“No amor, um mais um é igual a um. “
Sartre
Jornalismo com Opinião
“No amor, um mais um é igual a um. “
Sartre
O curta mossoroense “Luiz Campos – O riso e o drama” foi escolhido para ser veiculado na terceira noite do festival Curta Amazônia, dentro da “Mostra curta em todas as telas”, no dia 3 de agosto, a partir das 19h, na Praça da Estrada de Ferro Madeira Mamoré, em Porto Velho (RO), que tem como alvo o público juvenil.
A produção local surgiu dentro do projeto Mossoró Audiovisual, que tinha por objetivo capacitar jovens para a produção do audiovisual.
O documentário tem direção geral de Carlindo Emanoel, direção de Américo Oliveira, produção de Bruno Campelo, Diógenes Silva, roteiro de Thiago Braga, edição de Edileusa Martins e direção de arte do Grupo Arruaça de Teatro.
O elenco conta com as performances de Socorro Assunção, Américo Oliveira, Augusto Pinto, Carlindo Emanoel, Diógenes Silva, Luiz Campos, com depoimentos de Genildo Costa, Rogério Dias, Antonio Francisco e Gustavo Luz.
Desde 1985, no fim do ciclo dos prefeitos “biônicos” de Natal, ou seja, escolhidos indiretamente pelo regime militar, no período de exceção no Brasil, que ninguém conseguia o feito atingido até aqui pela jornalista Micarla de Sousa (PV). Ela é quase uma unanimidade negativa.
Campeã de rejeição pessoal em pesquisas que sondam disputa sucessória de 2012, Micarla também tem seu governo reprovado maciçamente pela população.
Como explicar tamanha catástrofe?
Em seus discursos em forma de ladainha, desde o princípio da gestão em janeiro de 2009, só aparece um espectro em sua frente: o ex-prefeito, de quem chegou a ser vice, Carlos Eduardo Alves (PDT).
A “síndrome do retrovisor” e o “complexo da transferência de culpa” fazem parte do cardápio de justificativas que gestores costumam apresentar, à opinião pública, conforme a cultura política deste país. É sempre mais fácil do que fazer um “mea culpa”.
Com Micarla não é diferente. Entretanto a estratégia virou psicose, rapidamente rejeitada pela opinião pública de uma cidade conhecida por sua indolência diante de amarras. “Natal não é de ninguém”, rotulou-a tão bem o então candidato a governador em 1960, deputado federal Djalma Marinho.
A mesma cidade que Micarla conquistou numa campanha emblemática em 2008, lutando contra forças do município, Estado e até o presidente Lula em palanque adversário, com sinais de embriaguez, já a vomitou. Não a suporta mais e reage à sua permanência na prefeitura, das mais diversas formas.
Da Internet às ruas, de manifestações democráticas e ordeiras a atitudes de submundo, a revolta popular deixou de ser pontual e político-partidária, para rapidamente ser uma manifestação orgânica e cívica.
A gestão de Micarla talvez comece a ser entendida por sua retaguarda e “entourage”. Em momento algum, nesse tempo de governo, ela revelou capacidade de liderança e preparo à gestão. Além disso, chegou à municipalidade sem quadros técnicos e políticos de sua confiança, à tarefa que nunca tinha empalmado.
De saída, ficou refém do DEM do senador José Agripino e outras forças que a apoiaram, repetindo o costumeiro loteamento do poder. Sem respostas às principais demandas sociais, com o passar do tempo foi submergindo mais ainda em suas próprias limitações, como um elefante em areia movediça. Qualquer movimento, é fatal. Continua atolada.
“Queima”
Como no futebol, a administração pública cobra bom “técnico” e equipe afinada, sincronizada, preparada, para vencer. Micarla promoveu ao longo de pouco mais de dois anos, o maior “queima” de auxiliares da história pública natalense. Mudou secretários no atacado e varejo; nomeou, exonerou e remanejou peças freneticamente. São cerca de 50 nomes na dança de cadeiras.
Hoje, ela está praticamente só.
Resta-lhe o que sobrou de suas forças, agora baseadas tão somente no que a caneta pode proporcionar a vassalos e chacais, além de uns poucos seguidores com fidelidade de eunucos. Mas está nua, como na fábula “As roupas novas do rei”, do dinamarquês Hans Christian Andersen.
Falta-lhe alguém para chamá-la à realidade, pois vive um mundo de fantasia, batendo asas como uma “borboleta” entre margaridas. Poliniza o caos. Um lepidóptero do apocalipse na “cidade do sol.”
