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domingo - 16/10/2016 - 13:10h
Cidadania

Voluntário faz uma cidade economizar milhões por ano

ONG Observatório Social é comandada por homem que trabalha para setor público ser mais eficiente

Por Lúcio Lambranho (BBC Brasil)

“É muito fácil fiscalizar o governo municipal”, diz Jaime Klein, 40 anos, que dedica quatro horas de seu dia a fazer com que a Câmara e a Prefeitura de São José (SC) gastem melhor o dinheiro público.

Em três anos, a equipe montada por Klein contribuiu, por exemplo, para elevar a economia do Legislativo da cidade – verba não gasta devolvida aos cofres públicos – de R$ 300 mil para R$ 8,5 milhões anuais. Ajudou ainda a suspender licitações suspeitas e colocou uma lupa sobre gastos da prefeitura.

Jaime Klein entre pilhas de pastas sobre fiscalização de órgãos públicos mostra resultados (Foto: Caio Cézar)

Com uma pequena sala, receita mensal de R$ 6 mil e 35 voluntários, o Observatório Social de São José integra uma rede homônima de ONGs que se espalhou por cidades médias e pequenas do Brasil nos últimos dez anos – e hoje soma mais de 100 entidades em 19 Estados, com atuação forte no Sul do país. Só em Santa Catarina, 19 cidades contam com esse tipo de iniciativa, segundo o site do OSB, o Observatório Social Brasileiro.

Muitas delas, tocadas por voluntários como Jaime Klein, dedicados a monitorar os gastos de municipalidades, evitando excessos, desperdícios e desvios, e ajudando a economizar dinheiro público.

A inspiração é o Observatório Social de Maringá (PR), que surgiu em 2005 após um escândalo de corrupção na cidade.

Logo no primeiro trabalho, a entidade paranaense descobriu que uma compra de ácido acetilsalicílico (AAS), ao preço de R$ 0,009 por comprimido, tinha sido registrada na ata da licitação por R$ 0,09 – superfaturamento de 900%. Houve denúncia e restituição de R$ 63 mil ao erário.

No caso de São José, cidade de 236 mil habitantes vizinha à Florianópolis, o Tribunal de Contas do Estado obrigou neste mês a prefeitura, após denúncias do Observatório Social, a divulgar uma série de informações que faltavam no site da gestão, como relação de veículos oficiais, gastos com combustível e dívidas municipais.

“É fácil fiscalizar. O que falta é recurso. Hoje tenho uma receita de R$ 6 mil e já estamos fazendo esse barulho todo”, diz Klein, que é formado em Ciências Contábeis e ganha a vida como auditor interno no governo de Santa Catarina.

Rotina de fiscalização

Em geral, o modus operandi de Klein é o seguinte: a equipe faz um pente fino em Diários Oficiais, portais de transparência, projetos de lei e sessões na Câmara. Denúncias de moradores também entram na pauta. Diante de casos suspeitos, solicita mais dados por meio da Lei de Acesso à Informação.

Depois, encaminha questionamentos aos gestores públicos. Quando não há providências, reporta o caso aos vereadores, Ministério Público, Tribunal de Contas e Polícia Civil.

O roteiro inclui ainda a divulgação de editais públicos para aumentar a concorrência e acompanhamento de pregões de olho em lances suspeitos.

“O nosso forte hoje são as licitações. Divulgamos todas. Quando começamos, uma média de três empresas participavam dos processos. Hoje essa média subiu para 12. Com mais empresas, o preço vem para baixo e qualquer tipo de conluio cai por terra”, afirma Klein, tendo ao fundo um mapa com o custo de cada Legislativo municipal em Santa Catarina.

Voto, pagamento de impostos e fiscalização dos eleitos

O auditor também defende transparências nas diferentes denominações religiosas. “Todas as igrejas têm problemas. Onde tem pessoas tem coisas erradas. Todas as igrejas precisam de mais transparência. Algumas igrejas transformaram a fé em comércio, e isso é totalmente contrário à Bíblia.”

Sobre a descrença de muitos brasileiros com a política, afirma que o Brasil ainda precisa consolidar o que chama de “tripé da cidadania”: voto, pagamento de impostos e fiscalização dos eleitos. Para ele, o país exerce apenas os dois primeiros elementos.

O auditor nasceu em família típica de agricultores do interior do Estado. Trabalhou na roça em Peritiba (a 440 km da capital) até os 15 anos, quando foi completar o ensino médio em Florianópolis.

Por não ter conseguido cursar universidade pública, interrompeu os estudos por vários anos. Depois se formou contador porque à época não tinha dinheiro para pagar a faculdade de Direito – curso que hoje frequenta à noite.

“Trabalhava em dois empregos antes da formatura, em 2003. Pegava seis ônibus por dia. Em outubro de 2003 prestei concurso para contador da Secretaria da Fazenda e fiquei em quarto lugar. Depois, em 2007, fiz concurso para auditor interno, e passei em primeiro lugar”, conta, orgulhoso.

Marcação cerrada

Quando recebeu a reportagem, Klein conversava com uma TV local sobre transparência nos atos públicos. Na mesma tarde, usou a internet para rebater afirmações do presidente da Câmara Municipal, que divulgava pelo Facebook supostas economias de recursos pela Casa.

Na postagem, o integrante da ONG dizia que o vereador “esquecera” de contar à população que apoiara projetos para aumentar as cadeiras e os gastos da Câmara, além de uma concorrência para construção de uma nova sede de R$ 10 milhões.

