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domingo - 19/06/2016 - 14:30h
História

A resistência de Mossoró ao bando de Lampião

Pesquisador narra combate ocorrido à tarde do dia 13 de junho de 1927 na cidade, num episódio épico

Por Geraldo Maia (O Mossoroense)

Em 1927 a cidade de Mossoró vivia um período de expansionismo comercial e industrial. Possuía o maior parque salineiro do país, três firmas comprando, descaroçando e prensando algodão, casas compradoras de peles e cera de carnaúba, contando com um porto por onde exportava seus produtos e sendo, por assim dizer, um verdadeiro empório comercial, que atendia não só a região oeste do Estado, como também algumas cidades da Paraíba e até mesmo do Ceará.

A população da cidade andava na casa dos 20.000 habitantes, era ligada ao litoral por estrada de   ferro que se estendia ao povoado de São Sebastião, atual Dix-sept Rosado, na direção oeste, seguindo por quarenta e dois quilômetros.

Homens da defesa de Mossoró posam armados em uma das trincheiras (Foto: reproduçaõ)

Contava ainda com estradas de rodagem, energia elétrica alimentando várias indústrias, dois colégios religiosos, agências bancárias e repartições públicas. Era essa a Mossoró da época.

A riqueza que circulava na cidade despertou a cobiça do mais famoso cangaceiro da época, que era Virgulino Ferreira, o Lampião.

Para concretizar o audacioso plano de atacar uma cidade do nível de Mossoró, Lampião contava em seu bando com a ajuda de alguns bandidos que conheciam muito bem a região oeste do Estado, como era o caso de Cecílio Batista, mais conhecido como “Trovão”, que havia morado em Assú onde já havia sido preso por malandragem e desordem e de José Cesário, o “Coqueiro”,  que havia trabalhado em Mossoró.

Massilon

Contava ainda com Júlio Porto, que havia trabalhado em Mossoró como motorista de Alfredo Fernandes, conhecido no bando pela alcunha de “Zé Pretinho” e de Massilon que era tropeiro e conhecedor de todos os caminhos que levavam a Mossoró.

No dia 2 de maio de 1927 Lampião e seu bando partiram de Pernambuco, em direção ao Rio Grande do Norte. Atravessaram a Paraíba próximo à fronteira com o Ceará, com destino a cidade potiguar de Luiz Gomes. Antes, porém, atacaram a cidade paraibana de Belém do Rio do Peixe.

Lampião não estava com o bando completo. O cangaceiro Massilon, que era um de seus chefes, estava com uma parte dos bandidos no Ceará e pretendia atacar a cidade de Apodi, já no Rio Grande do Norte, no dia 11 de junho daquele ano. Depois do assalto, deveria se juntar a Lampião em lugar predeterminado, onde deveriam terminar os preparativos para o grande assalto.

Essa reunião se deu na fazenda Ipueira, na cidade de Aurora, no Ceará, de onde partiram com destino a Mossoró. E ai começou a devastação por onde o bando passava.

Sequestrados

Assaltaram sítios, fazenda, lugarejos e cidades, roubando tudo o que encontravam, inclusive jóias e animais, queimando o que encontravam pela frente e fazendo refém de todos os que podiam pagar um resgate. Entre os sequestrados estavam o coronel Antônio Gurgel, ex-Prefeito de Natal, Joaquim Moreira, proprietário da Fazenda “Nova”, no sopé da serra de Luis Gomes, dona Maria José, proprietária da Fazenda “Arueira” e outros.

Coube ao Coronel Antônio Gurgel, um dos seqüestrados, escrever uma carta ao prefeito de Mossoró, Rodolfo Fernandes, fazendo algumas exigências para que a cidade não fosse invadida. Era a técnica usada pelos cangaceiros ao atacar qualquer cidade.

Antes, porém, cortavam os serviços telegráficos da cidade, para evitar qualquer tipo de comunicação. Quando a cidade atendia o pedido, exigiam além de dinheiro e jóias, boa estadia durante o tempo que quisessem, incluindo músicos para as festas e bebidas para as farras. Quando o pedido não era aceito, a cidade era impiedosamente invadida.

De Mossoró pretendiam cobrar 500 contos de réis para poupar a cidade, mas sendo advertido que se tratava de quantia muito alta, resolveram reduzir o pedido para 400 contos de réis. A carta do coronel Gurgel dizia:

“Meu caro Rodolfo Fernandes.

Desde ontem estou aprisionado do grupo de Lampião, o qual está aquartelado aqui bem perto da cidade. Manda, porém, um acordo para não atacar mediante a soma de 400 contos de réis. Penso que para evitar o pânico, o sacrifício compensa, tanto que ele promete não voltar mais a Mossoró…”

Ao receber a carta, o Cel. Rodolfo Fernandes convoca uma reunião para a qual convida todas as pessoas de destaque da cidade, onde informa o conteúdo da mesma e alerta para a necessidade de preparação da defesa contra um possível ataque dos cangaceiros.

Os convidados, no entanto, acham inviável que possa acontecer um ataque de cangaceiros a uma cidade do porte de Mossoró.  E de nada adiantaram os argumentos do prefeito.

