domingo - 07/12/2025 - 11:22h

Textualidades digitais (II)

Por Marcelo Alves

Arte ilustrativa com recursos de Inteligência Artificial para o BCS

Arte ilustrativa com recursos de Inteligência Artificial para o BCS

Como aqui dito na semana passada (veja AQUI), a escrita, a “memória de humanidade”, sob certo sentido, “torna estático o jogo livre do pensamento. (…) A palavra escrita não escuta o que diz seu leitor. Não toma conhecimento de suas perguntas e objeções”; doutra banda, a sabedoria/ensino oral “propicia uma grande variedade de erros criativos, com as possibilidades de serem corrigidos e contraditados” (George Steiner, “Lições dos mestres”, Record, 2005).

Ademais, na sabença oral, motivados pela sua instantaneidade e interatividade, para além do conteúdo estritamente lógico do discurso, podemos apreender o tom exato, os efeitos indiretos, as intenções ocultas do orador. Talvez por isso, Platão, genial estilista da escrita e dos diálogos, paradoxalmente, tenha advogado ser somente a palavra dita face a face capaz de conjurar a verdade e assegurar um ensino honesto.

Mas é possível conciliar essas duas realidades – memória e flexibilidade – aparentemente incompatíveis? Um caminho auspicioso parece ser o das textualidades/literaturas digitais contemporâneas, superpotencializadas com a revolucionária Internet e que sequer imaginamos onde vai parar com a imprevisível Inteligência Artificial.

A definição de literatura digital ou eletrônica – também chamada de ciberliteratura, infoliteratura, literatura cibernética, e-literatura e literatura computacional – deve levar em consideração, como explicam Andréa Catrópa, Vinícius Carvalho Pereira e Rejane Rocha no “Glossário LITDIGBR – Literatura Digital Brasileira” (texto disponível na Internet), “o fato de que ela não se restringe a um gênero literário, a um estilo ou a um tipo de texto. Se tais elementos são importantes para a sua caracterização, igualmente imprescindíveis são os aspectos relacionados à materialidade dos textos e dos ambientes em que se inscrevem, seus modos de circulação e as relações entre os produtores, os consumidores, as instituições e o mercado, todos insertos no contexto da digitalidade. A literatura digital/eletrônica caracteriza-se por sua natureza limiar e experimental, o que exige uma abordagem multidisciplinar para sua compreensão”.

“Falamos” assim das “textualidades digitais” como as formas de “escrita” e comunicação – ubiquamente presentes na nossa vida, diuturnamente ressurgindo repaginadas e que cada vez mais fazem do nosso cotidiano mundo virtual – proporcionadas pelos já “antigões” processadores de texto (o Word, por exemplo), os muitos sistemas/aplicativos de mensagens/chats (e-mail, WhatsApp, Telegram, entre outros) e as mais diversas redes sociais (como o Facebook, o Twitter/X ou o Instagram), além de blogs, vlogs, plataformas de vídeo/streaming, comunicação via emojis, GIFs ou memes, histórias fanfics e por aí vai.

Essas textualidades/literaturas digitais são sobretudo caracterizadas pela: (i) multimodalidade, combinando diferentes linguagens, como a escrita/textual, a visual (imagens, vídeos, emojis), a sonora (em podcasts e mensagens de voz) e mesmo curiosas animações (GIFs); (ii) hibridez, pois aproveitam/mesclam características de gêneros tradicionais com as potencialidades dos gêneros digitais, como a carta evoluindo para o e-mail ou a combinação de texto e voz dominando os papos no WhatsApp; (iii) intertextualidade, fazendo ligações entre diferentes textos ou conteúdos, por meio de hiperlinks, que permitem explorar além e esquadrinhar toda uma temática; (iv) objetividade, pois muitíssimas vezes seus textos/conteúdos são bem mais curtos e diretos que os textos tradicionais;  (v) instantaneidade, pois, em redes sociais, chats etc., eles se dão e se propagam imediatamente; e (vi) interatividade, pois incluem a participação ativa e constante do leitor/usuário, que curte, repercute, comenta, interrompe, debate, contradita, corrige, compartilha e mesmo desenvolve o texto/conteúdo.

De fato, de maneira fascinante, as textualidades digitais, multimodais, instantâneas e interativas, podem vir a ser “um retorno à oralidade, ao que Vico chamaria de ricorso”.  Essas características podem restaurar as maravilhas de uma sabedoria mais autêntica, como a praticada por Sócrates, dramatizada por Platão e inspirada por Jesus.

Marcelo Alves Dias de Souza é procurador Regional da República, doutor em Direito (PhD in Law) pelo King’s College London – KCL e membro da Academia Norte-rio-grandense de Letras – ANRL

Compartilhe:
Categoria(s): Crônica
domingo - 07/12/2025 - 10:48h

Não o convenceu

Por Bruno Ernesto

Foto do autor da crônica

Foto do autor da crônica

Observar. Só observar, tem muitas vantagens.

Apesar de gostar muito de fotografias, em especial em preto e branco, nunca fui um exímio fotógrafo.

Muito pelo contrário, estou equidistante entre o regular e o semiamadorismo. Entretanto, não me falta disposição e teimosia.

Aliás, sempre gosto de dizer que a teimosia é inegociável. Pois bem.

Além de um bom equipamento fotográfico – acredito eu -, me falta uma característica fundamental a um fotógrafo: paciência.

Não é que não tenha. Até tenho; só não muita. Se tiver calor, menos ainda.

Aliás, assim como na falta de um bom café sem açúcar, no calor, me falta é o juízo inteiro e nunca será um bom momento para resolver certos assuntos ou quizila.

Fotografar como passatempo – com é o meu caso – precisa da mesma calma, tempo, disposição, serenidade, criatividade e, sobretudo, sensibilidade exigida para se escrever um texto literário.

Muito embora tenha esse déficit fotográfico, nos últimos tempos, com o auxílio e o incentivo da minha esposa – que é exímia fotógrafa -, tenho procurado praticar e aperfeiçoar essa arte; embora, geralmente, meus registros sejam feitos despretensiosamente.

Acredito que a cada cem fotos, uma ou duas fiquem realmente apresentáveis.

Como num pleonasmo, gosto de capturar cenas do cotidiano diário; ver gente e a vida pulsante da cidade, seus personagens, lugares e, sobretudo observar o movimento frenético dessa central que se inicia ainda pela madrugada, e vai se amainando já pelo meio da manhã, como toda e qualquer central de abastecimento de alimentos em qualquer lugar do mundo.

Dia desses, passando bem cedo pelo centro da cidade – antes das seis e meia – bem em frente à central de abastecimento (Mercado da Cobal), um dos lugares – talvez – mais bem frequentados da cidade, uma cena me chamou bastante atenção.

Enquanto aguardava o sinal de trânsito abrir, escutava as notícias do rádio – sim, sou ouvinte assíduo de rádios – e tentava organizar mentalmente o meu dia quando, de dentro do carro, percebi que dois homens conversavam na esquina ali, bem ao meu lado.

Um deles – o ouvinte – tinha a barba grande e descuida; cabelos retorcidos e convulsionados; calçava havaianas e vestia camiseta e calção amarrotados, como quem tivesse há dias com a mesma roupa e sem tomar um banho;

Sentado bem ali na calçada da esquina – olhos inchados -, tinha as mãos soltas e descansadas entre as pernas.

Estava totalmente inerte e num estado indescritível de afastamento e melancólica visão perdida no infinito.

De tão profundamente perdida, não indicava qualquer conexão com o mundo, no meio daquele vai e vem de carros e, certamente, muito barulho.

Ao seu lado direito, porém não tão próximo, jaziam duas sacolas pretas, uma garrafa pequena de uma marca de água mineral conhecida. No asfalto, encostado no meio-fio, uma sacola plástica branca.

Já encostada à sua perna direita, havia uma sacola plástica branca, o que parecia ser uma garrafa plástica de refrigerante de um litro sem o rótulo e, ao alcance imediato de sua mão, duas garrafas pequenas, rechonchudas, com tampas brancas enroscadas, como se dois pequenos barris fossem.

No rótulo dessas duas pequenas garrafas em formato de barril – depois pude ver – havia uma silhueta feminina em pose sensual.

Paradoxalmente à postura daquele homem ali sentado e intrigantemente inerte, outro – bem aparentado, de tênis e boné -, se postava de pé bem diante dele e, gesticulando os braços, com veemência e vigorosamente, aparentemente vociferava aos brados e colericamente, como se o tentasse convencer de algo. Talvez um conselho.

Dez segundos se passaram entre eu parar o carro e o sinal abrir. Consegui uma sequência de quatro fotos e precisei seguir.

Trinta minutos após meu compromisso, na volta, passei pela mesma esquina – agora no outro sentido da via – e lá ficaram apenas a garrafa pequena de uma marca de água mineral conhecida e a garrafa plástica de refrigerante de um litro sem o rótulo.

Aparentemente, o homem de boné não o convenceu.

