Por Paulo Menezes
No tempo em que nosso estádio de futebol era na rua Benjamin Constant, houve uma acirrada disputa do “esporte bretão” entre as equipes do Potiguar e Baraúnas, (Time Macho e Leão do Oeste) já grandes rivais àquela época, mas ainda sem serem conhecidas como protagonistas do chamado clássico “Potiba”.
O técnico interino do Potiguar era uma figura muito conhecida em Mossoró de nome João de Seu Né, sapateiro de profissão com especialidade em remontes de chuteiras e bolas de couro. Antes, tinha sido jogador de futebol defendendo as cores do Potiguar na posição de lateral-esquerdo.
Naquele tempo o piso do campo era de areia, sem o tapete verde do gramado e por isso mesmo muito irregular.
A competição se desenvolvia com grande participação dos torcedores, com direito a bandeiras, charangas, fogos e muita animação. Era um dia de festa na cidade.
O jogo permanecia empatado sendo que o time vermelho e branco contava no banco de reservas apenas com o concurso de Lenilton Moreira Maia.
Já ao apagar das luzes, faltando pouco tempo para o apito final, um jogador do Potiguar foi expulso forçando o técnico a introduzir Lenilton como substituto, já que era o único “artilheiro” disponível.
Por não confiar nas qualidades do atleta, João de Seu Né relutou em fazer a substituição devida, preferindo ficar com um jogador a menos na peleja, mas pressionado pela torcida, mesmo contra sua vontade, eis que o reserva entra em campo na partida decisiva do grande clássico do futebol mossoroense.
No primeiro lance com a participação do estreante, após um cruzamento perfeito, ficou o desportista na pequena área adversária, só ele e o goleiro. Lenilton então “encheu o pé”. Só que ao invés de chutar a bola chutou o chão. A poeira levantou, a vaia comeu no centro e o técnico sem hesitar retirou imediatamente o ‘craque’, optando por ficar com 10 jogadores a correr o risco de infartar.
Foi a última vez que o atleta vestiu a camisa do alvirrubro, deixando frustrados seus amigos e admiradores.
Paulo Menezes é meliponicultor e cronista
É, Paulo, e sabe que na segunda feira após o desastrado chute do artilheiro foi ser comentado e alguns aborrecimentos a ele entregues, no caixa da Casa Bancária S. Gurgel, aonde Lenilton exercia sua função profissional ao lado do saudoso Luiz Antonio, até o dono da empresa bancária que era Bibiu Gurgel, olhava pra Lenilton e começava a rir sob os inventivos do seu outro funcionário Edílson Moura, qye em anos seguintes foi deputado estadual. Não esquecer a figura de Calizinho, homem sisudo, mais ao olhar pra Lenilton, tinha crise de soluços provocada pelas gargalhadas incontidas.
Verdade amigo. Parece que estou vendo o olhar fulminante de seu Calizinho para Lenilton.