Mesmo decepcionado com a atitude dos cidadãos da cidade, o prefeito responde a carta nos seguintes termos:

“Mossoró, 13 de junho de 1927.  –

Antônio Gurgel.

Não é possível satisfazer-lhe a remessa dos 400.000 contos, pois não tenho, e mesmo no comércio é impossível encontrar tal quantia. Ignora-se onde está refugiado o gerente do Banco, Sr. Jaime Guedes. Estamos dispostos a recebê-los na altura em que eles desejarem. Nossa situação oferece absoluta confiança e inteira segurança.

Rodolfo Fernandes”.

Quando o portador chega a casa do prefeito para pegar a resposta, esse, de modo cortês, diz que a proposta do bandido é inaceitável e se diz disposto a enfrenta-lo. Levou o portador ao aposento onde havia vários caixões com latas de querosene e gasolina. Junto a esses caixões, existia um aberto e cheio de balas. O prefeito na tentativa de impressioná-lo, diz que todos aqueles caixões estão cheios de munição e que já existe um grande número de homens armados na cidade, aguardando a entrada dos cangaceiros.

Lampião não esperava tal resposta e ao tomar conhecimento que a cidade está pronta para brigar, resolve mandar um bilhete escrito de próprio punho, numa péssima caligrafia, julgando que assim conseguiria o intento :

“Cel Rodolfo

Estando Eu até aqui pretendo drº. Já foi um aviso, ahi pº o Sinhoris, si por acauso rezolver, mi, a mandar será a importança que aqui nos pede, Eu envito di Entrada ahi porem não vindo essa importança eu entrarei, ate ahi penço que adeus querer, eu entro; e vai aver muito estrago por isto si vir o drº. Eu não entro, ahi mas nos resposte logo.

Capm Lampião.”

Mais uma vez, o prefeito responde com negativa. Diz em sua resposta para Lampião:

“Virgulino, lampião.

Recebi o seu bilhete e respondo-lhe dizendo que não tenho a importância que pede e nem também o comércio. O Banco está fechado, tendo os funcionários se retirado daqui. Estamos dispostos a acarretar com tudo o que o Sr. queira fazer contra nós. A cidade acha-se, firmemente, inabalável na sua defesa, confiando na mesma.

Rodolfo Fernandes

Prefeito, 13.06.1927”.

Nessa altura dos acontecimentos, os mossoroenses já convencidos do intento dos cangaceiros, tratavam de preparar a defesa da cidade. O tenente Laurentino era o encarregado dos preparativos. E como tal, distribuía os voluntários pelos pontos estratégicos da cidade.

Haviam homens instalados nas torres das igrejas matriz, Coração de Jesus e São Vicente, no mercado, nos correios e telégrafos, companhia de luz, Grande Hotel, estação ferroviária, ginásio Diocesano, na casa do prefeito e demais pontos.

Massilon conhecia bem a cidade; Lampião liderava bando a distância e Sabino foi ao combate (Foto: reprodução)

O plano de lampião era chegar a uma localidade conhecida como Saco, que ficava a uma distância de dois quilômetros de Mossoró, onde abandonariam as montarias e prosseguiriam a pé até a cidade.

O cangaceiro Sabino comandava duas colunas de vanguarda. Uma das colunas era chefiada por Jararaca e outra por Massilon.  Lampião ia no comando da coluna da retaguarda.

Enquanto cangaceiros e voluntários se preparam para o combate, o restante da população, que não participariam do mesmo, tentava deixar a cidade.  Eram velhos, mulheres e crianças, pessoas doentes, que não tinham nenhuma condição de enfrentar, de armas em punho, a ira dos Cangaceiros.

Trincheira na cada de Rodolfo Fernandes (Foto: Reprodução)

A cena era dantesca desde o dia 12 de junho.

Nas ruas, o povo tentava deixar a cidade de qualquer maneira. Mulheres chorando, carregando crianças de colo ou puxadas pelos braços, levando trouxas de roupas, comida e água para a viagem, vagando na multidão sem rumo. Era uma massa humana surpreendente que se deslocava pelas ruas da cidade na busca de transporte, qualquer que fosse o meio, para fugir antes da investida dos Cangaceiros.

Famílias inteiras reunidas, em desespero, lotavam os raros caminhões ou automóveis que saíam disparados a caminho do litoral. Muitos, sem condição de transporte, tratavam de conseguir esconderijo dentro ou fora da cidade. A ordem dada pelo prefeito era que quem estivesse desarmado saísse da cidade.

Defesa

O desespero aumentava mais a medida que o dia avançava. Às onze horas da noite, os sinos das igrejas de Santa Luzia, são Vicente e do Coração de Jesus começaram a martelar tetricamente, o que só servia para aumentar a correria. As sirenes das fábricas apitavam repetidamente a cada instante. Muita gente que não acreditava na vinda de Lampião, só ai passou a tomar providências para a partida.

Na praça da estação da estrada de ferro, era grande a concentração de gente na busca de lugar para viajar nos trens que partiam de Mossoró. Até os carros de cargas foram atrelados a composição para que a multidão pudesse partir. Mesmo assim não dava vencimento, e os retardatários, em lágrimas, imploravam um lugar para viajar.