Bruno Ernesto é advogado, professor e escritor

Compartilhe:
Categoria(s): Crônica
  • Art&C - PMM - PAE - Outubro de 2025
domingo - 07/12/2025 - 09:36h

Vida boa é a dos outros

Por Odemirton Filho

Arte ilustrativa com recursos de Inteligência Artificial para o BCS

Arte ilustrativa com recursos de Inteligência Artificial para o BCS

Um dia desses, eu tomava um café lá em Duart´s, de propriedade dos amigos Toinha e Rafael Arcanjo, no centro da cidade de Mossoró. Como de costume, papo vai, papo vem. Depois de um certo tempo, chegou ao estabelecimento, uma senhora, de uns setenta e poucos anos. Sentou à mesa, pediu um café e perguntou quanto custava uma fatia de bolo.

Ao saber o valor (que não é caro), recusou. Então, pedi aos proprietários que lhe servissem. Ela me olhou, agradecida, e conversamos um pouco. Falou-me que tinha vindo ao centro da cidade para receber o seu “aposento”.

Após tomar o café e comer o pedaço do bolo, a senhora abriu a sua bolsa, retirando uma cédula de vinte reais. Porém, como eu tinha lhe oferecido o desjejum, não deixei que efetuasse o pagamento.

Ela, para o meu espanto, começou a chorar, lágrimas escorreram pelo seu rosto. Eu pedi para que se acalmasse, pois o que fiz foi apenas um ato de gentileza.

Ela agradeceu, guardou o dinheiro em sua bolsa e se despediu. Foi cuidar da vida, como me disse. Quando fiquei sozinho, fiquei a imaginar quais os problemas àquela senhora estivesse atravessando. Talvez, fosse arrimo de família, e precisasse economizar os vinte reais para findar o mês.

Com se sabe, cada um de nós enfrenta inúmeras batalhas. São problemas emocionais, de saúde, financeiros ou com algum membro da família. Ninguém, absolutamente ninguém, consegue mensurar as lutas que o outro está enfrentando.

“Vida boa é a dos outros”, costuma-se dizer. No entanto, é no fundo da alma, na solidão dos nossos pensamentos, que digladiamos dia e noite com os nossos problemas. A vida não é fácil. Nunca foi. Nunca será.

Por isso, um ato de gentileza pode ser um lenitivo para alguém. No mais das vezes, não precisa ser dinheiro. Quem sabe, apenas uma palavra de conforto, um sorriso, um abraço, ou um simples café, sejam suficientes.

Odemirton Filho é colaborador do Blog Carlos Santos

Compartilhe:
Categoria(s): Crônica
domingo - 07/12/2025 - 08:38h

O assassinato da palavra (“Palavricídio”) e o alfabeto infantil dos Emojis

Por Marcos Araújo

Arte ilustrativa com recursos de Inteligência Artificial para o BCS

Arte ilustrativa com recursos de Inteligência Artificial para o BCS

Um dos fenômenos linguísticos desse tempo da digitalidade é a substituição da palavra pela figuração de um emoji. A humanidade, que um dia produziu Homero, Cervantes, Dante e Machado, agora se contenta com um polegar apressado e um rostinho amarelo piscando. Que triunfo.

Passamos milênios aperfeiçoando a linguagem — essa máquina complexa capaz de erguer filosofias, ciências e tragédias — para hoje substituí-la por um catálogo de figurinhas. É a consagração do Homo Sapiens versão fast-food: mastiga menos, pensa menos, fala menos. Basta um emoji e pronto: você comunica tudo… ou melhor, nada com aparência de tudo.

Não se trata de nostalgia filológica; trata-se de constatar um fenômeno linguístico preocupante: a regressão voluntária da competência verbal. A substituição sistemática de palavras por emojis não representa modernização, mas infantilização expressiva. E infantilização não no sentido doce: infantilização cognitiva, aquela que encolhe o pensamento ao tamanho de um balãozinho colorido.

O problema não é o emoji — o problema é o que ele substitui. Quando o ícone ocupa o lugar da frase, não economizamos tempo: empobrecemos o repertório mental. A linguística é clara e cruel: palavras não são ornamentos, são instrumentos de raciocínio. Ao abandoná-las, abrimos mão da única tecnologia capaz de organizar ideias complexas. O emoji, afinal, não argumenta; apenas sinaliza emoções básicas.

Há quem romantize o fenômeno, comparando emojis a hieróglifos. É uma analogia conveniente — e profundamente equivocada. Os hieróglifos eram sistemas semânticos sofisticados; os emojis são reações emocionais pré-fabricadas. Confundir ambos é o primeiro sintoma da crise linguística que fingimos não ver.

A linguística explica, mas o cotidiano comprova: quando você reduz palavras, reduz sentidos. Cada palavra abandonada é um conceito amputado, uma nuance enterrada viva. E ainda há quem comemore: “olha que lindo, agora todo mundo se entende!” Sim, claro. Basta reduzir a humanidade ao vocabulário emocional de uma criança de dois anos. Universalidade garantida.

Se a palavra é a espinha dorsal da civilização, o emoji é sua vértebra de plástico: simpática, decorativa e absolutamente incapaz de sustentar qualquer estrutura que não desabe ao primeiro vento.

Mas o melhor — ou o pior — é a ilusão de profundidade. O sujeito manda um 😔 e acredita ter comunicado sofrimento existencial. Um 😂 resolve qualquer conversa. Um ❤️ substitui qualquer afeto. É a terceirização absoluta das emoções: não formulamos mais sentimentos, escolhemos ícones.

Não deixa de ser trágico assistir à humanidade, orgulhosa de sua própria racionalidade, entregando sua herança linguística em troca de conveniência. Talvez, quando a última biblioteca silenciar, sobre apenas um símbolo iluminado na tela.

Provavelmente um 👍

Marcos Araújo é professor da Uern, advogado e escritor

Compartilhe:
Categoria(s): Crônica
  • San Valle Rodape GIF
domingo - 07/12/2025 - 07:30h

Missão cumprida

Por Marcos Ferreira

Arte ilustrativa com recursos de Inteligência Artificial para o BCS

Arte ilustrativa com recursos de Inteligência Artificial para o BCS

Como era de se esperar, estou de volta à crônica, esse tipo de escrita ainda marginalizado ou depreciado perante as demais categorias literárias. De um modo geral, e isto não é novidade, o romance, o conto e a poesia têm maior público. Exatamente nesta ordem. Porém, ao que me parece, aqui a crônica possui certa firmeza junto aos seus adeptos e amantes. Pois é, tenho essa impressão. Neste município, e decerto em nosso estado, a produção dos cronistas faz algum sucesso. Conforme declarei, então, estou outra vez na pequena área tentando cavar um pênalti. Quem sabe assim, ao contrário das tentativas anteriores, eu consiga marcar um golzinho.

Publiquei neste blogue, até o domingo passado, ao longo de vinte e sete semanas ininterruptas, um romance denominado “O Efeito Casulo”. Do ponto de vista do ibope, entre outros, foi um grande fiasco. É isso aí. Apenas uns oito ou dez leitores, se não estou sendo otimista demais, acompanharam e emitiram suas impressões a cada capítulo. Eu já esperava pelo desinteresse da maior parte dos leitores. Alguns entendem tanto de romance quanto de engenharia atômica.

Outros, embora familiarizados com o gênero, optaram friamente pelo silêncio e indiferença. Esses (não todos, obviamente) são os que talvez não gostem deste autor e torceram, de modo secreto, que me faltasse fôlego para a empreitada de verter tal obra à maneira de folhetim.

Nada de extraordinário, nada de incomum. A arte, lançando mão de um termo mais abrangente, padece de inanição, de falta de prestígio ou audiência desde o tempo das pinturas, dos hieróglifos e desenhos em paredes de cavernas. O artista, independente da modalidade artística, sempre foi e permanece um animal ameaçado de extinção.

Todavia esse mesmo animal se mostra um tipo de fênix que prossegue renascendo das próprias cinzas, como na história da ave mitológica. Porque o que deveras rende cliques no universo virtual de hoje em dia são duas coisas díspares e insuperáveis: celebridades e tragédias. Sangue ainda vende jornais. Os veículos impressos foram quase todos aniquilados pelo imparável advento da Internet, no entanto os telejornais, blogues, sites e portais continuam com notável êxito financeiro.

Não imaginem que esta retomada da crônica tem o intuito de resmungar devido à pífia repercussão de “O Efeito Casulo”, que vem a ser o segundo romance que publico no BCS — Blog Carlos Santos. O primeiro foi “A Cidade que Nunca Leu um Livro”, cuja receptividade teve melhor resultado. Estou de bem comigo e vacinado contra melindres ou queixumes em relação ao leitor deste espaço. Totalmente longe do sentimento de que ofereci (ou ofereço) pérolas aos porcos.

A sensação que guardo, apesar do registro de malogro editorial, é que cumpri a missão que reservei para mim próprio. Quanto ao resto, sem nenhum rancor ou falsa modéstia, digo que valeu a pena cada página, cada capítulo gestado. Sou um escritor obscuro, por mais que os amigos digam o contrário, entrementes realizo com pleno amor e paixão este honroso sacerdócio da literatura.

