reservou. São os frequentadores de bares suspeitos, inferninhos, prostíbulos disfarçados, pontos de droga… É o submundo vindo à tona.

Com a luz do sol, a vida surge frenética. Há um vai-e-vem intermitente, irritante. Uma profusão de cores, barulhos e os incontáveis odores de frituras e churrascos infestando cada espaço da rua. Tipos exóticos fazem “performances”.

Há desde o comuníssimo tocador de viola, até o singular dançarino imensamente feio que ostenta, como insígnia de sua estranheza, duas inacreditáveis marias-chiquinhas. Nada diferente, ao que consta da realidade de toda grande cidade, mundo afora: Nova Iorque, Tóquio, Cidade do México…

Nada diferente, em menor escala, em cada pequena cidade?

Digo-lhe adeus.

Fico parado observando sua imagem se desvanecer aos poucos enquanto caminha no rumo da Praça da República. Enquanto observo, imagens do passado insistem em surgir. Nelas, uma mulher esguia, morena, de cabelos longos, dança na praia de Genipabu, os pés chapinhando na água, pleno pôr-do-sol, encantada com tanta beleza e contraste com sua terra natal.

Mas não há dor, há vazio. Aliás, há a dor do vazio.

Honório de Medeiros é professor, escritor e ex-secretário da Prefeitura do Natal e do Estado do RN

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Categoria(s): Crônica
sábado - 20/10/2012 - 08:43h
Cultura

“Luiz Gonzaga e o Rio Grande do Norte” em livro

Do Blog de Honório de Medeiros

Conhecido nacionalmente por suas pesquisas acerca de cultura popular, bem como por seus cordéis, o poeta, cangaceirólogo e estudioso de Luiz Gonzaga –  Kydelmir Dantas, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço (SBEC) lança, em Natal,  “Luiz Gonzaga e o Rio Grande do Norte”.

Será durante a Feira de Livros e Quadrinhos (FLIQ), às 19h3 de 26 de outubro, na Praça Cívica do Campus da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

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Categoria(s): Cultura
  • Art&C - PMM - Sal & Luz - Julho de 2025
domingo - 14/10/2012 - 07:33h

O que leva o jovem ao crime

Por Honório de Medeiros

Uma das conseqüências possíveis relacionadas com a teoria da Antropóloga Alba Zaluar, Coordenadora do NUPEVI (Núcleo de Pesquisa das Violências), ligado ao Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, de que apenas a pobreza e a desigualdade social não explicam a ida de jovens para a criminalidade, é dar razão ao senso comum do povo quando clama pelo endurecimento da legislação penal.

A teoria, exposta em matéria assinada pelo jornalista Antônio Góis, da sucursal da Folha de São Paulo no Rio de Janeiro, apresenta como uma das causas do envolvimento de jovens com a violência, a estrutura cultural que induz o surgimento do que ela chamou de “etos da hipermasculinidade”, ou seja, trocando em miúdos, “a busca do reconhecimento por meio da imposição do medo”.

É algo decorrente da chamada “cultura machista”: os filhos homens são criados em ambientes que reproduzem condutas herdadas de desrespeito sistemático às mulheres, aos homossexuais, aos negros, às minorias, enfim, e valorização direta ou subliminar dos ícones da masculinidade distorcida; a música, a tradição oral, o lazer, a literatura, a própria postura passiva das minorias contribuem para a construção desse perfil medíocre e ameaçador.

A antropóloga lembra que “se a desigualdade explicasse a violência, todos os jovens pobres entrariam para o tráfico. Fizemos um levantamento na Cidade de Deus (conjunto habitacional favelizado na zona Oeste do Rio de Janeiro) e concluímos que apenas 2% da população de lá está envolvida com o crime.”

É outra comprovação científica que respalda o senso comum: se apenas a pobreza fosse passaporte para o crime, não haveria Sociedade da forma como conhecemos. Melhor, não haveria tantos ricos criminosos.

De posse do trabalho apresentado por Alba Zaluar talvez pudéssemos pelo menos iniciar a discussão em torno da ampliação das penas no Brasil. Quem sabe instaurarmos a prisão perpétua: não outra punição merece uma quadrilha de assaltantes recentemente presa em São Paulo, todos na faixa dos vinte anos, especializados em condomínios, que se tornaram conhecidos por torturarem suas vítimas, fossem elas novas ou idosas.

Prisão perpétua com alimentação, saúde, lazer, tudo pago com trabalho – há tantas estradas para ajeitarmos, Brasil afora, tanta terra para ser arada… E o maior empecilho, para aumentarmos a dosagem das penas no nosso país, para criarmos a prisão perpétua, é exatamente esse remorso social – quando não é a defesa em causa própria, como por exemplo, o caso dos nossos congressistas, grande parte respondendo algum tipo de processo – hipócrita que nos corrói a capacidade de enxergar o óbvio agora corroborado cientificamente.

Sempre achamos, segmentos da elite, que a criminalidade tinha ligação direta com a pobreza. Recusávamo-nos a perceber, com o povão, que sofre nas mãos da delinqüência e nas mãos da polícia, que não era assim, afinal não se justifica que haja tortura e morte desnecessária em cada assalto realizado: a crueldade é um ritual de passagem na hierarquia do crime, dependente da admiração dos companheiros: quanto mais cruel, mais admirado, quantos mais homicídios, mais enaltecido.

Agora é tempo de ir atrás do prejuízo antes que seja tarde demais: contamos nos dedos as casas e condomínios onde não há cerca elétrica e cães, isolamento e medo. Fazemos de conta que não há guerra civil em São Paulo e Rio de Janeiro.

Iludimo-nos pensando que o Estado é soberano em algumas áreas das grandes cidades do Brasil.

Honório de Medeiros é professor, escritor e ex-secretário da Prefeitura do Natal e do Estado do RN

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domingo - 30/09/2012 - 11:38h

Lutar pelo controle. Obter o controle. Manter o controle.

Por Honório de Medeiros

Obter o controle. Estar no controle. Manter o controle. Faz parte da parafernália ideológica que é a tal da estratégia militar ou de combate. Está em Chomsky, basta lê-lo.

Quem tem o controle tem o Poder, dizia, para um dos seus escravos, o extraterrestre que governava a terra no romance de L. Ron Hubbard, aquele autor americano de ficção científica que ficou mais famoso como criador da Cientologia, estranha seita preferida de 10 entre 10 atores famosos americanos.

O controle está para o Poder como a célula está para o tecido, o átomo para a matéria, digo eu. É através do controle que se estabelece a hierarquia, seja qual seja o ser vivo, parodiando Popper e sua Teoria Evolucionária do Conhecimento, ou seja, da ameba ao humano.

Lula, que não é lido, mas não é burro, deixou bem claro ao analisar Pedro Simon e sua quixotesca candidatura a Presidente do Senado: “ele não é confiável”. Confiável ou controlável?

Dá no mesmo nesse contexto sórdido da política. Na raiz desse controle está a tendência inata do ser humano de explorar, absorver, extrair, para si, tudo quanto, naquilo que o cerca, amplie sua possibilidade de sobrevivência.

Dawkins – esse mesmo que desencadeou uma cruzada contra Deus a partir de Darwin – afirmaria que fazemos isso manipulados pelos nossos genes. Para ele, nós somos nossos genes. O resto é invólucro. Ou seja, o resto é resto.

Há controvérsias.

Alguns acham muito radical essa teoria. Trazer para o mais íntimo de nós, no aspecto físico, o que está por trás – mesmo que remotamente – das ações humanas deu um corpo de vantagem a Darwin sobre o velho Marx. Este, como se sabe, coloca a divisão do trabalho na raiz do problema do controle. Esta, a divisão do trabalho, vai fazer surgir a propriedade privada, ou vice-versa, as relações de produção, a infra-estrutura material, a superestrutura ideológica, enfim, ufa!, a luta de classes e a exploração do homem pelo homem.

Mas o que estaria por trás do surgimento da propriedade privada? O que está no começo da exploração do homem pelo homem? Marx não disse.

Talvez seu companheiro Engels tenha esboçado algo a respeito a partir da análise dos estudos de Morgan, um antropólogo e etnólogo americano que andou estudando os nativos de seu país no final do século XIX, em uma obra que é muito citada nos meios acadêmicos e pouco lida.

Pois Darwin disse. Disse claramente. E com ele, começou um novo capítulo das ciências sociais e, mais especificamente falando, da Psicologia Social Evolutiva.

Pois bem: voltamos ao ponto de partida.

Somos levados, instintivamente, a controlar para explorar. Isso tanto em nível pessoal quanto social. Quem controla estabelece hierarquia. O povo, que não é besta, há muito denuncia, como pode, a arrogância da elite que põe o dedo em riste e pergunta ao Zé Mané: “você sabe com quem está falando?”, para tentá-lo controlar.

E não há limite para a intenção de controle. O céu é o limite. “Quanto mais temos, mais queremos ter.” O povo diz, o povo sabe.

O senso comum é o ponto de partida para o conhecimento. Quanto mais queremos ter, mais nos tornamos predadores.

Claro que os controladores dão nomes bonitos a tudo isso. Faz parte do jogo, é uma estratégia de controle. Chamam a esse impulso predatório de ambição social, luta para deixar o legado na história, defender os interesses da sociedade, luta para ascender na escala social… Tudo lorota.

Na essência, é o ruim e velho capitalismo de guerra e sua teia de argumentos justificatórios. No âmago do âmago, como diriam os exagerados, está esse egoísmo inato cujas vísceras Darwin expôs. E os santos, alguém perguntaria. O altruísmo, diria eu, é sempre uma espécie do egoísmo.

Honório de Medeiros é professor, escritor e ex-secretário da Prefeitura do Natal e do Estado do RN

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domingo - 23/09/2012 - 09:13h

Esquerda e direita

Por Honório de Medeiros

Ronda por aí a idéia de que “esquerda” e “direita”, no Brasil, e mesmo no mundo, não mais seriam conceitos distintos um do outro. Principalmente no que diz respeito à economia.

Nada tão distante da realidade, mas é fácil entender a razão: hoje, graças a um colossal, persistente e antigo processo midiático, o capitalismo, enquanto visão do mundo, tornou-se praticamente hegemônico. Isso mesmo: quase não há ninguém que sustente, com alguma consistência, um ideário de esquerda, a não ser, talvez, o já dinossáurico, e algumas vezes equivocado, Noam Chomsky.

Tal se deve a vários fatores, mas dois são fundamentais e ambos estão entrelaçados pelo mesmo núcleo. Dizem respeito à queda do “Muro de Berlim” e, no Brasil, ao aviltamento do PT. O que os une é o fato de ambos, tanto a URSS quanto o PT, jamais terem sido de esquerda.

Quando muito abrigavam, por falta de opção, pessoas de esquerda. A esquerda é, ontologicamente, fulcrada no valor “solidariedade”, enquanto a direita se firma na competição.

Subjacente à noção de que somos essencialmente competitivos, não solidários, está o corolário do lucro e da ambição. Para a esquerda, devemos solidarizar o lucro; para a direita devemos e podemos lucrar com a solidariedade.

