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domingo - 26/07/2015 - 08:46h

A cultura do golpe

Por François Silvestre

O Brasil formou-se, ao longo da sua experiência institucional, sob a penumbra dos golpes.

Sem falar que a mesma formação institucional sustenta-se muito mais com vistas nas vantagens pessoais, seja da ascensão ao poder ou da remuneração, do que na motivação vocacional.

O Brasil não conhece transformação de regime ou forma de governo por via revolucionária. Jamais fizemos revolução. Nossa vocação é de natureza golpista. E essa prática é de natureza conspiratória.

Isso não que dizer que sejamos pacíficos ou medrosos. A maioria desses golpes deságua em muita violência e sangue derramado. E como é da natureza da covardia, a mutilação dos derrotados dá-se sem a chance do esperneio.

A “proclamação da independência” não foi um gesto de revolta nascido da insatisfação nativa. Foi um golpe combinado entre a cúpula da regência, na Colônia, com as Cortes de Lisboa, sob a coordenação do Rei de lá, pai do Príncipe daqui. Tudo acertado, “antes que um aventureiro lance mão”, mediante pagamento indenizatório; o roubado indenizou o ladrão.

A abdicação foi outro golpe, negociado com a condição de preservar a dinastia Bragança. As Regências que se seguiram foram constantemente atropeladas por conspirações, tramas e golpes.

A República nasce de um golpe. E segue cumprindo o ritual da nossa cultura golpista. Floriano golpeia Deodoro, Prudente evita o golpe seguinte e escanteia Floriano. E por ai veio. Os golpes das convenções, nas eleições presidenciais. O golpe sangrento de 1930. O golpe no golpe do Estado Novo. O golpe da queda de Vargas.

Até o mais sangrento e covarde de todos, o golpe civil-militar de 1964. Que produziu um golpe logo no início, ao emparedar os aliados civis e manter as rédeas com os militares. Quatro anos depois, novo golpe; com AI-5.

Tivemos até um golpe para evitar outro golpe. Foi na sucessão de Café Filho.

Houvera eleições, com a vitória da coligação PSD/PTB, com Juscelino Kubistchek e João Goulart, em 1955. A UDN derrotada e os militares de direita queriam anular a eleição.

No enterro do Gen. Canronbert Pereira da Costa, líder da ala direita do Exército, o Coronel Bizarria Mamede faz um discurso propondo não se dar posse aos eleitos. Na presença do Ministro da Guerra, Gen. Teixeira Lott.

O Ministro exigiu do Presidente Café a punição do coronel. A UDN conspirou junto ao Presidente. Café Filho “adoeceu”, pelo vírus do golpe, e o Pres. Da Câmara, Carlos Luz, assumiu interinamente a Presidência. Ao assumir, Luz negou-se a punir Mamede.

Orientado pelo General Odílio Denys, Lott pôs os tanques na rua e depôs Carlos Luz. Café Filho quis voltar, mas foi impedido. Agora, “adoecera” pelo retrovírus do contragolpe.

Assumiu a Presidência o Pres. Do Senado, Nereu Ramos, que deu posse aos eleitos. Esse episódio foi um ensaio de 64. Té mais.

François Silvestre é escritor

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Categoria(s): Artigo

Comentários

  1. Inácio Augusto de Almeida diz:

    Um golpe em andamento? Não sei.
    Sei que Lula é a capa da VEJA desta semana e um tal de Léo Pinheiro, diretor da OAS, entregou todo mundo de bandeja.
    Quem quiser saber de conta numerada no exterior, compra de triplex, enriquecimento meteórico do tal do Lulinha, ex-limpador de fez de animais no zoológico de São Paulo; é só ler a VEJA.
    Este finalzinho de julho ainda promete muito. Agosto vem com gosto de gás.
    Digo isto porque a tal da Rose está amuda e com vontade de contar tudo o que sabe.
    Até a morte do Celso Daniel voltou às páginas dos jornais e revistas de todo o país.
    Leiam a VEJA.
    ////////
    BREVE, MUITO EM BREVE, OS RECURSOS SAL GROSSO SERÃO JULGADOS.
    PROCESSO DA OPERÇÃO VULCANO CONCLUÍDO E AGUARDANDO JULGAMENTO.
    AGOSTO PROMETE.

  2. François Silvestre diz:

    Pois é. Pode ser tudo, menos revolução.

