• Cachaça San Valle - Topo - Nilton Baresi
domingo - 25/07/2010 - 11:41h

Vingt, um líder respeitado

Há muitas "estorinhas" envolvendo o nome do ex-político mossoroense. Todas falam das firmes posições que ele assumia, característica admirada até pelos seus opositores.

Em 1960, foi candidato a vice-governador na chapa encabeçada por Djalma Marinho. Corriam rumores nesta cidade que alguns correligionários seus votariam nele e em Aluízio Alves, concorrente de Djalma Marinho.

"Agradeço o voto que me seja dado, desacompanhado do meu companheiro de chapa".

Naquele pleito, podia-se votar no governador de um partido e no vice- governador adversário.

Quando prefeito, Vingt Rosado ouviu do portador a quem mandara um "recado" para o delegado de polícia soltar um preso correcional:

– Vingt manda na prefeitura e na casa dele, na delegacia mando eu.

O chefe do executivo não era de ouvir desaforo, sem dar o troco, teria dito:

– Mando em minha casa, na prefeitura, no quartel de polícia e em Mossoró.

Instantes depois, o desavisado delegado era substituído da função.

No sodalício da Manoel Hemetério, como era conhecido o clube da ACDP, a um seu correligionário, que contrariava a linha de conduta da campanha, disse o líder irredutível:

– Soque os seus votos naquele lugar.

Foi um deus-nos-acuda. Grande mal-estar entre os presentes. Serenados os ânimos, Vingt explicou: "engolindo a pílula, toda a cidade me recriminaria".

O certo é que o caso morreu ali mesmo.

Vingt não permitia motim no barco por ele comandado. O "voto camarão" pedido por Vingt, em 1982, mostrou a admirável liderança exercida por ele.

Lauro da Escóssia, por muito tempo diretor de O Mossoroense, e, também, liderado de Vingt, até 1957, apoiou para prefeito, em 1958, o doutor Duarte Filho, que teve como adversário o advogado Antônio Rodrigues de Carvalho, candidato apoiado por doutor Vingt.

O velho jornalista era funcionário da fazenda estadual e fora transferido para a cidade de Currais Novos, ou Santa Cruz. Não se insinua aqui qualquer motivo de perseguição política, embora as fofocas assim o induzissem.

Foi o próprio Lauro que contou a Telé (meu irmão), na minha presença.

Mota Neto que se elegeu deputado estadual em 1958, fazendo oposição ao velho governador Dinarte Mariz, passou a apoiá-lo, logo após tomar posse na assembléia Legislativa. Um belo dia, no Palácio Potengi, Dinarte recebe Mota Neto, que se fez acompanhar de uma comitiva de maçons mossoroense.

Já estava por assinar a remoção de seu Lauro. Nessa ocasião entra Vingt, que ouve do governador:

– Estou com o processo em mãos. Lauro pretende voltar para Mossoró.

Vingt Rosado foi taxativo:

– Não pedi para ele sair e nem peço para ele voltar.

Como diz o matuto: foi água na fervura. Seu Lauro só voltou para Mossoró, início de 1961, no governo de Aluízio.

Francisco Rodrigues da Costa é escritor 

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Categoria(s): Fred Mercury

Comentários

  1. GLADSTONE PRAXEDES diz:

    O VERDADEIRO LIDER, NÃO USA FORÇA PARA DAR ORDENS E É RESPEITADO NATURALMENTE. O ESTILO DESSE VINGT ROSADO INFELIZMENTE AINDA É USADO PELA PREPOTÊNCIA DE ALGUNS FALSOS LIDERES QUE EXISTE NO NOSSO PAÍS.

  2. JOSÉ DE OLIVEIRA LIMA diz:

    Não creio que se deva confundir liderança com truculência.
    Esta, diferente daquela, não transforma um ser humano em líder – pelo contrário, pode depreciá-lo.

  3. MARCOS PINTO - Do IHGRN e do ICOP. diz:

    Só teve um político no Oeste potiguar que mostrou ao Vingt Rosado que ele não teria como impor sua vontade, mandando no Apodi, com sua pose de capitão-Mór: Vingt ousou esmurrar a mesa do líder político LUCAS PINTO durante o pleito de 1950, afirmando autoritariamente que Dix-Sept seria o mais votado em Apodi. Humildemente, o Lucas Pinto respondeu que aguardasse a resposta das urnas. O resultado é que a maior derrota que o Dix-Sept teve em algumas cidades foi à de Apodi. Não satisfeito com a derrota sofrida em Apodi, eis que Vingt retorna à casa do velho político Apodiense,(Em Junho de 1960) com a mesma tentativa de imposição política,sendo certo que disputava a condição de candidato à Vice-Governador de Djalma Marinho. Diante mais uma negativa do Lucas Pinto, Vingt repetiu o seu já famoso murro na mesa. Apuradas as urnas, com fragorosa derrota dele e de Djalma Marinho, para o jovem Aluízio Alves, eis que Apodi destacou-se como tendo sido, proporcionalmente, a cidade que deu a mais alta maioria para Aluízio. Há outro fator que evidencia o autoritarismo de Vingt. Com a fatídica morte de Dix-Sept, a 12 de Julho de 1951, após somente cinco meses de governo, o Vice-Governador Sílvio Pedrosa assumiu o governo. Logo nos primeiros dias o governador SÍLVIO PEDROSA foi procurado por Vingt, que trazia consigo uma longa lista de inconsistentes e extemporâneas solicitações,dentre as quais indicações de pessoas suas para compor o secretariado, as quais apresentou com caráter de imposição. Estupefato, porém calmo, o governador respondeu ao Vingt que não havia a mínima possibilidade de atender seus pleitos, no que de imediato viu o Vingt Rosado esmurrar o birô,dominado pela injustificada ira, ao mesmo tempo em que se dirigiu ao governador,com o dedo em riste, afirmando-lhe: “Mas você só está aí eleito pelo meu irmão, ao que o governador respondeu nos seguintes termos: “Primeiro lembrai-vos de que o voto para governador e vice são desvinculados. Fui eleito com minha capacidade política, e depois não tenho culpa porque seu irmão faleceu em trágico acidente. O governador concluiu que o novo secretariado teria a marca do seu nome. Não restou ao Vingt retornar à Mossoró, profundamente contrariado. Segundo pessoas que viveram a contemporaneidade de Vingt Rosado como Prefeito de Mossoró (1953/1958) este teria sido, até hoje, o pior gestor da cidade de Mossoró, tendo deixado o funcionalismo com 07 meses de atraso na folha de pagamento. Diante esse cenário, o Vingt solicitou afastamento do cargo, tendo sido substituído por seu Vice, Sr. Joaquim Felício de Moura (Quinca Moura) que em menos de um ano quitou todo o atrasado do funcionalismo. Vendo esse satisfatório perfil administrativo, eis que Vingt resolveu voltar ao cargo, ocasião em que deixou o abnegado e dinâmico QUINCA MOURA entregue ao ostracismo. Essa é a história, sem retoques.

  4. goretti diz:

    Concordo plenamente com os comentários e acrescento é nojento como certos individuos usam do poder publico. Ditadores, perseguidores, …, é cruel quando ainda conseguem esta no poder isso retrata o quanto ainda somos um povo ignorante nas nossas escolhas.
    A ambição parece que corroi a mente daqueles(uma grande maioria) que deveriam trabalhar em prol de um povo menos favorecido.

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