Por François Silvestre
No dia de hoje, em 1847, nasceu Castro Alves, o maior dos condoreiros. A data dá símbolo ao Dia da Poesia.
Certa vez, na mesa de um bar da Praça Salvador, no Rio de Janeiro, estávamos conversando sobre tudo, quando Vera Amaral, médica e professora da UFRN, disse não gostar de poesia.
Discordei e ela perguntou: “O que é poesia”?
Respondi: “Nada, como o Zero para a aritmética”.
Na reunião estavam meu genro Raoni Mendes e um colega seu da IBM, considerado um gênio matemático.
Ele se meteu no assunto: “Não entendo nada de literatura, mas essa referência ao Zero despertou minha atenção”.
E deu uma aula sobre o Zero.
“Sem o Zero a aritmética estava presa e os números amarrados. O Zero abriu as comportas da infinitude dos números, para cima e para baixo, de positivos a negativos”.
E completou, dirigindo-se a mim: “Você me fez criar interesse pela poesia”.
É isso, a poesia é o Zero da literatura. Para o bom ou o para o mau poema.
Para o feio ou belo, dependendo da observação de cada um.
Dedico essa memória a Vera Amaral, que não gosta de poesia, mas a poesia gosta dela.
Tal qual o poeta João Cabral, que não gostava de música, mas a música gostava dele.
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