A esquerda é, ontologicamente, anticapitalista. Isso significa dizer que, para ela, os meios de produção devem ser socializados. Ou seja, não deve haver muito na mão de poucos, mas, sim, um pouco na mão de todos no que diz respeito à produção e ao gozo do lucro. Ao invés da produção de capital financeiro, o socialismo quer a produção do capital social.

Nesse sentido, tanto faz opor-se ao capitalismo de Estado intervencionista quanto ao capitalismo de Estado Mínimo – este uma verdadeira utopia retórica criada nos laboratórios dos economistas à soldo do grande capital para engabelar os inocentes úteis e os inúteis, igualmente.

A esquerda é, ontologicamente, anti-autoritária. Ela denuncia, posiciona-se contra, rebela-se, e não aceita qualquer imposição do Estado sobre a Sociedade à reboque de uma miragem tal qual um futuro idealizado, como nos apresentam os tecnopolíticos de plantão que pensam serem possuidores dos remédios milagrosos necessários para catapultar este ou aquele país à redenção sócio-econômica destruindo, pela base, as conquistas sociais dos últimos anos.

Típica dessa postura, por exemplo, é o pensamento de Chomsky, já citado acima:

(…) o princípio básico que eu gostaria de ver comunicado às pessoas é a idéia de que qualquer forma de autoridade, domínio e hierarquia, toda estrutura autoritária, tem de provar que se justifica – não tem qualquer justificativa A PRIORI.

Por ser anti-autoritária, a esquerda tem um compromisso imediato e direto com a Sociedade, nunca com o Estado, este um instrumento de opressão cujos fundamentos ontológicos, sob os quais repousa sua suposta legitimidade, são flatus vocis. A verdade é que do ponto de vista da propaganda o capitalismo, ou seja, a direita, apregoa que ganhou a guerra. Não mesmo.

Quando menos se espera a Sociedade resiste, e o colossal processo de exploração através do qual a cada dia um número maior de pessoas, possui menos, fica exposto a olho nu.

Neste momento mesmo alguns, até então desavisados, mas puros de intenção, percebem onde estão metidos e apontam as fragilidades e inconsistências de um modelo que se firma no que pode arrancar, enquanto mais-valia, do grosso da população. São os arautos de uma nova era, a da aldeia global da qual nos falou Marshall McLuhan, onde qualquer informação é, sob todos os ângulos que se possam imaginar, do domínio de todos.

Honório de Medeiros é professor, escritor e ex-secretário da Prefeitura do Natal e Governo do Estado

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domingo - 16/09/2012 - 07:43h

O postulado fundamental do ensino

Por Honório de Medeiros

“Aprendemos quando nos defrontamos com um problema, qualquer que seja ele.”

Que o ensino, no Brasil, é completamente ultrapassado, basta cada um de nós recordar seus tempos de estudante e a ênfase dada, em cada Escola ou Faculdade, ao primado da informação sobre o conhecimento.

Em texto publicado anteriormente dissemos qual a distinção entre “Se informar ou ser informado e conhecer” (//honoriodemedeiros.blogspot.com.br/2012/09/aprender-aprender.html).

Pois bem, o ensino tal qual é praticado hoje, no Brasil, com esse viés de informar, é anterior à presença, no País, dos jesuítas. Melhor, é anterior à Alta Idade Média, onde o ensino ocorria por intermédio do estímulo ao debate, à discussão, como nos mostra Jacques Le Goff em “Os intelectuais da Idade Média”:

Com base no comentário de texto, a ‘Lectio’, análise em profundidade que parte da análise gramatical, a qual produz a letra (Littera), ergue-se a explicação lógica que fornece o sentido (Sensus) e termina pela exegese que revela o contéudo da ciência e do pensamento (Sententia).

Mas o comentário provoca a discussão.

A dialética permite ultrapassar a compreensão do texto para ir aos problemas que levanta, faz com que o texto se apague diante da busca da verdade. Um extensa problemática substitui a exegese. De acordo com procedimentos próprios, a ‘lectio’ se desenvolve em ‘quaestio’.

O intelectual universitário nasce a partir do momento em que põe em questão o texto, que não é mais do que uma base, e então de passivo se torna ativo. O mestre deixa de ser um exegeta, torna-se um pensador. Dá suas soluções, cria. Sua conclusão da ‘Quaestio’, a ‘Determinatio’, é a obra de seu pensamento.

A partir de 1599 a Companhia de Jesus colocou em vigor o famoso Ratio Studiorum, uma espécie de coletânea privada, que surgiu com a necessidade de unificar o procedimento pedagógico dos jesuítas diante da explosão do número de colégios confiados aos jesuítas.

O modelo jesuítico, presente desde o início da colonização do Brasil pelos portugueses, apresentava os passos fundamentais de uma aula: preleção do conteúdo pelo professor, levantamento de dúvidas dos alunos e exercícios para fixação, cabendo ao aluno a memorização para a prova.

Como se pode depreender falta, ao ensino, no Brasil de hoje, comparando com a época dos portugueses, o estímulo ao levantamento de dúvidas, à crítica, por parte dos alunos. As aulas são preleções e nada mais…

Bachelard, comentando o cenário dos obstáculos epistemológicos à obtenção do conhecimento, em “A formação do espírito científico”, lembra que:

No decurso de minha longa e variada carreira, nunca vi um educador mudar de método pedagógico. O educador não tem o ‘senso do fracasso’ justamente porque se acha um mestre. Quem ensina manda.

COMO APRENDEMOS quando nos defrontamos com um problema, qualquer que seja ele, as preleções, meras exposições, podem até nos informar, mas, com certeza, em nada contribuem, além de fomentar o tédio, para o nosso conhecimento.

Aliás, é bom que saibamos distinguir entre aprender e conhecer. Que nós conhecemos quando aprendemos, quanto a isso não há qualquer dúvida. Se aprendemos, conhecemos; se conhecemos, aprendemos.

Entretanto, por uma questão pedagógica, costumamos distinguir o aprender do conhecer no sentido de que, no primeiro caso, nos referimos, tecnicamente, a aquilo que resulta da busca deliberada de conhecer.

Aqui, o “deliberada” faz a diferença, na medida em que podemos conhecer sem que tenhamos nos encaminhado para isso, bem como podemos conhecer enquanto resultado desejado, buscado, e alcançado. Não por outra razão, se eu digo “eu aprendo”, estou me referindo ao processo por intermédio do qual eu obtenho o conhecimento.

Se eu digo “eu conheço”, significa que compreendo, entendo, apreendo aquilo acerca do qual me refiro. Ou seja, o aprender decorre do processo de aprendizado, que é algo que se busca conscientemente. Nesse sentido, o conhecer engloba o aprender, vez que o conhecer tanto pode ocorrer desde que queiramos, quanto pode ocorrer mesmo que não o queiramos.

No sentido utilizado neste texto, todavia, não há distinção a ser feita. Aqui, aprender tem o sentido de conhecer, e o conhecimento é alcançado, no sentido que se deve almejar nas escolas e universidades, na medida em que problematizamos a realidade, ou seja, enquanto alunos, criticamos sistematicamente, vigorosamente, a informação que nos é ofertada por intermédio das preleções dos professores.

Recordemos Popper, em “Conjecturas e refutações”:

– Cada problema surge da descoberta de que algo não está em ordem com nosso suposto conhecimento; ou examinado logicamente, da descoberta de uma contradição interna entre nosso suposto conhecimento e os fatos; ou, declarado talvez mais corretamente, da descoberta de uma contradição aparente entre nosso suposto conhecimento e os supostos fatos..”

E Bachelard, em obra acima mencionada”:

– No fundo, o ato de conhecer dá-se contra um conhecimento anterior, destruindo conhecimentos mal estabelecidos (…)

Ainda:

– Em primeiro lugar, é preciso saber formular problemas. E, por fim: “Em resumo, o homem movido pelo espírito científico deseja saber, mas para, imediatamente, melhor questionar”.

Portanto o estímulo a essa crítica sistemática e vigorosa, ao debate, à discussão, por parte dos alunos, às informações veiculadas pelos centros de saber deve ser um postulado fundamental do ensino que pretenda alcançar níveis superiores de excelência.

Na verdade, esse estímulo deveria se constituir numa verdadeira “paidéia”, um ideal de civilização, algo intrínseco à nossa sociedade, principalmente hoje em dia, com a permanente ameaça à Liberdade por parte do Estado, dos seus aparelhos de controle, e daqueles que o usam em proveito próprio.

O limite ao Estado foi, é, e sempre será, a sociedade livre e não-alienada.

Honório de Medeiros é professor, escritor e ex-secretário da Prefeitura do Natal e Estado do RN.

* Veja AQUI este texto original e links para outras postagens correlatas que fala sobre ensino, educação e formação intelectual. Imperdível.

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domingo - 09/09/2012 - 08:07h

Aprender a aprender

Por Honório de Medeiros

1) APRENDEMOS quando nos defrontamos com um problema, qualquer que seja ele; como lembra Popper:

– Cada problema surge da descoberta de que algo não está em ordem com nosso suposto conhecimento; ou examinado logicamente, da descoberta de uma contradição interna entre nosso suposto conhecimento e os fatos; ou, declarado talvez mais corretamente, da descoberta de uma contradição aparente entre nosso suposto conhecimento e os supostos fatos..”

a) ESSE problema pode ser inesperado (não por outra razão a sabedoria popular diz: “a necessidade é a mãe da invenção).

b) ESSE problema pode ser provocado:

b.1) QUANDO problematizamos as coisas e/ou os fenômenos (como disse Gaston Bachelard, “O conhecimento é sempre a reforma de uma ilusão”); b.1.1) POR intermédio da contra-argumentação, utilizando o contraexemplo;

b.1.2) POR intermédio do uso da técnica jornalística: o quê, quem, quando, onde, por que e para quê.

2) QUALQUER problema é, antes de tudo, uma questão do espírito (intelectual), mesmo no trabalho puramente mecânico.

3) ELABORAMOS teorias que são soluções provisórias a serem testadas.

a) O teste dirá se erramos ou acertamos;

b) O erro nos ensina, posto que não precisamos mais trilhar o mesmo caminho já tentado.

4) SE aprendemos quando nos deparamos com um problema, há um conhecimento que o antecede e nos permite identifica-lo.

5) SE o conhecimento é retificável, é evolutivo, no sentido de que caminha sempre do mais simples para o mais complexo.

6) O conhecimento pode, então, ser compreendido como um “vir-a-ser” de complexidade cada vez maior.

7) A recusa em problematizar as coisas e/ou fenômenos conduz a neuroses. Aqui se compreenda essa recusa como uma fuga do problema com o qual alguém se defrontou.

8) O como dizemos a nós mesmos, ou aos outros, o que aprendemos é papel da Retórica: podemos ser convencidos ou seduzidos, convencer ou seduzir.

9) NÃO é possível comparar INFORMAÇÃO com CONHECIMENTO; quando conheço, estou informado, mas, nem sempre, quando estou informado, conheço. Posso estar informado de algo sem compreendê-lo.

Honório de Medeiros é professor, escritor e ex-secretário da Prefeitura do Natal e do Estado do RN

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domingo - 02/09/2012 - 07:49h

A crítica é o pressuposto do conhecimento consciente

Por Honório de Medeiros

Um dos maiores, senão o maior, males do qual padece a Educação, é a crença – o termo correto é esse – no aprendizado por informação.

