Estimo que mais uma vez na história recente da política mossoroense, “o maior eleitor” da cidade não mostrará sua real força nas urnas: a Prefeitura Municipal de Mossoró.
A máquina pública parece um titã, uma Divisão Panzer (veja AQUI), mas não pode tudo.
A tese que muita gente sustenta, de que qualquer candidato a prefeito governista já parte com 30% de intenções de voto, puro sofisma, provavelmente não vai bater com a realidade em 2016.
Como já não bateu no passado.
Em 1996 (veja boxe nesta postagem), por exemplo, o prefeito Dix-huit Rosado vivia final de governo (terceiro) com enormes dificuldades, como atraso no pagamento da folha de pessoal e precariedade em serviços públicos básicos.
Em litígio pessoal e político com a vice Sandra Rosado (PMDB), apostou num nome ‘seu’.
Eleições Municipais de Mossoró em 1996
– Rosalba Ciarlini (PFL) – 57.407 (52,64%);
– Sandra Rosado (PMDB) – 26.118 (28,50%);
– Jorge de Castro (PT) – 4.878 (5,32%);
– Valtércio Silveira (PMN) – 3.237 (3,53%);
– Brancos – 1.549 (1,69%);
– Nulos – 3.802 (…);
– Maioria pró-Rosalba Ciarlini de 31.289 (24,14%).Existiam 114.218 eleitores aptos, mas compareceram 96.991. As abstenções atingiram 17.227 (15.08%), com 91.640 sendo a votação nominal.
Resolveu lançar à sua sucessão (na época não existia o instituto da reeleição) o engenheiro Valtércio Silveira (já falecido), seu ex-secretário de Obras, nome de livre trânsito social – de família com ótimo conceito – e que nunca tinha sido testado nas urnas.
O resultado eleitoral mostrou um desastre homérico. Valtércio ficou apenas em quarto lugar na votação.
Também se queixava em conversas reservadas, posteriormente ao pleito, que na prática “a máquina” não foi posta a serviço de sua campanha.
Quatro anos antes, o vice-prefeito Luiz Pinto (PFL) fora candidato à Prefeitura com apoio da então prefeita Rosalba Ciarlini (PFL), mas perdera as eleições para “O velho” Dix-huit Rosado (PDT).
Eleições Municipais de Mossoró em 1992
– Dix-huit Rosado (PDT) – 37.188 (47,79%);
– Luiz Pinto (PFL) – 32.795 (42,15%);
– Luiz Carlos Martins (PT)– 6.557 (8,43%);
– Paulo Linhares (PSB) – 1.273 (1,64%);
– Brancos – 5.669 (6,49%);
– Nulos – 3.913 (4,48%);
– Maioria pró-Dix-huit Rosado – 4.393 (5,64%)O eleitorado cadastrado à época era de 99.623. Compareceram 87.395, as abstenções chegaram a 11.381 e os votos nominais atingiram 77.813.
Rosalba – com gestão aprovada – e a máquina falharam, mesmo com Pinto amealhando 42,15% dos votos válidos.
As urnas vão falar no dia 2 de outubro.
Anote, por favor.
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Com a observância de que as estratégias adotadas pelos dois prefeitos elencados para captação de apoios são diametralmente opostas. Cada qual eivada de abissal engenharia política que, só após minuciosa análise, poder-se-á chegar a uma aproximada conclusão cognitiva.
Como?
Muito ouvi sobre política nesses últimos dias. Acho-a quase insuportável por determinados fatores. Apreciando uma sensacional entrevista de Geneton de Moraes a Fernando Collor, ouvi esse último dizer que seu erro foi ter governado sem o Legislativo. Aproveito as palavras. Dix-huit Rosado governava sem a Câmara Municipal. Nada era aprovado pelos edis. Assim, nem Santo Inácio de Loyola poderia administrar com sucesso. Considero Valtércio Silveira um dos homens mais corajosos que conheci. Quando aceitou ser candidato sabia de todas as dificuldades daquele momento político. No entanto, não declinou do convite. Dix-huit Rosado vinha sendo esmagado por vários segmentos que apontavam no grande burgo mestre uma senilidade que a idade não provocou. Saúde frágil, até posso aceitar. Mas ausência de lucidez, jamais. Pois bem, Valtércio Silveira não negou fogo. Enfrentou as urnas sem a força do executivo que estava enfraquecido por um legislativo que vinha cobrando, de forma quase hostil,o que a prefeitura não tinha como conceder. Assim é o meu ponto de vista sobre o episódio.
Todos nós sabemos que voto não se transfere. Mas vi isso acontecer, numa eleição, quando Dix-huit Rosado divulgou ter escolhido “O Nome da Rosa”. Naquele instante Rosalba Ciarlini foi eleita.
Então, meu querido Serra Grande, se as palavras desse meu comentário não receberem crédito, assino embaixo e reconheço a firma, sempre impressionada e admirando o homem notável que você foi.