O deputado federal Henrique Eduardo Alves (PMDB) talvez esteja vivendo seu melhor momento político. Mas nem assim revela fôlego para saltos maiores no universo político do seu estado.
Ele parece ser acometido da "Síndrome de Djalma Marinho". Explico.
O deputado federal Djalma Marinho foi um dos mais brilhantes e preparados políticos que o Rio Grande do Norte teve no século passado. Entretanto em todas as vezes que tentou ascender a um posto público executivo, terminou frustrado.
Foi assim em 1960, derrotado ao governo pelo deputado federal Aluízio Alves, pai de Henrique. Foi assim em 1974, atropelado pelo ex-marinheiro Agenor Maria ao Senado.
Henrique tem dez mandatos consecutivos de deputado federal. Conte aí comigo: 1970, 1974, 1978, 1982, 1986, 1990, 1994, 1998, 2002 e 2006. Tudo indica que caminha à reeleição em 2010. Um recorde.
Este ano é crucial para ele. Como o próprio primo-senador Garibaldi Filho (PMDB) comentou neste Blog, recentemente, o deputado tem a cabeça voltada para Brasília. Tenciona chegar à presidência da Câmara Federal.
Hoje é um dos mais influentes personagens da República, interlocutor privilegiado do presidente Lula e líder da mais numerosa bancada da chamada Baixa Câmara.
Entretanto no Rio Grande do Norte, Henrique não repete as proezas brasilienses dessa experiência de 40 anos de vida pública. Foi derrotado à Prefeitura do Natal em 1988 por Wilma de Faria, então "Maia". Em 1992, o golpe foi diante do engenheiro sanitarista Aldo Tinoco, bancado por Wilma.
Escândalo
Em 2002, Henrique teve nome em foco para ser candidato a vice-presidente da República. Faria parte da chapa do presidenciável José Serra (PSDB). Não vingou. Sua ex-mulher Mônica Azambuja – com ares de vindita – surgiu em reportagens o acusando de movimentar mais de 15 milhões de dólares no exterior.
O caso o fez desabar da condição de quase-candidato a vice.
Para 2010, Henrique enfrenta um redemoinho político. É possível que seja reflexo do que se produziu num passado recente: empurrar o PMDB para se compor com o PFL (hoje DEM) em 2006, para depois se acomodar com o PSB e PT na disputa à Prefeitura do Natal. O movimento pendular revela falta de bússola.
O que era visto como improvável acontece: o deputado entrou em choque com o primo e senador Garibaldi Filho (PMDB). Não falam a mesma lingua nem caminho na mesma direção. Coabitam o mesmo espaço partidário para evitar o pior.
O senador vai apoiar a postulação da senadora Rosalba Ciarlini (DEM) ao governo e Henrique fica com Wilma e o candidato dela à sucessão, provavelmente o vice-governador Iberê Ferreira (PSB). Pior do que a divisão, é o o enfraquecimento da liderança de ambos perante às bases peemedebistas.
Põe em xeque a "grife" do PMDB. Compromete sua história e mística, em símbolos como o "V" da vitória, a cor verde e a expressão "bacurau". A semiótica está aí para decifrar tudo. Ou quase tudo.
Sua última tentativa de pontificar e ser protagonista na política, dando as cartas, ocorreu ano passado. Manufaturou o surgimento da "Unidade Potiguar", bloco saído do "útero" da base wilmista. Não vingou. Teve vida efêmera e força nenhuma.
É esse o quadro diante de Henrique. Mesmo reeleito e numa hipotética vitória de quem apoiar ao governo, é possível que seja apenas coadjuvante na história. Um "santo" que não faz milagres em casa.
Quando surgiu em 1970 para substituir o pai, Aluízio Alves, cassado pelo regime militar em 1969, Henrique era um jovem imberbe mas com capital eleitoral incomensurável. Era a personificação do líder-mito Aluízio. Agora precisa ser mais do que nunca ele mesmo: Henrique.
Nota do Blog – Essa é a primeira matéria de uma série especial sobre campanha e eleições 2010, que o Blog pretende produzir.
É um material que tratará de fatos e personagens, para tentar oferecer maiores elementos ao entendimento do embate político-eleitoral deste ano.
Conto com seu acompanhamento.























Parabéns pelo bom texto e espero que venham outros com o prometido. Acompanharei como acompanhei de perto sua serie de textos sobre a Rosalba. Muito importante para mim que sou um interessado em me aprofundar no que ocorre nos corredores e intramuros da política potiguar e principalmente mossoroense. Estou me especializando em Ética e Filosofia Política e certamente em futuro próximo estudarei com maior diligencia o que ocorre em nossas cercanias. Desde já parabéns pelo belo trabalho!
Caro Jornalista, parabéns pela corajosa iniciativa. É bem verdade que ele foi uma pessoa forte para ser indicado a Vice de Serra, mas, depois do escândalo, ele foi obrigado a recuar e, só foi eleito com a sobra dos votos da Deputada Sandra Rosado.
Além de recuar, prejudicou a indicação para o mesmo cargo do Senador Garibaldi, pois, se o fosse, estaria no mar de lama do primo Henrique.
Acredito ( é minha opinião ), que no plano Federal, ele seja um fortíssimo candidato a ” estrela cadente “. Assim penso.
Amigo, muitos comentarios sobre as chapas proporcionais a camara federal, o PMDB, esta escasso de “lideranças regionais” as “esteiras”, 2010 pode ser cheio de novidades!!!! Se não houver o chapão para acomodar todo mundo.