A jornalista bem-articulada, que inspirava confiança e tinha pleno domínio da palavra e da câmera, em sua TV Ponta Negra, está acuada. A abundante campanha institucional para alavancar seu governo e maquiar sua imagem parece infrutífera, porque ela já perdeu literalmente o capital de apreço, obtido em 2008. Agora procura reduzir perdas.
A recuperação parece uma utopia.
Filha do ex-senador Carlos Alberto de Sousa, Micarla é herdeira política de quem colecionou vitórias de forma meteórica, mas sem nunca ter ocupado cargo executivo. Seu pai – radialista campeão de audiência – saiu da condição de vereador em Natal, para senador da República, em pouco mais de dez anos.
Ao tentar dar o pulo do gato em 1985, com a candidatura de sua mulher Mirian de Sousa, a prefeito, contra Alves e Maia, respectivamente Wilma Maia (PDS) e Garibaldi Filho (PMDB), sofreu derrota humilhante. Garibaldi venceu e ele quase sumiu.
– Capivara fora do bando é comida de onça – definiu, certa vez, para explicar a dificuldade de sobreviver na política potiguar sem ficar à sombra de Alves ou Maia.
Experiência ainda mais traumática teve a própria Micarla. Em 2010, seu marido Miguel Weber (PV) e a irmã Rosy de Sousa (PV) foram lançados a deputado estadual e deputado federal com seu apoio. Nenhum se elegeu.
Seu desempenho como “cabo-eleitoral” e liderança ficou aquém até mesmo do ex-prefeito Aldo Tinoco (1993-1996), até então uma referência negativa em termos de gestão da capital. Aldo pelo menos elegeu um irmão deputado estadual, enquanto era prefeito. E só.
Quanto à própria sucessão, Micarla é uma incógnita. Foi abandonada pelo DEM e o PR do deputado federal João Maia. A governadora Rosalba Ciarlini (DEM), também em baixa cotação perante a opinião pública, lhe oferta um apoio administrativo. Só.
A borboleta está nua e só.
Por Fernando Sabino
– Aí então, eu sonhei que tinha acordado. Mas continuei dormindo.
– Continuou dormindo.
– Continuei dormindo e sonhando. Sonhei que estava acordado na cama, e ao lado, sentado na cadeira, tinha um gato me olhando.
– Que espécie de gato?
– Não sei. Um gato. Não entendo de gatos. Acho que era um gato preto. Só sei que me olhava com aqueles olhos parados de gato.
– A que você associa essa imagem?
– Não era uma imagem: era um gato.
– Estou dizendo a imagem do seu sonho: essa criação onírica simboliza uma profunda vivência interior. É uma projeção do seu subconsciente. A que você associa ela?
– Associo a um gato.
– Eu sei: aparentemente se trata de um gato. Mas na realidade o gato, no caso, é a representação de alguém. Alguém que lhe inspira um temor reverencial. Alguém que a seu ver está buscando desvendar o seu mais íntimo segredo. Quem pode ser essa alguém, me diga? Você deitado aí nesse divã como na cama em seu sonho, eu aqui nesta poltrona, o gato na cadeira… Evidentemente esse gato sou eu.
– Essa não, doutor. A ser alguém, neste caso o gato sou eu.
– Você está enganado. E o mais curioso é que, ao mesmo tempo, está certo, certíssimo, no sentido em que tudo o que se sonha não passa de uma projeção do eu.
– Uma projeção do senhor?
– Não: uma projeção do eu. O eu, no caso, é você.
– Eu sou o senhor? Qual é, doutor? Está querendo me confundir a cabeça ainda mais? Eu sou eu, o senhor é o senhor, e estamos conversados.
– Eu sei: eu sou eu, você é você. Nem eu iria por em dúvida uma coisa dessas, mais do que evidente. Não é isso que eu estou dizendo. Quando falo no eu, não estou falando em mim, por favor, entenda.
– Em quem o senhor está falando?
– Estou falando na individualidade do ser, que se projeta em símbolos oníricos. Dos quais o gato do seu sonho é um perfeito exemplo. E o papel que você atribui ao gato, de fiscalizá-lo o tempo todo, sem tirar os olhos de você, é o mesmo que atribui a mim. Por isso é que eu digo que o gato sou eu.
– Absolutamente. O senhor vai me desculpar, doutor, mas o gato sou eu, e disto não abro mão.
– Vamos analisar essa sua resistência em admitir que eu seja o gato.
– Então vamos começar pela sua insistência em querer ser o gato. Afinal de contas, de quem é o sonho: meu ou seu?
