Por Marcos Ferreira
Pensei em afagar o ditador Vladimir Putin (só pensei) com a denominação O Senhor da Guerra, título da obra do célebre escritor britânico Bernard Cornwell. Mas, reparando direitinho, vejo que ao russo em questão melhor se aplica esta variante: O Senhor da Barbárie. Pois é, eu também, a exemplo da maior parte do planeta, estou puto com Putin. Perdoem o trocadilho. O ex-Esquilo Secreto do KGB está há mais de vinte anos no comando da Rússia e não deve sair tão cedo.
Desde 24 de fevereiro, quando a Ucrânia foi invadida, a matança não para. Falou-se num único e duvidoso cessar-fogo, porém a guerra acumula estragos irreparáveis. Segundo algumas agências de notícias, cerca de dois mil civis ucranianos já morreram nestes onze dias de bombardeios. Por sua vez, Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia, diz que nove mil soldados russos foram mortos.
Como se percebe, além das ofensivas militares, está em curso a guerra da propaganda, uma disputa midiática que busca intimidar contendores e sensibilizar o mundo tanto para um lado quanto para o outro. A Ucrânia, especialmente, maldiz a omissão da Otan. Entrementes, como se lutasse uma guerra justa, de igual para igual, a Rússia usa e abusa de sua realidade paralela dos fatos, tentando provar à humanidade que eles são os mocinhos e os ucranianos são homens maus.
Enquanto isso, traiçoeiro e frio como a própria Sibéria, Putin não esquenta a cabeça com pouca coisa. Até porque nem o Sol brilha tanto em Moscou quanto o mais novo melhor amigo do nosso Grande Percevejo, este que até pouco tempo vivia osculando os possuídos do ianque Donald Trump. Ou seja, largou o loiro oxigenado. Agora, portanto, o menino dos olhos do Pateta brasileiro é Putin.
O Grande Percevejo, sem querer ofender as mulheres de vida “fácil”, é um tipo de messalina de luxo que deseja cair nas graças de Putin. Tem um fraco irreprimível por homens poderosos. Seu (dele) deslumbramento perante o bufão Donaldo Trump era algo tão obsceno a ponto de a baba escorrer no canto daquela boca de caçapa. Contudo Trump se deu mal nas urnas e aí o Nosferatu da Casa de Vidro mais que depressa se bandeou para o lado do neoczar e filhote da Guerra Fria.
No Brasil, além do Grande Percevejo, temos uma ala da esquerda sofrendo com uma forte crise de consciência. Até aqui, pelo que eu sei, o presidenciável Lula (para citarmos o líder máximo do Partido dos Trabalhadores) não emitiu uma só nota, sequer uma vírgula, condenando, enfaticamente, a invasão à Ucrânia. Muito menos reprovou o camarada Vladimir. Não com todas as letras.
Não é novidade alguma que as superpotências bélicas e econômicas, sobretudo bélicas, gostam de treinar a pontaria contra nações menores ou militarmente insignificantes. A história do mundo, como aquele jogo de tabuleiro War, está cheia de casos emblemáticos, desde os vikings a George W. Bush. Os Estados Unidos da América, por exemplo, têm grande know-how nessa prática execrável. Que o digam, entre outros, Coreia, Vietnã, Iraque, Afeganistão, Líbia e Somália.
Outra coisa que me revira o estômago é a hipocrisia em escala planetária. Pois os Estados Unidos, autoproclamados xerifes do globo terrestre, casam e batizam, pintam o sete e bordam o oito, fazem o mundo de gato e sapato e a suposta União das Nações Unidas (ONU) apenas faz vista grossa. A tal Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) é mais inútil ainda; não faz patavina.
Em 2003, quando os americanos explodiram Bagdá, capital do Iraque, matando sete mil civis apenas no primeiro dia de bombardeio, tais organizações inúteis não fizeram coisa alguma. Ao todo, ao longo daquela sangrenta operação intitulada “Choque e Pavor”, entre homens, mulheres e crianças, os soldadinhos carniceiros do Tio Sam assassinaram quase um milhão de civis. Abomino inteiramente a invasão russa à Ucrânia, no entanto não vi àquela época tanta comoção como agora.
Ao contrário da Rússia, se estou correto, os Estados Unidos nunca sofreram nenhum tipo de sanção por invadirem outras nações. Nunca foram acusados pela ONU por crimes de guerra. Muito menos, como ora se dá com a Rússia, foram banidos do sistema de transações financeiras. Americanos jamais foram expulsos de universidades, ou a Fifa os puniu, excluindo-os de uma Copa do Mundo.
Em 1994, enganada por um certo Memorando de Budapeste, a Ucrânia concordou em entregar à Rússia cerca de mil e seiscentas armas nucleares oriundas da extinta União Soviética. Isso em troca de um frágil tratado de paz e da promessa de que a Rússia jamais invadiria a Ucrânia. Ninguém, entretanto, exige, nem ao menos sugere, o desarmamento nuclear dos Estados Unidos e da Rússia. Juntos, só esses dois países possuem armamento nuclear para destruir o planeta dezesseis vezes.
