quarta-feira - 17/05/2017 - 11:00h
"Sabe com quem você está falando?"

CNJ poupa desembargador do caso da Padaria Mercatto

Da revista IstoÉ (On line)

O Plenário do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) concluiu nesta terça-feira, 16, que o desembargador do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte (TJRN) Dilermando Motta Pereira não cometeu falta disciplinar que justifique punição administrativa devido a desentendimento que teve com o garçom de uma padaria de Natal, em 29 de dezembro 2013. Motta Pereira teria exigido ser tratado de “excelência” e até ameaçado o garçom de agressão.

Cármen Lúcia se pronunciou lamentando que ainda exista o "sabe com quem você está falando?" no país (Foto: STF)

O processo foi aberto pelo Conselho para apurar se a conduta do magistrado violou a Lei Orgânica da Magistratura Nacional (Loman) e se houve abuso de autoridade no episódio, mas os conselheiros presentes à 251ª sessão ordinária do colegiado seguiram o voto do relator do processo, Carlos Levenhagen, segundo o qual não foram comprovadas as faltas disciplinares atribuídas inicialmente ao desembargador.

Ressalvas

A presidente do Supremo Tribunal Federal e do CNJ, ministra Cármen Lúcia, acompanhou o relator, segundo ela, devido ao fato de o episódio não tratar da atuação de Motta Pereira como juiz, mas fez ressalvas quanto à prudência exigida da conduta dos magistrados.

Dilermando: "Excelência" (Foto: arquivo)

“Reconheço que não há nada que possa comprometer nem nada que diga respeito à judicatura, mas todos nós que exercemos determinados cargos devemos ter cuidado. Acho que era para ser enterrado o Brasil do ‘sabe com quem você está falando? e do exigir ser tratado de Excelência numa padaria.”

“O que li do voto é que o entrevero com o garçom teria decorrido disso: (o desembargador) achar que teve um tratamento que não era condigno com sua condição. Ninguém vai à padaria em condição desigual. Você chegar a um lugar como consumidor e exigir ser tratado como excelência, Sua Excelência o consumidor vale igual para todos.”

Na fase de provas, o relator Levenhagen interrogou testemunhas indicadas pelo Ministério Público e pela defesa, em novembro do ano passado, e também assistiu ao vídeo da confusão.

No entanto, na avaliação do Conselho, o material audiovisual não permite inferir que as acusações imputadas ao desembargador ocorreram de fato, de acordo com o entendimento do relator e do Ministério Público, que também pediu a improcedência do Processo Administrativo Disciplinar (PAD 0003017-15.2016.2.00.0000).

Na padaria

“Não vi qualquer ato disciplinar violador por parte do magistrado, com as provas produzidas, razão pela qual, além de reconhecer que não seria nem mesmo aplicável, conforme o próprio Ministério Público, pena de advertência ou pena de censura ao desembargador”, afirmou Levenhagen. “No caso, reconheço que não houve ainda qualquer fato que pudesse imputar este apenamento.”

No processo, o desembargador do Rio Grande do Norte afirmou ter sido mal atendido na padaria – a discussão teria começado quando o magistrado pediu para o garçom trocar um copo de vidro na mesa.

Por causa de um outro cliente da padaria que começou a discutir com o desembargador, Motta Pereira precisou chamar a Polícia local para conseguir sair do local.

O caso ficou conhecido nacionalmente por causa dos vídeos feitos por outros clientes presentes à padaria na hora da confusão e publicados nas redes sociais.

A reportagem fez contato, por telefone e por e-mail, com o gabinete do desembargador Dilermando Motta Pereira, no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte. O espaço está aberto para manifestação do magistrado.

Nota do Blog – Triste, lamentável. Entendo que a maior punição para o desembargador já ocorreu, com a execração pública. Vejo que o CNJ agiu com equilíbrio, o que faltou ao judicante no incidente.

Espero que tenha aprendido a lição.

Pena que o excesso não seja raro. Lamentável que o “sabe com quem você está falando?” não ocorra pontualmente. Cotidianamente isso se repete com gente dos mais variados segmentos e não apenas do Judiciário.

Tudo passa… Muitos não sabem disso, até serem confrontados com a realidade.