Marcos Ferreira é escritor

Compartilhe:
Categoria(s): Crônica
domingo - 07/12/2025 - 05:42h

Comadre

Por Honório de Medeiros

Ilustração de Jok em página do autor da crônica

Ilustração de Jok em página do autor da crônica

O que mais me impressionava em Comadre, como todos nós a chamávamos, no aspecto físico, era seu rosto.

Nele, o sol e o suor escavaram miríades de rugas finas a recortar sua pele morena, gretada, compondo uma teia que aprisionava nosso olhar imediatamente.

Depois, as mãos. Mãos como garras. Fortes. Calosas. Descoradas por anos a fio de sabão e água.

Por fim sua vestimenta: sempre um vestido de cor clara, chita humilde, o mesmo modelo, de mangas compridas – que ela, por razões óbvias, usava arregaçadas – que ia até o tornozelo, tudo encimado por uma espécie de coroa de pano branco de margens largas, propositadamente feitas para receber e acomodar o saco de roupas a serem lavadas.

Pois Comadre, como se pode perceber do texto, era a lavadeira não somente lá de casa, mas de praticamente toda a família.

Estava sempre feliz. Na minha meninice de bicho arredio, dado aos livros e devaneios, alternados por impulsos nervosos de convivência alegre, sua gargalhada compunha o sábado, assim como o carneiro guisado e o cuscuz molhado na graxa, na hora do almoço.

Lá em casa, mais aos sábados do em qualquer outro dia por conta da feira, até o meio da tarde o vai-e-vem e converseiro era permanente.

Entrava-se e saiam. Saiam e entravam.

Todos confluíam para a área-de-serviço, contígua à cozinha: O leiteiro, a lavadeira, o pessoal que vinha com a feira semanal, parentes de outras cidades, aderentes, contraparentes, amigos, amigos dos amigos.

Todos embalados por uma xícara de café e pão com manteiga.

Conversava-se, cantava-se, declamava-se, discutia-se, fofocava-se, trocavam-se receitas de bolos e de remédios.

Naquele local, sem que me desse conta naquela época, a solidariedade fincava raízes e se propagava: todos se uniam para se amparar mutuamente.

Escutavam-se mágoas, partilhavam-se alegrias, construía-se teimosamente a delicada trama de uma vida ancestral, fadada a desaparecer, na qual todos formavam a unidade, e a unidade era a sobrevivência.

Comadre, então, como eu diria muito tempo depois, quando o passado passou a interromper cada vez mais meu presente, era um modelo de sobrevivência.

Paupérrima, viúva ainda jovem, criou sua dezena de filhos lavando roupa e sempre com aquela alegria de viver que me deixa, ainda hoje, perplexo e angustiado.

Poderia ter sido um personagem de um Tolstoi tardio, quando o cristianismo primitivo passou a ser sua segunda natureza.

Vezes sem conta, quando próximo de sua tão sonhada aposentadoria, eu lhe perguntei: “Comadre, por que a senhora é tão feliz?”

“Meu filho”, respondia-me com aquele seu sorriso luminoso estampado na face engelhada, “Deus não nos quer tristes.”

“Mas Comadre”, retorquia eu, “e o sofrimento que nós vemos no mundo?” “E a violência, a fome, as doenças…?”

“Olhe, meu filho, como posso duvidar de Deus? Ou acredito ou não acredito.”

E seguia lépida e fagueira, a chistar, trouxa na cabeça, alegre, feliz, sem sequer desconfiar que sua lógica simples dera um nó em toda a minha metafísica.

Honório de Medeiros é professor, escritor e ex-secretário do Governo do RN e da Prefeitura de Natal

Compartilhe:
Categoria(s): Crônica
  • San Valle Rodape GIF
domingo - 07/12/2025 - 03:26h
Conversando com… Felipe Nunes

“O Brasil em Nove Bolhas” é marcado por frustrações e ressentimentos

Por Pedro Doria do Canal Meio

Pedro Dória conversa com Felipe Nunes num bate-papo revelador da cara e pensamento do brasileiro (Foto: Canal Meio)

Pedro Dória conversa com Felipe Nunes num bate-papo revelador da cara e pensamento do brasileiro (Foto: Canal Meio)

Nos acostumamos a dizer que vivemos em bolhas. Agora, temos a evidência científica de que é verdade. Saiu semana passada O Brasil no Espelho, novo livro do cientista político Felipe Nunes, fundador e diretor da Quaest Pesquisas. O livro traz o resultado da mais profunda survey realizada no Brasil com o objetivo de mapear quais são nossos valores. Em 2023, sob encomenda do Grupo Globo, Felipe e sua equipe caíram no país para realizar mais de dez mil entrevistas com um questionário que leva algo próximo de duas horas para ser completado. Raramente pesquisas de opinião vão tão fundo para compreender o que pensam as pessoas.

O retrato que ele encontrou não é bonito. Somos uma sociedade em que parte importante está mobilizada pelo ressentimento e, a outra, pela frustração de que lhe prometeram muito e pouco foi entregue. Não bastasse, a experiência de viver no Brasil é dura. O brasileiro não se sente seguro com a economia, com a possibilidade de manter seu lugar na sociedade e, claro, por conta da criminalidade. Somos um povo muito religioso, muito dedicado à família e com uma profunda desconfiança um do outro. Não confiamos no próximo. Ser brasileiro é sentir-se sozinho no mundo, sem ter com quem contar.

Se este é o retrato geral, no particular nos dividimos em nove bolhas distintas. Três se alinham com a esquerda e, quatro, com a direita. Duas flutuam. A boa notícia é que a bolha de extrema direita é a menor de todas. Não é insignificante, são seis milhões de brasileiros, mas juntos representam 3% do todo. São estes que desejam substituir a democracia por uma ditadura. A maioria dos eleitores de Jair Bolsonaro não quer isso. Se votaram nele é porque rejeitam o PT.

Os dois grupos que flutuam agrupam 5% cada. De um lado, os liberais sociais. Fundamentalmente democráticos, urbanos, cosmopolitas, leem muito. São de uma classe média tradicional. Desejam uma economia liberal e um Estado de bem-estar social. Se votaram em Lula foi por repulsa a Bolsonaro. Mas têm horror à política externa do governo, e esta lhes é muito importante. A política econômica é outra que os afasta.

Ao seu lado estão os empreendedores. Fizeram faculdades ruins, criadas nos primeiros governos Lula, e com o ensino capenga não encontraram o trabalho bem pago que lhes havia sido prometido. Assim, dirigem carros de aplicativo e fazem entregas. Não querem ajuda do Estado, acreditam no próprio trabalho. Votam em Lula, em 2022, por razões econômicas. Se afastaram dele quando o governo tentou regular os aplicativos. Se atraíram por Pablo Marçal, na eleição municipal paulistana. Não é ideologia que os move, mas a busca por crescer. Votarão em quem sentirem que tem mais chance de oferecer um país onde melhorar de vida com as próprias mãos é possível.

São eles, na avaliação de Felipe, que definirão o vencedor da próxima eleição. A seguir, a entrevista, que também pode ser assistida em vídeo na edição especial do Conversas com o Meio, disponível em nossa exclusiva plataforma de streaming.

Acho que precisamos começar do básico. Como descobrimos, numa pesquisa, os valores das pessoas?

Existe um grande projeto sobre valores chamado World Value Survey, conduzido por muito tempo pelo professor Ronald Inglehart (1934-2021). A base dessa conversa parte do princípio de que os valores de uma sociedade dependem fundamentalmente de quanto tempo, na sua socialização primária, você viveu sob segurança física, emocional e mental. Com quanto de instabilidade você viveu. O que o Inglehart nos ensina é: sociedades que ficaram muito tempo vivendo guerras, instabilidade e processos de escassez acabam desenvolvendo pessoas com valores mais conservadores na média. Enquanto sociedades que viveram abundância, estabilidade e paz econômica, social e política, acabam desenvolvendo valores mais autoexpressivos, em que você se permite sair do básico da sobrevivência para se expressar, experimentar e inovar. Nós, então, selecionamos uma bateria de questões em 11 diferentes dimensões que vão desde família, religiosidade, tradição, individualismo, meritocracia, confiança, honestidade, segurança e ideologia. Submetemos os brasileiros a essa conversa longa sobre o que eles pensam, acreditam, desejam e temem.

Se entendi bem, por esta classificação, há duas maneiras essenciais de encarar a vida. Uma conservadora e a outra, autoexpressiva — a liberdade de se expressar e experimentar. Costumamos pensar no brasileiro como conservador. Somos?

Somos. Este é um livro que fala muito sobre tradição e conservadorismo. O Brasil é um país que se autoidentifica como mais de centro-direita. Estamos falando de um país conservador tradicional. Por quê? Porque na essência do país está a convicção de que Deus é muito importante na vida do brasileiro, independentemente da religião. A família organiza um centro fundamental de motivações, expectativas e medos. Nós nos tornamos, nos últimos anos, um povo mais individualista e menos coletivista, achando que as soluções serão resolvidas basicamente pelo indivíduo. Você sente que não pode contar com ninguém, a não ser a sua família e Deus. Então essa combinação do fatalismo religioso — o “vai com Deus”, o “se Deus quiser” —, junto à importância da família e desse individualismo constitui uma visão conservadora.

