Outros enxergam a situação por outro ângulo: simplesmente não existiria saída alternativa. O embate é inevitável.
Independentemente de qual corrente esteja certa, na avaliação do conflito, num ponto todos concordam: o Estado está quase parando e tende a piorar no seu papel basilar de ofertar meios ao bem-estar social.
Até aqui, o quadro também alimenta comparativos até depreciativos e outros, nem tanto. Rosalba estaria conseguindo o "feito" de superar a prefeita natalense Micarla de Sousa (PV), nos seus primeiros meses de gestão, em confronto com os da governante municipal, campeã de rejeição popular.
Sob o ângulo político, a governadora seria uma versão da ex-primeira ministra britânica Margareth Thatcher, que entrou para a história com o epíteto de "A dama de ferro", por sua coragem em enfrentar uma crise conjuntural difícil, superando-a com destemor.
Bem, nem uma coisa nem outra, assim entendo.
É cedo para avaliações que satanizem a governadora ou mesmo para ponderações que a canonizem. Há muita politicalha em jogo, interesses escusos, além de uma guerra de informação e contra-informação dificultando a compreensão dos acontecimentos.
O próprio governo comunica-se mal ou nem isso, pois aposta na tentativa de descontrução dos movimentos organizados, na desqualificação moral de alguns personagens e no argumento do "retrovisor". Não conversa; rosna.
Sempre diz que o caos se explica no passado, pelas mãos de antecessores. "Complexo de transferência de culpa", lugar-comum na política paroquial.
Rosalba não é Micarla. Nem é Thatcher. É Rosalba Ciarlini Rosado, que em três gestões como prefeita de Mossoró nunca enfrentou grupos organizados à cobrança de direitos subjetivos ou não, através de greves.
Portanto, essa avalanche de paralisações é uma experiência nova, com a qual a médica-pediatra não tem conseguido lidar.
O enfrentamento é da natureza do seu próprio sistema de poder, oligárquico.
PropagandaComo prefeita, na primeira gestão iniciada em 1989, pegou uma prefeitura de organização primitiva, mas enxuta. Fez acontecer com ajuda de densa propaganda, apostando em obras de visibilidade, sobretudo de infra-estrutura: calçamentos, praças, asfalto etc.
Em outras duas gestões seguidas, 1997-2000/2001-2004, ocorreram momentos distintos.
Quando retomou a prefeitura em 1997, pegou uma máquina exaurida, endividada e com servidores desestimulados, mas pacientes, à espera da "reconstrução". Em poucos meses o básico ficou arrumado.
Nos anos seguintes, ela foi favorecida por fatores exógenos incomuns a todos os seus antecessores, que a ajudaram a construir perfil de gestora competente, carismática, trabalhadora: explosão dos royalties do petróleo, advento do instituto da reeleição, estabilidade da moeda e programas sociais do Governo Federal (na Saúde, Educação, Assistência Social) que deram visibilidade a ela, como autora de tudo.
Mesmo assim promoveu centenas de demissões e deu tratamento modesto ao bolso do funcionalismo.
É difícil Rosalba ser Micarla, sobretudo porque tem maior respaldo à retaguarda, para não ser tão medíocre. Porém está longe de ser Thatcher.
A dama de ferro enfrentou a ditadura do "trabalhismo", sobressaindo-se. Fez o poderoso e onipotente movimento sindical mineiro recuar de greves e impôs política econômica austera, com cortes em gastos sociais, privatização, recuo inflacionário e fortalecimento da moeda. Altos índices de desemprego a afligiram até o fim.
No RN, o sindicalismo público ganhou musculatura, mas está longe de impor o terror, como os colegas da terra da rainha Elisabeth.
O servidor não é culpado pela proclamada quebradeira do erário estadual, mas uma minoria engravatada no topo do serviço chapa-branca, que não para de drenar vantagens, sem abrir mão de nada. Eles estão em todos os poderes.
Pior do que isso, só mesmo nossa própria cultura política multissecular, que enxerga a coisa pública como um bem privado, a serviço de uma casta.
A "dama de ferro" potiguar topa enfrentá-la, para verdadeiramente "fazer acontecer"?
Pouco provável. Não é do seu estilo. É o que a sua biografia mostra com nitidez.
Só.
imagina se num da para comparar Micarla com Rosalba… Já dizia um biologo o problema do Rio Grande do Norte e Fauna (Borboleta) e Flora (Rosa)