Ás da palavra, ourives da frase-feita, o jornalista Carlos Lacerda em sua implacável luta contra Getúlio Vargas cunhou uma expressão que vence o tempo. Vez por outra ela é resgatada, adesivando situações nebulosas: "Mar de lama."

Acompanhando e reportando o duelo interno no PT do Rio Grande do Norte, que degenerou desde o final das eleições internas no domingo (16), observo que sem a "ajuda" ou manipulação externa, o partido está afundando. O ambiente sob seus pés exala forte odor.

Não "cola", dessa feita, os clichês que há anos fazem parte do vocabulário da chamada esquerda brasileira, para se colocar na condição de vítima. "É coisa da direitona reacionária (…)", "é manipulação da mídia golpista (…)".

Os personagens envolvidos são militantes históricos, alguns com mandatos eletivos, que se engalfinham num bate-boca público onde aparece em relevo a acusação de compra de votos. Como postei em matéria mais abaixo, há quem acuse uma ala oponente no partido de ter mercadejado apoio por dinheiro.

Não é excessivo lembrar que o PT não discute espaço no poder institucional e, sim, hegemonia orgânica. Se até aqui nada mais supurar, já existem condições suficientes para se formar um "córrego de detritos." Mar de lama é mais em cima.

O estrago está feito.

Vai ficar difícil ao partido provar que tudo não passa de uma versão desencontrada ou um mal-entendido. A "direitona" está em festa, sem ter mexido em nada para tornar o ar rarefeito para o PT potiguar.