Por Ney Lopes
Amanhã, comemora-se a proclamação da República no Brasil. Acontecimento que se assemelha a uma ficção histórica. Isto porque, o proclamador Deodoro da Fonseca era monarquista ferrenho e D. Pedro II republicano.
Embora tenha ocupado o trono brasileiro por 49 anos, o imperador Pedro II tinha uma alma republicana. Enquanto isto, o marechal alagoano Deodoro da Fonseca, ao contrário, tinha fortes convicções monarquistas, embora passasse para a história como o fundador oficial da república brasileira.
Meses antes da proclamação, Deodoro trocou correspondência com o sobrinho Clodoaldo Fonseca, aluno da Escola Militar de Porto Alegre, integrante da chamada “mocidade militar” liderada por Benjamin Constant e ardoroso defensor da república. O Marechal refutou as ideias republicanas do familiar escrevendo: “República no Brasil é coisa impossível porque será uma verdadeira desgraça. Os brasileiros estão e estarão muito mal-educados para republicanos. O único sustentáculo do nosso Brasil é a monarquia. Se mal com ela, pior sem ela”.
O Marechal Deodoro da Fonseca era amigo pessoal de D. Pedro II. A sua participação na conspiração foi estratégia dos republicamos que usaram a sua fama de herói da Guerra do Paraguai, como uma liderança carismática. Ele acabou atraído pelos republicanos, no dia 14 de novembro de 1889, quando se propagou rumor falso a respeito da sua prisão e do desmanche do Exército, por ordem do Visconde de Ouro Preto.
No dia seguinte, Deodoro soube da nomeação pelo Imperador do seu inimigo Gaspar Silveira Martins, como o novo Primeiro-Ministro do Império. Essa foi a gota d’água para prosseguisse no golpe, que derrubou a monarquia.
No dia fatal, 15 novembro de 1889, o Marechal doente com problemas respiratórios saiu de casa praticamente carregado por seus companheiros. Foi o republicano José do Patrocínio que se dirigiu à Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro, presidindo o ato solene de proclamação da República.
Deodoro, a essa altura, estaria em casa, possivelmente assinando a carta que chegaria a seu amigo pessoal, o imperador Pedro II, informando, com grande pesar, o banimento da família real.
O fato político e econômico que influiu na proclamação foi a abolição da escravatura, ocorrida em 1888. O fim da escravidão desestabilizou a agricultura de exportação, baseada no trabalho compulsório. O Império mostrou-se incapaz de responder com a agilidade necessária às novas demandas dos fazendeiros e não conseguiu garantir a estabilidade econômica.
Na verdade, no primeiro momento a proclamação da república abriu caminho para uma política que privilegiaria oligarquias, principalmente os agricultores, representantes de cafeicultores.
Posteriormente, os fatos políticos se sucederam e ficou provado que a proclamação foi acontecimento necessário para a caracterização do Brasil como Nação soberana.
Ney Lopes é jornalista, ex-deputado federal e advogado
Grande visionário o Marechal Deodoro da Fonseca.
Digo isto pelo momento atual..
Um abraçaço.
Lecionei as disciplinas HIstória do Brasil e também História Geral nos mais tradicionais Colégios Mossoroenses. Sempre fiz a observação de que existem grandes elementos dissonantes entre os fatos realmente acontecidos e os elencados pelos famosos historiadores.
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