– Seu. Quanto a isto, não há a menor dúvida.
– Pois então? Sendo assim, não há também a menor dúvida de que o gato sou eu, não é mesmo?
– Aí é que você se engana. O gato é você, na sua opinião. E sua opinião é suspeita, porque formulada pelo consciente. Ao passo que, no subconsciente, o gato é uma representação do que significo para você. Portanto, insisto em dizer: o gato sou eu.
– E eu insisto em dizer: não é.
– Sou.
– Não é. O senhor por favor saia do meu gato, que senão eu não volto mais aqui.
– Observe como inconscientemente você está rejeitando minha interferência na sua vida através de uma chantagem…
– Que é que há, doutor? Está me chamando de chantagista?
– É um modo de dizer. Não vai nisso nenhuma ofensa. Quero me referir à sua recusa de que eu participe de sua vida, mesmo num sonho, na forma de um gato.
– Pois se o gato sou eu! Daqui a pouco o senhor vai querer cobrar consulta até dentro do meu sonho.
– Olhe aí, não estou dizendo? Olhe a sua reação: isso é a sua maneira de me agredir. Não posso cobrar consulta dentro do seu sonho enquanto eu assumir nele a forma de um gato.
– Já disse que o gato sou eu!
– Sou eu!
– Ponha-se para fora do meu gato!
– Ponha-se para fora daqui!
– Sou eu!
– Eu!
– Eu! Eu!
– Eu! Eu! Eu!
Fernando Sabino (1923-2004) era cronista mineiro
Salvando do “canibal”
Numa época em que a família Rosado marchava unida, José Ferreira – candidato a prefeito de Governador Dix-sept Rosado, antiga “São Sebastião” – tem palanque recheado de estrelas da família.
Os discursos vão-se sucedendo e, todos os oradores, sem exceção, saúdam expressões como Dix-huit Rosado, Vingt Rosado e Vingt-un Rosado.
Chega a vez do próprio José Ferreira se pronunciar.
Ele disserta sobre problemas de seu município, para manifestar conhecimento de causa e interesse em agir em favor das aspirações coletivas. Até aí, tudo bem.
Adiante, na mesma oratória, vira-se para os Rosado e alguns políticos locais, para associá-los no domínio da realidade local:
– Conheço tudo como doutor Dix-huit… como doutor Vingt… como doutor Vingt-un…
Preocupado com o suposto canibalismo verbal de José Ferreira, em que o termo “como” ganhava dimensão de verbo, o marido de uma vereadora dá um passo à frente e segura o braço da mulher, com firmeza. Em cochichos, toma uma medida preventiva:
– Saia daí, minha filha, antes que ele queira lhe “comer” também!
Por Honório de Medeiros
Alexandre, o Grande, tinha duas opções: tentar desatar o famoso “nó Górdio” e, em o tentando, jogar as regras do jogo até então existentes, ou fazer como ele fez: criar novas condições através das quais fosse obtido um resultado aceitável. Não houve hesitação.
Com um golpe de espada o conquistador do mundo cortou o nó ao meio.
Colombo colocou a questão: como fazer para colocar um ovo em pé? Mais uma vez era necessário que as regras do jogo, como postas, fossem transcendidas. Caso contrário, o problema persistiria “ad aeternum”. Ninguém conseguiu, mas ele mostrou como: quebrou o ovo e o colocou em pé.
Se você é convidado a entrar em uma situação na qual as regras do jogo estão definidas e as aceita tal e qual lhe foram apresentadas, do ponto de vista estratégico seu adversário está com a iniciativa e dita o ritmo da partida. Não há como ser diferente.
E essa vantagem é tão significativa, principalmente porque a maioria das vezes ditada por especialistas, que é difícil não acreditar na própria derrota.
No mundo da política os atos e fatos acontecem como se todos os envolvidos estivessem jogando um jogo. Na realidade, é um jogo. E existem profissionais altamente capacitados nesse jogo, como em qualquer outro. E o jogo é tão duro, tão inclemente, tão complexo, que não é para qualquer um.
Em certas situações, os perdedores de um determinado embate eleitoral em pouco tempo assenhoreiam-se da vitória do adversário. É quando o vencedor, embora vitorioso, cai no canto de sereia que seus adversários preparam e em pouco tempo está dançando a música que eles querem, no ritmo que desejam.
Pense bem, amigo webleitor: com a vitória eleitoral de Lula, o que as elites brasileiras perderam? Os tubarões financeiros internacionais deixaram de receber os mega-juros da dívida externa brasileira? Os bancos deixaram de obter lucros estratosféricos?
