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segunda-feira - 07/12/2015 - 23:18h
Desconfiança

Temer envia carta à Dilma sinalizando para distanciamento

Presidente nacional do PMDB, o vice-presidente da República, Michel Temer, enviou uma carta à presidente Dilma Rousseff nesta segunda-feira (7) na qual apontou episódios que demonstrariam a “desconfiança” que o governo tem em relação a ele e ao PMDB.

A mensagem, segundo a assessoria da Vice-Presidência, foi enviada em “caráter pessoal” à chefe do Executivo e, nela, ele não “não propôs rompimento” com o governo ou entre partidos, mas defendeu a “reunificação do país”.

Num dos trechos da carta, Temer escreve que passou o primeiro mandato de Dilma como um “vice decorativo”, que perdeu “todo protagonismo político” que teve no passado e que só era chamado “para resolver as votações do PMDB e as crises políticas”. Depois, lista fatos envolvendo derrotas que sofreu com atos da presidente.

Leia abaixo a íntegra da carta obtida pela GloboNews:

São Paulo, 07 de Dezembro de 2.015.

Senhora Presidente,

“Verba volant, scripta manent” (As palavras voam, os escritos permanecem)

Por isso lhe escrevo. Muito a propósito do intenso noticiário destes últimos dias e de tudo que me chega aos ouvidos das conversas no Palácio.

Esta é uma carta pessoal. É um desabafo que já deveria ter feito há muito tempo.

Desde logo lhe digo que não é preciso alardear publicamente a necessidade da minha lealdade. Tenho-a revelado ao longo destes cinco anos.

Temer: distanciamento formalizado (Foto: Web)

Lealdade institucional pautada pelo art. 79 da Constituição Federal. Sei quais são as funções do Vice. À minha natural discrição conectei aquela derivada daquele dispositivo constitucional.

Entretanto, sempre tive ciência da absoluta desconfiança da senhora e do seu entorno em relação a mim e ao PMDB. Desconfiança incompatível com o que fizemos para manter o apoio pessoal e partidário ao seu governo.

Basta ressaltar que na última convenção apenas 59,9% votaram pela aliança. E só o fizeram, ouso registrar, por que era eu o candidato à reeleição à Vice.

Tenho mantido a unidade do PMDB apoiando seu governo usando o prestígio político que tenho advindo da credibilidade e do respeito que granjeei no partido. Isso tudo não gerou confiança em mim, Gera desconfiança e menosprezo do governo.

Vamos aos fatos. Exemplifico alguns deles.

1. Passei os quatro primeiros anos de governo como vice decorativo. A Senhora sabe disso. Perdi todo protagonismo político que tivera no passado e que poderia ter sido usado pelo governo. Só era chamado para resolver as votações do PMDB e as crises políticas.

2. Jamais eu ou o PMDB fomos chamados para discutir formulações econômicas ou políticas do país; éramos meros acessórios, secundários, subsidiários.

3. A senhora, no segundo mandato, à última hora, não renovou o Ministério da Aviação Civil onde o Moreira Franco fez belíssimo trabalho elogiado durante a Copa do Mundo. Sabia que ele era uma indicação minha. Quis, portanto, desvalorizar-me. Cheguei a registrar este fato no dia seguinte, ao telefone.

4. No episódio Eliseu Padilha, mais recente, ele deixou o Ministério em razão de muitas “desfeitas”, culminando com o que o governo fez a ele, Ministro, retirando sem nenhum aviso prévio, nome com perfil técnico que ele, Ministro da área, indicara para a ANAC. Alardeou-se a) que fora retaliação a mim; b) que ele saiu porque faz parte de uma suposta “conspiração”.

5. Quando a senhora fez um apelo para que eu assumisse a coordenação política, no momento em que o governo estava muito desprestigiado, atendi e fizemos, eu e o Padilha, aprovar o ajuste fiscal. Tema difícil porque dizia respeito aos trabalhadores e aos empresários. Não titubeamos. Estava em jogo o país. Quando se aprovou o ajuste, nada mais do que fazíamos tinha sequência no governo. Os acordos assumidos no Parlamento não foram cumpridos. Realizamos mais de 60 reuniões de lideres e bancadas ao longo do tempo solicitando apoio com a nossa credibilidade. Fomos obrigados a deixar aquela coordenação.

6. De qualquer forma, sou Presidente do PMDB e a senhora resolveu ignorar-me chamando o líder Picciani e seu pai para fazer um acordo sem nenhuma comunicação ao seu Vice e Presidente do Partido. Os dois ministros, sabe a senhora, foram nomeados por ele. E a senhora não teve a menor preocupação em eliminar do governo o Deputado Edinho Araújo, deputado de São Paulo e a mim ligado.

7. Democrata que sou, converso, sim, senhora Presidente, com a oposição. Sempre o fiz, pelos 24 anos que passei no Parlamento. Aliás, a primeira medida provisória do ajuste foi aprovada graças aos 8 (oito) votos do DEM, 6 (seis) do PSB e 3 do PV, recordando que foi aprovado por apenas 22 votos. Sou criticado por isso, numa visão equivocada do nosso sistema. E não foi sem razão que em duas oportunidades ressaltei que deveríamos reunificar o país. O Palácio resolveu difundir e criticar.

