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sexta-feira - 30/09/2016 - 16:42h
Campanha Municipal V

Tião acelera contra o tempo para vencer também na política

Self-made man é uma expressão de origem norte-americana. Assim são tratados os grandes empreendedores, que conseguem subir na vida pelo próprio esforço, saindo praticamente do nada.

Em suma: é aquela pessoa que “se fez sozinha” sem herdar nada, sem pegar nada pronto ou tomar atalhos com influência de pais ou padrinhos generosos.  É o perfil que se encaixa perfeitamente em Tião Couto (PSDB), candidato a prefeito de Mossoró pela primeira, após construir uma carreira de sucesso saindo dos arrabaldes do rio Mossoró, periferia, como filho de uma dona-de-casa e de um agricultor.

Tião tem uma história de vida incomum e um desafio político também extremado (Foto: divulgação)

Ele chega à reta final de campanha de forma competitiva contra uma candidata de família oligárquica e com longo currículo vitorioso na política, a ex-prefeita (três vezes), ex-senadora (uma vez) e ex-governadora (uma vez) Rosalba Ciarlini (PP). Um feito para quem até pouco mais de 30 anos vivia em atividade braçal.

Chegou a trabalhar em campos de petróleo no Oriente Médio (com temperaturas acima de 50 graus) e se transformou num empresário de sucesso em múltiplos negócios, a partir da indústria do petróleo.

Competitivo

Tião, na “Coligação Unidos Por Uma Mossoró Melhor”, também impressiona em sua imberbe caminhada política, com performance que muita gente via como impossível e até o desdenhava. Tornou-se competitivo e capaz de chegar à Prefeitura, sem o amparo de qualquer grupo tradicional.

Um feito já foi obtido, que é o desenho de uma força política alternativa num momento em que o clã Rosado está extremamente fragilizado e precisa desesperadamente retomar a Prefeitura, seu habitat regular – com escassos intervalos – desde as eleições de 1948.

Com o também empresário Jorge do Rosário (PR), filho de  um mestre-de-obras e dona-de-casa, Tião só surpreende a quem não o conhece e não conseguiu fazer leitura antecipada dos acontecimentos e da conjuntura nacional e local. O protagonismo de Rosalba Ciarlini e seu favoritismo não seriam e não são surpresa. Tião, também não.

Sua candidatura nasceu a partir reuniões despretensiosas com o próprio Rosário, ano passado. As conversas sobre a necessidade de se oferecer uma alternativa política e de gestão pública baseada na meritocracia, acabou ganhando força e transformou-se no movimento “Mossoró Melhor”. Daí até a oficialização da chapa foram mais alguns meses.

Em face do desgaste superlativo do prefeito Francisco José Júnior (PSD), que se virou simplesmente “Francisco” na campanha municipal deste ano, era previsível que Tião e Jorge crescessem nesse vácuo, como opção. O que o próprio rosalbismo calculava, era que tudo não passasse de uma “marolinha”. Fazia cálculos de vitória sempre acima de 40 ou 50 mil votos de maioria.

Capilaridade na massa

Nas últimas semanas essas estimativas são refeitas e refeitas para baixo. O vencedor estará longe de impor essa vantagem sobre o adversário.

O prefeito desistiu de sua candidatura no último dia 19 e a oficializou no dia passado, provocando uma debandada de seus candidatos a vereador, militância e partidos, principalmente na direção de Tião e Jorge. Isso contribuiu para dar novo fôlego à chapa, que já vinha em crescimento vertiginoso.

A questão mais crucial da campanha dos dois empresários não é a disputa pelo voto em si, que tem erros crassos como qualquer outra, do ponto de vista do marketing. O pecado não mora ao lado. Ficou para trás, incidindo sobre o próprio período curto de apenas 45 dias de disputa oficial, a chamada pré-campanha.

Tião e Jorge pecaram na pré-campanha por não criarem maior capilaridade na massa, deixando vácuo enorme entre os primeiros passos no final de 2015 e este segundo semestre de 2016. Até formalizarem alianças, definirem chapas proporcional e majoritária, permitiram até que o próprio Francisco se iludisse com a hipótese de ser viável e capaz de vencer Rosalba. Nem uma coisa nem outra.

O tempo recente mostrou isso a Francisco e a poucos dos seus seguidores que se iludiam com tamanho disparate.