Os verdadeiramente pilantras endinheirados estão pagando impostos ou na cadeia?
Agora conclua: é ou não é verdade que Lula ganhou a eleição e os tubarães do capital financeiro continuam no Poder?
A saída é agir como Alexandre, o Grande. Ou como Colombo. Embora em casos assim, no concreto, se torne mais difícil realizar esse salto de qualidade porque é preciso ser possuidor – o líder – de uma idéia de onde e como se chegar.
Guardando as proporções, é algo como uma revolução: o líder diria – não aceito que me imponham essas regras, por que o povo me elegeu para criar outras! A verdade é que, no caso de Lula, por exemplo, ele não tem qualquer grandeza. Deram-lhe as roupas de rei, mas em pouco tempo ficou provado que elas eram muito, mas muito maior que a maior das esperanças a seu respeito.
Ele apenas quis o Poder e sequer soube como mantê-lo decentemente.
Lula poderia ter feito as grandes reformas que o Brasil clama há tanto tempo. Mas não. Optou, por um misto de esperteza de botequim misturada com filosofia de para-choque de caminhão, em apoiar uma única política pública consistente – o pagamento dos juros escorchantes da dívida externa.
Mostrou-se pequeno, muito pequeno. Tão pequeno que chega a ser ridícula sua forçada comparação com JK que, para o bem ou para o mal, ousou criar as regras do jogo.
Vamos ver o que dirá a história.
Honório de Medeiros é professor, escritor e ex-secretário da Prefeitura do Natal e do Estado do RN
Pelo chão que
Se resvala
A recatada
Síntese que
Me guia,
Eu, mudo de mim,
Planejo fuga
E perdição.
Eu, surdo de mim,
Alieno noites
E tardes
E manhãs
E invernos
E verões
E outras
Coisas que
Se vão pelo
Seco da manhã.
Mário Gérson é jornalista, escritor e poeta mossoroense
Na condição de um ‘escritor’ provinciano, “mundialmente desconhecido”, vos adianto: o meu segundo livro, o “Só Rindo 2 – A política do bom humor do palanque aos bastidores”, será lançado em Natal.
A noite de autógrafos acontecerá no dia 25 de agosto (uma quinta-feira), às 19h, no “Restaurante Lá Távola”.
O La Távola faz parte de um complexo gastronômico com presença no Rio Grande do Norte e Paraíba, dirigido pelo empresário Fernando Costa. Ele trabalha nesse ramo há mais de 30 anos.
O Lá Távola fica à Rua Rodrigues Alves, 44, Petrópolis, cruzamento com a Rua Mipibu.
Inicialmente, o “Só Rindo 2” foi apresentado ao público leitor em Mossoró no dia 21 de junho último; em seguida, no dia 30 do mesmo mês, a noite de autógrafos aconteceu na Câmara Municipal de Areia Branca.
Há expectativa de igual acontecimento, em mais uma cidade norte-rio-grandense no mês de setembro, além de Crato ou Juazeiro, durante mais uma edição do “Cariri Cangaço” (20 a 25 de setembro).
P. S – Conto com a presença de xarias, canguleiros, mossoroenses, caicoenses, patuenses, caraubenses, micaelenses, assuenses e outras “tribos” em Natal, no dia 25.
P.S – Em Mossoró, o livro pode ser adquirido na Livraria Siciliano do West Shopping, além das bancas do Ademar (Rua Idalino Oliveira, Centro) e Zé Maria da Rádio Rural (Praça Vigário Antônio Joaquim, Centro). E em breve será feita venda por sistema online, nesta página.
Stella Galvão é jornalista graduada pela UFRN, com especialização na Escola de Comunicação e Artes da ECA-USP, em Gestão de Processos Comunicacionais e em Bioética pela FMUSP, além de mestrado em História da Ciência pela PUC-SP. Atuou como repórter nos jornais Folha de São Paulo, Jornal da Tarde e o Estado de S. Paulo (ao longe de uma década e meia). Na capital paulista, também fez trabalhos no segmento da comunicação corporativa, depois de criar sua própria empresa, a GCOM Comunicação. Ainda em São Paulo, ela coordenou a 1ª Oficina de Jornalismo na Internet, em 1997, iniciativa da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Atualmente, é professora e pesquisadora nos cursos de Comunicação da Universidade Potiguar (UnP), associada à Associação Latino Americana de Investigadores da Comunicação (ALAIC) e da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação, além de exercer o jornalismo em trabalhos pontuais para editoras paulistanas.