— Saddam é mau! — gritava o Tio Sam.
Hoje, após a tragédia da Segunda Guerra, que deixou um rastro de setenta milhões de mortos, o mundo se converte outra vez num barril de pólvora. Isto é, num gigantesco paiol de armas nucleares sob o comando, repito, do mais novo melhor amigo do Pateta brasileiro. Noto que a invasão à Ucrânia, volto a dizer, quem sabe por ser o continente europeu, parece sensibilizar mais a humanidade.
Naquele 1º de setembro de 1939, quando a Alemanha nazista invadiu a Polônia, a Segunda Guerra Mundial foi oficialmente declarada. Nesse momento, com as tentativas diplomáticas desprezadas por Hitler, os britânicos e os franceses decidiram tomar as dores da Polônia e se opuseram militarmente ao Führer. Assim, sob a liderança da Inglaterra e da França, formou-se o grupo conhecido por Aliados, que posteriormente contaria com o apoio dos Estados Unidos e da então URSS.
Os Aliados, como se sabe, fortaleceram-se com a adesão de vários outros países, entre os quais estava o Brasil. Portanto, entre 1939 e 1945, os Aliados combateram, além do poderoso exército alemão, os chamados países do Eixo, cujos integrantes de primeira hora foram Itália e Japão. Aquela, a meu ver, por causa da índole maléfica e genocida de Hitler, foi uma guerra inevitável e justificável.
Digo justificável devido ao fracasso da diplomacia. O Holocausto precisava ser interrompido com a máxima urgência. Hoje em dia, entretanto, em pleno Século XXI, é inadmissível, intolerável, que ainda aconteçam ataques covardes como esse implementado pela gigantesca Rússia contra a pequenina Ucrânia, um duelo em que o segundo tem mínimas condições de se defender e contra-atacar, enquanto o primeiro veste impenetrável armadura e se encontra armado até os dentes.
O povo ucraniano, embora o seu presidente também não seja flor que se cheire, não merece tamanha atrocidade. Penso no que diria e sentiria a nossa Clarice Lispector, uma das maiores escritoras brasileiras, que na verdade era ucraniana, ao ver pela televisão toda a lástima que seus compatriotas têm enfrentado, o terror imposto por Vladimir Putin, o mais novo melhor amigo do Pateta brasileiro.
Creio que a esta hora, porventura estivessem vivos, entre outros importantes escritores daquele país, os mestres Dostoiévski e Tolstói também condenariam esse covarde massacre do mamute Rússia sobre o jabuti Ucrânia. Enquanto isso, na Sala de Injustiça, ONU e Otan assistem à barbárie de camarote.
Marcos Ferreira é escritor
Putin, é o anti-cristo que ora se revela ao mundo.
OTAN e ONU são duas unidades inúteis ao mundo que foram criadas para juntar vaidades humanas que colocam seus trazeiros em cadeiras luxuosas e confortáveis pagas por todas as nações para apenas cultivar suas aparências e desfilarem com rótulos de embaixadores. Dar nojo de ver tanta gente desprovida de inteligência posando de gênio naqueles cercados de luxo pra não fazer nada.
Amigo Marcos, grato por sua brilhante aula de hoje exposta na sua magnífica crônica em tela.
Caro Rocha Neto,
A questão é complexa, os Estados Unidos têm o dedo podre em outras invasões a nações soberanas, porém o que a Rússia (Putin) está fazendo contra a Ucrânia é igualmente intolerável.
Forte abraço!
Bom dia, Marcos!
Faço das suas, as minhas palavras de desabafo diante da realidade vivida por todos nós. Impossível ficar imune a tanto sofrimento! Que o nosso grito seja ouvido nas esferas superiores!
Abraços
Querida Vanda Jacinto,
Torço que a paz seja restabelecida. O povo ucraniano (nenhum povo) merece os horrores dessa guerra. Obrigado pela leitura e opinião.
Forte abraço.
Infelizmente, a história da humanidade está recheada da dominação do homem pelo homem, ou seja, com o passar do tempo, da dominação de um país pelo outro. Assim se deu com os Assírios, com os Persas, com os Macedônios, com os Romanos, com os Alemães, com os EUA… agora com os Russos e com os Chineses. Sabe, que bom seria se esses homens públicos (e à frente dos seus impérios poderosos) pensassem também com o coração e deixasse que a emoção invadisse suas razões e permitisse o equilíbrio de suas ações. Deus nos abençoe!
Caro escritor Raimundo Antonio,
O mundo precisa mais de poesia e menos de pólvora, de mais livros e menos canhões. A paz e o amor não têm preço, porém a guerra sempre custa mais caro.
Forte abraço e até a próxima.
É embabascadora a cegueira dos que não veem que um dos, senao a grande causadora dessa guerra, é a OTAN, encabeçada pelos EUA. Não que Putin seja boa peça, longe disso. Mas já vinha avisando há anos que tomaria medidas caso a OTAN insistisse em negociar a adesão da Ucrania ao bloco. Adesão esta que foi acordada como interditada desde a queda da URSS. E a OTAN veio quebrando tal acordo e avançando para o leste desde então. A Ucrânia foi a gota d’água.