Isso não é claro para mim. Costumo pensar nas três macroideologias: conservadorismo, liberalismo e socialismo. O conservadorismo bota a família no núcleo, o liberalismo bota o indivíduo, e o socialismo bota a sociedade. Quando você fala da liberdade de se expressar e experimentar, imediatamente pensamos numa sociedade liberal. Moderna. Mas você sugere que sociedade está simultaneamente mais individualista e mais ligada à família. Menos disposta a experimentar. O que é esse individualismo? Não é o individualismo liberal?

Não. Estou falando do individualismo do ponto de vista da confiança mútua. O Brasil não acredita em solidariedade. Para vencer na vida, você não vai conseguir ter o apoio de ninguém. Depende de si. Isso está muito ligado ao crescimento na sociedade da ética protestante do capitalismo, onde o sucesso para chegar no céu é, no fundo, ter sucesso na Terra. Mas o nosso é um sucesso sem a colaboração dos outros. Sem solidariedade.

A ideia de ética protestante que o sociólogo alemão Max Weber descrevia era de um mundo se liberalizando, onde a comunidade era uma infraestrutura que permitia o crescimento porque acordos aconteciam entre as pessoas.

Sim. Mas, no Brasil, não é isso que a gente está vendo. O que identifico no Brasil no Espelho é o inverso. Cada um por si. Quanto mais pobre se é, maior a dimensão de que ninguém vai colaborar. Desse lugar do individual, onde você acha que está sozinho e não tem solidariedade coletiva, desdobram-se duas consequências impressionantes. Uma é que estamos voltando a viver em tribo. Só que não chamamos mais de tribos. Chamamos de bolhas.

Este é um retrocesso. Mas, hoje, nos sentimos confortáveis quando todos à volta pensam como nós. Visões críticas incomodam. A outra consequência é que essa sociedade individual do esforço não coletivo está ancorada no que, acho, é nosso maior problema: o Brasil é um dos países com maior grau de desconfiança interpessoal. “Desconfio do vizinho, de quem trabalha comigo, de quem vota diferente; só confio na família.” O que vemos no espelho quando de um lado há desconfiança e, do outro, bolhas? Preconceito, violência, discriminação. Isso leva para um lugar que não tem nada a ver com o liberalismo no enunciado da sua pergunta.

Este é o desenho de uma sociedade dura de viver.

Mas é duro viver no Brasil. Não é? Tem violência. Tem desigualdade, muito preconceito. Tudo isso somado gera, frustração e ressentimento.

Vamos explorar essa ideia de ressentimento? É o afeto predominante nas democracias liberais faz uns 10 anos. Tem um corte circulando nas redes, de uma entrevista sua ao Pedro Bial, onde fala do momento em que percebeu esse ressentimento. Conta essa história?

A gente faz uma bateria de perguntas que envolve basicamente a ideia: “Pedro, nos últimos 20 anos, você ou pessoas como você melhoraram de vida?”. Quando analisamos os subgrupos, os homens, em geral brancos, que moram no Sul/Sudeste e têm renda alta, respondem que não melhoraram de vida. Em compensação, as mulheres, as pessoas de renda baixa, do Nordeste, católicas e pretas dizem que sim, melhoraram de vida. Até aí, é um conflito sobre redistribuição. Certo?

Sim

Mas aí vem a próxima pergunta: “Independentemente do que aconteceu com a sua vida, na sua avaliação, aqueles que melhoraram na sociedade brasileira nos últimos 20 anos, mereceram melhorar?” Os pretos, mulheres, nordestinos e pobres dizem que sim. Mas o outro grupo — homens brancos, Sul/Sudeste, renda alta — diz: não. Aqueles que melhoraram não mereceram. Aí é a deflagração de um conflito social. O ressentimento é produto de visão de status. É como se as regras para chegar na melhora estivessem erradas. Como se jogo estivesse errado.

Você conhece o conceito do elefante de Milanovic?

Claro.

Porque, em parte, é o que você está descrevendo, não é? O economista sérvio Blanko Milanovic mostra isso num gráfico que lembra o contorno de um elefante. Os muito miseráveis, que começam lá embaixo na calda, subiram muito no período da globalização. A classe média da Ásia floresceu (o dorso do elefante), mas a classe média do Ocidente estagnou e os operários desceram (a cabeça do elefante rumo à base da tromba). Aí vêm bilionários, tromba acima, que explodiram. É deste movimento nosso ressentimento?

"O ressentimento é produto de visão de status", mostra o cientista político (Foto: rede social)

“O ressentimento é produto de visão de status”, mostra o cientista político (Foto: rede social)

Sim. Os miseráveis que melhoraram muito rápido, na visão desses brasileiros críticos, melhoraram por programas sociais que não são considerados “mérito”. A classe média tradicional se sente achatada: os mais pobres estão se aproximando dela e os muito ricos ficando distantes. O brasileiro no livro fala com eloquência sobre isso.

Se você pensa com a cabeça da classe média tradicional, o que aconteceu é que os muito ricos ficaram muito mais distantes, e uma turma enorme ficou muito mais perto. Traz para o jogo as lojas online chinesas, e a turma da periferia passou a ter acesso a um tipo de consumo que antes só nós, da classe média tradicional, tínhamos. A diferença pelo consumo acabou em relação aos mais pobres, e os ricos ficaram muito longe.

Exato. O que é o espelho do Brasil na dinâmica social? Primeiro, uma visão de que a mobilidade é impossível, como se vivêssemos em castas. A casta de cima não quer que a de baixo suba, e a de baixo acha que não vai chegar lá por esforço. A outra coisa é que, para nós brasileiros, ter coisa é mais importante do que ser. O status social, no Brasil, é coisificado. Ele é baseado em quantas coisas você tem.

Mas deixa eu provocar, aqui. Um dos vídeos recentes meus que mais geraram irritação, vindo da esquerda, foi um no qual afirmei que, se você ganha R$ 15 mil por mês, já está colando ali no topo do 1% mais rico do Brasil. Um monte de gente ficou irritada dizendo que “eu não entendo o que é elite”.

É a demonstração clara desse diagnóstico. Porque não é só ter dinheiro, é que tipo de acesso esse dinheiro te dá. A irritação vem da compreensão de que R$ 15 mil não compram “coisa de rico”. Você tem que analisar que carro tem, que viagem faz. Quando as pessoas percebem que o outro, que em tese está mais baixo, passa a viajar de avião ou frequentar o shopping como você, isso irrita. Porque, na visão desse brasileiro ressentido, ele está fazendo isso sem mérito.

Para que serve o Estado para nós, brasileiros?

O Estado é uma unanimidade no Brasil. Todo mundo quer mais Estado. Para gerar qualidade de vida, cuidar, oferecer saúde e segurança. O Estado, para nós, ocupa o lugar que a relação de confiança ocupa em outras sociedades. Como você não confia no outro, precisa de muito Estado e muita lei. Mas. Veja, não é um Estado redistributivo, é um Estado distributivo. Ele tem que dar as mesmas condições para todo mundo. Se o pobre tem direito a um benefício, o rico também quer ter, mesmo que não precise. O brasileiro acredita na manutenção da desigualdade porque a maior parte acha que os pobres não fazem por merecer para melhorar de vida. E quem é o pobre nessa visão? Quem recebe até dois salários mínimos.

Mas então me explica isso: a classe C, a população da periferia urbana, cresceu concretamente. Mas votam nos mesmos candidatos que a classe média tradicional mais ressentida. O que acontece aí?

Vamos voltar no ressentimento. Houve uma promessa política de que, se você entrasse na universidade, viraria doutor. Quando essa primeira geração saiu com o canudo na mão, encontrou um mercado de trabalho aos frangalhos, incapaz de absorver essa mão de obra. Até porque o mercado não encontrou capital humano mais qualificado. Essas universidades novas não entregam este resultado. Isso produziu uma frustração gigantesca. O sonho de virar doutor se realizou no motorista do aplicativo ou na entrega do delivery. Os pais são pobres e valorizam os programas sociais, mas os filhos têm uma visão diferente: eles não acham que o Estado vai ajudá-los, porque carregam a frustração de não ter conseguido realizar o sonho da ascensão via diploma. Eles votam como a classe média estagnada porque estão frustrados. Você junta os ressentidos com os frustrados.

Parece que sua conclusão é de que uma das raízes fundamentais do nosso problema está na qualidade de ensino. A pesquisa tem dados capazes de mostrar isso?

