Sem dizer a ninguém as privações que passo,
Entende que adormeço em pálido regaço,
Não diz que tenho a cor da sombra dentro d’alma".
(Ferreira Itajubá)
Na rua, um fiapo de sombra como única proteção. Na pedra do Mercado, os cachorros com o sono da noite. Baleia, Piau, Tubarão, Piaba, TraÃra… Únicos peixes na fome do lugar.
Em passos miúdos, com o chapéu de massa na mão nervosa. A elegância a contrastar com tudo à sua volta. O retorno, após quarenta anos.
Na memória, bem no fundo, a lembrança dos seus. Na longÃnqua fazenda Triunfo da Esperança.
— Não carecia não, meu senhor! Não carecia.
As mãos, em garra, estendidas, apesar da voz a dizer o contrário.
— Não carecia não, meu senhor! Não carecia.
O naco de pão a gerar desavenças entre os pequenos.
Então, na Matriz, o sineiro anuncia a passagem de um anjinho, avivando ainda mais a cor da sombra dentro do seu peito.
— Não carecia não, meu senhor! Não carecia.
Clauder Arcanjo é professor – clauder@pedagogiadagestao.com.br
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