Por Odemirton Filho
São apenas crianças e adolescentes que saem às ruas a procura de diversão.
Alguns andam com os pés descalços, roupas rasgadas e fantasiados com qualquer retalho de pano.
Às escondidas, longe do olhar dos pais, percorrem as ruas e avenidas das cidades, sem hora para voltar para casa, sendo costumeiro adentrar em alguns estabelecimentos comerciais.
O que querem é brincar e, quem sabe, conseguir algum dinheiro para comprar alguma “besteira”.
Há, talvez, os mais afoitos que levam escondido um pouco de bebida alcoólica.
Muitas vezes voltam para casa sob “chineladas” dos pais que não gostam da brincadeira.
À frente da trupe, se é que se pode chamar assim, sempre existe aquele mais desinibido, que não se preocupa em sair pulando e cantando, com as mãos estendidas, pedindo algum trocado.
É o “urso”, que causa medo em algumas crianças de tenra idade.
Não é incomum que muitos faltem à escola ou “gazeiem” as aulas a fim de, juntamente com os amigos, “desfilarem” pelas ruas e avenidas da cidade.
Gostemos ou não da “zoada” de seus instrumentos musicais improvisados, na maioria das vezes latas vazias, os ursos fazem parte do cotidiano carnavalesco.
Dizem os historiadores que a brincadeira surgiu pelas bandas do estado de Pernambuco, tendo origem nos ciganos da Europa que percorriam a cidade com seus animais presos numa corrente, que dançavam de porta em porta em troca de algumas moedas.
O fato que nada é mais característico no período que antecede os dias de carnaval do que a presença dos ursos nas ruas.
Contudo, nos dias de hoje, poucos são os ursos que vemos pela cidade, como outrora.
Atualmente o carnaval é uma mistura de sons e ritmos.
Os mais saudosos dizem que em tempos passados o carnaval era melhor, pois eram realizados nos clubes, ao som das marchinhas, essas, verdadeiramente, típicas do período momesco.
Hoje, ao contrário, brinca-se o carnaval ao som de vários ritmos, seja lá qual for.
Não importa.
Cada época e fase da vida tem seu brilho e alegria.
Que o folião brinque à sua maneira, inclusive no balanço da rede “solasol”.
Um carnaval de paz, caro leitor.
Odemirton Filho é bacharel em Direito e oficial de Justiça
Sim, Prof.Odemirton. A folia está modificada. Hoje não vi os Clóvis pelas ruas, clowns, palhaços, bate-bolas. O meu filho, quando menino, tinha medo deles, até que se fantasiou como um e o medo passou. No caminho do Alto da Boa Vista, víamos muitos bate-bolas, dezenas…hoje, só vimos um…solitário em sua caminhada. Senti uma saudade, vi naquela figura única o resquício de um tempo que acabou.
A sua Crônica combinou com o meu dia. O brilho da fase de minha vida está com os meus netos…
Prof.Odemirton. Lembrei do sr. nesses dois últimos dias . Passamos, novamente, no Alto da Boa Vista, reduto dos Bate-bolas. Não vimos nem um. Senti uma melancolia, talvez acrescida pelo fato de os netos estarem viajando. Verdade é que há uma diferença entre lembrarmos de um passado do qual ouvimos falar e lembrarmos de um passado que desbota à nossa frente…de um tempo que fizemos parte, que se modifica a passos largos em todos os sentidos, às vezes difícil acompanhar…
Esqueci de lhe parabenizar pela Crônica que vivo.
Aqui em Mossoró no carnaval do passado também foi lançado o Homem do Chocalho, o idealizador foi o velho Duite, funcionário da Rede Ferroviária, começou a brincadeira só com a figura dele, nos anos seguintes os filhos e filhas (somavam mais de 20, nascidos de duas mulheres), ressalte-se que eram vivas é nunca foram inimigas, mas também não amigas, sim companhriras de Duite, o Homem do Chocalho, instrumento atrelado ao cinto de uma bermuda em tecido estampado, ficando na parte traseira acima das nadegas de Duite, moreno forte que jogava o Chocalho com maestria única e de som único, que aparecia nas ruas e avenidas de Mossoró em épocas pretéritas do reinado momesco. Pena que os filhos do mestre Odemirton e os de Naide Maria não possam contar este retalho do carnaval, pois hoje só temos e vemos é a disputa pelo maior som e melhor trio elétrico.
Carnaval com dinheiro ou sem dinheiro não se brinca mais. Que saudades dos Pimpões, Salinistas, Baraunas, Democratas, As Margaridas, Sky, Ray Fay, dos proprios ursos e do Homen do Chocalho. Sem esquecer o velho corso carnavalesco com palanque oficial chefiado pelo velho alcaide Dix-Huit ao lado da sua amada Naide… (tia Naide p os íntimos). Enfim, só lembranças !!! Como diz Bartô Galeno, no seu maior sucesso musical.
Rocha Neto, ótimo o seu comentário. Naquele palanque de meu Serra Grande, estive acompanhada de alguns irmãos e meus três filhos, embora pequenos. Mas eles viram quando dancei ao lado do Rei Valdeci…e dancei muito ao lado dele no meu melhor Carnaval! Salve, Valdeci!
Rocha Neto, amigo, perguntei aos meus filhos…eles, mesmo pequenos, lembram de meu “desempenho” ao lado de Valdeci.
Valdeci era majestade! Evoluía com esplendor… segui-lhe os passos, apenas!
Alguém do “Nosso Blog”, conhece Valdeci? Preciso dizer a ele que faz parte de minha história, em momento saudoso e glorioso de minha vida.