Blog do Carlos Santos – Professora, como integrante da Associação Latino-Americana de Pesquisadores da Comunicação (ALAIC), a senhora realizou denso trabalho sob o título “Blogs jornalísticos e simultaneamente políticos: Uma imbricação de campos”. Sua área de pesquisa foi o próprio Rio Grande do Norte. Que observações e constatações mais interessantes são extraídas desse estudo?
Stella Galvão – Os blogs passaram a compor um meio híbrido com a expansão vertiginosa da Internet, sobretudo a partir da segunda metade da década de 90. O que testemunhamos? Blogs jornalísticos têm funcionado não apenas como versões eletrônicas de colunas impressas, mas também têm sido explorados em outras modalidades, seja como alternativa para profissionais que desejam oferecer coberturas independentes e não atreladas a grandes meios, seja como canal de experimentação de novos formatos e linguagens ou ainda como meios mais ágeis e com conteúdos privilegiados/exclusivos. A interação direta entre público e mídia causa uma reviravolta nos conceitos até então adotados pelas teorias da recepção. Quebrou-se o monopólio da opinião e o próprio webleitor participa diretamente da construção de uma bolha crítica.
BCS – O advento das mídias digitais e das redes sociais como Facebook, Orkut, Twitter etc. tem gerado uma efervescente discussão sobre o futuro dos veículos de comunicação convencionais e a profissão de jornalista. Essa nova forma de se comunicar significa o fim iminente do jornal impresso, o esvaziamento do rádio e a perda de força da TV?
Stella Galvão – Desde que a internet se afirmou no mundo inteiro, na segunda metade da década de 1990, os cenários traçados para os meios de comunicação estão sempre impregnados de visões apocalípticas. Desde então, pesquisas têm apontado que parte expressiva do que é discutido na social media se origina nos meios impressos, rádio ou TV. Então não faz sentido apontar o fim de uma atividade por causa das ferramentas digitais se estas continuam recorrendo à mídia tradicional. Aliás, blogs de prestígio muitas vezes são uma extensão do jornalismo praticado nos meios impressos. Hoje, já se discute que as mídias sociais realmente extinguirão os tradicionais modelos de negócio, forçando a imprensa a procurar melhores maneiras que se adaptem ao novo modo de consumo de informações e às dinâmicas dos meios digitais, promovendo maior interação junto aos seus leitores. O jornalismo continuará fazendo o seu papel, mesmo não sendo, em um futuro próximo, de papel.
BCS – As redes sociais ainda engatinham, mesmo assim são uma febre mundial. Elas, de alguma forma, quebram o monopólio da notícia, que em tese é do jornalista profissional ou não possuem qualquer relação direta ou indireta com o jornalismo?
Stella Galvão – O que assistimos hoje é uma mudança de perspectiva na geração de notícias. Na comunicação há uma área de estudos chamada de ‘Teoria da Recepção’. No ciberespaço, todo mundo é autor, ninguém é autor, todos somos produtores-consumidores. Pierre Lévy, verdadeiro ‘papa’ teórico da cibercultura, descreve essa reconfiguração: “Nós vivemos um desses raros momentos, onde, partindo de uma nova configuração técnica (…), inventa-se um estilo de humanidade”.
BCS – Qual o papel do furo jornalístico, num mundo que virou uma grande aldeia online, ligada por vasos comunicantes virtuais? Faz sentido “brigar” pelo furo, para em poucos segundos esse “feito” se dissipar? O furo não é mais o “top” da hierarquia da notícia com o advento do webjornalismo?
Stella Galvão – O furo, tradicional objeto de desejo do jornalista e obsessão da prática jornalística para noticiar algo em primeira mão, virou o inverso porque agora é uma entidade pública. São cada vez mais frequentes as notícias postadas por pessoas comuns que as vivenciam de muito perto e podem postar na internet instantaneamente por meio de um dispositivo móvel como iphones. Notícias factuais têm muito menos chance de virem à tona de forma inédita nas mídias tradicionais. O que o jornal publica em um dia frequentemente já era conhecido na véspera, no momento da ocorrência, como resultado de postagens no twitter ou no facebook por parte de usuários e pelos próprios jornalistas.
BCS – Como docente da Universidade Potiguar (UnP), a senhora prioriza a instalação de Pós-Graduação em Mídias Sociais e Comunicação Digital nessa academia. Essa é uma iniciativa compulsória, em face de um mercado que cobra o conhecimento cientificista à formação de novos profissionais?