Sim. Fizemos tipo um “ENEM” com quatro perguntas sobre a realidade do país. Se o PIB está subindo ou descendo, depois o mesmo sobre desemprego, homicídios e mortes na Covid. Quarenta de dois por cento dos brasileiros não acertaram nenhuma das quatro perguntas. A média de acerto foi 0,82 em 4. Mas fica mais desafiador: perguntamos quantas perguntas eles achavam que tinham acertado. A média da autoavaliação foi 2,82. Acharam que acertaram mais da metade. Ou seja, vivemos a “ilusão do conhecimento”. As pessoas acham que sabem muito mais do que sabem de fato. Qual a consequência disso no debate público? É conversar todo dia com gente que acha que sabe e vai ficar tentando convencer a você de que está certo. Faz isso com um grau de convicção que anula qualquer capacidade de diálogo, debate, escuta. Quando tento confirmar meu viés, meu conhecimento equivocado, produzo no outro uma irritação enorme. O outro também acha que sabe. Somamos ressentimento, uma sociedade dividida em tribos e com ilusão do conhecimento. A consequência disso também não é democracia, é o contrário. É convicção e não debate. É dogma e não visão crítica.

Existem duas fontes de redução dessa ilusão: educação e jornalismo profissional. Quanto mais escolarizado, menor a ilusão do conhecimento. É o “só sei que nada sei”. E, olha que curioso: os homens acertam mais que as mulheres na prova. Sabe por quê? Porque chutam mais. As mulheres admitem com mais frequência o “não sei”.

Então qual a diferença entre homens e mulheres do ponto de vista de valores?

As mulheres são o motor das mudanças de valores no Brasil. Os homens são a âncora conservadora. O que é esperado do masculino ainda é muito tradicional: força, trabalho, coragem, proteção. Para o feminino, ainda se espera cuidado, mas agora também se espera trabalho e, veja, dupla coragem: coragem para mudar o status quo e coragem para lidar com o perigo do mundo. O Brasil é um país muito hostil à mulher. Vinte e cinco por cento dos brasileiros dizem ter sofrido discriminação de raça. Mas 38% das mulheres dizem ter sofrido discriminação de gênero. Como 20% dos domicílios são compostos exclusivamente por mulheres e metade já é chefiado por elas, esse protagonismo está empurrando a conversa sobre valores para uma visão mais autoexpressiva, enquanto os homens continuam conservadores.

Vamos entrar em esquerda e direita, então? Que tipo de gente tende a ser de esquerda e que tipo tende a ser de direita?

O que mais faz diferença é a socialização na infância. Aqueles que viveram sob escassez, instabilidade e insegurança tendem a se declarar mais de direita. Quem viveu abundância e segurança, mais de esquerda. A escolaridade interfere nisso, produzindo uma visão mais à esquerda. Mas há um dado curioso: o eleitorado do Lula tem um contingente enorme de conservadores. Metade da esquerda brasileira é conservadora: defende o Estado e programas sociais, mas também defende família, fé e Deus. Já a direita é mais homogênea: quase 70% de quem se diz de direita é conservador. Hoje, temos uma sociedade de centro-direita: cerca de 40% de direita, 40% de centro e 20% de esquerda.

Mas, então, vamos finalmente às bolhas. Quais são elas?

As identidades passaram a determinar o comportamento dos brasileiros mais do que a classe, sexo, idade ou escolaridade. Então foi preciso entender os valores da sociedade como um todo. Usamos essa bateria de perguntas para agrupar as pessoas em segmentos dos que têm os mesmos valores, preferências e atitudes. Ou seja, não somos mais apenas brasileiros. Somos nove tribos que convivemos no mesmo espaço geográfico.

Não nos vemos mais como brasileiros?

Calma. Ainda há o que nos une. Temos valores diferentes, mas Deus, família, individualismo, desconfiança e insegurança nos aproximam demais. Esse é o achado do livro. Embora a gente viva em tribos e bolhas, essas bolhas são mais parecidas do que sugerem quando olhamos apenas para a política. É na política que são muito diferentes.

Então, quem são os nove grupos?

Primeiro, o Militante de Esquerda. É um grupo marcado basicamente pela ideia do partido político, da vivência partidária, e 7% da sociedade se encaixa nessa bolha.

Depois os Dependentes do Estado. É quem sabe que depende do Estado para o seu bem-estar. É quem defende a creche, a escola pública, quem precisa do ônibus e do transporte coletivo, dos programas sociais, senão a vida é muito pior. Esse é o segundo maior grupo dentre todos, 23% do Brasil.

Aí temos os Progressistas. É aquele grupo que combina ser de esquerda com a pauta progressista: defesa das minorias, a discussão da agenda ESG, woke. Eles compõem 11% do Brasil. Temos os Liberais Sociais. Esse grupo compõe aproximadamente 5% do eleitorado e é o antigo tucano. É aquele que defende a economia liberal, mas acredita na social-democracia, num papel do Estado.

Na sequência, os Empreendedores Individuais. Esse grupo é novo. É filho dos Dependentes do Estado. É aquele grupo que está frustrado porque foi para a universidade e acabou virando motorista de aplicativo, entregador de delivery, vendedor de loja ou trabalhador informal precarizado.

Esses são os cinco grupos que foram fundamentais para eleger Lula, em 2022. Os liberais sociais e empreendedores individuais votaram no PT pela primeira vez por rejeição absoluta a Bolsonaro.

Do outro lado, o que a gente tem?

Em seu novo livro, Nunes disse a mais profunda pesquisa feita até aqui sobre o brasileiro (Foto: Reprodução de rede social)

Em seu novo livro, Nunes disse a mais profunda pesquisa feita até aqui sobre o brasileiro (Foto: Reprodução de rede social)

Vamos lá. Os Conservadores Cristãos, que são a maior identidade, a maior tribo brasileira: 27% do eleitorado. É o público majoritariamente evangélico ou católico conservador. A religião e a família são muito importantes para esse grupo.

Daí, o Agro (13%), que cada vez mais é uma identidade sertaneja que cresce no Brasil, ligado ao produtor e à ideia da terra. Os Empresários (6%), o burguês que investe, emprega e faz, no sentido mais clássico. E, por último — e acho que essa é a grande contribuição do livro —, a Extrema Direita. São apenas 3%.

Esse é o susto que todo mundo toma. Como é que a extrema direita só tem 3%?

Equivocadamente optou-se por misturar o eleitor que votou no Bolsonaro com o fato de o Bolsonaro ser de extrema direita, como se todo mundo fosse igual. A verdade é que há um enorme contingente de conservadores cristãos, do agro e empresários que votaram no Bolsonaro contra o projeto do PT, mas não por acreditar na visão da extrema direita. Mas não é que a extrema direita não exista. São 6 milhões de brasileiros. É muita gente. Mas está longe de ser o todo do eleitorado de Bolsonaro.

O que diferencia esses 3% do resto?

Cem por cento deles defendem que um regime autoritário é melhor do que uma democracia. Essa é a variável definidora.

Sinto falta de explorar um pouco melhor Liberais Sociais e Empreendedores Individuais. Este é o grupo que nunca votou no PT e, desta vez, definiu a eleição presidencial.

Eu e Thomas Traumann mostramos em Biografia do Abismo que o comportamento eleitoral está calcificado. A esquerda, os dependentes do Estado e os progressistas estão fixados de um lado. Do outro, a extrema direita, o agro, o empresário e o conservador cristão, também. Mas estes dois grupos estão se movendo na sociedade. Os Liberais Sociais e os Empreendedores Individuais estão em disputa.

Liberal Social está em disputa porque a vida inteira votou contra o PT. Até que o medo de um golpe fez com que eles abrissem mão de identidades divergentes e se aliassem ao Lula. Ele é urbano, de classe média tradicional, muito bem educado, cosmopolita. Lê muito, gosta de debater. A insatisfação desse grupo com o governo, hoje, é muito alta.

Agora, vamos falar do Empreendedor Individual. Ele é majoritariamente masculino, tem renda baixa, mas se considera de classe média e se comporta como classe média. Ele se cansou do Estado como solução. Viu a mãe ter a vida inteira Bolsa Família e não quer manter essa dependência. Essa visão de que o Estado é prejudicial faz com que ele queira ter flexibilidade no trabalho. É o grupo que acha que patrão é um horror, que escraviza. Ele quer liberdade para empreender. Em 2022, o grupo se dividiu. Mas, depois que o governo Lula passou a discutir a regulamentação do trabalho em aplicativo, o grupo se distanciou. Eles acham que o governo não os entende, não fala a mesma língua.

Então imagino que, quando o Tarcísio fala que “o Brasil precisa mudar o CEO”, esse empreendedor individual adora esse discurso.

Sem dúvida. As pesquisas mostram o país dividido e o Lula perdendo a maioria porque boa parte desses empreendedores individuais mudou de lado. Mas ainda estão em disputa. Esse grupo não é ideológico, é pragmático. Ele busca o sonho concreto da melhora de vida. Ele é aquele frustrado do ensino superior que ainda acredita que pode vencer pelo mérito e pela flexibilidade. E para não deixar escapar, tem um ponto que unifica a volatilidade do liberal social e do empreendedor individual: o medo da violência urbana. Nas capitais, 70% dos brasileiros têm medo de andar na rua. Esses dois públicos, por motivos diferentes, são muito sensíveis a isso.