Por essa crença nosso cérebro é como um recipiente vazio que deve ser preenchido com o conhecimento que nos for fornecido. Popper denomina essa crença de “Teoria do Balde Vazio”, e ela depende, fundamentalmente, da suposição de que conhecemos por que observamos, o que nos conduz a um empirismo ingênuo, no qual a observação do que somos e do que nos cerca é possível graças ao raciocínio indutivo.

Este não é o espaço apropriado para analises acerca dessas teorias. Convém lembrar, de forma parafraseada, entretanto, um “blague” que Popper, em tom irônico, apresenta em uma de suas obras dedicadas à Teoria do Conhecimento: se solicitarmos a algumas pessoas que durante certo tempo cronometrado apenas observem, e, em seguida, nos digam o que aprenderam com essa observação, provavelmente todas elas indagarão: “em relação ao quê?”

Pois parece óbvio que somente é possível o conhecimento de algo a partir de um conhecimento já existente, o que situa a observação no seu devido lugar, qual seja o de comprovar, ou negar, uma teoria já existente.

Não por outra razão a informação (conhecimento) que não é precedida de um conhecimento real, concreto, indiscutível, que nos permita aceitar de forma crítica, e, portanto, entender aquilo acerca do qual que se está sendo informado, resulta em nada. E, também, não por outra razão, lê-se sem que se compreenda, participa-se dos fatos sem que se aquilatem suas causas, essência, e consequências, fala-se e escreve-se o que não tem sentido, concretizando a imagem fiel da alienação intelectual que descreve tão bem os habitantes do mundo em que vivemos.

Para que se estabeleça o processo de aquisição do conhecimento é preciso que algo deflagre, em nós, a angústia criativa de sobreviver a uma realidade que não mais é apreendida pelo que sabíamos até então. Ocorre em situações críticas, e independentes de nossa vontade.

O senso comum diz isso de forma brilhante: “a necessidade é a mãe da invenção”.

Podemos, entretanto, gerar esse processo de conhecimento. Se formos estimulados a criticar (no sentido de buscar falhas, contradições, desarmonias) na informação que nos é fornecida, com certeza avançaremos. A crítica, portanto, é o pressuposto do conhecimento consciente. Não por outra razão Bachelard, o poeta/filósofo, afirmou:

– O conhecimento é sempre a reforma de uma ilusão.

E não por outra razão Kiekergaard nos impeliu a “duvidar de tudo”.

Muito mais recentemente Karl Popper propôs que o conhecimento novo – não apenas a filosofia – começasse por problemas. Esses problemas surgiriam do contraste entre o conhecimento antigo, a expectativa de que regularidades, padrões, se mantivessem, inclusive em relação a nós mesmos.

Ao nos depararmos com algo que o nosso conhecimento antigo não explica, há uma fragmentação nas nossas expectativas e surge, então, o problema a ser solucionado. Observe-se que tal teoria pressupõe a existência do conhecimento inato adquirido geneticamente, no que é referendada pela teoria da seleção natural de Darwin.

A técnica mais banal para o exercício da crítica é o uso do contra-argumento (contra-exemplo). Uma vez tendo recebido alguma informação, submetamo-la à crítica, argumentando na medida de nossas possibilidades, contra ela.

Nada teremos a perder, muito teremos a ganhar em utilizando tal técnica.

Outra técnica simples é indagar, dialogar com a informação. Para tanto cabe usar o que nos ensina a técnica jornalística, indagando a nós mesmos e também respondendo: Quem? Quando? Como? Onde? O quê? Por quê?

Uma vez que o espírito da crítica pedagógica, a vigilância epistemológica que pode conduzir à ruptura epistemológica, à “reforma das ilusões”, se estabeleça como “Paidéia”, padrão cultural, ideal civilizatório, o avanço será inexorável, e a nossa Educação somente ganhará com essa opção.

Para que se tenha ideia de como não evoluímos ao longo desses anos, em discurso na solenidade de formatura de todas as turmas concluintes do ano de 1982, representando os alunos, na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, tive a oportunidade de dizer:

– Como entender, por exemplo, que no âmbito da Universidade, onde o sonho e a crítica deveriam caminhar de mãos dadas, permeando a efígie do futuro de esperança e conhecimento, nada mais se encontre do que o imediatismo, o pragmatismo solerte e a mera repetição anacrônica de informações? Como aceitar a inacreditável relação professor-aluno, completamente abstraída da consciência do saber, que conjuntamente com a preocupação de suscitar dialéticas, referendar críticas e debates livres, numa ontologia da ideia ensinada e na aplicação do racionalismo docente, constitui a preocupação básica de Gaston Bachelard, exposta em sua obra “Racionalismo Aplicado”, onde nos lembra: “De fato, numa educação de racionalismo aplicado, de racionalismo em ação de cultura, o mestre apresenta-se como negador de aparências, como freio a convicções rápidas. Ele deve tornar mediato o que a percepção proporciona imediatamente. De modo geral, ele deve entrosar o aluno na luta das ideias e dos fatos, fazendo-o observar bem a inadequação primitiva de ideia com o fato.

Se na observação do problema limitamo-nos ao componente psicológico da relação professor-aluno, necessário se faz observar os próprios problemas estruturais em torno dos quais gravitam os específicos. Precisamos ir ao encontro do espírito mais geral que preside os fatos e as idéias no âmbito da Universidade.

Fundamental é retornar à consciência crítica e política no sentido socrático-aristotélico, que é seu pressuposto maior. Fundamental é acreditar que quimera e contestação, a discussão, a livre manifestação de idéias – alicerce do conhecimento – caminham ou caminharão nos corredores da Universidade.

Portanto, precisamos ensinar a criticar, para que seja possível o conhecer, afastando, de vez, essa perspectiva ideologicamente equivocada e intelectualmente ultrapassada de informar para formar.

Honório de Medeiros é professor, escritor e ex-secretário da Prefeitura do Natal e do Estado do RN

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domingo - 26/08/2012 - 12:07h

O aviltamento da educação jurídica

Por Honório de Medeiros

Os cursos de Direito das Escolas Privadas estão sendo encaminhados, lentamente, por imposição do mercado, para se transformarem em cursinhos preparatórios a concursos e exames da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), comprometendo o pouco que restou da preocupação das elites, após a ditadura militar, com a formação humanística.

A pressão para que isso ocorra, vem de todos os lados, ainda difusa, e não é contida pela presença formal, no currículo dos cursos, de disciplinas pertencentes à área propedêutica, como Filosofia do Direito, Sociologia Jurídica, Teoria Geral do Estado e outras.

Incide essa pressão sobre os professores dessa área quando eles cobram os alunos, através de avaliações e presenças, e estes questionam apontando a pouca importância daquilo que lhes é ministrado em termos de mercado de trabalho; incide sobre os dirigentes institucionais, a quem se pede que obtenham o relaxamento dos educadores quanto ao desempenho dos educandos em Filosofia do Direito, por exemplo, mas, ao mesmo tempo, que sejam exigentes quanto ao que será ensinado pelos professores que proferirão as aulas ditas “práticas”; incide nos estudantes, vinda de seus pais, que estão de olho nos concursos públicos que seus filhos farão e acham que não adianta eles se preocuparem com o estudo de algo que não tem “utilidade”; incide insidiosamente em quem paga o curso dos seus rebentos, na medida em que são cobrados por parentes e amigos quanto ao futuro profissional de cada um deles.

O aparente renascer da Filosofia, que contrariaria o argumento acima exposto, constatado em alguns jornais e revistas de circulação nacional, não explora o aspecto “fashion” oculto na tardia opção de parcela da elite por algo tão obscuro e de difícil compreensão. Muito mais que curiosidade filosófica o que motiva essa elite é a necessidade de ser “in” em termos sociais, na medida em que ela possa falar, mesmo que superficialmente – é o que se permite em reuniões sociais – no nome de filósofos ou obras até então relegados às bibliotecas de alguns poucos excêntricos.

É isso mesmo, trocando em miúdos: esse renascer é aparente e decorrente da criação de mais uma forma alienada de se destacar socialmente, extremamente curiosa por que ela lida, concretamente, com o aparato intelectual – os livros e seus autores – que, em tese, em sendo utilizado corretamente, libertaria o alienado de sua alienação. Esse filme não é novo: posar de intelectual, há alguns anos, já teve seu charme…

O certo é que a proliferação de cursos de Direito oferecidos por instituições privadas vem acentuando o aviltamento do ensino.

As universidades querem poder estampar nos jornais a relação dos seus alunos aprovados em concursos para poderem captar mais clientes, e como, para eles serem aprovados, precisam submeter-se à lógica educacional própria dos cursinhos preparatórios, onde o superficial e contingente prepondera sobre o profundo e estrutural, está armado o cadafalso onde serão guilhotinadas gerações presentes e futuras de possíveis pensadores, humanistas e críticos substanciais da nossa realidade.

Tais alunos terminam construindo um perfil básico para si que é quase um padrão: agressivos, competitivos ao extremo, conhecedores de leis, jurisprudências e doutrinas específicas, hábeis em citações deslocadas do contexto de onde são arrancadas, restritos ao mundo jurídico, leitores de orelhas de livros de divulgação doutrinária em Filosofia do Direito, assíduos frequentadores de manuais jurídicos, todos com a profundidade de um pires com água.

Ressaltem-se, obviamente, as exceções que nos surpreendem e são verdadeiros outsiders por conseguirem pensar para além do viés técnico. Aliás, essa é a diferença entre o técnico e o pensador: enquanto aquele executa, aplica, este planeja, pensa.

Que os leitores apressados não suponham que estou a descrever algo estanque. Claro que não. Alguém que executa e aplica pode planeja e pensar. Entretanto, hoje, o contexto (palavra antipática), a correlação-de-forças impõe, cada vez mais, o fortalecimento das barreiras que estabelecem a segmentação que organiza a Sociedade capitalista selvagem na qual vivemos.

Não interessa ao modelo político vigente do qual o Estado é causa e consequência, uma realidade social na qual seus cidadãos não sejam alienados, ao contrário, possam refletir criticamente acerca do seu papel de correia-de-transmissão entre o topo e a base fortalecendo essas estruturas injustas que são nossa herança e virão a ser, ao que tudo indica, nosso legado.

Fatos como aquele ocorrido com um amigo meu, professor, que em sala de aula leu textos de Fernando Sabino, na tentativa de estabelecer com seus alunos a cumplicidade através do belo, e no final foi indagado acerca de em qual livraria seria encontrado “seu” livro fatalmente tende a ser um padrão, assim como aquele outro ocorrido comigo, no qual um aluno me comunicou, findo suas férias, que havia lido integralmente, nesse período, capa-a-capa, “O Positivismo Jurídico”, de Norberto Bobbio, e antes que minha alegria me levasse a usá-lo como exemplo em sala-de-aula, concluiu dizendo “mas não entendi nada”.

