A Bíblia conta que Jesus, andando à beira do mar da Galileia, recrutou de uma só vez, para o seu “time” de apóstolos, quatro pescadores. Atendendo ao chamado para um futuro desconhecido, largaram seus barcos de pesca: Simão (chamado Pedro), seu irmão André, e os outros dois irmãos Tiago e João (Mt 4:18-22).
Às vezes, me ponho a pensar sobre a coragem desses caminheiros do mar. Os quatro tinham uma profissão, estavam acostumados com a pesca. Ganhavam o suficiente para o sustento, mas faltava uma motivação para suas existências. Logo após aquele encontro, largaram tudo, esqueceram os barcos na areia da praia. Seguiram a um desconhecido e partiram para novos horizontes.
Quem ficou com seus barcos? Ficaram lá, soterrados na areia da praia? Fico a imaginar o destino dos seus artefatos profissionais. Arrependimento nenhum pela troca do “trabalho”. Pelo menos é o que dizem Pedro, João e Tiago nas suas cartas apostólicas.
Utilizando da metáfora do “barco” como sinônimo de nossa profissão, é preciso, por vezes, esquecê-lo na areia da praia e seguir a novos chamados. Manter-se comodamente “ancorado” é limitar os nossos sonhos. Um profissional financeiramente bem-sucedido não é sinônimo de felicidade, e nem mesmo de competência. Nem tampouco pode ser taxado como incompetente, aquele que não ganha “rios de dinheiro”. O vetor e o leme do seu “barco” profissional deve ser: trabalhe com o que te faz feliz!
Lembro sempre de Marcos Amaro, filho do fundador da TAM. Meu “xará” trabalhou na TAM, com o pai, e depois se tornou sócio das Óticas Carol, que sob sua direção se firmou como uma das maiores redes de óticas do Brasil. Em 2013, decidiu vender tudo para fazer uma mudança radical: tornar-se artista plástico. Desde então, suas exposições se deram em cidades como São Paulo, Zurique e Miami. A arte arrebatou o seu coração.
Caminho inverso fez Lívia Marquez, bailarina profissional, com passagem por Nova York e pelo Theatro Municipal aqui no Brasil, que decidiu largar o ofício e foi para a área de publicidade, chegando ao posto de diretora de publicidade e gestão de marca da TIM.
Pode ser que alguém diga: “eu já tenho 30 anos de profissão”; “o mercado não me absorve mais”; ou, ainda: “estou velho demais para começar de novo”. É bem verdade que o etarismo e o preconceito ronda o mercado de trabalho.
Tenho um amigo que largou um emprego bom onde tinha mais de 30 anos, com excelente remuneração, para começar o sonho de ser médico. Hoje, aos 63 anos, recém-formado, está muito feliz!
É atribuída a Confúcio a frase que sintetiza a relação entre trabalho e felicidade: “Trabalhe com o que você ama e nunca mais precisará trabalhar na vida.” Talvez seja a hora de você largar o “barco” da comodidade profissional na “praia”, e partir para o novo porto da realização dos sonhos que conduza à sua felicidade.
Marcos Araújo é Mestre e doutor em Direito Constitucional, advogado e professor da Uern
Grande texto, amigo Marcos.
É na fé e confiança em Deus que tomamos as maiores atitudes da vida, acreditar em nós mesmo nos faz forte, guerreiro e encorajado para enfrentar os desafios da vida.
Você mesmo amigo, para mim é exemplo de luta, fé, confiança e coragem.
Que Deus te abençoe grandemente.
Um abraçaço pelo magnífico texto.
Querido Rocha Neto, bondade e sabedoria são suas grandes virtudes, e estão dentro do seu “barco” existencial.
Agradeço pelo estímulo da leitura.
É, meu caro Marcos Araújo, ter “a coragem de largar o barco” ficou para poucos.
Excelente texto, como sempre.
Abração!
Professor Odemirton, como cronista e escrevinhador de quinta categoria, não sou digno nem mesmo de atar as suas sandálias.
Obrigado pelo comentário.
O amigo Marcos Araújo sempre “cirúrgico” nos temas que se dispõe a abordar. 👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻
Obrigado, Julinho! Agradeço imensamente a sua generosidade.
Parabéns Doutor Marcos Araújo. De quem, há mais de trinta anos, conheço a boa índole, dele e de toda a família de juristas.
Peço vênia para acrescentar ao seu pensamento, mais um conselho de confúcio, “o homem não pode vencer os ventos, mas pode ajustar a vela do seu barco para chegar aonde desejar.
Professor Luiz, não mereço um só dos seus adjetivos, mas agradeço. Credito-os ao seu magistério da boa vontade e apreço para com os próximos. Forte abraço!
Texto excepcional. Parabéns!
Obrigado pela leitura e pelo gentil comentário.