Acesse nosso Instagram AQUI.

Acesse nosso Threads AQUI.

Acesse nosso X (antigo Twitter) AQUI.

Compartilhe:
Categoria(s): Conversando com... / Entrevista/Conversando com...
sábado - 06/12/2025 - 23:52h

Pensando bem…

“Se você quer despertar toda a humanidade, desperte a si mesmo por completo.”

Lao Tzu

Compartilhe:
Categoria(s): Pensando bem...
  • San Valle Rodape GIF
sábado - 06/12/2025 - 08:28h
Desagravo

OAB faz ato público de apoio à advogada vítima de violência policial

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/RN) promoveu ato público de desagravo nesta sexta-feira (05), na sede da OAB Mossoró, em favor da advogada Edricélia Silva da Costa.

Ela foi agredida física e psicologicamente no último domingo (30), em Serra do Mel, quando defendia – com suas prerrogativas e coragem – outra mulher que era vítima de policiais militares.

No ato de desagravo, representações de advogados de todas as regiões do RN estiveram presentes. O presidente da OAB/RN, Carlos Aleksej, participou do desagravo.

Quinta-feira (04), a OAB formalizou denúncia ao Governo do RN e cobrou medidas contra os agressores. Foi anunciado afastamento dos envolvidos e abertura de procedimento para apuração do caso.

Acesse nosso Instagram AQUI.

Acesse nosso Threads AQUI.

Acesse nosso X (antigo Twitter) AQUI.

Compartilhe:
Categoria(s): Gerais
sábado - 06/12/2025 - 06:24h
Festa de Santa Luzia

16ª Pedalada da Luz será nesse domingo, 07

Banner de divulgação

Banner de divulgação

Acontecerá nesse domingo (07), a 16ª Pedalada da Luz, saindo da Capela de São Sebastião no conjunto Santa Delmira.

A iniciativa faz parte da programação da Festa de Santa Luzia, em Mossoró. A concentração ocorrerá às 6h, com saída programada para as 6h30.

O trajeto dos ciclistas percorrerá os conjuntos Abolição 4 (com parada de hidratação em frente ao Nordestão) e 3, passando em frente à Igreja Nossa Senhora de Fátima no Abolição II. O percurso seguirá até a Igreja São José, com paradas para hidratação.

Em frente à Catedral de Santa Luzia, Centro, haverá benção aos ciclistas. Depois, será retomada a Pedalada da Luz pelas avenidas Santos Dumont e Augusto Severo, para alcançar a Avenida João da Escóssia, com final no Super Fácil, no bairro Nova Betânia.

As camisas estão sendo vendidas na Lojinha de Santa Luzia, ao lado da Catedral, ao preço de 35,00.

A organização prepara carros de apoio, ambulâncias, segurança e outros serviços em apoio aos ciclistas.

Acesse nosso Instagram AQUI.

Acesse nosso Threads AQUI.

Acesse nosso X (antigo Twitter) AQUI.

Compartilhe:
Categoria(s): Gerais
  • Art&C - PMM - PAE - Outubro de 2025
sábado - 06/12/2025 - 04:40h
UÉvora

Alunos da Uern apresentarão trabalhos em universidade de Portugal

Delegação participa de projeto importante (Foto: divulgação)

Delegação participa de projeto importante (Foto: divulgação)

Estudantes da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) apresentarão trabalhos na II Conferência Luso Brasileira Interculturalidade na Universidade Pública, que ocorre entre os dias 3 e 5 de março de 2026, na Universidade de Évora, onde fazem mestrado e doutorado sanduíche.

Eles fazem parte do Projeto Interculturalidade na Universidade Pública, Ações Afirmativas, Inclusão Social e Relações Raciais, coordenado pelo Prof. Dr. Guilherme Paiva de Carvalho.

O projeto está vinculado ao Programa de Desenvolvimento Acadêmico Abdias Nascimento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), e tem como finalidade proporcionar a cooperação internacional entre programas de pós-graduação a UERN, da Universidade de Évora (UÉvora) e da Universidade de Brasília (UNB), por meio de pesquisas sobre interculturalidade no ensino superior, políticas de ação afirmativa, as desigualdades étnico-sociais no Brasil e relações étnico-raciais.

Entre setembro de 2024 e agosto de 2025, 14 bolsistas, estudantes negros e negras, indígenas, estudantes com deficiência e mulheres desses programas realizaram mestrado sanduíche e doutorado sanduíche na Universidade de Évora.

“Em 2025, nós temos 10 bolsistas na Universidade de Évora, 5 da UERN e 5 da UnB, realizando mestrado sanduíche e doutorado de sanduíche na Universidade de Évora. A professora Eliane Anselmo faz parte da equipe do projeto e realiza uma missão de trabalho na Universidade de Évora, durante essa semana, na qual ela vai ministrar uma aula aberta sobre relações étnico-raciais e participar de um seminário com os bolsistas na Universidade de Évora”, afirma o Prof. Dr. Guilherme Paiva.

Acesse nosso Instagram AQUI.

Acesse nosso Threads AQUI.

Acesse nosso X (antigo Twitter) AQUI.

Compartilhe:
Categoria(s): Educação
sexta-feira - 05/12/2025 - 23:50h

Pensando bem…

“As grandes almas sofrem em silêncio.”

Friedrich Schiller

Compartilhe:
Categoria(s): Pensando bem...
  • Repet
sexta-feira - 05/12/2025 - 17:40h
Eleições 2026

Flávio Bolsonaro é escolhido para disputa presidencial; Rogério dá apoio

Reprodução do BCS

Reprodução do BCS

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) foi anunciado nesta sexta-feira (05), como nome escolhido pelo próprio pai, ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), para ser candidato à Presidência da República em 2026.

Em face da decisão, o senador e líder oposicionista no Senado, o potiguar Rogério Marinho (PL), emitiu uma nota de apoio e convocação à luta.

Veja abaixo e em print acima:

O presidente Jair Bolsonaro nos orienta que o candidato à Presidência da República será o Senador Flávio Bolsonaro.

Estaremos juntos na construção de um projeto que represente os valores do povo brasileiro, que ama nossa bandeira,sintetizados no respeito à família, na liberdade religiosa, no livre mercado e na liberdade de expressão.

Flávio, conte comigo!!

Rogério Marinho – Senador da República (PL/RN)

Nota do BCS – Flávio parece ser o menos estúpido dos filhos do ex-presidente, mas, assim mesmo, não difere muito dos manos.

O presidente Lula da Silva (PT) deve estar gargalhando.

Acesse nosso Instagram AQUI.

Acesse nosso Threads AQUI.

Acesse nosso X (antigo Twitter) AQUI.

Compartilhe:
Categoria(s): Política
sexta-feira - 05/12/2025 - 15:48h
13 de Junho

Seleção do Brasil estreará em Copa do Mundo 2026 contra Marrocos

Troféu da competição foi exibido em sorteio (Foto: Reuters)

Troféu da competição foi exibido em sorteio (Foto: Reuters)

Do G1

A Federação Internacional de Futebol (FIFA) sorteou nesta sexta-feira os 12 grupos da Copa do Mundo de 2026, em evento realizado em Washington. Copa do Mundo ocorrerá em três países simultaneamente: EUA, Canadá e México.

O Brasil foi sorteado para o grupo C e terá como adversários Marrocos, Haiti e Escócia. A estreia da Seleção será diante dos marroquinos, no dia 13 de junho (sábado). 

O duelo contra o Haiti será no dia 19 (sexta-feira), e o confronto contra a Escócia, no dia 24 (quarta-feira).

Os jogos serão realizados em cidades do Leste dos Estados Unidos: as possibilidades são Atlanta, Boston, Miami, Nova York/Nova Jersey e Filadélfia. A tabela completa será divulgada neste sábado.

A abertura da Copa terá o duelo entre México e África do Sul, no dia 11 de junho, no Estádio Azteca, na Cidade do México – as mesmas seleções protagonizaram o primeiro jogo da Copa de 2010. A final será no dia 19 de julho, no Estádio MetLife, em New Jersey, cidade vizinha a Nova York.

Competição terá 48 participantes pela primeira vez na história. Com isso, a primeira fase contará com 12 grupos de quatro seleções. Os dois primeiros colocados de cada chave garantem vaga no mata-mata, além dos oito melhores terceiros colocados.

Veja formação de cada grupo abaixo:

GRUPO A: México, África do Sul, Coreia do Sul e Repescagem Europa D (República Tcheca, Irlanda, Dinamarca ou Macedônia do Norte);

GRUPO B: Canadá, Repescagem Europa A (Itália, Irlanda do Norte, País de Gales ou Bósnia) Catar e Suíça;

GRUPO C: Brasil, Marrocos, Haiti e Escócia;

GRUPO D: Estados Unidos, Paraguai, Austrália e Repescagem Europa C (Turquia, Romênia, Eslováquia ou Kosovo);

GRUPO E: Alemanha, Curaçao, Costa do Marfim e Equador;

GRUPO F: Holanda, Japão, Europa B (Ucrânia, Suécia, Polônia ou Albânia) e Tunísia;

GRUPO G: Bélgica, Egito, Irã e Nova Zelândia;

GRUPO H: Espanha, Cabo Verde, Arábia Saudita e Uruguai;

GRUPO I: França, Senegal, Repescagem Intercontinental 2 (Bolívia, Suriname ou Iraque) e Noruega;

GRUPO J: Argentina, Argélia, Áustria e Jordânia;

GRUPO K: Portugal, Repescagem Intercontinental 1(RD Congo, Jamaica ou Nova Caledônia) Uzbequistão e Colômbia;

GRUPO L: Inglaterra, Croácia, Gana e Panamá.

