domingo - 04/08/2013 - 08:51h

A emoção, dividida, com Dominguinhos

Por Carlos Santos

Zapeando canais na TV, ontem, deparei-me com um documentário sobre Dominguinhos, apresentado pela TV Cultura. Era uma reapresentação.

Infelizmente, já o alcancei em trechos finais. Mas nem por isso, sem deixar de me marcar profundamente.

Ao volante de um carro que ele mesmo dirigia (tinha pavor de avião), o artista recém-falecido narrava sua vida, contava seus causos… se emocionava. Emocionou-me.

O que mais mexeu comigo: um amigo, produtor musical, relatou a gravação de “A triste partida” num estúdio em Rio ou São Paulo, não lembro.

Em determinado momento da gravação, houve o que parecia ser uma pane nos equipamentos. Na mesa de som, o operador mexia, outras pessoas presentes ao estúdios se entreolhavam e davam como certa a existência de um problema técnico.

Dominguinhos, que cantava “A triste partida”, com cabeça baixa, testa debruçada sobre seu instrumento, chorava copiosamente. Não conseguia dar sequência à gravação.

Aí, quando todos descobriram o porquê da “falha”, mantiveram o respeito à sua dor de ex-retirante. Firmaram um acordo tácito-emocional, presos ao silêncio.

Aguardaram-no enxugar as lágrimas, se refazer, para só quase dez minutos depois se pronunciar novamente, pronto para seguir em frente.

Estava pronto para completar “A triste partida”. A triste partida de Dominguinhos.

Como não chorar também, heim?

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Categoria(s): Crônica

Comentários

  1. Inácio Augusto de Almeida diz:

    Não me causa surpresa esta notícia.
    Dominguinhos era sentimento puro.
    Nas suas músicas se percebe isto claramente.
    Um grande músico, um grande artista, um grande caráter.
    Certamente lá no céu está brincando com Luís Gonzaga de fazer belas canções.

  2. PauloRicardo diz:

    Assisti também na semana passada ba GloboNews.
    Marcou, foi realmente uma figura humana espetácular!

  3. Esdras Marchezan diz:

    Olá Carlos,
    Também me emocionei. Aliás, tenho me emocionado sempre ao rever o grande Dominguinhos e suas interpretações sobre o nosso Nordeste. Perdemos um grande defensor destas terras. Perdemos um músico refinadíssimo, e principalmente, um ser humano sem igual. Não sei se já viu, mas estou em busca de um dos últimos documentários que ele ajudou a construir: O Milagre de Santa Luzia. É um relato muito rico sobre o mundo dos sanfoneiros brasileiros, tendo como guia o grande mestre Dominguinhos. Um grande abraço.

  4. Gilmar Henrique diz:

    Tinha mais ou menos uns 7 anos de idade quando escutei essa música pela primeira vez. O som vinha do rádio da casa de um vizinho. Era um “raidão” (enorme) de madeira. A música e letra me chamaram atenção, então parei e fiquei escutando até terminar – estava comovido. Até hoje tenho aquele momento muito bem guardado na memória. Ao ler essa postagem dei vazão também a emoções nostálgicas do meu saudoso Doze Anos de outrora.

    Luiz Gonzaga compõe a lista das personalidades que admiro.

    //www.youtube.com/watch?v=r-8rsqTJi-0

  5. Sebastião Almeida de Medeiros diz:

    Dominguinhos era um ser humano fantástico. Tive a felicidade de conhecê-lo pessoalmente no Arrastapé da MPB, aqui mesmo em Mossoró. De tão simples, não demonstrava ser o grande artista que era. Após a sua morte, alguns bons colegas seus, se cotizaram para pagar a conta do hospital. Que Deus o tenha no palco do céu, com o seu grande mestre, Luiz Gonzaga.

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