Que tempos, estes…

Honório de Medeiros é professor, escritor e ex-secretário da Prefeitura do Natal e Estado do RN

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domingo - 29/07/2012 - 08:18h

Hercílio Pinheiro, o gênio esquecido

Por Honório de Medeiros

“Um dom dado por Deus”. Assim Seu Chico Honório começou a me falar de sua amizade com o grande cantador de viola e repentista Hercílio Pinheiro, de quem foi amigo pessoal, nascido em Luis Gomes, Rio Grande do Norte, no Sítio Arapuá, no dia 13 de novembro de 1918, e morto tão prematuramente em 9 de abril de 1958, aos quarenta anos de idade.

Hercílio, desde pequenino, versejava batendo em uma lata “desafiando” sua irmã. Cedo aprendeu as técnicas de sua arte através de Inocêncio Gato, com quem fez sua primeira cantoria. E cedo, também, veio morar em Mossoró, onde exerceu a atividade de locutor da Rádio Tapuyo até se entregar totalmente à viola.

Hercílio: pura arte

Seu Chico recorda suas primeiras cantorias – com Antônio de Lelé, na casa de Zé Honório, em São João do Sabugi; com Justo Amorim, na casa de Cabo Palmeira, patrocinada por Zuza Patrício; com Chico Monteiro na fazenda de Sinhozinho Crisóstomo, a cinco léguas de Alexandria, todas tiradas a cavalo, no novenário de Santo Izidro.

Eu o deixo divagar mergulhado nas lembranças de quase setenta anos atrás. Ele, entretanto, não demorada a repetir: “Hercílio foi um dom de Deus.”

“Hospedei Hercílio e Dimas Batista em Mossoró. Hercílio era um homem correto, digno, honesto. Transpirava honestidade. Morreu dezessete dias antes de você nascer. Foi o melhor cantador de viola do Brasil em sua época. Respeitava todos seus companheiros, mas, os superava em muito.”

“A grande teima, naqueles anos, era qual dos dois cantadores era o melhor: Hercílio ou Dimas.”

“Houve um desafio célebre, na década de cinqüenta, entre os dois, um desafio real, não esses de hoje, onde tudo é combinado, que começou de tarde, varou a noite e ganhou a madrugada e somente parou por que o juiz da cidade – Taboleiro do Norte, Ceará – deu por encerrada a peleja, dando-a como empatada.”

“Hercílio era irmão de João Pinheiro e seu sócio no bar “Irmãos Pinheiro” aqui em Mossoró. Esse bar é tradicional ponto de encontro de comerciantes, políticos, advogados, ainda hoje, mas a maioria de seus familiares mora em Taboleiro do Norte, no Ceará. Hercílio tinha entre um metro e setenta e um a um metro e setenta e seis. Era muito magro. Branco, calvo, cabelos finos, usava óculos com grau muito forte porque era quase cego em conseqüência de uma miopia. Fumava cigarro de palha ou de fumo cortado.”

“Eu o conheci quando era chefe de trem na linha Mossoró-Sousa. Como era seu admirador, terminei fazendo amizade com ele por conta das viagens que ele fazia para ir cantar. Na verdade devo a Hercílio minha vinda para a Igreja Católica. Um dia, quando já estávamos perto de Mossoró, ele me perguntou: Chico, você já fez sua Páscoa? Respondi-lhe que nunca tinha me crismado nem feito Páscoa”.

“Ele me ofereceu os livros que eu tinha que estudar e me disse que ia me levar a Frei Luis. Esse Frei Luis era um terror. No dia seguinte fui me confessar com Frei Luis, a mando de Hercílio, e lhe disse que nunca tinha me confessado. Levei um grande carão e ganhei uma penitência de sete padres-nossos de joelho. Até que não foi muito pesada. A segunda confissão foi com Frei Damião. Hercílio foi quem encaminhou. Novo carão e novas penitências.”

“Quando Hercílio vinha a Mossoró eu já sabia: de manhã, lá pelas dez horas, nós nos encontrávamos e a outros amigos na Praça do Pax, para conversar sobre cantoria, repente, cantadores, viola.”

“Hercílio era muito admirado, entre outras qualidades, por ter o que os entendidos chamam de “pulmão limpo”, ou seja, sem pigarro, um canto claro e bonito.”

“Uma vez, não me contive: Hercílio, quem é o cantador que você teme em uma disputa? Não temo ninguém, respondeu. Aliás, continuou, não disputo com ninguém, só comigo mesmo. Mas eu sempre me fiz respeitado na minha profissão. Agora respeito e sou respeitado por Dimas Batista.”

“Assim é o gênio”, conclui Seu Chico. “Estudou à luz de lamparina, mas seu dom, esse não tem como aprender, Hercílio nasceu com ele.”

Honório de Medeiros é professor, escritor e ex-secretário da Prefeitura do Natal e do Estado do RN

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domingo - 22/07/2012 - 10:15h

Estou pensando que não voto mais em oligarquias

Por Honório de Medeiros

Estou pensando que não voto mais em oligarquias, bem como não voto mais em quem apóia ou é apoiado por oligarquias. Qualquer oligarquia.

Na “Ciência política”,  oligarquia é a forma de governo em que o poder político está concentrado num pequeno número de pessoas identificáveis por interesses particulares tais como riqueza, laços familiares, empresas ou poder militar.

Estados em que isso acontece são muitas vezes controlados por poucas famílias proeminentes que repassam a sua influência ao longo de gerações.

Ressalvo, desde já, que já votei e, até mesmo, já trabalhei para algumas oligarquias. Assumo meu erro. O que eu não quero é continuar a errar.

Nada há de pessoal contra quem quer que seja nessa tomada de posição. Ela decorre de uma percepção amadurecida do processo político.

Trata-se de não mais crer que alianças táticas com o inimigo ideológico permitam algum tipo de avanço na luta pelo fortalecimento da Democracia e do bem-estar da Sociedade como um todo.

Ao longo dos anos foi essa minha crença, minha ilusão acalentada desde os bancos da Faculdade de Direito onde ingressei convicto da nossa possibilidade de mudar o mundo por dentro, jogar o jogo da elite política: torná-lo menos injusto.

Hoje, essa crença não existe mais.

A história demonstrou e demonstra, a cada dia, que os inimigos da Sociedade são muito mais perigosos do que supõe a nossa pretensão de entendê-los e combatê-los. Tais inimigos acreditam estarem certos em fazer, por si, e pelos seus, apenas, o possível e o impossível para sobreviverem no caos social no qual vivemos.

Nada pior que combater quem crê no que está fazendo, mesmo quando essa crença é uma distorção, um equívoco.

São eles, esses inimigos, predadores. Não têm consciência do mal que causam, ao longo do tempo, a si, aos seus, e aos outros, e quando o têm, cedem ávidos e velozes aos argumentos que pretendem legitimar suas ações equivocadas.

São elos de uma estrutura manipuladora, voraz, amoral, que os gratifica, aliena e lhes dá o amparo intelectual para seguirem em frente em sua cegueira existencial.

Os avanços que esses inimigos apresentam como progresso são armadilhas, apenas armadilhas para os desassistidos, que aparentam tudo mudar, para que tudo continue igual ao que era antes, no quê, aqui, parodio o Príncipe de Salinas, esse personagem canônico fundamental de Lampedusa e da literatura ocidental.

Não quero mais fortalecer essa estrutura.

Claro que meu gesto é uma gota d’água no Oceano da política, do jogo do poder. Demasiadamente pequena gota insignificante. Não importa. Convido outros a compartilharem, se for o caso, esse pequeno gesto.

Pode não resultar em nada, mas faz com que eu, hoje, me sinta mais limpo.

Honório de Medeiros é professor, escritor e ex-secretário do Natal e do Estado do RN.

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domingo - 01/07/2012 - 08:35h

Minha amada gosta das cidades grandes…

Por Honório de Medeiros

Para Bárbara Lima

Minha amada gosta das cidades grandes, do bulício das ruas elegantes nas manhãs de sol pálido que não lhe agrida a pele muito branca, quando se dedica às compras “virtuais” e compõe mentalmente, enquanto deambula, várias toilettes com as peças à mostra, da rotina dos cafés ao entardecer que são promessas de noite e despedidas do dia, das noites suavemente embaladas por uma discreta taça de vinho, à qual seguem, como um coroamento de um dia feliz, un dessert, e um sono tranqüilo, embalado pela confortante presença próxima do seu ateliê, onde se dedica à requintada arte do “scrap”, no qual obras de arte feitas à mão disputam espaço com as marcas sutis de sua presença diária.

Já lhe ponderei, diversas vezes, acerca das maravilhosas manhãs na Serra, quando a neblina propõe, aos transeuntes, um véu opaco com o qual os envolve enquanto o silêncio, companheiro de nossas caminhadas, somente é perturbado pelo ir-e-vir dos pássaros e o balançar dos ramos e galhos das árvores tangidas pelo vento matinal, e, também, das tardes pungentes tão típicas e plenas de uma profusão de cores cambiantes que esmaecem lentamente anunciando a noite, ah!, a noite, e o imenso céu estrelado, límpido, misterioso, inigualável, do Sertão…

Eu lhe prometi um espaço somente seu, amplo, no qual cada laivo de sua imaginação criadora tenha a condição de se transformar em realidade, separado do chalé com o qual sonho por um caminho margeado pelas flores das quais tanto gosta e pelas árvores das quais sou tão próximo, onde ela poderia receber as pessoas que a procurassem lhes oferecendo um café feito na hora a ser servido nas delicadas e herdadas xícaras onde despontam motivos florais finamente estampados, acompanhado de biscoitos da terra, de gosto suave, que facilmente se dissolvem na boca, ou, quem sabe, nos frios dias de julho, uma taça de chocolate quente enquanto a conversa fluísse animada.

Receio não lhe ter convencido, posto que o prosaico da vida sempre interfere nos sonhos de cada um: é a rotina do trabalho, a rotina dos filhos, a rotina dos compromissos que exigem nossa presença diária e nos impõem atividades que não gostamos, deveres que nos assoberbam, atenções que nos impedem de nos entregarmos plenamente à vida que passa tão rápida enquanto desperdiçamos nosso tempo a ranger os dentes de raiva pelo trânsito que não flui, a nos eriçarmos para o combate com nossos estressados semelhantes, a nos debater com a melancolia que nos assoma no final-do-dia pelo muito que é perdido quando constatamos que nada mais somos que apenas outra peça da engrenagem.

Quantos de nós, envelhecidos, eu não observo enquanto me desloco: são tão poucos os que sorriem! Será que neles há o fastio do acúmulo das horas inúteis, a consciência do tempo perdido com coisas vãs? Será que esse balanço de final-de-vida, quase sempre negativo, é que lhes colocou nos rostos esse olhar vazio, tão distante? Será que essa entrega derradeira, o abandono da condição de controle do próprio destino, é que constitui o caldo de suas amarguras? Como saber?

Enquanto penso dou razão à minha amada e me conformo, mas não perco a esperança. Enquanto espero, e os dias rolam na minha vida como as contas de um terço rolam nas mãos daqueles que rezam, escapo para o último andar do prédio onde moro, prédio entre prédios, subo a escada que conduz ao topo, e lá, derramo meu olhar descontente por sobre a cidade febril enquanto gulosamente sinto, sobre mim, o infinito do céu no qual os limites existente são o vôo dos pássaros e de um ou outro avião.

