Por Ney Lopes
Enquanto há anos, a classe política do RN não dá a menor importância a proposta de instalação de um polo exportador e turístico no estado (zona de livre comércio), pelo fato do RN ser o ponto mais perto da Europa e África, o PCC (Primeiro Comando da Capital) e o Sindicato do Crime, as maiores facções do Brasil, escolheram o litoral do RN como ponto de escoamento de drogas e armamentos, justamente pela nossa posição geográfica nas Américas.
Infelizmente, a visão estratégica da marginalidade está à frente das nossas lideranças.
Hoje, 19, o jornal o Globo, publica em manchete: “Rio Grande do Norte: assassinato em 2013 rachou facção e originou quadrilha que lidera os ataques”. A BBC, no seu boletim, relata as ações das facções do crime organizado com atuação no RN.
A facção, denominada o Sindicato do Crime tem expandido a sua área de domínio com ações violentas, obrigando o PCC buscar refúgio em municípios mais afastados da capital Natal.
A organização nasceu em 2013, por uma dissidência com o PCC, dentro da Penitenciaria estadual. Atualmente teria cerca de 5 mil criminosos ligados à facção no estado.
Segundo as investigações, o Sindicato ganhou força e hoje está mais presente em ruas e presídios estaduais.
Juliana Melo, antropóloga e professora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte explica que a nova facção usou o modelo do PCC e todos os integrantes precisam contribuir mensalmente para a “caixinha”, que dá direito a alguns “benefícios”, como acesso a advogados e assistência a familiares, em caso de prisão.
Atualmente, a facção potiguar – Sindicato do crime – praticamente detém o monopólio do tráfico de drogas na Grande Natal.
Os rivais (PCC) estão concentrados em Mossoró.
O que está em jogo com a disputa, além do mercado interno, é também um ponto estratégico da rota do tráfico internacional.
O Grande Natal, inclusive o porto marítimo, é disputado pela vizinhança com Europa, África e o canal do panamá.
Investigações apontam que o RN recebe drogas que entram pelas fronteiras no Norte do país, passam por Acre, Rondônia e Amazonas, e são remetidas para a Europa.
A onda atual de violência estaria ligada a ações policiais anteriores, há uns 15 dias –quando houve um enfrentamento a infratores e alguns vieram a óbito, sendo apreendida grande quantidade de drogas e armas- que inquietou a delinquência, levando-os a enfrentar as forças de segurança.
O que mais incomodaria os detentos é o corte nos telefones celulares, que “impede” as comunicações pessoais.
Sobre as alegações dos insurretos, de que haveria maus tratos na penitenciária a governadora Fátima Bezerra afirmou que as denúncias serão apuradas “por meio de uma investigação profunda”.
O juiz titular da Vara de Execuções Penais, Henrique Baltazar, afirmou que “quanto à situação da comida, apesar da quantidade fornecida ser até mais de 600g, por exemplo, o almoço é razoável, agora a qualidade não posso atestar. Escutamos que algumas vezes a comida possa estar podre ou azeda, mas em todas às vezes que fui em presídios não constatei a situação”.
O que se espera é a volta à normalidade no RN e que esses fatos sejam exemplos para os demais estados.
O poder público – federal, estadual e municipal -, com a colaboração da população, como recomenda a Constituição, deve, com urgência, enfrentar a questão da segurança pública.
O país exige soluções.
Ney Lopes é jornalista, advogado e ex-deputado federal
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