Mossoró já chegou a determinar a eleição de quatro deputados estaduais num único ano. Foi em 1974, há 43 anos. Um feito raro. Poderá ser repetir no próximo ano, mas é precipitado se fazer um vaticínio nesse sentido.
O excelente resultado contrasta com o fenômeno de 2014: nenhum candidato nativo do município chegou ao êxito nas urnas.
Em 2014, os deputados mossoroenses que tentaram a reeleição, Larissa Rosado (PSB) e Leonardo Nogueira (DEM), fracassaram. Nenhum novato local vingou.
Quem se sobressaiu, com votos determinantes de Mossoró à eleição-surpresa, foi o ex-prefeito areia-branquense Manoel Cunha Neto (PHS), “Souza”, que tem laços familiares, profissionais e estudantis com a cidade. Cerca de 18% dos seus votos foram do eleitorado local.
Em 1974, foram eleitos João Newton da Escóssia (Arena) e Alcimar Torquato (Arena), com apoio do deputado federal Vingt Rosado (Arena). O primeiro, cunhado do parlamentar; o segundo, natural de Luís Gomes, mas que há mais de uma década atuava na medicina local.
Eleitos de 1974 a 2014 tendo Mossoró como base
1974 – João Newton da Escóssia, Alcimar Torquato, Assis Amorim e Luís Sobrinho;
1978 – Carlos Augusto Rosado
1982 – Jota Belmont e Carlos Augusto Rosado
1986 – Laíre Rosado e Carlos Augusto Rosado
1990 – Carlos Augusto, Antônio Capistrano e Frederico Rosado
1994 – Frederico Rosado e Francisco José (pai)
1998 – Frederico Rosado, Sandra Rosado e Ruth Ciarlini
2002 – Larissa Rosado, Francisco José (pai) e Ruth Ciarlini
2006 – Larissa Rosado e Leonardo Nogueira
2010 – Larissa Rosado e Leonardo Nogueira
2014 – Nenhum
“De quebra”, ainda teve a reeleição do médico Dalton Cunha (Arena). Era mossoroense da gema, mas tinha como base principal de votos o município de Apodi e adjacências.
Luís Sobrinho (MDB) e Assis Amorim (MDB), apoiados pelo ex-governador cassado Aluízio Alves (MDB), também foram eleitos no mesmo ano a partir de Mossoró.
Um dado interessante dessa lista de eleitos: nenhum era da família Rosado. Depois de 1974, em todas as eleições essa oligarquia elegeu membros seus à Assembleia Legislativa, à exceção de 2014.
Derrocada
Em 2018, com um cenário político extremamente confuso, Mossoró pode ter uma profusão de candidaturas à Assembleia Legislativa. Há possibilidade de repetir 1974 ou ficar num meio-termo.
Porém é pouco provável que se veja uma reedição de 2014. Três candidaturas do clã Rosado a deputado estadual, desgaste político da então governadora Rosalba Ciarlini (PP), a prefeitura nas mãos de um adversário dos Rosados (prefeito Francisco José Júnior) e escassez de recursos para financiamento de campanhas, foram alguns dos fatores que desenharam a derrocada à época.
Alguém pode sobrar
Mesmo assim, a conjuntura que se forma para o próximo ano poderá gerar surpresas, principalmente porque após se reunificar parcialmente, o clã Rosado tentará eleger quadros familiares num contexto completamente diferente do passado recente e tempos mais remotos.
O “maior eleitor” mossoroense, a Prefeitura Municipal de Mossoró, historicamente não tem elegido mais do que um deputado estadual por pleito. Preliminarmente, não há qualquer pré-candidatura Rosado se formando na oposição, mas pode surgir a figura da ex-prefeita Fafá Rosado (ainda no PMDB).
No governismo, as primas Larissa Rosado e Lorena Rosado (PP) – filha da prefeita Rosalba e secretária do Desenvolvimento Social do município, tendem a ser candidatas no mesmo palanque. Alguém pode sobrar.
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