O pagamento de mais uma folha remanescente da gestão estadual passada (de quatro que ficaram pendentes), anunciado (veja AQUI) dia passado pela governadora Fátima Bezerra (PT), é um alento para o meio circulante do RN. É um alívio também para mais de 105 mil servidores ativos e inativos, além de ser importante sinalizador político à própria governante.

Mesmo com governo modesto, Fátima constrói favoritismo ao fazer o que antecessor negligenciou (Foto: Alexis Régis/arquivo)
Seu antecessor, ex-governador Robinson Faria (PSD), em campanha para a reeleição em 2018, não conseguiu sequer chegar ao segundo turno, sobretudo pelo peso de meses e meses de salários em atraso.
Robinson deixou importante acervo de obras e ações governamentais por todo o estado. Seu desempenho foi infinitamente superior ao de Rosalba Ciarlini (PP), que lhe antecedeu, mas ficou marcado por uma obrigação basilar que não cumpriu e o condenou à derrota: o não pagamento salarial em dia.
O caso me remete a um diálogo com que tive em abril de 2018, com um secretário do então governador Robinson Faria, sobre seu potencial para concorrer à reeleição. Fui cético. Disse achar muito difícil que ele vingasse, inclusive a ponto de chegar ao segundo turno, caso fosse mesmo candidato.
“Mas, o governador tem muita coisa para mostrar e melhoramos a propaganda”, ponderou o secretário. “É verdade! Mas, se o salário não estiver em dia, isso não terá valor algum. Pode abrir um Restaurante Popular em cada município do estado e isso não adiantará nada”, sentenciei.
Fátima ao fim desse mês de janeiro de 2021 terá concluído a cobertura da terceira folha salarial herdada do ex-governador, além de estar assegurando até o momento a atualização salarial do período correspondente à sua gestão.
O suficiente
Ela e seu governo saíram arrasados das urnas no pleito municipal do ano passado, com reprovação popular em termos de avaliação administrativa. Nos maiores colégios eleitorais – Natal e Mossoró – os seus candidatos também tiveram baixo ou baixíssimo desempenho.
Mas, esses fatos não são determinantes ou antecipam o que ocorrerá em 2022, ano da próxima campanha estadual. Atualizar esse passivo que recebeu de Robinson Faria, sim, dirá muito.
E será o suficiente para credenciá-la à reeleição em 2022.
Hoje, claramente, ela não tem adversários. Nomes tradicionais seguem em queda livre – Alves, Rosado, Maia, Faria etc. – e nenhum emergente (eles existem?) parece estar pronto à contenda.
O bolsonarismo tem dois ministros – Fábio Faria (PSD) e Rogério Marinho (PSDB) – dando as caras com programações administrativas e políticas no estado, mas nenhum deles é individualmente uma força, no momento, para bater de frente com a governadora. Precisarão bastante que o próprio presidente Jair Bolsonaro (sem partido) arraste para cima um candidato no RN, como fenômeno que ele particularmente foi em 2018.
Até aqui, a instabilidade político-econômica do país, o próprio humor e verborragia presidenciais não sustentam algo parecido para viabilizar Fábio ou Rogério. O básico, ou ‘cumprir a obrigação’ de pagar salário em dia, pode ser o suficiente para Fátima se reeleger.
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