“Canteiro da Rosa”

Esse hiato entre o preâmbulo da pré-campanha e a campanha, em si, comprometeu a disseminação do empreendedor principalmente nos rincões. É uma área geopolítica que fica na periferia, com públicos mais pobres, conhecida como o “Canteiro da Rosa”.

Em face dessa falha, Tião é obrigado a ter um crescimento aloprado, correndo contra o tempo – principal aliado de Rosalba. Se a “onda azul” será capaz de encobri-la a tempo, as urnas dirão.

E não adianta se imaginar outro cenário, com o raciocínio de que mais dias lhe dariam vitória certa. O tempo posto é esse. Para vencer ou vencer. É possível, mas não é fácil.

Tião já é vencedor numa prova que não dá medalha de prata ou bronze para quem não vence, mas que certamente o projetará como uma nova liderança que os Rosado sempre temeram: audaz, independente e catalizador de gente. Um self-made man.

Nada será como antes.

* Essa é a última matéria especial sobre os candidatos a prefeito de Mossoró da série que iniciamos há poucos dias. Abaixo, veja as quatro anteriores, traçando perfil de cada postulação na corrida pelo voto:

– Rosalba tem o tempo a seu favor para confirmar favoritismo (AQUI);

– Gutemberg tenta marcar posição num cenário vantajoso (AQUI);

– Francisco e o estigma do político gelatinoso e sem credibilidade (AQUI);

– Nova tentativa a prefeito leva Josué a dificuldades maiores (AQUI).

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Categoria(s): Eleições 2016 / Política

Comentários

  1. Daniel Castro diz:

    Matéria comprada! Até onde você acha que vai a ingenuidade do povo de Mossoró, “jornalistão” do achismo! Poupe-nos de seu descaramento venoso!

  2. Inácio Augusto de Almeida diz:

    Não acredito que Tião sendo derrotado continue na política. Certamente se decepcionará com as traições e voltará para o seu mundo de empresário em busca de mais e mais lucros.
    Até porque a aventura lhe custou muito dinheiro.
    O tempo dirá se eu estou certo ou errado.
    ///
    OS RECURSOS SAL GROSSO SERÃO JULGADOS A QUALQUER INSTANTE.

  3. João Claudio diz:

    Perfeito, Carlos Santos.

    Essa é a realidade nua e crua desse processo eleitoral. Eu jamais imaginei que Tião fosse tão longe como candidato, ate porque, ele nunca foi politico, não conhece esse ”mundo”, não é matreiro, não é do ramo. É brejeiro, é um amador em potencial.

    Dai, o descontentamento de ”rosalbistas” que também estão pasmos com a ascensão dele, e assustadíssimos com o resultado que poderá surgir das urnas.

    Não achavam que era, mas Tião tornou-se uma enorme pedra no sapato da Rosa. Isso é fato.

    Parabéns pelas brilhantes e inúmeras matérias sobre a campanha. Pena que está chegando ao fim.

    Só nos resta agora aguardar as suas próximas matérias analisando a ”ressaca” de um(a) e a euforia do(a) outro(a).

    Vou passar o feriadão em Fortaleza.

    Que Deus cuide de todos que aqui ficarem, e os proteja dos riscos que possam surgir da iminente e imperdível ”descida do alto” que acontecerá no próximo domingo a noite. Seja com um capacete na cabeça, ou com uma rosa na mão, o fojo promete.

    Depois de domingo, a BIENAL CARNAVALESCA mossoroense só acontecerá em 2018.

    Tá bem ”pertin”, é logo ali. Vale a pena guardar os capacetes e as rosas. Vocês vão precisar desses adereços. Com certeza.

  4. naide maria rosado de souza diz:

