Por Odemirton Filho
Há quem goste de ficar sozinho, sem ouvir o burburinho das ruas, das pessoas. Sim, existem pessoas que falam demais, e dizem de menos. Quem gosta de ficar sozinho, muitas vezes, está cansado das mentiras; de viver em mundo eivado de falsidade, principalmente hoje, onde as redes sociais são um palco de exibicionismo e vaidade. Quem aprecia ficar em sua própria companhia está cansado dos relacionamentos tóxicos, sejam familiares ou amorosos.
Decerto, quem fica em casa ouvindo o silêncio, tomando um café, uma taça de vinho ou uma dose de uísque, ao som de uma boa música, sabe como é bom. Há quem aproveite a solidão para dialogar com Deus, entrando em íntima comunhão com Ele. Deixa-se a correria do dia a dia lá fora; vive-se um momento só seu. Por que buscamos momentos de solidão? Cada um sabe a resposta.
Entretanto, se existem momentos nos quais apreciamos ficar sozinhos, noutros, precisamos do calor humano. Necessitamos amar e ser amados. Precisamos de um carinho, de um aconchego. Precisamos, também, estar ao lado de pessoas que nos façam bem, que nos façam sorrir. Creio que precisamos equilibrar a vida. Há momentos que necessitamos da solidão para refletir e decidir qual rumo tomar. Porém, precisamos interagir, somos gregários.
Nessa toada, permita-me transcrever um fragmento de uma crônica escrita pelo poeta Vinícius de Moraes:
“A maior solidão é a do ser que não ama. A maior solidão é a do ser que se ausenta, que se defende, que se fecha, que se recusa a participar da vida humana. A maior solidão é a do homem encerrado em si mesmo, e que não dá a quem pede o que ele pode dar de amor, de amizade, de socorro. O maior solitário é o que tem medo de amar, o que tem medo de ferir e de ferir-se, o ser casto de mulher, do amigo, do povo, do mundo. Esse, queima como uma lâmpada triste, cujo reflexo entristece também tudo em torno. Ele é a angústia do mundo que o reflete. Ele é o que se recusa às verdadeiras fontes de emoção, as que são o patrimônio de todos e, encerrado em seu duro privilégio, semeia pedras do alto da sua fria e desolada torre”.
Portanto, das palavras acima delineadas, é de se indagar: qual é a sua maior solidão?
Odemirton Filho é colaborador do Blog Carlos Santos
Em minha rude convicção sertaneja, a maior solidão é a do Ateu. O homem sem DEUS nunca é digno de comiseração. O maior peso que a terra sustenta é a do Ateu. Quero léguas de distância desse tipo de gente – se é que se pode referenciar como gente. VADE RETRO !.
Caro Odemirton, você foi certeiro. Muito difícil enumerar e ordenar tantas solidões. Vou recorrer a uma, de muitas citações, que escutei do professor Ailton Siqueira, um profundo conhecedor das obras de Clarice Lispector: “Até cortar os nossos próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro.” Um forte abraço!