  3. Marcos Pinto. diz:

    Não consigo entender como é que um jornalista de grande curso como o Inácio Augusto de Almeida se manifeste em uma postagem arguindo asqueroso texto, dando uma descabida credibilidade sem respaldo aos fatos reais, elencados pela virulenta e detestável revista VEJA. Homi, daqui a pouco você vai ter que fazer companhia ao Aébrio Never. Inté mais ver!.

    • Inácio Augusto de Almeida diz:

      Caro Marcos Pinto
      Não entendo como você, uma pessoa dotada de uma inteligência fulgurante, ainda acredite que o Lula não sabia de nada e creia que o filho de Lula tenha passado de limpador de fezes de animais no zoológico de São Paulo a dono de uma das maiores fortunas do mundo, em pouco mais de 8 anos, apenas com trabalho.
      Será que uma revista de circulação nacional iria colocar nas suas páginas trechos de um depoimento inventado? Por que Lula não processa a VEJA e ganha uma indenização milionária? Por que Lula nunca processou o filho do Romeu Tuma, o tal do tuminha, que numa entrevista na televisão com duração de 45 minutos afirmou que Lula era o BARBA, um reles informante do DOPS na época da ditadura que dormia no sofá da casa do seu pai? Dispensável dizer que o chefe da repressão na ditadura era o ROMEU TUMA.
      Chega de panos quentes.
      Um abraço
      ////
      BREVE, MUITO EM BREVE, OS RECURSOS SAL GROSSO SERÃO JULGADOS.
      É PRECISO REVOGAR A LEI DA MORDOMIA DOS VEREADORES.

      • Careciane Almeida diz:

        A revista Veja FALSIFICOU um extrato bancário de um Banco da Suíça para incriminar o Deputado Romário. Sua pergunta soa muito ingenuidade e alienação. Tanto que dá até pena! Amiguinho, não fique tristinho… mais ulguns meses e Papai-Noel está chegando!

    • ROSANA diz:

      Por pessoas iguais ao Marcos Pinto, é que o Brasil nunca deixará de ser o país da corrupção, enquanto muitos ficam indignados com a quadrilha do PT, o Pinto defende a impunidade do ladrão de banco, só por existir o ladrão de galinha, ao invés de defender a punição de todos. Marcos Pinto, você é conivente com a corrupção, é culpado junto com os corruptos. Ninguém tem o direito de ter simpatia por corruptos, nem os ditos “companheiros” . Acorde Pinto ! Saia desse ovo e Veja a realidade .

  4. naide maria rosado de souza diz:

    Bem entendido, François Silvestre.

  5. Pedro Rodrigues diz:

    Ainda tem quem acredita na Veja? É muita auto-flagelação intelectual…

    • Inácio Augusto de Almeida diz:

      Tem até quem acredite que o Lulinha passou de limpador de fezes no zoológico de São Paulo a dono de uma maiores fortunas do MUNDO apenas trabalhando.
      Tem até quem assistiu a entrevista do DELEGADO DE POLÍCIA FEDERAL, Tuma Filho, e acredite que Lula não foi informante do DOPS e dormia no sofá da casa do chefe da repressão na época da ditadura.
      Por que o Lula não processa o delegado RomeuTuma Filho?
      Por que Lula não processa a revista VEJA?
      O FANATISMO CEGA!
      ///
      BREVE, MUITO EM BREVE, OS RECURSOS SAL GROSSO SERÃO JULGADOS.
      UNIFORME E MATERIAL ESCOLAR NÃO FORAM ENTREGUES EM MOSSORÓ.
      A MERENDA ESCOLAR EM MOSSORÓ É A PIOR DO BRASIL.

      • Careciane Almeida diz:

        Amigo, caluniador e difamador, você tem como provar um dos maiores patrimônios do mundo do filho de Lula? Aguardo sua resposta. Afinal, se lulinha você realmente tudo que você diz, ele não teria processado pessoas como você por crime de calúnia e difamação. Aguardo a resposta, pois, se não provar agora, acho que você só terá a chance de se inocentar no próprio processo criminal, via exceção de verdade. E não me venha com insultos ou acusações levianas, pois não costumo pedir pouco de indenização. Sou graduada demais na área jurídica para deixar impune pessoas como você! Aguardo sentada as provas de um dos maiores patrimônios do mundo…

  6. naide maria rosado de souza diz:

