domingo - 10/02/2008 - 01:17h

A Basílica de São Pedro e a Capela de São Vicente

“Pedro, tu és pedra, e sobre esta pedra edificarei minha Igreja.”

Roma suscita uma espécie de viagem pela própria história: a cidade do grande Império Romano, dos tempos antigos; as ruínas do Coliseu e do Fórum Romano; as fontes, os pórticos e as colunas; as obras de Michelangelo e de Leonardo da Vinci; o Vaticano… O Vaticano é um país — o menor do mundo em território, é verdade —, mas esse pequeno Estado é sempre um tesouro surpreendente.

A praça de São Pedro encanta pelo conjunto arquitetônico.

E quando adentramos a Basílica, causam alumbramento as dezenas de esculturas e pinturas renascentistas. Eu já tinha tido oportunidade de visitá-la durante o dia, mas, ao chegarmos para a Missa do Galo, causou-me impacto o efeito da iluminação. Creio mesmo que a beleza dos adornos dourados do teto quadruplica-se.

Os católicos sabemos que a celebração eucarística da noite de Natal é conhecida como Missa do Galo, numa referência à fábula que afirma ter sido esse animal o primeiro a presenciar o nascimento de Jesus, ficando encarregado de anunciá-lo ao mundo. Não carece mencionar a importância de que se reveste a referida cerimônia religiosa.

Quando comecei a responder algumas coisas com meu precário latim, Alice e Vilani olharam-me meio espantadas, como se estivessem a indagar onde eu teria aprendido aquela língua. Além de ter sido, por um semestre, aluno do professor Josafá Inácio da Costa, ainda trago bem presente, de minha infância, como entoavam a ladainha de Nossa Senhora e outros cânticos, em latim, um grupo de senhoras lá na capela de São Vicente, formado, dentre outras, por Aldeíza Sena, Vanda Gondim, Lourdes Ferreira e Dedé Almeida.

E como também era costumeira a nossa participação nas missas natalinas no histórico templo mossoroense, foi inevitável, naquele momento, emergirem algumas comparações entre a celebração na Basílica de São Pedro com as ministradas em nossa capela vicentina. ‘Descabidas’, dirão alguns.

Bem, sejam ou não cabíveis, as emulações borbulhavam. Desde o momento da chegada do Santo Padre, conduzido na belíssima procissão vestibular, lembrei-me imediatamente de como era a entrada de padre Sátiro Dantas, por vezes, acolitada pelo meu padrinho Chico Honório, Jaci Gurgel e por mim. E, por mais que pareçam, as comparações não emergiam cingidas pelo velho maniqueísmo questionador que costumamos estabelecer entre a riqueza de algumas catedrais e a singeleza de muitas capelas. Não.

Naquele momento o que mais me impressionava era constatar que a Igreja Católica, com sua história milenar, em meio a doutrinas e lendas, segue viva, dinâmica em seu tempo, se fazendo presente de muitas formas em vários recantos do mundo.

Mas, voltando à missa, a nós, leigos, torna-se impossível observar e comentar todos os detalhes litúrgicos; porém, não poderíamos deixar de realçar a extraordinária atuação harmônica do coro pontificial da Capela Sistina. Aliás, todo o ritual encanta.

Na missa, prevalecem o italiano e o latim, e, em determinadas ocasiões, como nas leituras bíblicas e nas orações dos fiéis, outras línguas se destacam. Foi muito bom ouvir a nossa “Última flor do Lácio, inculta e bela”, figurando galhardamente.

No dia seguinte, almoçando com os seminaristas Frederico Gurgel e Charles Freitas, originários de nossa Diocese de Santa Luzia, que atualmente estudam na Itália, aproveitei para tirar algumas dúvidas. Pois, em geral, causa-me espécie algumas semelhanças entre as vestes do Papa e as dos padres.

Eles explicaram que os paramentos presbiterais são realmente similares. O que difere são as chamadas insígnias pontificias e episcopais, pois não podemos olvidar que o Papa é também o Bispo de Roma.

David Leite é professor da Uern e advogado – david.leite@uol.com.br

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Categoria(s): Nair Mesquita

Comentários

  1. angelo alves diz:

    Sr.Carlos Santos, por falar em Capela de São Vicente, hoje por ocasião da missa naquela capela, me deparo com um acontecimento no mínimo inusitado, sob as bençãos da Diocese de Mossoró, está sendo conduzida pelo “corpo cristãos” daquela igreja, uma campanha para angariar “vidros com tampa com rosca” para doação ao banco de leite da UTI-NEO NATAL da Maternidade Almeida Castro – Casa de Saude Dix-Sept Rosado.
    Ora todo mundo sabe que aquele “frigorifico humano” mesmo depois de ser propagada a sua inauguração, ainda não funciona ccausando vítimas muitos inocentes, e o mais grave agora também com as bençãos da IGREJA mossoroense que tem como seu pastor mor um desconhecido forateiro que não sabemos bem o motivo e o porque do mesmo ter vindo até a nossa tão sofrida terra de Santa Luzia.

  2. Honório de Medeiros diz:

    David Leite é nosso historiador mossoroense. Também, por não esquecer sua aldeia, como o recomendava Tolstoi, um mossoroense historiador. Melhor para nós, leitores dos seus textos leves, com viés de crônica, saborosos de ler e guardar, nos quais o passado vai sendo reconstruído sutilmente, qual um bordado, ao longo das palavras.
    Nesta crônica, na qual recorda a Capela de São Vicente, o bastião da República Independente homônima, o presente e o passado se confundem proustianamente: nós, que crescemos em seu entorno, e os outros, podemos senti-lo quando traz a tona, literariamente, alguns dos personagens e fatos próprios desse prédio ainda decenário mas já tão simbólico.

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