A decisão do suplente de deputado estadual Vivaldo Costa (PR) de apoiar a senadora Rosalba Ciarlini (DEM) e não romper com o wilmismo, é a cara da política contemporânea potiguar. Ele não é exceção.
Em sua justificativa, Vivaldo arrima-se na politicalha paroquial para fazer o que sempre fez: escalar "muros" para continuar no mesmo lugar. O poder.
Apoia Rosalba ao governo, mas não desgruda de quem lhe deu sombra até aqui, a governadora Wilma de Faria (PSB).
Difícil execrá-lo, sem se contextualizar o caso e ampliar a lente angular para enxergarmos que Vivaldo é parte de um todo. É um pedaço desse microcosmos político potiguar, em que as principais lideranças promovem e adotam uma miscigenação promíscua de siglas e pessoas.
Tudo em nome da sobrevivência política. Ele faz o que Wilma faz, senador Garibaldi Filho (PMDB) faz e outros personagens repetem, na luta pela supremacia ou simples preservação da "espécie".
E, sem exceção, todos estão à procura de explicações e enredos palatáveis, que os transformem em vítimas aos olhos do povão.
Vivaldo garante que é coerente. Sem dúvidas. Mantém-se fiel à sua própria história de áulico do poder em sua própria essência.
Na sucessão do então governador Geraldo Melo (do PMDB) em 1990, ele era uma das estrelas do PL (de onde nasceu o atual PR). Estava na iminência de assumir o governo, pela condição de presidente da Assembleia Legislativa. Jurava afinidade e fidelidade ao governismo. Terminou vice de José Agripino (PFl, hoje DEM) e eleito vice-governador pela oposição.
Quem matou a charada foi o astuto Aluízio Alves, ex-governador e líder governista.
Aluízio não deixou Geraldo Melo desincompatibilizar-se do governo, pois assim quem teria de assumir era Garibaldi Alves (PMDB), pai. Se isso ocorresse, Garibaldi Alves Filho não poderia ser candidato a senador, como foi, e eleito.
O ex-governador temia o óbvio: que Vivaldo no governo, apenas pavimentasse caminho à eleição de José Agripino, apesar do PL propagar fidelidade de eunuco ao governismo.
Como se vê, o "Papa", como Vivaldo é conhecido entre os seus, não faz mais do que o normal. De fato, é um homem coerente com a própria história.
E quem lhe atira a primeira pedra?
Veja ainda hoje:
– Os "fantasmas" que rondam a campanha de Rosalba Ciarlini.