Caro amigo Carlos Santos:
Como leitor assíduo de seu Blog, observo que esporadicamente você escreve sobre fatos e “causos” pertinente à nossa urbe. Dou-me o atrevimento de contar uma que fui testemunha auditiva e ocular, num fortuito encontro entre doutor Leodécio Néo e Monsenhor Américo Vespúcio Simonetti.
Vamos ao episódio:
Tesão e felicidade
Como de costume, aos sábados, doutor Leodécio ia à agência do Banco do Brasil localizado a Praça Vigário Antônio Joaquim. Ao estacionar na Avenida Dix-sept Rosado, desce próximo a casa do Monsenhor. Que por presteza do destino estava fechando o portão no momento que Leodécio passa à calçada. Amigos de priscas datas, saúdam-se, e pergunta cordial, Américo interpela:
– Como vai doutor Leodécio? Este com ar de melancolia responde:
– Vou bem não, Américo.
Instala-se um momento de certo embaraço. Américo com a complacência, característica de sua personalidade, replica:
– O que houve, doutor ?
Leodécio desmancha uma cantinela de mazelas de estar ficando velho, dores na coluna, pressão alta, articulações “enferrujadas”, vista diminuída… e repudia totalmente a senilidade.
Américo, com ar de teólogo e conselheiro espiritual, desmancha um cordel de virtudes da velhice:
– Doutor, a velhice traz a serenidade, o equilíbrio, o reconhecimento, a sabedoria….
Mas é abruptamente interrompido, pelo amigo e interlocutor, quando ainda desfiava o leque de ‘bonanças’ da idade avança. Com sua voz tonitruante, ele simplifica a felicidade a seu modo:
– Padre com todo respeito…. troco isso tudo” por tesão !!!
Monsenhor rapidamente dá de ombros e encaminha-se pra Catedral de Santa Luzia murmurando:
– Tem jeito não !!!
E Leodécio, jocosamente, caminha para a agência do Banco do Brasil.
Arthur Henrique Pinheiro Néo (filho de Leodécio Néo)
Nota do Blog – Meu caro Arthur, você me traz – e repasso aos nossos milhares de webleitores – algo que mexe com minha memória e realimenta a amizade com seu pai, Leodécio, construída nos escaninhos da Gazeta do Oeste, época em que nos aproximamos em face da amizade entre ele e o diretor desse periódico, Canindé Queiroz.
Saudades do “Velho Léo”, como Canindé tratava-o carinhosamente.
Ah, um pedido: quero o direito a incluir esse caso em minha coleção “Só Rindo”, ouviu? Daqui a alguns anos espero publicá-la em livro.
Leodécio Néo é lembrança de minha infância, ali na São Vicente. À noite ia a sua casa para brincar com o amigo André e sempre o via, após o expediente, assistir ao noticiário e tomar umas doses. Pessoa que engrandence a geografia humana de Mossoró, aliás como sua esposa, D. Maria Luiza e sua numerosa prole.
Amigo Carlos, você tem total permissão. Abraços…