Honório de Medeiros é professor, escritor e ex-secretário da Prefeitura do Natal e do Estado do RN

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domingo - 17/06/2012 - 03:45h

Graciliano Ramos e o cangaço

Por Honório de Medeiros

Graciliano Ramos e o Cangaço.

Ricardo Ramos ao ouvir seu pai contar acerca de quando Palmeira dos Índios se armara para enfrentar Lampião, ficara fascinado:

“Passara a meninice acalentado pelas estropolias dos cangaceiros, da polícia volante, duas pestes que nos assolavam.”

“E (lhe) contei de uma noite, após a ceia, em que, atraído por foguetes, sai à calçada e vi os caminhões, as cabeças cortadas, espetadas em estacas, de Lampião, Maria Bonita e mais dez outros, os soldados empunhando archotes, gritando vitoriosos, um cortejo macabro pelas ruas de Maceió”.

Graciliano lhe diz:

“- Eu escrevi sobre isso”.

“Não havia lido, era pequeno e estava fora do Rio. Bem depois, ao se reunirem as crônicas de Viventes das Alagoas (título sugerido por Jorge Amado), afinal encontrei “Cabeças”. Ou reencontrei minha antiga visão, bárbara, mas transporta no sarcástico perfil do tenente Bezerra, que se reformou coronel, o falante matador de Lampião, versado em frases feitas, sua retórica elementar de glorificado primário.”

“Havia mais, bem mais. O Fator Econômico no cangaço, crônica da propriedade que se mantém e cresce pela força, com pequenos exércitos de senhores rurais, sedentários, enquanto os cangaceiros se distinguem dos outros facínoras apenas por serem nômades, no regime de produção agrícola da caatinga.”

Corisco, uma crônica do diabo louro, seu conterrâneo de Viçosa, filho de decadente família de donos de engenho, forçado a decair, enlouquecido, o pequeno monstro baleado e decapitado, morto quase inédito porque havia a guerra na Europa, tantos crimes. Dois Cangaços, a crônica dos matutos indefesos diante de dois poderes, a volante e o cangaceiro, a primeira muitas vezes obrigando-os à segunda opção, ou o seu reverso, em todo o caso forçando-os a escolher, pela imposição sócia, ou pior ainda, pela econômica.”

“E Lampião e Virgulino, que buscam o perfil. Necessariamente fincado no agreste.”

“Graciliano nunca idealizou Lampião. Desde 1926, ao escrever do assédio a Palmeira dos Índios, sem mencionar a sua participação pessoal. Chama-o ‘bicho montado’, ‘horrível’, ‘sanguinário’, diz dele o animal ‘cruel’, que ‘queima fazendas’, capaz ‘de violar mulheres na presença de maridos amarrados’, e ‘se conservara ruim, porque precisa conservar vivo o sentimento de terror que inspira’, enfim ‘vemos perfeitamente que o salteador cafuzo é um herói de arribação bastante chinfrim’”.

“Por outro lado, não desconhecem a sua projeção lendária. ‘Lampião nasceu há muitos anos, em todos os estados do Nordeste’. E se refere à nossa tradição bandoleira, do remoto Jesuíno Brilhante ao envelhecido Antônio Silvino, para concluir: ‘Resta-nos Lampião, que viverá longos anos e provavelmente vai ficar pior. De quando em quando, noticia-se a morte dele com espalhafato. Como se se noticiasse a morte da seca e da miséria. Ingenuidade.’”

Obra citada: “Graciliano RETRATO FRAGMENTADO”; RAMOS, Ricardo; Globo; 2ª edição; 2011; São Paulo.

Honório de Medeiros é professor, escritor e ex-secretário da Prefeitura do Natal e Estado do RN.

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domingo - 29/04/2012 - 09:57h

Os livros nos escolhem!

Por Honório de Medeiros

Muito poucas foram as vezes em que entrei em uma livraria sabendo o que buscava. Ao contrário. A grande maioria das vezes entrei somente pelo prazer de entrar, de ver, de sentir o cheiro dos livros, de ouvir o murmúrio de outros apaixonados como eu para quem eles foram, desde sempre, um grande amor.

Poucas vezes saí sem nada nas mãos. Sempre – e isso é o que importa neste relato – fui buscado por algum ou alguns livros. Sim, porque são eles que nos escolhem.

Como poderia ser diferente se outra explicação não há para esse amor que surgiu quando minha mãe me colocava para dormir lendo estórias em quadrinhos do Pato Donald, enquanto nos balançava na rede, e, um dia, para sua surpresa, me pegou soletrando as sílabas?

Os livros dos meus vizinhos, abandonados, valeram-se de mim para saírem de sua solidão – em minha casa sequer Bíblia existia. Os livros, ah!, os livros, eles nos escolhem, e da minha infância para a meninice, lá estavam eles: “O Mundo da Criança”; “O Tesouro da Juventude”; e, depois, logo depois, Julio Verne, Alexandre Dumas, Victor Hugo, Edgar Rice Burroughs, Karl May…

Pois bem, é como digo, os livros nos escolhem. Chegam a nós das mais estranhas maneiras, desde o presente de um amigo, que pensa ter acertado na escolha por um motivo qualquer, muito embora tenha acertado por outro totalmente diferente, a aquele decorrente do inexplicável oferecimento visual ocorrido quando, cansados de perambular pela livraria, nos sentamos em uma poltrona, a única vaga, e – como se fosse algo inesperado – aquele livro que nos escolheu aparece imediatamente no nosso campo visual. Não há como resistir.

Ele estava nos esperando. Agradecidos pela escolha pegamo-lo carinhosamente, e o folheamos, sentimos seu cheiro inigualável, sua textura, passamos uma vista d’olhos por suas páginas e o levamos conosco, ambos muito felizes. Assim aconteceu certa noite quando, em um aeroporto qualquer, aguardando a hora de embarcar e vagando pela livraria, já imaginando que daquela vez eu teria que me contentar com as revistas – fraco sucedâneo – meus olhos foram atraídos por “Os Devaneios do Caminhante Solitário”, de Rousseau!

Quantas e quantas vezes não falara acerca do “Contrato Social” para meus alunos de Filosofia do Direito, ao lhes explicar em que crença se fundava nosso fé no Ordenamento Jurídico enquanto expressão da Vontade Geral da Sociedade. Antes Rousseau que Niklas Luhmann.

Antes Rousseau, que dera um lavor inigualável à genial intuição de Protágoras de Abdera… Agora, ali, outra vertente desse mal-amado e original filósofo francês, me convidava a, com ela, travar conhecimento. Abri o livro ao acaso. Li o que se me ofereceu aos olhos: “É dessa época que posso datar minha total renúncia ao mundo e esse gosto vivo pela solidão que não me abandonou desde então.”

“Como?”, me indaguei, “Vila-Matas escreve toda uma obra, Doutor Pasavento”, em homenagem à arte de desaparecer, que é a face mais exposta da renúncia, usando como pano-de-fundo a história de Robert Walser, e não cita Rousseau?” Segurando firmemente o livro de Rousseau tomei o caminho que me conduzia ao caixa para compra-lo e, em seguida, feliz por ter sido escolhido, entrar no avião onde me esperavam algumas horas de voo e de leitura.

Honório de Medeiros é professor, escritor e ex-secretário da Prefeitura do Natal e do Estado do RN

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quinta-feira - 26/04/2012 - 14:43h
Fatos e Gente

Gerais… Gerais… Gerais… Gerais

A noite desse sábado, dia 28, promete ser caliente no Tenda Music Club com a Festa da Tequila a partir das 23h. A animação ficará por conta da banda Salsalada que apresentará um repertório pra lá de dançante. A noite conta ainda com o arrasta pé da banda Forró do Bode e dos hits de DJ Juninho.

Os veículos de transporte de estudantes da rede estadual, em Caicó, param segunda (30). Os meses de janeiro, março e abril não foram pagos e por isso teremos mais dificuldades para o alunado. Pobre Caicó, pobre Rio Grande ‘sem sorte’.

HONÓRIO – Saudações para o professor, escritor e ex-secretário da Prefeitura do Natal e do Estado do Rio Grande do Norte, Honório de Medeiros. Aniversaria hoje e recebe os parabéns desta página e de um incontável número de meia dúzia de amigos e duas ou três abstenções. Saúde e paz, meu caro. Sei que tirando todos os defeitos, és gente boa. Para evitar embaraços, não assinalo neste espaço a sua idade paleontológica.

Honório, esse senhor bem mais velho, à esquerda, nas veredas do sertão de Doutor Severiano, comigo, dia 14 de janeiro de 2010 (Foto: Jânio Rego)

Sábado (28), tem música ao vivo com o cantor natalense Daniel Freire no restaurante Mariposa, na Rua Açu, no Tirol. Ele é licenciado em música pela UFRN e também dá aulas de violão e guitarra. São 12 anos de experiência em ensino aliados à prática de quem toca na noite. Já conhecido pelo circuito de bares e pubs da cidade, com seu repertório composto de clássicos e hits do Pop Rock nacional e internacional, o músico trabalha atualmente na divulgação de seu DVD – Som na Sala.

Faltando pouco mais de um mês para a realização da Feira Internacional da Fruticultura Irrigada – EXPOFRUIT 2012, que será realizada de 13 a 15 de junho, em Mossoró/RN, no Expocenter, a sua programação científica está com temas fechados. Eis os principais: Comércio Exterior e Relações Internacionais, A Cultura do Mamão, Técnicas de Pós-Colheita, Técnicas para a Aplicação de Defensivos Agrícolas, Empreendedorismo e Negócios, Boas Práticas de Cultivo para Frutas Tropicais, Georeferenciamento, Inovação Tecnológica, Impacto da Tecnologia do Controle Biológico na Fruticultura do Semiárido, Direito Ambiental: Entraves e Desafios, Licenciamento ambiental no agronegócio, Outorga de direito de uso de água e licença de obra hidráulica, entre outras.

Os amantes do rock têm uma boa opção de diversão em Mossoró. Nesta quinta-feira, a partir das 20h, o Sélect Nouveau oferece ao público um show que promete. A programação será composta pela apresentação da banda baiana Vivendo do Ócio e dos grupos potiguares Camarones Orquestra Guitarrística e Talma & Gadêlha.

Vitória Aparecida Martins, 8 anos, e Pedro Henrique Martins da Costa, de 4 anos, residentes no Conjunto Sonho Meu, Dom Jaime Câmara, em Mossoró, sofrem de uma doença genética e SEM CURA, chamada Epidermólise Bolhosa (mais conhecida por Epiderme Bolhosa), onde seus corpos ficam com bolhas e feridas, que coçam e sangram bastante. Filhos da Iva Ivete Martins, eles são de uma família sem condições financeiras e precisam de ajudas, para que sejam garantidos os cuidados de saúde necessários. Eis a conta-poupança para quem quiser ajudar, doando o que puder: CAIXA ECONÔMICA: Agência 0560; Operação 013; Conta: 31.484-3 de Iva Ivete Martins. A iniciativa dessa campanha é da Rádio Difusora de Mossoró.