Stella Galvão – A decisão de planejar e propor o curso, que contou com o apoio imediato da direção da UnP, é um desdobramento e uma decorrência natural da minha imersão no tema como pesquisadora e como palestrante. As redes sociais mudaram a maneira das pessoas se comunicarem e já revolucionaram até mesmo a forma de comunicação entre empresa e consumidor. Vivemos em uma sociedade transparente que expõe pessoas físicas e jurídicas de um modo antes impensável. As novas mídias e a cibercultura têm configurado a comunicação contemporânea como um terreno em contínua mutação e interatividade. Assim, a produção incessante de conteúdos e as interações comunicacionais constituem mudanças radicais e irreversíveis no modo de vislumbrar e compreender o mundo.Segundo o Ibope/Nielsen, cerca de 75 milhões de brasileiros tiveram acesso à internet no último semestre. Então, a Pós que coordeno pretende formar profissionais para atuarem no mercado da comunicação com ferramentas hoje indispensáveis.
BCS – A enxurrada de informação no mundo digital, paradoxalmente parece ter criado o ambiente perfeito à pasteurização da notícia, a síndrome do “Control C/Control V”. Como transformar a facilidade no insumo básico de um jornalismo com mais conteúdo e menos acrítico?
Stella Galvão – O que você coloca encontra eco na realidade todos os dias em blogs, sites, portais etc., mas também nas mídias tradicionais. Infelizmente a apropriação do texto alheio sempre existiu, mas realmente foi intensificada com a circulação de informações. Prova disso é que as ‘barrigas’ (informação jornalística inverídica) não são raras, e acontecem em jornais, revistas, rádios e TVs, além da internet, claro. O meio eletrônico facilitou e muito a prática de fugir da apuração e basear a notícia veiculada na versão de outro, que supostamente a apurou bem. Gay Talese, um dos fundadores do New Journalism, corrente surgida nos EUA na década de 1970 que fez escola em todo o mundo, propondo um texto elegante e bem elaborado. Para ele, não são os jornais, mas sim o jornalismo que está sendo ameaçado pela internet. E o principal motivo é que a internet faz o trabalho de um jornalista parecer fácil. Tipo colar e copiar. E não se trata disso. Plágio é crime e punível por lei.
BCS – Mesmo com experiência vitoriosa em redações, com passagem pelos emblemáticos O Estadão de S. Paulo e Folha de S. Paulo, a senhora optou pelas vias do ensino e da pesquisa para novo caminho profissional. Por quê? As redações perderam o charme e deixaram de ser desafiadoras?
Stella Galvão – A decisão de me estabelecer em Natal, e na área acadêmica, foi pensada com a finalidade de eu e minha família ganharmos uma vida mais prazerosa e tranquila. Praticamente toda a minha trajetória profissional, e a formação em pós graduação deu-se na capital paulista, mas um imperativo que fala mais forte. Em algum momento, as nossas raízes fazem um chamamento para aqueles que migram. Especialmente quando essas raízes estão incrustradas num lugar que tem a beleza do pôr do sol em Natal. Tive a sorte e o privilégio de abraçar a carreira acadêmica mas, em paralelo, continuo colaborando com publicações de editoras paulistas como a Segmento Farma, para cujas revistas eu escrevo regularmente.
“Pode-se retardar o amor, nunca suprimir.”
Propércio
Do Blog Território Livre
No Diário Oficial do Estado, a nomeação do ex-deputado Francisco José para o cargo comissionado de “secretário de Atendimento da Presidência” da Assembleia Legislativa.
É Força do PSD.
Francisco José comanda o partido em Mossoró.
Nota do Blog – Na verdade, Francisco José continua filiado ao PMN, haja vista que o PSD ainda não tem formalização legal para funcionar.
Ele é nome de confiança em Mossoró do vice-governador Robinson Faria (PMN), que deverá comandar o PSD no Rio Grande do Norte.
Uma luz no fim do túnel.
A relação conflituosa entre professores da Universidade do Estado do RN (UERN) e o Governo do Estado pode ser superada na próxima semana.
Essa expectativa é manifestada por Neto Vale, integrante de entidade ligada aos servidores da administração da Uern.
Segundo ele, a última reunião envolvendo o secretário de Administração e Recursos Humanos do Estado, Anselmo Carvalho, o reitor Milton Marques e entidades como Aduern, Sintauern e Diretório Central de Estudantes (DCE), foi bastante satisfatória.
Outra vez, o movimento que paralisou atividades na Uern deu demonstração de flexibilidade e interesse em dissipar o entrave, para retomada de atividades normais na Uern.
