Laíre pode, mas “Romarinho” e “Minhocão” não podem ser testemunhas
A tentativa da coligação “Mossoró Pra você” em desqualificar as testemunhas dos supostos casos de manipulação da Polícia de Trânsito, em favor de Larissa Rosado (PSB) e Lahyrinho Rosado (PSB), é compreensível. Há brecha para isso e a ficha de dois desses indivíduos não é das melhores.
Entretanto a tese da desconstrução moral de Romarinho e Minhocão não “limpa a barra” dos dois candidatos e seu grupo. O cerne da questão é outro. Não está em discussão se os denunciantes são inatacáveis ou não.
A defesa que está em formação tenta inverter papéis e desviar a essência do debate.
É necessário responder a uma indagação: houve ou não corrupção eleitoral, com troca de favores em votos? É isso que a sociedade deseja saber e a própria Justiça.
Romarinho e Minhocão respondem a processos em sua maioria banais. Isso não significa dizer que não possam testemunhar contra gente com suposta “ficha limpa”. Também não os veta de serem personagens, como corruptos passivos, no submundo da política mossoroense. Muito pelo contrário.
O prontuário até sinaliza com enorme potencial para que realmente estejam nesse enredo. Quantos e quantos marginais servem – ou serviram – de testemunhas decisivas, em processos diversos que correm e já percorreram o labirinto do Judiciário?
O ex-deputado federal Laíre Rosado (PSB), médico, filho de família ilustre, ex-secretário de estado duas vezes, ex-deputado estadual etc, responde a pelo menos quatro processos gravíssimos na Justiça federal, envolvido no escândalo odioso da “Máfia dos Sanguessugas”. Formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e corrupção passiva fazem parte das denúncias.
Assim mesmo, o doutor acha natural defender diariamente a decência na política e na administração pública, através de um programa de rádio e TV, além do jornal que administra. Chega a ser risível.
No início dos anos 80, ele chegou a se embaraçar com a Polícia Federal em pelo menos 146 inquéritos no antigo Inamps (órgão equivalente hoje ao Instituto Nacional de Seguridade Social-INSS). Tudo terminou se volatizando por influência política, mas não o impediu de sair de Mossoró em situação constrangedora (algo que a fina flor local abafa).
Outro detalhe: Laíre deve ser arrolado como testemunha num processo de cassação de direitos políticos e mandato da prefeita Fafá Rosado (DEM), por ter apontado deslize dela e da candidata a vice, Ruth Ciarlini (DEM), em recente iniciativa da Prefeitura de Mossoró. Normal, assim avalio. Ele fez a denúncia na mídia.
Por que Laíre Rosado pode ser depoente e Minhocão e Romarinho não?
Ah, tenham dó! Mossoró não merece.
Se houve manipulação de depoimentos e provas forjadas, que os dois irmãos sejam inocentados e possam efetivamente exercer o sagrado direito a serem votados. Que sejam punidos os arquitetos da fraude e seus comparsas.
Contudo outra vez é inaceitável a transformação preconceituosa de gente pobre em peça de manobra. Sempre arranjam vítimas para ajudar na higiene da imagem de uma elite que a cada dia revela mais descompostura, desfaçatez, frieza psicopata e voracidade pecuniária na relação com a coisa pública.
“A César o que é de César” e pronto. Porém como os próprios romanos afirmavam, “à mulher de César não basta ser honesta, precisa parecer honesta.”
Chega.