GREVE – Em assembleia promovida à manhã de hoje, a Associação dos Docentes da Uern (ADUERN) aprovou o indicativo de greve para o dia 2 de maio. É a quarta-feira da próxima semana, a princípio definido no calendário da Uern como início do semestre letivo. Se até este dia o Governo do Estado não apresentar uma resposta positiva ao cumprimento de acordo firmado ainda ano passado com os servidores, será realizada mais uma greve na universidade. A do ano passado foi recorde, durante 106 dias.

É neste sábado (28) a festa para escolha da Musa do Estadual 2012 – no Oba Restaurante, em Mossoró, às 21h. Mesas e senhas podem ser adquiridas por este contato telefônico: (84) 8704-8116.

Obrigado a leitura deste Blog ao vereador mossoroense Flávio Tácito (Mossoró), Aline Morais (Recife-PE) e Fernando Silva (Alto do Rodrigues).

A mais nova edição do Jornal Central vai circular neste próximo final de semana na Região Central do Estado e em endereços influentes de outros municípios, Natal e Brasília. Por lá, a Coluna do Herzog. Meu caro diretor Aclecivam Soares, não esqueça o meu ‘soldo’.

O jornalista Emery Costa escreve em sua coluna no jornal O Mossoroense, que o cantor-compositor e produtor musical Oseás Lopes, nome artístico “Carlos André”, vai gravar uma música em homenagem ao radialista Canindé Alves, falecido  à semana passada. Ele teria sido um dos principais incentivadores da carreira do artista e de seus irmãos, que formaram o “Trio Mossoró” nos anos 60.

Investimento mais ousado fará nascer em breve a Livraria Saraiva no Mossoró West Shopping. Que beleza! Recentemente, em passagem por Recife-PE, novamente me esbaldei na Livraria Cultura, no Paço, um ambiente de acervo impressionante também em CD´s, DVD´s. Fica difícil controlar a tentação comum às traças.

Está confirmado para os dias 15,16 e 17 de maio, no Garbos Recepções e Eventos, em Mossoró, o Seminário Potiguar de Mídias Sociais. O evento promete ser bastante concorrido.

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domingo - 15/04/2012 - 21:45h

História da vida real

Por Honório de Medeiros

Nas Seleções do Reader Digest que meu pai colecionava na década de 40 eu lia, entre menino e adolescente, uma seção cujo título era “Histórias da Vida Real”. Não me lembro mais de qualquer das “histórias”, exceto uma: durante a Segunda Guerra Mundial, as moças americanas eram incentivadas a participarem do esforço comum americano escrevendo para seus compatriotas combatentes mundo afora.

Um deles começou a se corresponder com uma garota do interior de um daqueles estados americanos do Oeste. Passaram-se os anos e as cartas, que começaram cordiais mas distantes, assumiram um teor cada vez íntimo, com troca de confidências, sonhos, planos e tudo quanto diz respeito a, finalmente, uma correspondência amorosa.

Tudo correu perfeitamente bem exceto pela recusa obstinada da moça em enviar, para seu correspondente, uma fotografia e o nome da cidadezinha na qual morava. Todas suas cartas eram enviadas da Estação Central de Trem da capital do seu Estado. Ele argumentava dizendo que gostaria de ter, perto de si, não apenas suas cartas e tudo quanto de bom elas lhe traziam, mas, também, uma imagem sua para a qual pudesse olhar naqueles momentos terríveis pelo qual estava passando.

Ela lhe respondia, justificando-se, que o amor, entre eles, começara pelo espírito, e assim deveria continuar até o momento em que, finalmente, pudessem se encontrar frente a frente, e uma fotografia poderia lhe dar uma falsa impressão que a realidade viria desmascarar.

Finalmente a guerra terminou.

Ele lhe escreveu para combinar o encontro e ela lhe pediu que estivesse no dia e hora marcados, na Estação Central de Trem da capital do seu Estado, quando seria reconhecida por trazer, nas mãos, um ramo de rosas vermelhas. Esta seria a única forma de reconhecê-la que ele dispunha: não sabia como era ela, em qual cidade vivia, e, mesmo, se seu nome era real ou fictício.

Meio-dia em ponto, conforme combinado.

O trem para. Ele salta e olha, ansioso, para todos os lados. Há poucos transeuntes na Estação. Ninguém que aparente ser uma moça desacompanhada portando um ramo de rosas vermelhas nas mãos. Começa sua frustração.

Será que foi enganado ao longo de todos os anos? Será que tudo quanto ela lhe dizia por carta, o amor que nascera, os planos construídos, eram mentiras? Parado, a maleta aos pés, a expressão ansiosa, ele olhava em todas as direções tentando encontrar uma explicação para um possível atraso, como um acontecimento de última hora, um obstáculo inesperado…

O tempo passou. Uma hora depois, convicto que tinha sido iludido, ele começou a se dirigir para o guichê de vendas de passagens. Pretendia ir embora o mais rápido possível.

Quando se aproximou do guichê viu, sentada, próxima ao local, uma senhora de aproximadamente sessenta anos trazendo, em suas mãos, um buquê de flores vermelhas. “Então é isso?”, se perguntou. “Ela é esta senhora, e por essa razão não teve coragem de me enviar uma fotografia sua?”

Parado, perplexo, pensou em se esconder – não era possível aceitar que aquela senhora fosse sua amada! “E agora?” disse a si mesmo, “deveria honrar o amor espiritual com o qual se comprometera e que independia de idade ou poderia justificar sua fuga alegando ter sido manipulado?” Não resistiu.

Aproximou-se.

“Senhora, seu nome é Lucy?”, indagou usando o nome usado por ela nas cartas. “Não, ela me pediu para ficar aqui algum tempo, com essas rosas na mão, aguardando que alguém viesse a sua procura; ela está ali”, e apontou. Um pouco além, vindo em sua direção, com outro buquê de rosas vermelhas nas mãos, uma belíssima mulher lhe sorria, enquanto acenava discretamente.

Honório de Medeiros é professor, escritor e ex-secretário da Prefeitura do Natal e do Estado do RN

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Categoria(s): Crônica
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domingo - 08/04/2012 - 06:40h

O que acontecerá com o livro

Por Honório de Medeiros

“A vida é líquida”, diria Zygmunt Balman, aludindo à consistência das relações entre nós e os outros, ou entre nós e as coisas e/ou fenômenos. Líquida, posto que essa consistência não tem forma definida, assume aquela que o recipiente (o contexto) impõe. Não somos estruturas rígidas que atravessam o tempo imutáveis ou pouco atingidos pelas circunstâncias, somos proteiformes, somos difusos, somos evanescentes.

Vivemos em uma época na qual as gerações mais novas escrevem tudo em uma linha. No máximo algumas poucas linhas. E somente lêem, e são treinadas pela realidade virtual com a qual convivem “full time” exatamente para isso, algumas linhas, umas poucas linhas.

Tal é o ser (e o dever-ser) que essa realidade virtual impõe: tudo é frenético, tudo é descartável, tudo é cambiante, imediato. É a maximização das potencialidades, negativas ou positivas, da nossa espécie sobrevivente e dominante, conforme descrito pela teoria da seleção natural.

O ensino, hoje, está em ruínas por vários motivos, mas desconfio que o modelo que ainda predomina está fadado ao fim, entre outras razões, mais ainda, em decorrência do descompasso com essa realidade que aos poucos se impõe, no qual não há mais espaço para uma educação que se estrutura a partir de livros, com textos pesados, longos e que exigem tempo e estudo profundo, e o tratamento do “pensar” típico dos escolásticos medievais que moldaram as bases do nosso ensino ocidental e cristão.

As gerações mais novas, que herdarão o mundo, ou o que restar dele, e sua forma de apreender e expressar a realidade, estão em processo de descompasso com aquela construída pelos nossos antepassados. Não se trata de estarmos certos e eles errados por não quererem ler livros como “Ulisses”, de Joyce, “Paidéia”, de Jaeger, ou “Em Busca do Tempo Perdido”, de Proust.

São elas, as gerações mais novas, mutações engendradas pelo meme que é a realidade virtual: caracterizam-se por viver em ritmo alucinante, pensar freneticamente, falar acelerado, em contraposição ao viver, pensar e falar arcaico, que vai sendo deixado para trás. O livro de papel sobreviverá, claro, como sobreviveu o ritual do chá no Japão moderno que a restauração Meiji instaurou, e atirar com arco-e-flecha, algo excêntrico, típico de verdadeiros “outsiders”, a partir do qual hão de se criar seitas e seus inevitáveis rituais iniciáticos.

Livros em ambientes virtuais existirão cada vez mais, óbvio. Mas nunca serão consumidos como o foram os livros de papel após Gutenberg. Assim como os monges que salvaram a civilização como nós a conhecemos, na Alta Idade Média, copiando os textos antigos e os deixando para a posteridade, será em ambiente monacal que os iniciados lerão obras como as que foram citadas acima.

O velho mundo está morrendo, viva o novo mundo, do qual serei espectador privilegiado, posto que, quando menino fui apresentado ao milagre da televisão quando já completamente cativado pelo livro de papel, e, agora cinquentão, me maravilho com as infinitas possibilidades de uma realidade sequer possível de ser imaginada antes, domínio e prisão dos que, hoje, ainda são apenas adolescentes.

Honório de Medeiros é ex-secretário da Prefeitura do Natal e do Estado do RN, professor e escritor

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Categoria(s): Artigo
sábado - 25/02/2012 - 10:06h
Fatos e Gente

Gerais… Gerais… Gerais… Gerais

A Poetas e Prosadores de Mossoró (POEMA) convoca e mobiliza poetas da cidade, sócios e não sócios da entidade assim como a classe artística de Mossoró de um modo geral, à presença em uma reunião na próxima terça-feira (28). Será às 19h, na casa do poeta Rogério Dias (à Avenida Dix-sept Rosado, 195, Centro, Mossoró/RN). Será discutida a programação alusiva às comemorações do dia 14 de março (Dia Nacional da Poesia). A entidade celebrará 15 anos de existência.

O blogueiro Samuel Júnior, arranchado nas ribeiras do Vale do Açu, avisa-nos que a Cooperativa de Desenvolvimento Sustentável do Vale do Açu (COOPS), através de sua usina de beneficiamento, colocará além de leite pasteurizado, queijo de coalho e bebida láctea à disposição da população da região. Saiba mais AQUI.

Bárbara: o belo também no verbo

Bárbara de Medeiros, não nega a origem. Filha do professor, escritor e ex-secretário da Prefeitura do Natal e do Estado do RN Honório de Medeiros (com Bárbara Lima), ela lançará seu primeiro livro à próxima semana. A idade juvenil – 14 anos – faz brotar o título “O escritor de sonhos“. O lançamento será nesta segunda-feira (27), às 19h, no Restaurante La Tavola (Rua Rodrigues Alves, 44, Tirol, em Natal). Farei esforço concentrado para esbarrar por aí, meus queridos.

Um grupo de amigos saudou ontem o aniversário do representante comercial da área farmacêutica, João Bosco Souto, o “Bosquinho“. Meu abraço virtual. Mas ontem ainda arranjei um tempinho para fazê-lo pessoalmente. Você merece, meu caro.