    Assunto fora do Artigo.
    Agora, nada a ver com o texto…apenas um nome, Nereu Ramos, levou-me à remota infância.
    O Senador Nereu Ramos, morava em nosso prédio, na Av. Copacabana. Não sei bem o motivo,mas o carro dele permanecia sempre parado na garagem. Nessa época, Carlinhos, meu irmão, e eu, resolvemos criar pintos. Ele comprava os bichinhos na feira e trazia para os meus cuidados. Caixas de sapato bem forradas e sempre limpinhas, abrigavam os bichinhos. Eles não duravam muito, eram criados escondidos da casa toda. Então, os que duravam mais recebiam muito afeto e, quando morriam, me deixavam entristecida. Foi quando tive a ideia de fazer um cemitério próximo. A parte embaixo do carro do Senador Nereu Ramos, pareceu-me o melhor lugar.
    O problema estava resolvido. Imaginava que, mesmo mortos, permaneceriam perto de mim. Ia tudo bem até que o garagista, com nome de Raimundo, mesmo assim, tinha ascendência russa e era grosseiro, flagrou-me num dos féretros. Escondido, pois não o vi.
    Depois do jantar, Seu Raimundo foi lá em casa e chamou por meu pai. Serra Grande veio atendê-lo. Atrás de um biombo, ouvi a conversa : “Senadorrrrrrrrrrrr, filha sua estarrrrrr fazendo cemitério na garagem.” Serra Grande, intrigado, questionou: “cemitério ?” “Sim. Ela trazerrrrrr pintos mortos e enterrar lá embaixo do carro de senador Nereu Ramos.” Serra Grande continuou: “vou esclarecer isso e, depois, falo com o sr. Qual das minhas filhas o sr. está acusando ? Responde seu Raimundo, o mau: ” A pequena. A menorrrrrr.” Despediram-se e comecei a tremer. Um medo horrível. Então, Serra Grande me chamou. Só pelo chamado já senti o tamanho da bronca…ele me chamou de Naide Maria…Risosssssss….não de Serrinha, não de Naidinha…não: Naide Maria. Aproximei-me e ele relatou a história de seu Raimundo. “É verdade, Naide Maria?” Respondi: Sim, meu paizinho. “Porque você fez isso? pinto não se cria em apartamento.” respondi: por saudade dos que morriam. Ele me abraçou e me fez prometer que eu não faria mais aquilo.
    Foi comigo à garagem e pediu a Seu Caio, o bom porteiro, que ajudasse na “remoção” das caixas, digamos assim.
    Aparentemente, a questão terminara. Não fui sincera com o meu pai. Havia um pinto sobrevivente, já taludinho. Era o heroico Paulo César. Paulo César, nome que lhe dei, mas é uma outra história…nessa houve lágrimas.

    • Carlos Santos diz:

      NOTA DO BLOG – Insisto, Naide: Tens que produzir um livro de crônicas.

      Ele sairá com naturalidade, com a mesma naturalidade castiça de “Naidinha”.

      Aguardamos. Eu, David Leite, Clauder Arcanjo. A Editora Sarau das Letras, que aqui ouso representar.

  7. FRANSUELDO VIEIRA DE ARAÚJO diz:

    Efetivamente, só quem é udenista, alienado, extrema direito e (OU) golpista acredita no que o detrito sólido de maré baixa, chamado Veja publica.

    Dito isso, oportuno lembrar ao neo GURU DO UDENISMO de 2015, que após quatro fragorosas e inquestionáveis derrotas impostas pelo povo brasileiro através do PARTIDO DOS TRABALHADORES face aos conservadores, reacionários e golpistas de sempre, e não tendo nenhum projeto de país, menos ainda de governo e de como chegar/voltar ao poder institucional através do processo eleitoral, repito, os de sempre tentam e tentam a qualquer preço, utilizando-se do chamado quanto poder…chamado da imprensa e do vetusta e reconhecidamente conservador judiciário, golpear as instituições e retirar da presidência da república a Presidenta DILMA ROUSSEF.

    Nesse sentido, para reconhecer melhor essas figuras que se utilizam de boa parte da população como ignara massa de manobras, os quais infelizmente não são poucos em nosso país. Para tal, basta dar uma atenta espidada na Câmara Federal comandada por um conhecido salafrário, corrupto de carteirinha e canalhocrata que atende pelo nome EDUARDO CUNHA e seus conhecidos seguidores da Banca da Bala , Bancada da Bíblia e assemelhados….!!!,

    A esse respeito, peça Vênia ao Jornalista Carlos Santos, para publicar comentário de Paulo Nogueira do DCM… Diário do Centro do Mundo, vejamos:

    Bresser Pereira resumiu o que acontece no Brasil de hoje: um grotesco sentimento de ódio coletivo dos ricos pelo PT e por Dilma.