Veja AQUI como foi o enfoque do caso à época e mais acima o vídeo que viralizou. Aconteceu na Padaria Mercatto em Natal. O cliente Alexandre Azevedo, que passou a ser conhecido como o “Gordinho da Padaria Mercatto”, tomou as dores do garçom insultado.

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Categoria(s): Justiça/Direito/Ministério Público

Comentários

  1. João Claudio diz:

    Lamento que o garçom não tenha mandado ”voça eicelênsia” KKKKKKKKKKK ir tomar no olho do seu ( * ) escuro.

    Ele merece, assim como qualquer um que queira ser tratado de forma especial em estando fora do seu local de trabalho.

    Por sorte, ”voça eixcelênsia” não é vizinho de João Claudio. Infelizmente.

    Ah, eu já presenciei um vereador usando esse termo.

    Pra cima de mim, não!

    I have nojo.

  2. Francisco. diz:

    FAÇA UMA PESQUISA E VEJA O REPÚDIO DE TODOS QUE ASSISTIRAM O VÍDEO, DE CADA 100 PESSOAS TODAS COM CERTEZA FICARAM COM NOJO DESSE DEUS DO JUDICIÁRIO, SABE PORQUE ELE FEZ ISSO ?, PORQUE SABIA QUE
    TERIA O APOIO DO CNJ, UMA TURMA SEM QUALQUER CREDIBILIDADE JUNTO A POPULAÇÃO. PORTANTO DE O A 10 , DOU O PRA O CNJ.

  3. João Claudio diz:

    A piada ”Quando não caga na entrada caga na saída”, se aplica perfeitamente em situações como essa.

    Lembrando que a cagada também pode acontecer no ”meio”.

  4. jb diz:

    Parece que para o meritíssimo ser tratado por Excelência o coloca acima dos mortais. Qualquer semelhança com o trecho a seguir é mera coincidência:”Ah! Doutor! Doutor!… Era mágico o título, tinha poderes e alcances múltiplos, vários, polifórmicos… Era um pallium, era alguma coisa como clâmide sagrada, tecida com um fio tênue e quase imponderável, mas a cujo encontro os elementos, os maus olhares, os exorcismos se quebravam. De posse dela, as gotas da chuva afastar-se-iam transidas do meu corpo, não se animariam a tocar-me nas roupas, no calçado sequer. O invisível distribuidor dos raios solares escolheria os mais meigos para me aquecer, e gastaria os fortes, os inexoráveis, com o comum dos homens que não é doutor. Oh! Ser formado, de anel no dedo, sobrecasaca e cartola, inflado e grosso, como um sapo-intanha antes de ferir a martelada à beira do brejo; andar assim pelas ruas, pelas praças, pelas estradas, pelas salas, recebendo cumprimentos: Doutor, como passou? Como está, doutor? Era sobre-humano!…”Lima Barreto, em ‘Recordações do Escrivão Isaías Caminha’

  5. Francisco. diz:

    JÁ QUE ELE SE DIZ SERVO DE DEUS, IMAGINO COMO SERIA UM SERVO DO DIABO, TERIA MATADO O GARÇOM BOTANDO FOGO NA PADARIA, DEPOIS SAIA CUSPINDO FOGO MUNDO AFORA. CABRA DESSE NUNCA DEVERIA JULGAR NADA, IMAGINEM PROCESSOS JUDICIAIS. OBS: O CNJ JUNTAMENTE COM A IMPRENSA E OUTROS SETORES DE INVESTIGAÇÕES, DEVERIAM VÊ COMO ESSE ENDIABRADO DESEMBARGADOR CHEGOU A UM POSTO TÃO ALTO DA JUSTIÇA.

  6. João Claudio diz:

    Esse ”rolabosta” já tá gerando comentário demais para o meu gosto.

    Ops! Com todo respeito à bosta que, quando bem aproveitada, pode ser transformada em adubo. É útil.

  7. Amorim diz:

    Reza a lenda que um guarda de transito parou um carro e foi logo pedindo os documentos etc.. o condutor falou: mas Eu Sou Deus!
    O guarda respondeu: O Sr. poder ser Deus; mas não pense que é juiz!!!

  8. Arnaldo Lopes diz:

    País que “fede”dá nisso.

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