É hoje às 17h, na Igreja São João – na Rua São João – em Lagoa Seca, Natal, a Missa de 7º Dia em lembrança de Cornélio Leite Filho, pai do fotógrafo Karl Leite. Aqui dessa lonjura, eis minha solidariedade, como já o fizera no dia do súbito acontecimento, usando a rede sociail do Twitter.

O casal amigo Naeide-Ribamar Freitas, do Oba Restaurante, avisa que neste domingo (às 16 horas), o melhor lugar para acompanhar o clássico Vasco e Fluminense, na decisão da Taça Guanabara, é em seu endereço. Portanto, façamos filas e torçamos por nossas cores. Aposto no Fluzão, modestamente.

Saúde e paz para Áurea Oliveira, sobrinha do meu querido amigo Toinho Oliveira, falecido ano passado. Ela aniversaria hoje. Dia de festa também, pelo mesmo motivo, para Westerley Cavalcante, que fará exame de Carbono 14 para tentar identificar a própria idade paleontológica. Saúde e paz, meu querido.

O rock alternativo toma conta do Sélect Nouveau (Nova Betânia, Mossoró) neste sábado (25), a partir das 22h. A banda natalense Desventura, cover de Los Hermanos, sobe ao palco durante festa denominada de ‘Todo carnaval tem seu fim’, título de uma das músicas do grupo carioca.

Se hoje é sábado, é dia de “Sêbado”, a melhor confraria cultural de Mossoró, no bairro Nova Betânia, a partir do meio-dia. Farei esforço concentrado para pelo menos dar uma passadinha rápida por lá. Guarde meu tamborete, doutor Marcos Almeida.

A mossoroense Maria Ângela da Silveira Borges – saudades do talento, amizade e alegria – será homenageada pela Prefeitura de Fortaleza, administração de Luisianne Lins, com uma Praça do Povo – Praça do Povo Ângela Borges. A inauguração está marcada para o dia 29 de fevereiro, às 15h30, na Secretaria Executiva Regional II. Em tempo: As Praças do Povo são locais de atendimento à população, instaladas nas sedes das secretarias executivas regionais, construídas para oferecer aos cidadãos de Fortaleza todo conforto e eficiência na oferta dos serviços públicos. (Da coluna de Paulo Pinto, em O Mossoroense).

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quarta-feira - 04/01/2012 - 11:20h
Fatos e Gente

Gerais… Gerais… Gerais… Gerais

Essa noite de terça-feira (3), aqui em Natal, serviu-me para aportar no Restaurante Saranda, à Avenida Praia de Genipabu, 2085, Ponta Negra (ao lado do Praia Shopping). Além do bom cardápio, preço e atendimento, oportunidade de prosear por um tempão com seus sócios, o casal Carlos Roseira-Genilda. A propósito, ele – ex-maitre do Abade – tem passagem pelo Cândidu´s em Mossoró. Meu caro, abração e boa sorte no empreendimento. Contatos por este fone: (84) 2010-1934.

Em minhas mãos, a revista Deguste Gastronomia de janeiro-2012, de Washington Rodrigues e Luís Benício Siqueira. Literalmente uma delícia. É um periódico consolidado e referência no setor gastronômico do Rio Grande do Norte.

Natal também deu-me a chance de reencontrar com o “negão” (ele não gosta de ser tratado como afrodescendente) Ciro Robson, apresentador da TV Ponta Negra. Está com um sucesso retumbante na Grande Natal, ratificando seu talento como comunicador, que foi apenas reconhecido – superficialmente – em Mossoró. Meu querido, vá em frente e conte com seu amigo velho.

Aldemir Souza – um dos bons gerentes da Caixa Econômica Federal (CEF) em Mossoró – revela-me que a instituição oferece vantagens diferenciadas para os servidores públicos que optarem pelo recebimento de seus salários na Caixa. A portabilidade da conta-salário oportuniza essa autonomia. “Os benefícios especiais que incluem o crédito imobiliário com as melhores taxas do mercado, limites pré-aprovados em operações de crédito comercial como Cheque Especial, CDC e Cartão de Crédito e condições especiais para Crédito Consignado, dentre outros”, diz-me. Faça contato neste número e saiba mais detalhes para bom uso de sua mufunfa: (84) 3216-4900.

O jornalista Alex Viana, que integra editoria política de O Jornal de Hoje está em férias. Mas seu Blog continua ativo. Veja AQUI.

A Praia de Pirangi vai ganhar uma nova opção em sua gastronomia nesta sexta-feira (6). Alexandre Capistrano conta-me que vai inaugurar o Bolinhos & Chopp Simpatia, com a culinária carioca no sabor. Fica no Espaço Beleza – Shockbar, com expectativa de atrair os que gostam de aguçar o paladar e ver o tempo passar. Quanto ao seu Jobim, na Praça das Flores em Natal, continua a pleno vapor de terça a sábado a partir das 18h. De quinta a sábado, com música ao vivo, de ótima qualidade. Povo assinar embaixo.

O jornalista Franklin Jorge revisa antigas entrevistas e levanta muito material de seus alfarrábios, mas não sinaliza com novo livro. Deve-nos muitos, em face de seu talento, esculpindo a palavra.

A Uberbrahman, empresa sediada em Uberlândia (MG), mas com atuação na região de Mossoró, focada na criação de bovinos daraça Brahman, firmou Termo de Cooperação Técnica com a Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA). Aposta na parceria para expandir bovinocultura na região do semiárido.

Ana e Hélio: depois a festa será maior

Apesar do atraso, vai daqui da lonjura de nossa capital, um abraço fraterno ao meu amigo e irmão-Sol Hélio Silva, acadêmico de Medicina da Uern. Aniversariou ontem e não deixou por menos: arrepiou. Quando eu voltar, vamos fazer um “aniversário fora de época”, com direito ao reforço de Ana e o infante Pedro Henrique. Abração.

Mossoró ganha endereço de referência, com profissional de enormes credenciais, no carente setor médico. Doutora Kaline Ferraz, dermatologista com especialização em câncer de pele – em Milão (Itália) -, no Instituto Europeu de Oncologia, passa a atuar na Clínica do Doutor Flaubert Henrique. Anote fone para contatos: (84) 3061-7746.

Emergencialmente, recorri ao Salão Arte Beleza Unissex ontem, na Avenida Antônio Basílio (Morro Branco, Natal, de frente ao Hospital da Unimed), para podar minha “crina”. Agora estou joiado. Pra eu ficar bonito falta apenas um Land Rover. Obrigado à cabeleireira pernambucana Neném Melo, pelo trabalho irrepreensível. Sucesso.

O veraneio parece mais efervescente do que nunca em São Miguel do Gostoso. A beleza natural, o jeito largadão dos seus circunstantes e a boa culinária saúdam a boa vida.

Meu caro Vicente Serejo, esse tabaréu das ribeiras do rio Apodi está de prontidão em Natal. Convite aceito, aguardo seu contato para botarmos a prosa em dia e dividirmos a boa culinária. Câmbio.

Está de cara nova o site do Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informaçoes e Pesquisas do Estado do RN (SESCON). E não é só o visual que mudou, ele foi inteiro repensado e o sistema está muito mais prático para usar. Agora ficou rápido para encontrar as informações desejadas e acessar a área dos associados. Veja AQUI.

Emprestei “Um homem chamado Maria”, livro supimpa, para o professor Honório de Medeiros, ex-secretário da Prefeitura do Natal e do Estado. Com dois “V´s”, claro: Vai e volta. Esse título é uma biografia diferente, que ambienta o jornalista Antônio Maria no Rio de Janeiro efervescente entre final dos anos 40 e início dos anos 60. Espetacular leitura.

Começa dia 21 de Janeiro próximo o primeiro Projeto Four Tattoo de 2012, em Mossoró, comandado pelo credenciadíssimo tatuador Domenico Demasi . Música, tatuagens e muita gente boa no circuito. Quem tiver interessado entre em contato por esses telefones: (84) 9991-1213 (oi), 9991-2209 (tim).

O Jornal das 6 da FM 96 de Natal, retornará ao seu ritmo normal na próxima segunda-feira (9). Ênio Sinedino, Marco Aurélio de Sá e Túlio Lemos recarregam baterias. Amigos, aquele convite talvez eu só possa honrar noutra jornada. É possível que eu tenha que voltar para meu sertão caboclo antes do previsto.

Obrigado a leitura deste Blog à acadêmica de Direito Thaísa Negris (Mossoró), economista Franklin Filgueira (Fortaleza-CE) e economiário Ivan Nogueira (Natal).

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domingo - 13/11/2011 - 07:46h

Como avaliar um governo?

Por Honório de Medeiros

Em “Desenvolvimento Como Liberdade” (Companhia das Letras; 2004; 4ª reimpressão; São Paulo), Amartya Sen, Premio Nobel de Economia, ex-membro da Presidência do Banco Mundial, ex-professor da Universidade de Harvard, esposo de Emma Rothschild – autora, por sua vez, de “Sentimentos Econômicos”, um denso ensaio acerca de Adam Smith, Condorcet e o Iluminismo – nos convida a percebermos o contraste entre “um mundo de opulência sem precedentes” e “um mundo de privação, destituição e opressão extraordinárias.”

Trocando em miúdos, Amartya Sen nos convida, isto sim, a entendermos o desenvolvimento como “um processo de expansão das liberdades reais que as pessoas desfrutam”, e, não, como algo a ser identificado com o crescimento do Produto Nacional Bruto (PNB), aumento de rendas pessoais, industrialização, avanço tecnológico ou modernização social.

Ao se referir à expansão das liberdades reais Amartya Sen se refere, por exemplo, aos serviços de educação e saúde – e aqui eu acrescento segurança pública – e aos direitos civis (a possibilidade de participar efetivamente do governo e das discussões e averiguações públicas em relação ao dinheiro do povo).

Aceitar esse ideário como premissa implica em compreender que somente podemos considerar desenvolvido ou em desenvolvimento um País, Estado ou Município no qual, à título de esclarecimento, e em termos bastante simplificados, o dispêndio com obras públicas, tais como calçamentos, praças, ruas, estradas, asfaltamento, prédios, pontes, açudes, barragens, estádios de futebol, somente ocorra como conseqüência necessária e comprovada da implantação de políticas públicas voltadas para o avanço em áreas como educação, saúde e segurança.

Políticas públicas essas estabelecidas claramente através de programas e projetos que tenham metas, prazos, alocação de recursos humanos e financeiros delineados claramente e possam ser acompanhados e questionados pela sociedade como um todo.

Óbvio que, no Brasil, a lógica é outra.

As obras públicas são sempre “vendidas” à sociedade como sendo essenciais para o desenvolvimento “sustentável”. Essa lógica, consciente ou inconscientemente, busca privilegiar quem há de se beneficiar direta e imediatamente com ela, ou seja, aqueles que detêm o capital em suas mãos e querem o retorno imediato do investimento realizado: comprova essa afirmação a relação estreitíssima, no Brasil, entre os governos, sejam estes federais, estaduais e municipais, e empreiteiros, construtores, empresários da construção civil, enfim, os quais, depois de realizadas as eleições, pressionam os candidatos aos quais apoiaram financeiramente a investirem em obras.

