A luta titânica que se trava nos bastidores da Justiça Eleitoral, para salvação do mandato de Cláudia Regina (DEM), prefeita cassada (oito vezes) e afastada pela segunda vez da Prefeitura de Mossoró, é um drama com vários atos. Mas nem todos enxergam o que está ou não em cena.
A permanência ou sobrevida para Cláudia é uma prioridade consorciada de dois dos mais influentes políticos do estado: presidente da Câmara Federal, Henrique Alves (PMDB); José Agripino, presidente nacional do DEM.
Através de Cláudia ambos enxergam as eleições de 2014. São aspirações distintas e comuns que vão ainda mais além, afinando essa composição.
O ex-deputado estadual Carlos Augusto Rosado (DEM), chefe do Gabinete Civil do Estado e do governo de sua mulher, governadora Rosalba Ciarlini (DEM), tem pífio envolvimento na operação para salvar Cláudia. O próprio desgaste do casal nas relações institucionais com o Judiciário não recomenda que se envolvam muito.
Custo
Ambos, na verdade, passaram a sentir claramente que a vitória obtida a duras penas, nas eleições do ano passado, em Mossoró, pode ter custo político insanável. Mais do que nunca, Cláudia é liderada e aliada de Agripino. Dependente, ainda, de Henrique.
A prefeita tem com a governadora e Carlos uma comunhão por conveniência e não uma relação de reverência, própria dos súditos. Quando se esforçaram para não vê-la candidata, os dois sabiam que na prefeitura, Cláudia não seria marionete.
A prefeita eleita e cassada fez-se por seu esforço e apostou numa série de circunstâncias, para se tornar candidata contra a vontade de Carlos e Rosalba. Como a postulação ficou irreversível, tiveram de engoli-la e bancá-la. Eleita, é a prefeita do DEM de Agripino e do PMDB de Henrique. O DEM de Rosalba e Carlos é tratado como bom aliado.
O desgaste na convivência de Agripino e Henrique com Carlos-Rosalba, aliado à necessidade de forte apadrinhamento de Cláudia para sonhar com manutenção de mandato, rachou o governismo em Mossoró. Alguma dúvida?
Vamos a outros fatos.
A então prefeita Fafá Rosado, que através do seu esquema terminou apoiando Cláudia, mudou do DEM e da liderança de Carlos e Rosalba à sombra de Henrique e cores do PMDB. É uma ex-rosalbista.
Improbidade
José Agripino não prioriza projeto de reeleição de Rosalba nem tem sua candidatura como certa, sob endosso do DEM. Para reforçar mal-estar, o DEM tenta tomar mandato do deputado federal e cunhado da governadora, Betinho Rosado, que saltou no PP, sem ser liberado pelo partido.
Na ânsia de salvar mandato de Cláudia, a defesa judicial da prefeita despejou sobre Rosalba uma série de responsabilidades, por supostos atos de improbidade administrativa. Podem torná-la até inelegível para a disputa de reeleição no próximo ano.
É significativo não se descuidar de uma hipótese que pode se confirmar: Cláudia afastada de vez, numa eleição municipal suplementar quem seria o candidato de Cláudia-Agripino-Henrique? Seria o mesmo de Rosalba e Carlos?
A prefeita cassada e afastada sabe que se houver outro pleito, precisará ter um nome “seu” à prefeitura, caso contrário será devolvida ao passado por Carlos e Rosalba, apenas como caudatária da vontade de ambos.
O todo-poderoso Carlos sabe que nova eleição é oportunidade de criar um clima de comoção, ambiente em que a veia cênica de Rosalba aflora às alturas, como uma diva de “teatro do chororô”. Aí, o nome à sucessão, finalmente terá que ser um de sua plena confiança e dependência. Um embate interno inevitável se avizinha.