8. Recordo, ainda, que a senhora, na posse, manteve reunião de duas horas com o Vice Presidente Joe Biden – com quem construí boa amizade – sem convidar-me o que gerou em seus assessores a pergunta: o que é que houve que numa reunião com o Vice Presidente dos Estados Unidos, o do Brasil não se faz presente? Antes, no episódio da “espionagem” americana, quando as conversar começaram a ser retomadas, a senhora mandava o Ministro da Justiça, para conversar com o Vice Presidente dos Estados Unidos. Tudo isso tem significado absoluta falta de confiança;

9. Mais recentemente, conversa nossa (das duas maiores autoridades do país) foi divulgada e de maneira inverídica sem nenhuma conexão com o teor da conversa.

10. Até o programa “Uma Ponte para o Futuro”, aplaudido pela sociedade, cujas propostas poderiam ser utilizadas para recuperar a economia e resgatar a confiança foi tido como manobra desleal.

11. PMDB tem ciência de que o governo busca promover a sua divisão, o que já tentou no passado, sem sucesso. A senhora sabe que, como Presidente do PMDB, devo manter cauteloso silencio com o objetivo de procurar o que sempre fiz: a unidade partidária.

Passados estes momentos críticos, tenho certeza de que o País terá tranquilidade para crescer e consolidar as conquistas sociais.

Finalmente, sei que a senhora não tem confiança em mim e no PMDB, hoje, e não terá amanhã. Lamento, mas esta é a minha convicção.

Respeitosamente,

Michel Temer

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Categoria(s): Política

Comentários

  1. fernando diz:

    Como não confiar se entregou ao ele e ao partido o cargo de vice e oito ministérios. O diabo é quem confia no PMDB e, na sua fome pelo poder e dinheiro.

  2. fernando diz:

    O PMDB E TEMER causam nojo!

  3. Inácio Augusto de Almeida diz:

    ESTAS DUAS NOTCÍCAS DEIXAM CLARO O CLIMA POLÍTICO EM BRASÍLIA
    07/12/2015 às 13h50
    Temer antecipa retorno a Brasília e se reúne com Dilma
    Reunião com Dilma
    Ainda nesta segunda-feira.Michel Temer se encontrará com Dilma, em Brasília, conforme informou a presidente em entrevista coletiva no início desta tarde. Devido a esta reunião o vice-presidente retornará à capital federal ainda hoje. A previsão era que Temer retornasse a Brasília somente na terça-feira.
    ////
    O vice-presidente Michel Temer participou nesta segunda-feira (7) de um evento fechado para empresários na Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomércio) na região central de São Paulo. O vice-presidente chegou por volta das 17h e saiu duas horas depois e não quis dar entrevista.
    Fonte O ESTADÃO;
    ///
    Na notícia do começo da tarde Temer viajaria a Brasília. Na outra, já no início da noite Temer ainda estava em São Paulo por volta das 20 horas.
    Não existe nenhuma notícia até agora dizendo se Temer após este encontro com empresários em São Paulo viajou a Brasília. Se Temer viajou foi já no início da madrugada de hoje, daí não existir ainda nenhuma notícia nos jornais se o Temer atendeu ou não ao chamado da Presidente Dilma.
    A verdade é que o rompimento político fica cada vez mais claro e mostra o enfraquecimento meteórico da Dilma. Basta dizer que não conseguiu ainda um substituto para Eliseu Padilha e teve que colocar no cargo, interinamente, o atual secretário executivo da Secretaria de Aviação Civil, Guilherme Walter Ramalho.
    ////
    SAL GROSSO NÃO VAI PRESCREVER! SAL GROSSO NÃO VAI PRESCREVER!!!
    É PRECISO REALIZAR UMA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER O VÍRUS ZIKA
    DEZEMBRO AINDA NOS RESERVA GRANDES SURPRESAS NA POLÍTICA MOSSORENSE.

  4. João Claudio diz:

    A carta, que a principio era confidencial e em hipote alguma o seu teor deveria ser exposto ao publico, foi vazada a imprensa pelos PTralha$ Jaques Wagner e Edinho Silva, braços direitos(???) da presidente.

    Ou seja, ninguém imaginaria que os próprios PTralha$ jogariam gasolina na fornalha que está assando a batata.

    O Mordomo da Casa de Vampiros já emitiu uma ”notinha” sobre a sua insatisfação do vazamento.

    “Escrevi uma carta confidencial e pessoal à presidente da República. Tive o cuidado de mandar pessoalmente a minha chefe de gabinete entregá-la. Mais uma vez, avaliei mal. Desembarquei em Brasília agora à noite e me surpreendi com o fato gravíssimo de o palácio ter divulgado uma carta confidencial. Eu já tinha me decepcionado quando os ministros Edinho Silva e Jaques Wagner divulgaram versões equivocadas do meu último encontro com a presidente, me deixando mal jurídica e politicamente.”

    Haja vista as labaredas do fogaréu estarem altíssimas (quase a tingindo a batata)…..

    ….os anjos, em coro, cantam ….Amém….

    ….os evangélicos gritam: A-LE-LUIA IRMÃO…..

    ….e o povão, ó, FO-RA PTRALHA$ CORRUPTOS.

    Axepôco!

    PS – Fernando, mais nojo causa o PT.

  5. Luis diz:

    E já virou piada nacional. A diferença dele para Frank Underwood é que este tinha votos para eleger-se deputado, enquanto o Michel nem isso.

  6. João Claudio diz:

    O imbecil e idiota (segundo o Lularapio), Delcidio do Amaral VAI FALAR.

    Resolveu abrir a boca. Dizem que a perola tem um acervo de falcatruas documentadas, DESDE A ÉPOCA DO MENSALÃO, ATÉ NOVEMBRO DE 2015.

    Se Marcelo Odebchet, Nestor Cerveró e a Vovó PTralha abrirem a boca pra valer, o país será passado a limpo, e o lixo ir para o seu devido lugar. O lixo.

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