Saiba mais detalhes clicando AQUI.

Acesse nosso Instagram AQUI.

Acesse nosso Threads AQUI.

Acesse nosso X (antigo Twitter) AQUI.

Compartilhe:
Categoria(s): Esporte
  • Art&C - PMM - PAE - Outubro de 2025
sexta-feira - 05/12/2025 - 13:40h
Projeto Legis Vídeos

ALRN conquista pela quinta vez o Prêmio Assembleia Cidadã da Unale

Equipe da ALRN comemora quinta vitória na Unale (Foto: Eduardo Maia)

Equipe da ALRN comemora quinta vitória na Unale (Foto: Eduardo Maia)

É penta. Pela quinta vez, a Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte venceu o Prêmio Assembleia Cidadã da Unale. A conquista de 2025 veio com o projeto Legis Vídeos, na categoria Gestão, após votação aberta aos participantes da 28ª Conferência da União Nacional dos Legisladores e Legislativos Estaduais (UNALE), em Bento Gonçalves (RS). O anúncio ocorreu nesta sexta feira (5), no encerramento do maior encontro parlamentar da América Latina, que reuniu cerca de 1.500 conferencistas do Brasil e do exterior.

“Mais uma vez, a Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte demonstra que o trabalho sério, técnico e comprometido dá resultados. Vencer mais um Prêmio Unale, dessa vez com o Legis Vídeos, reforça o compromisso da Casa com a modernização, a transparência e o acesso da população às atividades do Parlamento. Somos pentacampeões na categoria Gestão”, afirmou o presidente Ezequiel Ferreira de Souza, que foi eleito para secretário do Estado do Rio Grande do Norte na Diretoria Executiva da entidade, gestão 2026.

Das seis edições do prêmio Assembleia Cidadã, dividido em Gestão, Atendimento ao Cidadão e Projetos Especiais, o Legislativo potiguar venceu cinco. Os prêmios anteriores vieram em 2019, com o sistema Legis RH; em 2021, com o e-Legis; em 2022, com o Legis Plenário, e em 2023 com o Assembleia e Você, na categoria Atendimento ao Cidadão todos desenvolvidos pela Diretoria de Gestão Tecnológica da Casa.

Reconhecimento

O diretor de Gestão Tecnológica e Inovação, Mário Sérgio Gurgel, comemorou o reconhecimento. “Estamos com a sensação de dever cumprido. Trabalhamos para a Assembleia e, quando o trabalho é bem feito, ele é reconhecido. Isso é um orgulho para nossa equipe e para toda a Casa.”

O coordenador de desenvolvimento de sistemas, Berg Freire, destacou o impacto do projeto. “Apesar de o Legis Vídeos já estar sendo distribuído para várias câmaras, ter o reconhecimento do Prêmio Assembleia Cidadã na Unale é a consagração do trabalho que fazemos com apoio da Mesa Diretora”.

O Legis Vídeos disputou o prêmio com os projetos Ecolegis, da Paraíba, e ALES Sustentável, do Espírito Santo. A premiação reconhece iniciativas que aproximam o Poder Legislativo do cidadão e incentivam práticas que qualifiquem a gestão, fortaleçam a transparência e possam ser replicadas em outras Casas Legislativas.

Legis Vídeos

O sistema organiza e disponibiliza sessões, audiências e conteúdos da TV Assembleia. A plataforma oferece busca avançada por parlamentar, tema ou data, recorte instantâneo de trechos em vídeo ou áudio e, em sua versão mais recente, integra recursos de inteligência artificial, como transcrição automática e geração de atas em tempo real.

As ferramentas já vêm sendo adotadas também por câmaras municipais e outros legislativos estaduais.

Acesse nosso Instagram AQUI.

Acesse nosso Threads AQUI.

Acesse nosso X (antigo Twitter) AQUI.

Compartilhe:
Categoria(s): Política
sexta-feira - 05/12/2025 - 08:30h
Prêmio Atena 2025

Sindivarejo Mossoró é finalista em programa nacional da CNC

Banner do prêmio da CNC (Reprodução)

Banner do prêmio da CNC (Reprodução)

O Sindicato do Comércio Varejista de Mossoró (SINDIVAREJO) acaba de ser qualificado como finalista do Prêmio Atena 2025 — um reconhecimento nacional de excelência criado pela Confederação Nacional do Comércio (CNC). O feito é superlativo para a entidade, pois disputa relevância entre centenas de congêneres de todo o país.

O Prêmio Atena é o principal programa de desenvolvimento do Sistema CNC. “Aparecer entre os finalistas significa que nossa instituição está entre as melhores do país em boas práticas sindicais, inovação e compromisso com a excelência. É algo que dividimos com demais dirigentes, associados, equipe de trabalho e a própria classe produtiva local”, salienta Michelson Frota, presidente do Sindivarejo Mossoró.

O resultado final será anunciado em 10 de dezembro, durante cerimônia nacional da CNC no Sesc Senac do Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.

A premiação funciona como um mecanismo de reconhecimento nacional que valoriza federações e sindicatos destaques na busca por melhores resultados e melhoria contínua. Por meio do Programa Atena, os sindicatos participam de capacitações, trocam boas práticas, acessam ferramentas de gestão modernizadas e sistemas que aprimoram significativamente seu desempenho institucional.

No caso do Sindivarejo Mossoró, ele concorre na categoria “Jornada Atena”, que reconhece entidades que aderiram ao programa e seguiram sua trajetória de desenvolvimento ao longo do ano.

Acesse nosso Instagram AQUI.

Acesse nosso Threads AQUI.

Acesse nosso X (antigo Twitter) AQUI.

Compartilhe:
Categoria(s): Gerais
  • San Valle Rodape GIF
sexta-feira - 05/12/2025 - 07:22h
Confronto

Senado prepara lei para rebater blindagem do STF

Charge de Marcelo Martinez

Charge de Marcelo Martinez

Do Canal Meio e outras fontes

A reação do Legislativo à liminar do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes que dificultou o caminho para o impeachment de integrantes da corte não deve se limitar à irritação. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), quer acelerar um projeto sobre os crimes de responsabilidade de autoridades como o presidente da República e os ministros do STF, substituindo a lei de 1950 cujos trechos foram considerados inconstitucionais por Gilmar.

O projeto permite que partidos, sindicatos e a OAB apresentem denúncias contra autoridades e limita o prazo para que os pedidos de impeachment sejam analisados. Na quarta-feira, Gilmar determinou (veja AQUI) que só a Procuradoria-Geral da República pode pedir o impeachment dos integrantes do Supremo e elevou o número de votos necessários para que o Senado inicie o processo. (Folha)

Alcolumbre telefonou aos ministros Alexandre de Moraes e Edson Fachin logo após tomar conhecimento da decisão liminar de Gilmar Mendes. As conversas foram interpretadas como uma tentativa de esfriar a crise que se instalou entre Senado e Supremo. Segundo relatos, Moraes buscou apaziguar o presidente do Senado, com quem mantém boa relação, diante do forte incômodo provocado pela decisão de Gilmar, com o qual Alcolumbre ainda não falou. (Globo)

Já Gilmar dobrou a aposta nesta quinta-feira e, de quebra, deu um “pito” em Jorge Messias, o indicado pelo presidente Lula para o Supremo. Além de negar o pedido da Advocacia-Geral da União para reconsiderar a decisão liminar, o decano afirmou que o recurso apresentado pela AGU é “incabível” e que não há motivos para alterar a liminar, considerada por ele indispensável para corrigir “um estado de coisas incompatível com o texto constitucional”. Messias, que ainda ocupa o cargo de advogado-geral da União, entrou na polêmica em busca do apoio que precisa no Senado para ter seu nome aprovado para o STF. Ao que parece, agora ganhou desafetos também na Suprema Corte. (Folha).

Enquanto isso… O ministro Flávio Dino tomou outra decisão que afeta diretamente o Legislativo, determinando que o governo federal está proibido de receber, processar ou executar qualquer emenda parlamentar indicada pelos deputados Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Alexandre Ramagem (PL-RJ). A ordem atinge cerca de R$ 80 milhões em emendas para o Orçamento de 2026. Ramagem foi condenado pelo STF a 16 anos por participação na tentativa de golpe e fugiu para os EUA, onde Eduardo Bolsonaro já vive desde o início do ano. (UOL)

Acesse nosso Instagram AQUI.

Acesse nosso Threads AQUI.

