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domingo - 20/10/2024 - 07:38h

A maior solidão

Por Odemirton Filho

Arte ilustrativa

Arte ilustrativa

Há quem goste de ficar sozinho, sem ouvir o burburinho das ruas, das pessoas. Sim, existem pessoas que falam demais, e dizem de menos. Quem gosta de ficar sozinho, muitas vezes, está cansado das mentiras; de viver em mundo eivado de falsidade, principalmente hoje, onde as redes sociais são um palco de exibicionismo e vaidade. Quem aprecia ficar em sua própria companhia está cansado dos relacionamentos tóxicos, sejam familiares ou amorosos.

Decerto, quem fica em casa ouvindo o silêncio, tomando um café, uma taça de vinho ou uma dose de uísque, ao som de uma boa música, sabe como é bom. Há quem aproveite a solidão para dialogar com Deus, entrando em íntima comunhão com Ele. Deixa-se a correria do dia a dia lá fora; vive-se um momento só seu. Por que buscamos momentos de solidão? Cada um sabe a resposta.

Entretanto, se existem momentos nos quais apreciamos ficar sozinhos, noutros, precisamos do calor humano. Necessitamos amar e ser amados. Precisamos de um carinho, de um aconchego. Precisamos, também, estar ao lado de pessoas que nos façam bem, que nos façam sorrir. Creio que precisamos equilibrar a vida. Há momentos que necessitamos da solidão para refletir e decidir qual rumo tomar. Porém, precisamos interagir, somos gregários.

Nessa toada, permita-me transcrever um fragmento de uma crônica escrita pelo poeta Vinícius de Moraes:

“A maior solidão é a do ser que não ama. A maior solidão é a do ser que se ausenta, que se defende, que se fecha, que se recusa a participar da vida humana. A maior solidão é a do homem encerrado em si mesmo, e que não dá a quem pede o que ele pode dar de amor, de amizade, de socorro. O maior solitário é o que tem medo de amar, o que tem medo de ferir e de ferir-se, o ser casto de mulher, do amigo, do povo, do mundo. Esse, queima como uma lâmpada triste, cujo reflexo entristece também tudo em torno. Ele é a angústia do mundo que o reflete. Ele é o que se recusa às verdadeiras fontes de emoção, as que são o patrimônio de todos e, encerrado em seu duro privilégio, semeia pedras do alto da sua fria e desolada torre”.

Portanto, das palavras acima delineadas, é de se indagar: qual é a sua maior solidão?

Odemirton Filho é colaborador do Blog Carlos Santos

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Categoria(s): Crônica

Comentários

  1. Marcos Pinto. diz:

    Em minha rude convicção sertaneja, a maior solidão é a do Ateu. O homem sem DEUS nunca é digno de comiseração. O maior peso que a terra sustenta é a do Ateu. Quero léguas de distância desse tipo de gente – se é que se pode referenciar como gente. VADE RETRO !.

  2. Bruno Ernesto diz:

    Caro Odemirton, você foi certeiro. Muito difícil enumerar e ordenar tantas solidões. Vou recorrer a uma, de muitas citações, que escutei do professor Ailton Siqueira, um profundo conhecedor das obras de Clarice Lispector: “Até cortar os nossos próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro.” Um forte abraço!

  3. ROCHA NETO diz:

    Pincei algumas colocações do seu artigo em tela, fiz algumas reflexões e cheguei a conclusão que você escreveu o texto para mim, pois ultimamente vejo que me insiro em todos os seus parágrafos.
    Amigo, não é a toa que sua CPU humana de tamanho mediano, foi bem projetada e construída com muito amor vivido por Odemirton e Albinha.
    Parabéns por mais uma superação intelectual, e um abraçaço!
    P.S. Coincidentemente, sempre trocamos figurinhas inerentes aos parágrafos expostos.

    • Odemirton Filho diz:

      Pois é, meu caro Rocha Neto. Creio que todos nós vivenciamos algumas dessas solidões.
      Muito grato pelas palavras de carinho e incentivo.
      Abração!

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