Quase invisível atrás da pilha de pastas verdes com processos na pequena sala da ONG, ele lembra como a entidade atuou para suspender, por duas vezes, a licitação milionária do estacionamento rotativo da cidade.

A concorrência acabou barrada pelo Tribunal de Contas em novembro do ano passado por incluir exigências que poderiam implicar em direcionamento da disputa, como apresentação e teste de equipamentos pelas empresas selecionadas em apenas 72 horas.

Veja matéria completa na página original da BBC, clicando AQUI.

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Categoria(s): Administração Pública

Comentários

  1. Inácio Augusto de Almeida diz:

    Manda ele aqui para Mossoró. Manda!
    Para desqualificá-lo vão chamá-lo de doido, invejoso, recalcado e tudo o mais.
    Em São José ele conseguiu reunir 35 voluntários. Aqui se ele conseguir encontrar mais um que se junte a ele é muito. Aqui quem reclama de gasto de dinheiro público para abrilhantar festa religiosa, quando todos sabem que falta INSULINA e vários outros medicamentos nas UBS e na UPA só tem Voltaren e Dipirona, é visto como um monstro que não deseja que a festa da padroeira seja abrilhantada.
    Que alguém tente fundar em Mossoró algo parecido e desde já conte comigo.
    //
    AINDA ESTE MÊS TEREMOS GIGANTESCAS NOVIDADES EM CURITIBA E EM MOSSORÓ. E MAIS NÃO DIGO.
    OS RECURSOS SAL GROSSO SERÃO JULGADOS A QUALQUER INSTANTE. AGUARDEM.

  2. João Claudio diz:

    De cada milhão de brasileiros surge um cidadão como esse.

    Estou sendo muito otimista, viu?

  3. lair solano vale diz:

    Inácio um dos problemas que temos aqui em nossa região é que quando aparece alguém fazendo um trabalho social ou denunciando Câmara, Prefeitura e etc pode esperar que na próxima eleição o mesmo ou a mesma se candidata a algum cargo.
    Para fazer um trabalho como esse é fundamental CREDIBILIDADE. Tá difícil hoje em dia se acreditar nas “boas intenções”.
    Até hoje não entendo a morosidade do MP, se todos tem boas condições de trabalho, ou não ? Pelo menos de “PRÉDIO” é uma maravilha.

    • Inácio Augusto de Almeida diz:

      Convidado a ser candidato a vereador eu fui. Fiz as contas e desisti.
      Considerando que aqui não tenho parentes e que a minha eleição seria muito difícil, não teria jamais coragem para olhar nos olhos de um eleitor e oferecer dinheiro em troca do voto, resolvi ficar onde estou.
      Antes do convite para disputar uma cadeira pelo PSDC eu nem pensava nisso.
      Se o tsunami de moralidade pública que está varrendo o país chegar até Mossoró e em 2020 eu sentir que a disputa a uma vaga na Câmara for na base de propostas para solução dos problemas da cidade, eu talvez até me anime a ser candidato. Isto se os meus 74 anos de idade permitirem. Nasci em 1946.
      Aguarde para ainda este mês grandes novidades na política brasileira e do Rio Grande do Norte. Inclusive de Mossoró. Isto é tudo o que posso adiantar por exigência da minha fonte, o renomado Bitão de Itapecuru, maior babalorixá do Maranhão e quiçá do mundo todo.
      Fico feliz em saber que você continua lendo os meus comentários.
      ////
      OS RECURSOS SAL GROSSO SERÃO JULGADOS A QUALQUER INSTANTE. AGUARDEM.
      O QUE VAI ACONTECER EM CURITIBA, NO RN, E EM MOSSORÓ… AGUARDEM!

  4. João Claudio diz:

    Assino embaixo o comentário do Lair Solano.

    Ainda não vi um cidadão ou cidadã levantar a bandeira para isso ou aquilo, gritar, defender os direitos do povo para, em um curto prazo de tempo não se candidatar a um cargo politico, ou para ocupar o cargo de presidente de sindicato ou de um conselho comunitário. Todos que conheci tentaram. Alguns conseguiram. Outros não.

    Dinheiro é o que interessa. Ficar no anonimato politico e sindical, nem pensar.

    Mais: caso consiga se eleger, passa a fazer parte do mesmo saco daqueles que antes condenava.

    O senador Lindbergh ”Chorão” Farias(PT) é o maior exemplo a nível nacional.

    • Inácio Augusto de Almeida diz:

      Nem mais nem mas. Se eu conseguir me eleger em 2020, isto só será possível se a compra de votos arrefecer em Mossoró, eu quero antes morrer do que mudar meu caráter.
      Duvido eu mudar, depois de velho, a minha conduta. Duvido. Nem quando eu era novo me deixei cooptar.
      Falei em compra de votos em Mossoró arrefecer porque acabei de ler o que escreveu o Juiz Herval Sampaio e está publicado neste blog.
      Se a compra de votos em 2020 continuar como nos dias de hoje torna-se impossível a quem quer servir a cidade se candidatar. Seu Cinquentinha está aí para servir de exemplo. Não teve dinheiro para comprar votos e terminou amargando 69 votos. Já tipos condenados por prática de improbidade administrativa tiveram votação surpreendente. Coisas de Mossoró que cairão no mais completo esquecimento.
      /////////
      OS RECURSOS SAL GROSSO SERÃO JULGADOS A QUALQUER MOMENTO. AGUARDEM.
      AINDA ESTE MÊS GRANDES NOVIDADES NA POLÍTICA BRASILEIRA E MOSSOROENSE. E MAIS NÃO DIGO.

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