“Na nova proposta, mais uma vez, abrimos mãos da proposta original que era ter os nosso planos de carreira atualizado com um única parcela (23,98%) e com o retroativo para abril, tudo em 2011. Apresentamos o percentual de 23,98% (que já é um consenso entre as partes) em três parcelas (outubro, novembro e dezembro de 2011) e deixamos em aberto para discutir com o governo o retroativo (que também é consenso entre as partes)”, relata.
Neto Vale comenta, que “a diferença estava na forma de atualização dos planos.”
Lembra que “necessariamente, a atualização total dos planos para este ano, deixou de ser uma exigência, podendo ser negociada a parte do retroativo (que é mais expressiva que as tres parcelas) até 2012.”
Segunda feira (1º), conforme acertado, a nova proposta será enviada oficialmente ao governo. A promessa do secretário é que até terça-feira (2) haverá uma resposta.
“Solicitamos mais sensibilidade e agilidade na parte contingenciada dos recursos: custeio e investimentos. O governo se comprometeu em atuar neste sentido e solicitamos que responda também sobre a questão da autonomia financeira”, complementou.
O PMDB no Rio Grande do Norte passou a ter a partir de hoje (30) 40 prefeitos. O mais novo filiado é Edmilson Fernandes, que administra a prefeitura de Antônio Martins. Sua filiação foi promovida durante o encontro regional do partido em Caraúbas, hoje à tarde.
O prefeito de Antônio Martins entra para o PMDB depois de ter sido expulso do PT (em dezembro passado) porque decidiu, na eleição de 2010, apoiar as candidaturas do senador Garibaldi Filho (PMDB) e de Rosalba Ciarlini (DEM), respectivamente ao Senado e ao governo .
Quem também aproveitou o encontro do partido para se filiar foi o empresário Ademos Ferreira Júnior, mais conhecido como Ferreirinha. A partir de agora ele também passa a ser o presidente do diretório municipal da legenda em Caraúbas.
As fichas do prefeito de Antônio Martins e de Ferreirinha foram abonadas pelo ministro Garibaldi Filho e pelo presidente estadual do partido, deputado federal Henrique Eduardo Alves. Os dois políticos foram recebidos com festa pelos correligionários que lotavam o clube da AABB da cidade.
Ao todo, 13 prefeitos prestigiaram o encontro do partido. Também participaram da reunião o deputado estadual Gustavo Fernandes; o diretor do DNOCS, Elias Fernandes; e o empresário Ademos Ferreira; além de diversas lideranças e vereadores da região.
Amanhã (31) o partido realiza mais um encontro do tipo, dessa vez em Assu, a partir das 10h.
Abordado por mossoroenses, em Natal, onde reside há considerável tempo, o ex-deputado estadual e ex-vice prefeito de Mossoró (duas vezes), professor Antônio Capistrano, é indagado sobre sucessão municipal.
– Até meu título de eleitor é de Natal – desconversa.
Ele acompanha tudo a distância, em relação à política de Mossoró.
Espirituoso, brinca: “Minha pele é assim”, fala apontando a epiderme mais escura. “Não é rosada.”
Em sua ótica, o cenário mossoroense continuará dominado pela família Rosado, com espaço ínfimo para surgimento e crescimento de qualquer novo nome, sob a sombra do rosadismo do A ou do B.
Uma pesquisa inédita mostra que o Mundial, por enquanto, desperta sensações profundamente negativas. Para oito em dez pessoas, país deixará imagem ruim.
Se depender das expectativas atuais da torcida, o Mundial do Brasil será uma estrepitosa decepção, talvez até um vexame internacional. Pouca gente se sente satisfeita com a Copa.
Menos gente ainda está ansiosa para ver o maior evento esportivo do planeta acontecer em seu próprio país.
Reportagem da Veja aponta para uma atmosfera negativa. Teremos a “Copa da Corrupção”.
Veja AQUI.
Carlos Santos,
Eu sou médico e tenho que reconhecer o fato de não sermos exemplo de bons administradores.
Na verdade, a Unimed-Mossoró é um exemplo de péssima administração na qual existem meia dúzia de figurões que enchem o peito pra dizer “sou diretor” ou ” sou presidente” da Unimed.
A eles deve ser de creditada a conta da quebra da Unimed.
Pergunte aos doutores, na grande maioria exímios cirurgiões, a quem interessa fechar um hospital próprio onde se realizavam diversas cirurgias por dia, indo contra a tônica atual de se administrar o próprio hospital tentando minimizar custos.
Lamentável Mossoró, mais uma vez.
Clicério Reboucas – Médico e webleitor
Um rapaz foi assassinado ontem em Mossoró e sua família, apesar da dor, tentou doar seus órgãos e não conseguiu.
