Por Marcos Ferreira
Vamos brincar de ser gentis?! Sim, gentis. Todos estão convidados. Não importa a cor da pessoa, a orientação sexual, a idade nem o poder aquisitivo. Quem sabe incorporemos a brincadeira e, sem que notemos, isso se instale em nossa alma como uma tatuagem invisível.
Aprendamos, portanto, a ser mais fraternos e afetuosos com nossos semelhantes. Eu diria até que não somente com nossos semelhantes. Não. Pois há tantos animaizinhos por aí sofrendo, vagando nas ruas sem um lar, sem um tutor que lhes ofereça a mínima proteção e carinho. Brinquemos de ser amáveis. Provoco você a fazer parte dessa brincadeira inclusiva. Fazer o bem é tão salutar!
Por não possuir muita audiência nas redes sociais, uso este Canal BCS para propagar a minha mensagem agregativa. Que este Blog do Carlos Santos seja um fio condutor. Ultimamente eu me sinto assim: propenso a praticar a bondade, tornar minha existência uma ponte em vez de um abismo. Sinto a mais absoluta obrigação de ser benévolo com tudo e com todos à minha volta. Não é difícil, não custa nada ser amável, fraterno. E se custa é tão pouco que nem vale a pena calcular.
Venha! Não se deixe barrar pela inação ou timidez. Como antigas crianças que um dia todos nós fomos, embora alguns continuem crianças, troquemos nossa carranca, nosso ar sisudo por um sorriso de orelha a orelha. Sorrir também faz parte do processo de pacificação do espírito e do despertar daquilo que há de bom em nós. Eu mesmo, para ser franco, estou surpreso com minha repentina atitude em prol da paz e do amor entre todos os indivíduos. Pois é, nem sempre fui assim, voltado à resignação e à concórdia. Minha origem, minha fama, é de espadachim do verbo, atirador infalível sob a camuflagem das palavras de aço e fogo. Hoje, enfim, brinquemos dessa maneira. Porque isto, creiam, é algo bom, que infunde bonomia em cada um de nós.
Não tenhamos nojo, repulsa, àqueles que se encontram à noite dormindo sobre pedaços de papelão, rifados nas madrugadas de chuva ou de Lua, de estômagos vazios e cheios desesperança. Não joguemos, por exemplo, óleo quente sobre tais indivíduos. Não é desse tipo de banho que os sem-teto carecem. Não façamos tal barbaridade a ninguém. Abracemos seriamente a bondade. Experimente!
Aposto que você, tão logo pratique a caridade, há de se sentir mais leve, decerto livre daquele arraigado espírito de chumbo que nos torna cabisbaixos perante nossos irmãos, diante daqueles pobres-diabos que suplicam por nossa atenção, nossa misericórdia. Exercitar a bondade, ser ameno, repito, é algo possível, mesmo que a maior parte das pessoas desconfie do palavreado deste cronista e prefira não tomar parte nesse exercício que busca seriamente tornar a existência de outras pessoas menos sofrida.
Que sejamos benévolos sem tirar fotografias ajudando alguém com o celular na mão, fotografando tudo. Mas, se você não consegue realizar o bem sem expor essas pessoas, siga postando suas selfies nas vitrines do Facebook e do Instagram.
O importante, apesar da ostentação, é matar a fome dos necessitados, daqueles que certamente atravessam noites inteiras sem nenhuma comida. Brinquemos de ser justos, afáveis. A gentileza engrandece mais o cidadão bondoso do que a pessoa em situação de miséria. A vida, reparem bem, é muito bela e boa para todos nós que temos um teto, que podemos contar com amigos nas horas difíceis, pessoas que estão do nosso lado nos momentos alegres e nas situações mais complicadas.
— Isso é realmente uma crônica ou literatura de autoajuda?! — talvez alguém assim me fustigue no espaço reservado à opinião dos leitores. Que seja! Não tem problema. Pois se neste exato momento minha escrita for de autoajuda e ela ajudar alguém de algum modo, senhoras e senhores, eu já me sentirei recompensado. Isso, todavia, não vem ao caso. O que de fato proponho, aqui e agora, é que brinquemos seriamente de ser bons, que pratiquemos a gentileza sem olhar a quem, conforme está nas Escrituras. Pois há poucos com tanto e muitos sem nada (perdoem o jogo de palavras). Às vezes me pergunto por que tamanha desigualdade e falta de comunhão. Não pensemos que no apagar das luzes levaremos alguma fortuna para o sepulcro.
A frase não é minha, aviso logo, porém “gentileza gera gentileza”. Agradeçamos a dádiva de sermos o que somos e possuirmos um coração e uma mente que nos tornam superiores a certos animais. Mas não somos melhores, por exemplo, que um beija-flor ou um cãozinho abandonado. Apesar de tudo, graças ao Altíssimo, somos a espécie dominante. Apenas carecemos de praticar mais a bondade.
Marcos Ferreira é escritor