sábado - 24/12/2016 - 09:49h
Segurança, ó!

Violência em Mossoró é bem pior do que é propagada

Há parâmetro errado para se medir violência em Mossoró. As estatísticas devem ser vista de forma mais amiúde e não presa, tão-somente, a crimes letais.

O cenário é muito pior do que as páginas especializadas em cadáveres expõem escatologicamente. O ataque à lei e à ordem pública, que afeta o cidadão, nem sempre entra nos levantamentos oficiais e são propagados.

O recorde de homicídios (217, por enquanto) este ano, não atesta isoladamente essa derrota da sociedade, tipo Alemanha 7 x 1 Brasil. O que nos aflige mais é quase ignorado pela imprensa.

Há um pavor crescente devido a outros crimes não letais: furtos, roubos etc.

Nas abordagens às vítimas, os marginais estão cada dia mais debochados e violentos. Priorizam não apenas a subtração de bens materiais, mas se esmeram na humilhação e sadismo.

População vive sob pânico; medo de ir e vir, ficar à calçada, sair ou entrar em casa. Pegar filho no colégio e transitar para o trabalho, também assustam.

Portas fechadas, câmeras, muros altos, cercas elétricas, segurança armada…orações.

O lazer é um direito reprimido, normalmente acantonado na sala ou quarto residencial. Ir a um restaurante virou operação de guerra, carregada de medo de arrastões, bala perdida.

O centro da cidade fervilha de gente; gente apressada, outras tantas distraídas. Comerciantes temerosos. Polícia quase não é vista. Nem poderia. Não  há material humano suficiente, viaturas, meios mínimos para enfrentar essa avalanche criminosa.

Mensalmente, a Delegacia de Furtos e Roubos faz cerca de 600 boletins de ocorrências dessas modalidades de delitos, e muitos outros sequer viram estatística porque o cidadão não faz denúncia, não acredita em resolutividade. Dezembro de 2016 baterá todos os recordes.

Para muita gente, os 217 homicídios que fazem de Mossoró uma das cidades mais violentas do mundo, na realidade é algo bom. O olhar míope acredita que como quase todos são vítimas supostamente de “guerra entre quadrilhas”, marginais, fichados, esse genocídio é até bom.

Os filhos da periferia, o rebotalho da nossa sociedade, passam por uma espécie de “solução final”. Estão sendo justiçados e, assim, muitos creem que não temos nada com isso. Não é problema nosso.

A “Justiça” deles é a nossa justiça. Quanta inocência. Se tudo está tão tranquilo, tão favorável, por que o medo de ir e vir?

Segurança, ó!

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Categoria(s): Artigo / Segurança Pública/Polícia

Comentários

  1. Inácio Rodrigues diz:

    Caro Carlos, perfeito seu texto. Parte da sociedade, de forma míope, como você bem assinalou, aplaude a morte de jovens negros e pobres das periferias, afinal seriam ” envolvidos com droga e crimes”, quase um mantra, repetido e cantado em prosa e verso também por muitos policiais alienados. Ledo engano. Essa violência homicida é apenas a ponta do iceberg de um sistema social onde a exclusão e o menosprezo pelos mais pobres é a regra. Os crimes contra o patrimônio estão igualmente nesse contexto, e atingem diariamente muitos daqueles que aplaudem o genocídio de pretos e pobres. Esse buraco não tem fundo….

  2. Chagas Nascimento diz:

    Paciência Carlos Santos. O nosso “Governador da Segurança”, vai mudar, mais uma vez, o homem que vai combater a bandidagem…
    O pior desta história, é que seus eficientes assessores, não o avisam que a questão é o efetivo que está aquém do número necessário…
    Só Rodolfo Fernandes na causa…

  3. João Claudio diz:

    Não esquecendo as dezenas de tentativas de homicídios , cujas vitimas sobreviveram porque os atiradores não acertaram os órgãos vitais.

    Se os criminosos fossem bons de pontaria, o números de vitimas fatais estaria perto de 300, ou mais.

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