Procurou informações no Hospital Regional Tarcísio Maia (HRTM) e ninguém soube cientificá-la ou orientá-la sobre procedimentos para esse fim.
Já no Instituto Técnico-científico de Polícia (ITEP), não existia legista de plantão para fazer a autópsia e liberar o corpo, o que só aconteceu por volta de 6h de hoje.
Pobre Mossoró!
Na hora da morte, quando se pode dar vida, revela-se incapaz.
Farmácias, redes de drogarias e distribuidoras de remédios no Rio Grande do Norte estão atordoados. A mudança do sistema tributário sobre medicamentos, que entra em vigor na segunda-feira (1º), promete causar estragos no setor.
Mas é o consumidor final quem deve se preocupar mais ainda, pois os remédios devem ter preços alterados para cima, com aumentos num sentido vertical, sem muita ou nenhuma margem para descontos generosos.
Pela decisão assinada em decreto pela governadora Rosalba Ciarlini (DEM), o governo tributará conforme o Preço Máximo ao Consumidor (PMC). A partir da mudança tributária, vai vigorar o imposto em cima da tabela da Agência Nacional de Vigilâcia Sanitária (ANVISA) e precisamente o PMC.
O consumidor poderá experimentar aumentos consideráveis nos preços de medicamentos, pois distribuidoras e farmácias não estariam encontrando meios às promoções, pressionada pelo apetite do “leão” estadual.
P.S – Conversei com um experiente distribuidor de remédios e um executivo de rede de drogarias. A opinião é comum: o governo, em seu apetite arrecadador, terminará acertando em cheio à própria Saúde Pública já tão combalida.
Longevo e experiente político mossoroense que morreu quando vivenciava o terceiro mandato como prefeito de sua cidade, Dix-huit Rosado costumava fazer digressões sobre o poder.
– Quando alguém bota a ‘bunda’ na cadeira, a coisa muda – repetia ele a privilegiados interlocutores, salientando o que é a fascinação do mando.
Para bom entendedor, fica o recado.
“Sábio é direcionar a sua raiva para os problemas, não às pessoas. Focar as suas energias nas respostas, não em desculpas.”
William A. Ward
Até aqui, explicitamente, a governadora Rosalba Ciarlini (DEM) não manifestou qualquer preferência à sucessão em Natal e Mossoró por qualquer nome.
Diria sua entourage, usando lugar-comum: “É muito cedo!”
Em tese, sim.
Para o leigo em política, essa tese pode ser engolida facilmente.
Mas na prática não é assim que a engrenagem funciona.
As conversas e alguns projetos estão em andamento. E, por favor, não fique pensando que a governadora e seu grupo estão à margem de tudo, esperando a “banda” passar.
O professor Gilberto Diógenes, presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Mossoró (SINDISERPUM), vai impetrar ação judicial em desfavor da prefeitura de Mossoró e do Governo do Estado. Questionará o não-acesso à escola de cerca de 540 crianças mossoroenses.
São meninos e meninas em idade escolar que estão fora de sala de aula desde o início do ano, quando foram fechadas as creches mantidas pelo Movimento de Integração e Orientação Social (MEIOS). As unidades de ensino fecharam após a extinção do convênio firmado entre o Meios e a administração estadual.
De lá para cá, prefeitura e Estado vêm num jogo de empurra, se esquivando de cumprir a obrigação constitucional de prover escolas para as crianças, argumenta Gilberto. Ele pleiteará que prefeitura e Estado resolvam o problema e em caso de descumprimento, que lhes seja aplicada multa diária de R$ 100 mil (cem mil reais).
O professor se baseia em pedido feito pela Promotoria de Justiça da Comarca de Alexandria, que pleiteou à Justiça que obrigue o Governo do Estado a resolver o problema da carência de professores em algumas escolas estaduais sediadas naquela cidade.
O promotor Sidharta John Batista da Silva está requerendo que, em caso de descumprimento do pedido, que seja aplicada multa diária de R$ 100mil, pessoalmente à secretária estadual de Educação e à governadora do Estado.
Com informações do Sindiserpum.
Nota do Blog – Essa situação do Meios é outro enredo infame, que causa embrulho no estômago.
A elite política do Estado usou e abusou do Meios desde sua criação, em 1979. Mas de uma hora para outra, alguns lavam as mãos e dizem não ter nada com isso, desconhecem seu papel social e até chegam a falar que essa entidade do chamado “terceiro setor” estaria na ilegalidade.
Francamente.