    Admiro demais as pessoas que progridem sozinhas, sem empurrões. Um empresário de sucesso é o “cara”. Gera empregos. Então, embora eu seja uma Rosado que não participa da política no sentido de não ter me submetido a cargos eletivos, tenho que participar dela e o faço de forma importante: voto. Não posso deixar de viver o momento, ou seja, escolher corretamente meu candidato(a). Acho, no entanto, que a política é ingrata. Muitas vezes um bom político encontra inimigos. Via de regra são os pensavam que seriam beneficiados numa determinada administração e não foram. Um ponto importante é saber lidar com o poder. Tem que fazer curso com a sabedoria indiana. Tem que sentar no chão, cruzar as pernas estender os braços fazer aquele círculo com os dedos. Não estou brincando. Alguns lidam bem com o poder porque ele não muda suas vidas é a extensão de sua capacidade, um “plus”, apenas.
    A criatura que está escrevendo admira Tião da Prest embora ele não seja seu candidato. É uma figura simpática, não há como negar. Lastimo que ele deixe seus negócios, seus empreendimentos vencedores. Mas se é desejo dele enveredar pela política que o faça. Não vencendo nessa eleição, pode vencer noutra. Não vejo Tião como adversário dos Rosados. Vejo-o contribuindo para o progresso de Mossoró, com suas empresas. A importância de cargos eletivos tem tempo determinado. Ser grande empresário, não. Tendo a resplandecência da capacidade comercial, não a abandonaria.
    Daniel Castro fala num padrão revoltado. Penso, Jornalista Carlos Santos, que o candidato dele perdeu e constatou isso numa pesquisa feita por ele mesmo. É a pior pesquisa…a mais real, salvo um fenômeno da natureza.

    • Carlos Santos diz:

      NOTA DO BLOG – Boa noite, Naide.

      Minhas análises não tem o ranço dos que são “contra” porque são “contra”, nem daqueles acham que tudo é uma questão de sobrenome para ser bom ou ruim.

      Nessa série de matérias, como os links mostram num boxe bem abaixo, tento e tentei fazer análise com frieza. Não é manifestação de vontade, mas análise com opinião mesmo.

      Ao final de tudo, o que quero é bem simples e não cabe só a mim: quero meu lugar bem cuidado. Seja lá quem for o vencedor.

      Inté.

      Vou ali tentar comer algo

  5. naide maria rosado de souza diz:

    Jornalista Carlos Santos. Por favor, me responda: quantos eleitores há em Mossoró ? Preciso concluir minha pesquisa, divulgo-a em off.

  6. Kayo diz:

    Bela matéria carlos.
    É uma pena a revolta de alguns. Não o vejo com rabo
    Preso com nenhum candidato, pelo contrario leio seu blog
    Todos os dias e ainda não identifiquei em quem vc vota.
    Bom trabalho.

  7. João Claudio diz:

    Concordo com Naide, e faço uma pergunta:

    Como um empresário bem sucedido se deixa enveredar pelo caminho da politica?

    Eu tenho algumas opiniões:

    1) Alimentar mais ainda o ego da vaidade quando será chamado, se eleito for, de ”vossa excelência”.

    2) Adquirir o status máximo que ainda lhe falta.

    3) Ter ainda mais poderes em mãos.

    Pelo salário de prefeito, acredito que não é. É muito pouco em relação ao que ele ganha na sua empresa.

    Pelo amor a cidade, também não é. A maioria dos empresários curte seus finais de semana nas capitas. Férias, muitas vezes no exterior. Seus filhos estudam nas capitais. Pouco tá se lixando se a sua cidade tem ou não tem atrativos. Adoeceu? O hospital mais próximo…é a capital.

    Amor ao povo, também não. Empresário gosta mesmo é de dinheiro. Povo é cliente e cliente é que sustenta a empresa. Portanto, amor mesmo só para clientes.

    Tempo disponível para governar, isso está fora de cogitação. O empresário é o primeiro a chegar e o ultimo a sair da empresa do qual é proprietário. Não lhes sobra tempo para nada. É o eles sempre dizem.

    Eu posso estar enganado, mas essas são as minhas opiniões. Não estou generalizando. Claro e evidente que existem exceções.

    PS- Não votarei este ano porque vou ao Ceará visitar um familiar que encontra-se internado em um hospital de Fortaleza.

    Mas se eu fosse votar, votaria em……desculpem, a fita da máquina de escrever está tão usada, que não sai mais nada no papel. Nem na cor preta, nem na cor vermelha. Sorry!

  8. Francy Granjeiro diz:

    Gente, temos que ter muito cuidado com as pesquisas, pois elas nem sempre refletem a tendência do eleitorado. Um amigo meu realizou uma pesquisa por conta própria e concluiu que o próxima prefeita da cidade vai ser a mãe dele.
    Ele telefonou para 1235 pessoas, entre 2 e 4 da madrugada, e perguntou: “em quem Vc votaria para prefeito? ” resultado: 68% respondeu “na tua mãe, filho da puta” e 32% respondeu “na puta que te pariu!” ou seja, a mãe dele seria eleita no 1° turno.

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