Acesse nosso X (antigo Twitter) AQUI.

Compartilhe:
Categoria(s): Política
quinta-feira - 04/12/2025 - 23:54h

Pensando bem…

“Os amantes de Deus não pertencem a nenhuma casta.”

Ramakrishna

Compartilhe:
Categoria(s): Pensando bem...
  • Repet
quinta-feira - 04/12/2025 - 20:50h
Santa Luzia

Quarto dia de Trezenário reúne centenas de fiéis

Centenas de fieis acompanham quarto dia do Trezenário da Festa de Santa Luzia, nesta quinta-feira (04), na Catedral que tem sua denominação, Centro de Mossoró.

Fotos: Luiz Henrique/Pascom

Vídeo: Pascom

Acesse nosso Instagram AQUI.

Acesse nosso Threads AQUI.

Acesse nosso X (antigo Twitter) AQUI.

Compartilhe:
Categoria(s): Gerais
quinta-feira - 04/12/2025 - 18:20h
Grave irregularidade

Estado atrasa repasses de consignados; servidor segue prejudicado

Comissão fez várias interpelações ao secretário do Governo do RN (Foto: João Gilberto)

Cadu Xavier prometeu dia 27 de agosto que em dezembro estaria tudo regularizado (Foto: João Gilberto/Arquivo)

Do Tribuna do Norte e BCS

Os atrasos nos repasses de empréstimos consignados pelo Governo do RN aos bancos continuam prejudicando servidores estaduais. Apesar de os valores serem descontados mensalmente em folha, as instituições financeiras não recebem as parcelas, e o governo não esclarece a situação. Reportagem da Tribuna do Norte não obteve retorno do governo sobre questionamentos a respeito dos fatos.

Na Assembleia Legislativa, o deputado Gustavo Carvalho (PL) cobrou respostas sobre o montante em atraso, a lista de débitos por banco, o destino dos valores descontados e a previsão de regularização. Ele afirma que não recebeu retorno nem do governo nem do Banco do Brasil, principal credor, e classifica a retenção como “apropriação indevida”. Diante da falta de explicações, anunciou que recorrerá ao Tribunal de Contas e ao Ministério Público.

O deputado Luiz Eduardo (SDD) reforça que atrasos são relatados desde julho, com servidores sendo cobrados por parcelas já debitadas e até negativados. O Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público da Administração Direta do Estado do Rio Grande do Norte (SINSP/RN) também denuncia que o governo parcela os descontos, mas não repassa aos bancos, chamando o problema de “grave irregularidade” e citando casos de servidores cobrados por cartórios por dívidas já descontadas em folha.

Leia também: Sinsp/RN denuncia que Governo fica com consignado e prejudica servidor;

Leia também: Secretário garante que até dezembro regulariza consignados.

Dia 27 de agosto, na Comissão de Administração da Assembleia Legislativa do RN (ALRN), o secretário da Fazenda, Carlos Eduardo Xavier, “Cadu Xavier”, reconheceu atrasos, principalmente com o Banco do Brasil, que concentra 82% dos contratos. Segundo ele, o Estado desconta cerca de R$ 96 milhões por mês em consignados, mas enfrenta queda de arrecadação e aumento de despesas. Na ocasião, prometeu normalizar os repasses até dezembro e evitar negativação de servidores.

Acesse nosso Instagram AQUI.

Acesse nosso Threads AQUI.

Acesse nosso X (antigo Twitter) AQUI.

Compartilhe:
Categoria(s): Política
  • San Valle Rodape GIF
quinta-feira - 04/12/2025 - 17:14h
Decisão

Governo afasta policiais envolvidos em agressão à advogada

Reunião encaminhou a decisão tomada pelo Governo do RN (Foto: divulgação)

Reunião encaminhou a decisão tomada pelo Governo do RN (Foto: divulgação)

Após pedido da Ordem dos Advogados  do Brasil (OAB/RN), a Secretaria de Estado da Segurança Pública e da Defesa Social (SESED/RN) instaurou inquérito e afastou dez policiais militares envolvidos em agressão contra uma advogada. Episódio ocorreu no município de Serra do Mel.

O caso aconteceu durante a Festa do Caju, no domingo passado (30). A advogada informou que foi agredida, arrastada, algemada e conduzida à força até a sede da Polícia Militar. Ela disse ainda relatou que teve a carteira da OAB apreendida e que recebeu várias pancadas pelo corpo, inclusive com um cassetete, após intervir em uma ação da PM contra outra mulher durante o evento.

A informação sobre o afastamento dos policiais envolvidos foi confirmada durante reunião na tarde desss quarta-feira (3), reunindo a vítima, representantes da Seccional, OAB Mossoró, Sesed, Polícia Militar, Polícia Civil, Procuradoria-Geral do Estado e Secretaria das Mulheres.

“Nosso objetivo com a reunião foi trazer ao Estado providências imediatas a serem adotadas. Não só a instauração do procedimento, como também o afastamento dos envolvidos e a formatação de um acordo de cooperação para que possamos contribuir com a formação dos agentes de segurança e evitar que fatos como esse voltem a acontecer”, explicou Carlos Kelsen, presidente da OAB/RN.

Durante a reunião, a governadora Fátima Bezerra (PT) conversou por telefone com a advogada vítima das agressões, prestou solidariedade e afirmou que foi determinado rigor na apuração do caso. “Temos tolerância zero com qualquer tipo de violência. É dever do Estado proteger e zelar pela dignidade das pessoas”, disse.

Posição

O coronel Alarico Azevedo, comandante-geral da PM, explicou que os policiais foram afastados do serviço operacional e que a conduta deles não reflete o trabalho feito pela instituição.

“O inquérito já está instaurado, vamos formalizar o afastamento dos militares do trabalho operacional e divulgar para a sociedade o que a PM e a Sesed estão fazendo em relação ao caso e estamos à disposição da OAB”, afirmou o coronel Francisco Araújo, secretário de Segurança do RN.

Advogada ficou com várias marcas da violência no corpo (Fotos: Iara Nóbrega/Inter TVCabugi)

Advogada ficou com várias marcas da violência no corpo (Fotos: Iara Nóbrega/Inter TVCabugi)

Nota do BCS – Vários homens fortemente armados e fisicamente acima da média, assim presumo, quando espancam uma pessoa indefesa – ainda mais mulher – dão profunda demonstração de fraqueza. A academia não ensina isso. E em casa, não deve ser exemplo que seus pais e demais familiares exaltem.

Acesse nosso Instagram AQUI.

Acesse nosso Threads AQUI.

Acesse nosso X (antigo Twitter) AQUI.

Compartilhe:
Categoria(s): Segurança Pública/Polícia
quinta-feira - 04/12/2025 - 16:02h
Hospital Infantil

MPF celebra acordo que leva R$ 17,6 milhões ao Varela Santiago

Hospital aguarda há meses atualização de pagamentos (Foto: Arquivo)

Hospital é uma referência no RN e receberá suporte financeiro de peso (Foto: Arquivo)

O Ministério Público Federal (MPF) conseguiu destinar R$ 17,6 milhões para obras de ampliação da estrutura física do Hospital Infantil Varela Santiago, unidade de referência em pediatria do Sistema Único de Saúde (SUS) em Natal, no Rio Grande do Norte. O valor corresponde à reparação por danos morais coletivos fixada em ação civil pública que discutiu a qualidade dos serviços de telefonia celular prestados pela operadora TIM no estado.

A ação foi baseada em relatório técnico da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), que identificou falhas graves na prestação do serviço, como impossibilidade de completar chamadas, quedas constantes e sobrecarga decorrente da oferta ilimitada de novas linhas. Após o esgotamento de todos os recursos judiciais, a condenação da TIM foi mantida pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF5).

Com a definição do valor devido, a Procuradoria Regional da República da 5ª Região (PRR5) firmou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com a TIM, para assegurar que a verba fosse aplicada em um projeto de elevado impacto social no estado onde ocorreram os danos. A escolha do Hospital Infantil Varela Santiago, indicado pelo MPF, seguiu os critérios da Resolução Conjunta CNMP/CNJ nº 10/2024, que orienta a destinação de valores indenizatórios a instituições com relevância social, capacidade de execução e regularidade jurídica e fiscal.

O acordo foi homologado pelo TRF5 em 3 de dezembro e a TIM terá 30 dias para efetuar o depósito do valor diretamente na conta bancária do hospital. Com isso, ficam encerradas tanto a ação civil pública quanto a ação rescisória relacionadas ao caso, com quitação mútua entre as partes.

Nota do BCS – Que notícia maravilhosa. Aplausos, aplausos para o MPF e todos os envolvidos nessa decisão.

Acesse nosso Instagram AQUI.

Acesse nosso Threads AQUI.

Acesse nosso X (antigo Twitter) AQUI.

Compartilhe:
Categoria(s): Justiça/Direito/Ministério Público / Saúde
Home | Quem Somos | Regras | Opinião | Especial | Favoritos | Histórico | Fale Conosco
© Copyright 2011 - 2025. Todos os Direitos Reservados.