A constatação, também, daquilo que se afirma aqui pode ser feita por qualquer um: basta que nos perguntemos se com todo o investimento em obras ocorrido no Brasil, digamos, desde Fernando Henrique Cardoso, passando por Lula, até hoje, houve diminuição sensível na miséria, e melhoria significativa na educação, saúde, e segurança pública.

Façamos o mesmo quanto ao Rio Grande do Norte, Natal e/ou Mossoró. É claro que não. Muito ao contrário.

O que nós percebemos, nitidamente, é que o avanço, se é que houve, é um verniz que não resiste a uma visita individual ou coletiva a postos de saúde ou hospitais, escolas públicas e delegacias de polícia. Portanto a conclusão é óbvia: desconfiemos de qualquer obra que não esteja atrelada, comprovadamente, a uma política pública na área de educação, saúde ou segurança.

Uma comprovação que salte aos olhos, indiscutível. Para começo de assunto.

Honório de Medeiros é professor, escritor e ex-secretário da Prefeitura do Natal e do Estado do RN

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domingo - 06/11/2011 - 09:03h

Uma obra a mais, uma política pública a menos

Por Honório de Medeiros

Há uma lógica perversa, induzindo a opção por privilegiar obras físicas em detrimento de políticas públicas, nos governos brasileiros, sejam estes quais sejam: municipais, estaduais, ou mesmo federal.

Tal lógica é ainda mais perversa por praticamente excluir a opção pelas políticas públicas, entendidas estas “como as várias funções sociais possíveis de serem exercidas pelo Estado, tais como saúde, educação, previdência, moradia, saneamento básico, entre outras”, no dizer de Antônio Sérgio Araújo Fernandes, Doutor em Ciência Política pela USP e professor de Políticas Públicas da UNESP/Campus Araraquara, em “Políticas Públicas: Definição, Evolução e o Caso Brasileiro”.

Em primeiro lugar, a opção por obras físicas, quando resultado dessa indução, é conseqüência de uma demanda específica: a das grandes empresas de construção civil e de serviços – e suas agregadas – que precisam recuperar o montante investido nos candidatos por elas apoiados e, também, convenhamos, como conseqüência do fato de seus proprietários, o mais das vezes, serem integrantes, através de laços familiares ou de compadrio, da elite política, quando não são o que comumente chamamos, no Brasil, de “laranjas”, ou seja, títeres dos próprios políticos.

Em segundo lugar, a opção por obras físicas é, também, conseqüência de outra demanda específica: a necessidade de encher os cofres vazios da elite política vencedora dos pleitos eleitorais aos quais se candidataram, e construir reserva para as futuras demandas político-partidárias.

Em terceiro lugar, a opção por obras físicas é, ainda, conseqüência de outra demanda específica: a de gerar condições de manutenção ou aquinhoamento financeiro dos quadros responsáveis pela gestão pública, sob a alegação (interna) de que não suportariam sobreviver com a remuneração miserável que lhes paga o serviço público (o chamado “por fora”).

Esse círculo vicioso – a elite política ser financiada pelas obras e serviços e, como conseqüência, por intermédio do Tesouro, financiá-las – consome o que sobra, no orçamento, quando pagos o custeio da máquina e a folha de pessoal, na maioria das vezes com manipulação orçamentária, sem praticamente nada deixar para a efetivação de políticas públicas.

A manipulação, persistente, o gerenciamento estrutural e dolosamente equivocado das finanças públicas, se mantém com a conivência dos Órgãos fiscalizadores, seja por desídia, seja por incompetência. Ano após ano a Constituição Federal é desrespeitada e seus princípios norteadores, no que diz respeito à Educação e Saúde, entre outros, adquirem o perfil de “letras mortas”.

O círculo vicioso engendra uma custosa publicidade com o objetivo de persuadir a sociedade acerca dos bons propósitos de toda obra e qualquer serviço que estejam sendo feitos. Assim, toda e qualquer obra surge, na publicidade, como decorrência de uma “demanda social” e se destina ao “desenvolvimento sustentado”.

Obras e serviços por intermédio dos quais circula o capital financeiro da elite política, para perpetuar a expropriação da força de trabalho da classe média, que é quem paga, na verdade, os tributos nossos de cada dia. E as políticas públicas, tais como a luta pela erradicação do analfabetismo, a luta contra a mortalidade infantil, a luta pela qualidade do ensino em todos os graus, a luta pela queda dos índices de homicídios, latrocínios, furto, que não dão retorno financeiro – embora dêem retorno eleitoral (e como dão) – são deixadas de lado e nosso Brasil, este imenso Brasil que sobrevive às vezes milagrosamente, apesar do Estado, continua um dos líderes mundiais da exclusão social.

Vejamos o que nos dizem, por exemplo, Admir Antonio Betarelli Junior, Edson Paulo Domingues e Aline Souza Magalhães em seu estudo “QUANTO VALE O SHOW? IMPACTOS ECONÔMICOS REGIONAIS DA COPA DO MUNDO 2014 NO BRASIL”, encontrável no Google, sob o título acima.

Leiam com atenção:

“Os resultados analisados neste trabalho dizem respeito aos impactos dos investimentos em infra-instrutora urbana e estádios programados para a Copa-2014 anunciados pelo Ministério do Esporte no início de 2010. A literatura de economia dos esportes costuma elencar outros impactos advindos dos eventos esportivos, como por exemplo: ampliação dos setores de serviços e hotelaria; fluxo adicional de turistas no evento e pós-evento; e exposição internacional do país, com atração de investimento externo. Entretanto, tais impactos, se existem, são de difícil mensuração e projeção. Por exemplo, diversos especialistas em economia do turismo (e.g. Matheson, 2002) consideram que um mega-evento como a Copa do Mundo apenas substitui turistas usuais no país-sede por “turistas-copa”, e mesmo estes podem efetuar um dispêndio no país significativamente menor, tendo em vista os gastos com ingressos e deslocamentos para o evento. O principal resultado da Copa-2014 parece ser a melhoria da infra-instrutora urbana nas cidades-sede, o que representa efetivamente impacto de longo prazo na eficiência econômica de diversas cidades. Além disso, este trabalho destacou as opções de financiamento dos investimentos da Copa-2014, e sinalizou que o impacto econômico tende a diminuir com o financiamento público para as obras de estádios de futebol, uma vez que implicam ou no crescimento da dívida pública ou na redução do gasto das diferentes esferas de governo envolvidas. Embora no Brasil o futebol seja a “paixão nacional”, não se vislumbra uma forma de avaliar o ganho de bem-estar das famílias com a reforma e construção de estádios de futebol, de uso essencialmente dos clubes de futebol ou eventos comerciais. Provavelmente, um ganho mais importante de bem-estar ocorrerá com a vitória brasileira na Copa-2014.”

Ou seja, os impactos econômicos favoráveis são como miragens no deserto. E estão os autores abordando única e exclusivamente o viés econômico do evento. Não está sendo abordado o dano incalculável em termos de políticas públicas não gestadas e implementadas pela falta de financiamento governamental.

Obviamente que há toda uma plêiade de estatísticas justificando os investimentos do Governo. Não é nada difícil manipular estatísticas. Difícil é admitir que fazer calçamento possa ser melhor que educar as crianças, melhorar o atendimento médico-hospitalar ou diminuir as estatísticas da violência urbana e rural.

Honório de Medeiros é professor, escritor e ex-secretário da Prefeitura do Natal e do Estado do RN

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quarta-feira - 02/11/2011 - 08:07h
Fatos e gente

Gerais… Gerais… Gerais… Gerais

Faleceu à noite de ontem em Mossoró, o senhor Luiz Alves de Mendonça (Luiz Chorão), pai da médica Maria do Carmo, Carlos Guerra. Seu velório acontece na capela de Nossa Senhora das Graças, no Hospital Duarte Filho. O sepultamento acontecerá às 15h30 de hoje no Cemitério São Sebastião, Centro de Mossoró. Minha solidariedade à família enlutada. Que descanse em paz.

O empresário do setor de panificação, Gérson Nóbrega, fará aniversário com comemoração no próximo dia 5 (sábado), a partir das 12h, no Sesi Clube (Mossoró). Os amigos recebem como sugestão de presente, a doação de uma cesta básica destinada a entidades filantrópicas.

O Governo do Estado apresentou, no final da tarde desta terça-feira (1), a proposta de implantação do subsídio para policiais e bombeiros militares, que deverá começar a ser pago a partir de julho de 2012, caso seja possível cumprir o limite da despesa de pessoal, conforme a Lei de Responsabilidade Fiscal. A reunião aconteceu no gabinete do secretário de Estado da Segurança Pública e da Defesa Social, Aldair da Rocha, que ressaltou o empenho do Governo do Estado em promover melhorias aos servidores. “Todos saem ganhando com o acordo aqui firmado”, disse.

A capilaridade da Internet, unida à inteligência, é algo de espantosa força. Outro exemplo: o professor, escritor e ex-secretário da Prefeitura do Natal e do Estado do RN, Honório de Medeiros (veja AQUI seu Blog), recebe email de Adriano Guimarães, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), elogiando proposta sua sobre o “Banco de ideias do servidor público”. Daí, a solicitação para que oferte mais informações de modo a se implantar por lá um protótipo do que ele sugeriu. Ambos, que não se conhecem, unidos pela Internet.

Supermercados e hipermercados têm horário especial neste Dia de Finados em Mossoró. Funcionam entre 7 e 12 horas. Já o Mossoró West Shopping abrirá a partir das 11h com sua Praça de Alimentação e em seguida, às 14h, a sua estrutura de lojas e cinemas. Isso tudo até às 22h.

Lulu Santos, "Um certo alguém" no Mix

Final de semana promete. Tem Mossoró Mix a todo vapor, com uma mistura pra lá de eclética. Veja a programação: sexta-feira, 4, tem Banda Inala, das 21h às 22h; Lulu Santos, das 22h10 às 23h40; Banda Eva, das 23h50 à 1h20; e Forró dos Plays, da 1h30 às 3h. No sábado, 5, tem banda Bakulejo, das 21h às 22h10; Dorgival Dantas, das 22h30 às 23h50; Skank, da 00h à 1h50; Solteirões do Forró, das 2h às 4h. Saiba mais informações AQUI.

Obrigado a leitura deste Blog ao acadêmico de direito Abrantes Segundo (Mossoró), Madalena Monteiro (Mossoró) e Cabo Jeoás (Natal).

A controladora-geral do município de Natal, Regina Bezerra, entregou o cargo à prefeita Micarla de Sousa (PV). Edmara Gadelha, sua adjunta, assume o bastão. O entra-e-sai na prefeitura da capital parece incessante e endêmico.

Dia 11 de dezembro tem Elba Ramalho no Teatro Riachuelo (Natal). Apresentará para os potiguares seu novo show “Marco Zero”. Começará às 20h.

O Praia Shopping (Natal) começará neste sábado (05) o seu ciclo de eventos natalinos, com a chegada de Papai Noel. A movimentação vai começar às 17h, com uma série de atrações do que é denominado por seu marketing como o “Natal do Quebra Nozes”.

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