Segundo os mais experientes a vida passa rápido, os dias correm depressa. E é verdade. Muitos fatos aconteceram e pessoas passaram por nós durante toda a nossa vida.
Quando olhamos para trás nem percebemos. O danado do tempo escapou das nossas mãos. Foi impossível segurá-lo. Por isso, como se diz, devemos aproveitar cada dia, cada instante.
Aqui ou acolá voltamos ao junho das nossas vidas. Temos saudade dos nossos avós, da escola, dos amigos. De brincar na rua. De apertar a campainha das casas e sair correndo. De sentar na calçada pra jogar conversa fora, sem medo de dois “caras” se aproximando numa moto.
Enfim, saudade das traquinagens da infância.
Quem não deu trabalho para acordar cedo e ir ao colégio? A mãe precisava chamar várias vezes para tomar o café com leite, não dava nem tempo passar a manteiga no pão. E ainda existiam os sabidos, apenas molhavam o cabelo e não tomavam banho.
NA ESCOLA HAVIA A TURMA DO FUNDÃO da sala. Eram craques na arte da “cola”. Os mais certinhos chegavam cedo para sentarem nas carteiras da frente e eram os queridinhos dos professores.
E a juventude? Quem não fez uma cota entre os amigos para comprar uma bebida? Reuniu a galera em um único carro e dividiu a gasolina? E o namoro na calçada com as cadeiras uma de frente para a outra?
Sim, a infância era doce. A juventude tinha os seus arroubos e a maturidade, apesar dos pesares, é encantadora. É certo que vivemos tempos difíceis, de dor e lágrimas, mas como é bom viver.
No decorrer da vida perdemos tantas pessoas queridas. Se pudéssemos revê-las, ficar só um pouquinho ao lado delas, já mataria a saudade, né não?
Pois é. A vida são saudades. Saudade de alguém ou de algum lugar. Se eu pudesse visitaria o passado e lá ficaria um tiquinho de tempo revivendo alguns momentos.
Como diz a letra de uma linda canção: “Velhos tempos, belos dias…”
Odemirton Filho é bacharel em Direito e oficial de Justiça
Belíssima crõnica.
Já voltei a alguns locais da minha infância. Descobri que a calçada onde andava de velocípede e que eu imaginava ser muito alta não tinha mais do que meio metro de altura.
Na praia do olho d’água, São Luís-MA, onde ia aos domingos e o almoço era um prato de sururu com farinha, que achava delicioso, outro dia voltei e, enquanto comia camarão e pescada amarela frita, avistei as bacias de sururu e a fila de fregueses. Lembrei-me de como eu gostava de sururu com farinha e disse que ia relembrar o meu tempo de garoto.
Quando me levanto para ir escuto uma amiga de muitos anos dizer:
Não vá compadre.
Não entendi e perguntei porque eu não devia ir.
A comadre disse que se eu fosse não iria gostar.
Teimoso, fui.
Quando coloquei o primeiro bocado de sururu na boca, cuspi.
Quando voltei, a comadre riu.
– Eu disse para você não ir.
Entendi porque ela tinha falado para eu não ir e me lembrei da calçada e do velocípede.
Hoje digo, tal qual a minha comadre já no céu, que devemos deixar as lembranças como lembranças.
Parabéns, Odemirton, pela excelente crônica que me fez viajar a São Luís.
Já conto os dias para domingo.
Realmente velhos tempos que não retornam, belos dias no mundo atual, cada vez ficam mais escassos, mesmo assim vale a pena viver.
Acordar em cima da hora pra ir à aulas, tomar café as pressas, com a mãe gritando que já estar atrasado, molhar cabelo pra disfarçar banho e até não escovar os dentes, só saculejar água com as bochechas pra lavar a boca e jogar fora. Gente! Conheço este filme até com corte da fita pra namorada não saber. Ah, ia esquecendo, colocar palito de fósforo no dispositivo das campainhas das residências e os proprietários achando que era curto circuito na rede elétrica. Meu Deus, Odemirton e Albinha devem ter um bom percentual de desconto na percentagem dos pecados cometidos, pois são os pais de um santo filho chamado Odemirton, que hoje Morgana aguenta sob as bênçãos de Luiz Fausto e Célia.