Por Honório de Medeiros
Nessa rua, da qual somente se percebe um vislumbre, durante o dia raros sãos os pedestres e mais ainda aqueles carros ansiosos, a passarem velozes, em sua busca frenética e atormentada.
Suas poucas casas, inclusive as comerciais, têm grades. Os vizinhos, poucos – ainda os há – não se conhecem, me disse o vigilante que a percorre durante a noite portando um apito, e, na cintura, um cassetete de madeira, para amedrontar os incautos.
Nunca vi crianças correrem em suas calçadas, gritando uma com as outras, brincando despreocupadas, vigiadas por pais amorosos a conversarem serenos, como ocorria na minha meninice.
Entretanto, outro dia vi uma criança grande dormindo no chão. Quis confortá-lo, mas tive medo.
Natal, algum dia de 2024.
Honório de Medeiros é professor, escritor e ex-secretário da Prefeitura de Natal e do Governo do RN
Retratos do cotidiano em preto e branco. Evidencia a diura e cruel realidadr do materialismo dialético. Cada um or si e Deus por todos. O inferno de Dante repete-se todos os dias., com diferentes facetas.