Um velho hábito interiorano da prosa à calçada está em desuso, quase desaparecendo. Culpa da insegurança pública.
Não é apenas o televisor onipotente na sala que amputa o diálogo, separa vizinhos e distancia amigos da conversa à porta de casa. O grande mal é o pavor de assalto, da violência psicológica e física.
Um exemplo eu tive ontem ao chegar a Mossoró.
Ganhei convite para um bate-papo nos arrabaldes da histórica Capela de São Vicente (minha república sentimental e telúrica), onde conservo amizades desde tenra idade.
– Mas vamos bater papo dentro de casa; aqui fora é perigoso -, alertou um amigo em visita a seus pais.
O pânico está inoculado na sociedade.
A calçada intimista do passado é hoje uma espécie de Faixa de Gaza, Teerã em chamas. Foi-se o tempo do quixotesco soldado Catôta; o delegado Clodoaldo Meira não faz mais sua ronda, aboletado num Jeep.
Qualquer delinqüente é muito assustador do que “Luiz da Velha”. A maconha com seu “paz e amor” não ninguém. O medo leva a melhor.
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