Por Diógenes Dantas (Portal Nominuto.com)
Como se fosse uma Disneylândia em período natalino, Brasília serviu de palco para mais um espetáculo vergonhoso.
Além de aposentar Paulo Wagner (PV), a mesa diretora da Câmara dos Deputados, sob a presidência de Henrique Eduardo Alves (PMDB), deu posse Rosy de Sousa (PV) para um dia de mandato sem qualquer atividade legislativa.
Para quem não conhece ou não lembra, Rosy é irmã de Micarla de Sousa (de tenebrosa memória) e suplente de Paulo Wagner.
Rosy assumiu o “mandato” no último dia dos trabalhos legislativos na casa presidida por Henrique. Mesmo assim, ela vai embolsar mais de R$ 140 mil em salários (R$ 26,7 mil), cota para exercício parlamentar (R$ 40 mil), auxílio moradia (R$ 3,8 mil), verba de gabinete (R$ 78 mil), cotas de passagens aéreas e dos correios, entre outros benefícios.
Questionado pela imprensa, Henrique Eduardo Alves, eleito na mesma coligação de Rosy, se limitou a dizer que ela assumiu por questões técnicas, nada a ver com a política.
Trata-se de uma declaração pouco crível. A aposentadoria de Paulo Wagner e a “posse” da deputada Rosy são os últimos atos da presidência de Henrique, político sem mandato a partir de fevereiro.
O que mais chama a atenção neste episódio vergonhoso, volto a dizer, é que a doença cardíaca que aposentou Paulo Wagner não o impediu de exercer suas funções de parlamentar durante a quase 100% do mandato (ele abriu mão de um dia) em favor da suplente Rosy de Sousa, outrora sua patroa na TV Ponta Negra. Mesmo em sessões que vararam a madrugada, como a da mudança da meta fiscal que durou mais de 18 horas, o coração de Paulo Wagner aguentou firme e forte.
Por uma questão de compadrio ou talvez de agradecimento a uma antiga empregadora, Paulo Wagner, com sua verba vitalícia garantida, permitiu a Rosy de Sousa, tida como uma pessoa de posses, sentir o gostinho de ser deputada por um dia, como aquele quadro do programa Fantástico – Repórter por um dia.
A posse de Rosy de Sousa é mais um escárnio da classe política contra o cidadão que paga imposto e não vê retorno dos governos em obras e serviços. Neste caso, o dinheiro público está sendo jogado fora. Podemos considerar que este é mais um dos escândalos produzidos em Brasília.
A verba parlamentar embolsada por Rosy de Sousa só vai servir para engordar o peru de Natal da família e a conta do banco. Serviço em favor do Rio Grande do Norte? Nenhum.
A nobre suplente de Paulo Wagner deveria ter tido vergonha de fazer parte de uma manobra como esta.
E o deputado Henrique Eduardo Alves deveria ter tido vergonha de ter dado aval a um gesto de compradio como este. A posse de Rosy, como tantos outros atos secretos ou não do legislativo, já entrou para o folclore político da capital federal.
Aliás, às vésperas do Natal, Rosy de Sousa encontrou seu mundo encantado em Brasília. Apesar da pança de Paulo Wagner, o papel de Papai Noel coube a Henrique Eduardo Alves.