    Ele atribuiu a Lula e sua atribulada luta pela inclusão social de brasileiros ao longo de anos, décadas, séculos excluídos.

    Mas se esqueceu de falar na contribuição milionária da imprensa para a disseminação do ódio.

    A jornada de raiva da mídia começa exatamente com Lula, em 2003.

    A Veja, antes uma revista respeitada e não um panfleto vil, assumiu desde logo o comando.

    Dois articulistas foram chave nisso: Diogo Mainardi, na edição impressa, e Reinaldo Azevedo, na digital.

    O Diogo Mainard, de tanto ser processado por colegas de profissão, atualmente se encontra “exilado” na ITÁLIA pra evitar ser preso, e o Reinaldo Azedo…continua tal e qual um PIB BUL exalando creolina em seus pseudos comentariozinhos políticos.

    Eles deram o novo tom da revista. Falta de compromisso com os fatos e objetivo único de sabotar o governo eleito e, com ele, a democracia.

    Progressivamente, o resto da imprensa foi seguindo o mesmo caminho.

    Jornalistas e colunistas progressistas foram sendo afastados das redações, substituídos por derivações de Mainardi e Azevedo.

    Aí foi perdido um equilíbrio tradicional: ao longo dos tempos, o direitismo dos donos encontrava um contraponto no progressismo dos chefes de redação.

    Um dos exemplos notáveis disso foi Frias, o velho, e Claudio Abramo, na Folha. Ou Roberto Civita e Mino Carta, na Veja.

    Foi dentro desse quadro que surgiu a multidão de vozes patronais nas principais empresas jornalísticas nacionais.

    O que houve foi uma ocupação.

    O pensamento diferente foi virtualmente extirpado. Mesmo a Folha, que se vangloriou durante muitos anos da pluralidade, foi ampliando os colunistas de direita e jogando fora os demais.

    Não é coincidência que Reinaldo Azevedo, o símbolo do jornalismo patronal, seja hoje colunista da Folha.

    Nos bastidores das redações, ocorreu o mesmo. Na Globo, ascenderam a postos essenciais jornalistas como Erick Bretas, hoje diretor de Mídias Digitais da empresa.

    Bretas se notabilizou, recentemente, por pedir o impeachment de Dilma no Facebook e conclamar seus seguidores a acompanhá-lo no protesto de 15 de março.

    A mensagem central da mídia pós-Lula tem sido instilar raiva num público intelectualmente vulnerável, destituído de preparo para distinguir jornalismo de propaganda política.

    Para isso, jornais e revistas tentam desmoralizar de todas as formas o governo. A maior arma, aí, são acusações de corrupção, e não à toa.

    Isso sempre funcionou no Brasil. A classe média é facilmente manipulada. Getúlio foi boicotado assim, e depois dele Jango também.

    O ódio de classes que marca o Brasil de hoje deriva daí. Os “corruptos”, no discurso calculado da imprensa, estão acabando com o Brasil e enriquecendo à custa de todo mundo.

    Danem-se os fatos. O importante é propagar essa visão.

    Um dos efeitos colaterais disso é a venezuelização do Brasil. O brutal ataque a Mantega no Einstein é uma amostra perfeita da venezuelização: a fúria irracional das classes privilegiadas contra tudo que remeta a um governo de esquerda, ou centro-esquerda.

    Por trás de tudo, se esconde uma verdade prosaica: os privilegiados, e deles a imprensa é o porta-voz, não querem abrir mão de suas mamatas.

    É assim na Venezuela, é assim no Brasil.

    Lamentavelmente, Bresser Pereira é um dos poucos privilegiados que conseguem enxergar a vida além de seus próprios interesses.

    É por isso que ele é ignorado pela mídia.
    (Acompanhe as publicações do DCM no Facebook. Curta aqui).
    ==============================================================================================

    O mais são aleivosias, sofismas e diversionismos daqueles que, em nome da democracia e de uma suposta alternância de poder, repetem chavões tal e qual papagaios e ventríloquos do PiG, e, de maneira sórdida e moralista, disseminam diariamente o ódio e falta de bom senso político, social, cultural e econômico.

    Um baraço

    FRANSUÊLDO VIEIRA DE ARAÚJO.
    OAB/RN. 7318.

  8. fernando diz:

    Quem deve ser culpado pelo mau cheiro! Os porcos ou o dono da pocilga. Pra não dizer que não falei das flores.

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