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domingo - 06/06/2021 - 04:14h

Vivendo um pesadelo

Paulo Menezes olhando o marPor Paulo Menezes

Estou hoje, recolhido no meu “cantinho”, na praia do meio, em Natal. Isolado do mundo. Diferente de tantas outras vezes, em que do meu pequeno,  porém aconchegante apartamento, me mostrava um cenário de uma beleza sem par.

Ao fundo a ponte Newton Navarro, o estuário do rio Potengi e a beleza do majestoso oceano, que em dias ensolarados, como hoje, limpava a vista, extasiado com a beleza da cor verde azulada do sagrado mar.

Só que hoje, o que vejo é um cenário totalmente diferente. Triste, interrogativo e indefinido. Mesmo assim, esperançoso, pois sou um homem de fé.

É que apesar de ter tomado duas doses da vacina para a Covid-19, o cuidado de sempre usar dupla máscara, preocupado com o distanciamento social, até por pertencer ao grupo de risco, para minha surpresa, após um exame laboratorial, na tarde de hoje (sexta-feira, 6), testei positivo para  a horrível praga.

Como a viagem não estava prevista, fui convocado de última hora por meus filhos e noras em caráter de emergência, alegando os mesmos que aqui teriam mais condições de me darem uma assistência maior. E é o que tem ocorrido.

Nessa mudança de endereço, que com a graça de Deus, creio, será temporária, deixei em Mossoró, meus livros de cabeceira, que nessas horas difíceis, serve como um verdadeiro bálsamo para o espírito. “Dias de Domingo” e “Veredas do meu Caminho” do mestre Dorian Jorge Freire, que segundo o professor Vingt-Um Rosado, era o gênio da raça mossoroense.

Esses companheiros que sempre conduzo comigo, no atropelo da viagem, deixei na terrinha e está me fazendo muito falta. Mas, como dizia no início dessa narrativa, hoje o que se apresenta para mim é um misto de dúvida e interrogação. A doença é cruel e traiçoeira.

Entra em nossa vida sem pedir licença, para infernizar nossos dias e nos privar de ver nossos entes mais queridos, razão maior de nossa vida nos dias atuais.

Deus, me deu a graça de ter Simone, minha companheira há 57 anos, dois filhos maravilhosos, duas noras admiráveis e quatro netos que todo avô gostaria de ter. Por isso mesmo, tendo a família formidável que tenho, acometido da terrível doença, me vejo questionando sobre a vida.

E sobre o tema, alguém usando o anonimato afirmou que: “A vida é imprevisível e é isso que a torna bonita. Não podemos saber o que o futuro reserva, portanto, tudo é possível. Não somos a mesma pessoa a cada acontecimento em nossa vida. Nos reinventamos constantemente depois dos tropeços, das dores, das feridas, dos dissabores, buscando na fé e na vontade de seguir, um motivo a mais para continuar nossa caminhada”.

Paulo Menezes é meliponicultor e cronista

Nota do Blog – Vai dar tudo certo, Paulo! Estamos todos na torcida e na fé!

Amém!

*Crônica (e Nota do Blog) publicada no dia 9 de maio último (veja AQUI), quando o autor revelou estar com a doença que acabou provocando sua morte no dia passado (veja AQUI). É uma singela homenagem do Nosso Blog, local que abrigou inúmeras crônicas e artigos seus.

Descanse em paz, Paulo.

Veja AQUI série de textos publicados por Paulo Menezes em nossa página.

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Categoria(s): Crônica

Comentários

  1. Amorim diz:

    Que coisa Carlos Santos, é só emoçâo pura!
    Um abraçaço!

  2. Odemirton Filho diz:

    Paulo Menezes fará falta. “Muita”. ( como ele gostava de enfatizar em suas belas crônicas).

  3. David Leite diz:

    Abraços de pêsames à família 🙏🙏🙏. David Leite

  4. Roche Neto diz:

    A partida de Paulo Menezes para a morada celestial, deixa-nos órfão de uma parte salutar neste espaço, conhecendo Carlos Santos como eu conheço, sei que seu coração tá carregando uma tristeza enorme, coisa que só o tempo e Deus irão acomodar.
    Obrigado Paulo, pelas amenidades domingueiras através de suas crônicas, e até pelo incentivo que você me mandou para também aqui escrever.
    A dona Simone e família, o abraço fraterno de sentimentos.

  5. Marcos Ferreira de Sousa diz:

    Que notícia triste!
    Meus sentimentos à família, aos amigos e a você, Carlos, editor e amigo próximo do senhor Paulo Menezes.
    Que ele descanse em paz.

  6. Jerônimo Dix-sept Rosado Maia Sobrinho diz:

    Boa noite, Iris Menezes.
    Comovido ao ler alguns dos textos prosaicos e belos escritos por Paulo Menezes venho lhe pedir que receba e, por favor, transmita a toda família meu abraço de solidariedade. Paulo era uma dessas pessoas que se deseja como irmão. Era capaz de construir fortes laços de amizade e admiração entre gerações diversas, tal como a que lhe tinha meus pais e toda nossa família. Que Deus conceda a todos a força e o conforto dessa passagem que para nós, resta tão dolorosa.

    Boa noite, amiga. Fique bem.
    Dix-sept Rosado Sobrinho

  7. Teodósio diz:

    Infelizmente Mossoró e o Estado do Rio Grande do Norte perderam um grande e ilustre cidadão. Um homem de bem, dedicado à família e que contribuía para o crescimento da economia potiguar com suas atividades econômicas. Que Deus console todos seus familiares e amigos.

  8. Raniele Costa diz:

    Carlos !
    Fiquei muito triste quando soube do falecimento do senhor Paulo Menezes, Li de manhã a coluna dele e não percebi o acontecido , só agora a noite fiquei sabendo de sua morte, seu bate-papo dominical era muito alegre, divertido e descontraído , sempre com doces lembranças do passado , desejo a todos os seus familiares meus Pêsames, e que ele descanse em pais.

  9. Q1naide maria rosado de souza diz:

    Repetindo.
    Choram as flores, choram as abelhas no pranto do mel. Choro eu, abraçando a família de Paulo Menezes.

  10. Paulinho Menezes diz:

    Obrigado pela homenagem ao meu querido e amado pai .
    Tinha o privilégio de ler suas crônicas antes de sua publicação . Sempre me enviava para uma opinião . Tinha mais que amor por meu pai . Uma verdadeira obsessão . Viveu intensamente seus 74 anos , feliz , e com muita fé em Deus . Nos ensinou até o último minuto aqui . Um verdadeiro guerreiro.

  11. Q1naide maria rosado de souza diz:

    Paulinho Menezes. Preciso acrescentar que no pranto do mel havia lágrimas de minha filha Fernanda. Leu a Crônica de seu pai e ficou comovida.

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