“Ah, mas a Ucrânia tem o direito de fazer o que bem quiser”. OK. Mas a OTAN não deveria ter dado essa possibilidade a eles. É aquela coisa, você tem todo o direito de ir pro meio do Inferno Colorido às 11h da noite com um iPhone de última geração e sair tirando selfies. Mas vai querer arcar com as conseqüências?
Caro Pedro Rodrigues,
Sua leitura sobre as ações da Otan é justa e precisa. Isso, entretanto, não dá a Putin o direito de bombardear civis. O povo ucraniano (assim como o povo russo) não merece essa guerra. Grato por sua leitura e opinião.
Abraço e até a próxima.
Boa tarde, poeta!
É difícil ficar imune aos ditames dos senhores da guerra, que ferem, matam e subjugam povos, em nome do poder. Choro e oro pela Paz, pois o ser humano não aprendeu nada com as guerras passadas e suas consequências. Excelente texto, amigo escritor. Abraços!
Querida Rizeuda,
Também torço que a sandice de mais esta guerra tenha fim o mais rápido possível. Quanto mais isso se arrastar, mais vidas inocentes serão perdidas. Grato por sua leitura e opinião.
Forte abraço!
Excelente reflexão desse momento tão terrível e indesejado. Espero que não se alongue e que a paz volte a reinar.
Prezado Marcos Aurélio,
Infelizmente, amigo, esses ditadores e déspotas que invadem nações soberanas, invasores entre os quais estão os Estados Unidos como protagonistas, nunca se colocam na linha de frente, nos campos de batalha. Fosse assim, tenho certeza de que muitas guerras sequer teriam começado.
Forte abraço e até a próxima.
Interessante, o Império Militar Industrial Americano do Norte, não se cansa de invadir países, trucidar e subjugar povos e NAÇÕES (VIETNAN, AFEGANISTAO, LÍBIA, IEMEN DO SUL, CUBA, IRAQUE, SÍRIA ETC), Agudo em nome de uma suposta democracia, na verdade em busca de mercados e energia Petrolífera…!!!
Porém, todavia, entretanto, não se vê e não se ouve falar que nenhum Presidente americano é ditador e muito.menos o novo anti- Cristo…!!!,
Haja subserviência politica, cultural e , sobretudo alienação de parte daqueles que habitam o cone SUL e, surpreendentemente, ainda não se deram conta de que não temos soberania, somos, tão somente um quintal do IMPÉRIO MILITAR INDUSTRIAL DO NORTE…!!!
PASME, essa posição ABSOLUTAMENTE serviçal, vassala e alienada, atinge, sobretudo nossa chamada classe MERDIA Golpista..!!!
DIGA-SE de passagem, todas invasões e guerras provocadas pelos Ianques e acima.nominadas, sempre tiveram o braço armado da OTAN,. como álibi em suposta defesa dos interesses da Europa, porém os Tupiniquins ALIENADOS e serviçais dos interesses americanos aqui em nossa dita Pátria Mãe Gentil, em momento algum se indignaram com a covardia dos americanos,. MORMENTE, quando da estapafúrdia alegação da existência de armas de destruição em massa armazenada pelo IRAQUE, jamais provadas em tempo algum…!!!
Não a toa que os americanos do Norte tem esse país dito Brasil, como a casa de mãe Joana, posto que espoliam nossas riquezas dia e noite e dão golpes a hora que bem entendem, sendo que os SUPOSTOS COMBATENTES da corrupção e indignados jamais aparecem nessas horas..!!!
Haja cinismo, hipocrisia e vassalagem a rodo… NÉ NÃO SR. ROCHA NETO…?!?
Um baraço
FRANSUELDO VIEIRA
OAB/RN. 7318
Prezado Fransueldo Vieira de Araújo,
Bom dia.
Concordo plenamente com você sobre a questão que envolve as ações criminosas dos Estados Unidos contra diversas nações soberanas. Inclusive frisei isso no meu texto. Por outro lado, também não concordo nem apoio as ações não menos criminosas de Putin contra o povo ucraniano. Nem o povo ucraniano nem o povo russo merecem o que está acontecendo. A Otan, Putin e os Estados Unidos são os grandes responsáveis por essa tragédia. Grato por sua leitura e opinião.
Forte abraço!
É uma guerra que não tem mocinho nem bandido, e no fim todos sairão perdendo. Vamos torcer pela paz! Valeu caro amigo Marcos Fereira…
Caro poeta Airton Cilon,
Guerras sempre serão uma tragédia abominável. Acontece que algumas são bastante lucrativas para alguns contendores. Que o digam os Estados Unidos, especialistas em invadir nações soberanas sob pretextos esfarrapados. Putin está seguindo o modelo, mas parece que ficará no prejuízo. Grato por sua leitura e opinião.
Forte abraço.