O Prefeito, o Cel. Rodolfo Fernandes de Oliveira, se desdobrava na organização da defesa, ao mesmo tempo que ordenava a evacuação da cidade, medida essa que poderia salvar muitas vidas.

Enquanto isso, a locomotiva a vapor, quase milagrosamente partia, resfolegando com o peso adicional, parecendo que ia explodir, tamanho o esforço feito pela máquina que emitia fortes rangidos e deixava um rastro de fumaça negra no horizonte. Era uma viagem relativamente curta, entre Mossoró e Porto Franco, nas proximidades da praia de Areia Branca.

NA CIDADE, o badalar dos sinos continuava e o desespero também, pois apesar da pequena distância que o trem deveria percorrer, a locomotiva demorava mais do que o normal para chegar, com o maquinista parando com freqüência para se abastecer de água e lenha pelo caminho. Saía de Mossoró com todos os carros lotados e voltava vazio. Era um verdadeiro êxodo.

Na noite do dia 12 de junho, não houve descanso para ninguém em Mossoró. Os encarregados pela defesa da cidade se revezavam na vigília, enquanto o restante da população esperava a vez de partir. E o movimento na estação ferroviária não parava.

O embarque de pessoal virou toda a noite e só terminou na tarde do dia 13 de junho, dia de Santo Antônio, quando foram ouvidos os primeiros tiros, dando início ao terrível combate. Mas a meta havia sido alcançada; a cidade estava deserta, exceto pelos defensores que das trincheiras aguardavam o ataque.

Ao entrarem na cidade, o bando sente medo, devido ao abandono do local. Sabino encaminha-se com suas colunas para a casa do prefeito. Não perdoa o atrevimento daquele homem que resolveu enfrentar o bando de cangaceiro mais temido do nordeste brasileiro. Sabino posiciona-se sozinho em frente a casa de Rodolfo Fernandes.

Rodolfo: líder da resistência (Foto: reprodução)

Os defensores da cidade ficam indecisos, sem saber se ele é um soldado ou um cangaceiro, já que não havia muito diferença entre a maneira de se vestir de um e de outro. Foi preciso a ordem do prefeito para que começassem a atirar.

Forte chuva

Nesse momento o tempo fechou. Uma forte chuva começa a cair, comprometendo o desempenho dos cangaceiros e tornando mais tétrico o ambiente. Lampião segue em direção ao cemitério da cidade enquanto que Massilon procura os fundos da casa do prefeito.

O cangaceiro “Colchete” tenta revidar os tiros lançando uma garrafa com gasolina contra os fardos de algodão que servem de trincheiras para os defensores, na tentativa de incendiá-los.

Nesse momento é atingido por um tiro, caindo morto. Jararaca se aproxima do corpo, com o intuito de dar prosseguimento ao plano do comparsa morto e é também atingido nas costas, tendo os pulmões perfurados.

No mesmo instante, os soldados entrincheirados na boca do esgoto começam a atirar, encurralando os cangaceiros. Os defensores dominam a situação e não resta outra solução aos facínoras se não abandonar a cidade. A ordem de retirada é dada por Sabino que puxando da pistola dá quatro tiros para o alto. É o fim do ataque.

Não foi um combate longo; iniciou-se as quatro horas da tarde, aproximadamente, sendo os últimos disparos dados por volta das cinco e meia da mesma tarde.

Colchete e Jararaca

Lampião havia fugido, deixando estirado no chão o Cangaceiro Colchete e dando por desaparecido o Jararaca, que depois seria preso e “justiçado” em Mossoró. Mas com medo da revanche dos bandidos, os defensores permaneceram de plantão toda a noite, só descansando no outro dia, quando tiveram certeza que já não havia mais perigo.

Jararaca foi baleado em combate (Foto: reprodução)

Quando lembramos esses fatos, ficamos pensando que tragédia poderia ter acontecido se a cidade não houvesse sido esvaziada a tempo. Quantas mortes poderiam ter havido se a população tivesse permanecido na mesma. Só Deus pode saber.

Depois do acontecido, a população começa a voltar para casa. É outra batalha para se conseguir transporte, juntar os parentes, desentocar os objetos de valores que tinham ficado escondidos e tantas providências mais, que só quem viveu o drama poderia contar.

13 de junho, dia de Santo Antônio. Um dia que ficou marcado para sempre na história de Mossoró.

Para saber mais sobre a História de Mossoró visite o blog: www.blogdogemaia.com.

Geraldo Maia é historiador, escritor e pesquisador

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Categoria(s): Blog

Comentários

  1. François Silvestre diz:

    Não vi na relação dos combatentes, resistentes ou colaboradores da resistência nenhum sobrenome Rosado Maia. Onde estavam? Ou modestamente lutaram sem aparecer?

    • Carlos Santos diz:

      NOTA DO BLOG – Não havia nenhum, François.

      Mas há alguns anos, na produção da festa local, tentaram criar uma “trincheira rosado”.

      Patético.

      Cá para nós: acho que o patriarca Jerônimo Rosado fez muito bem. Saiu com destino a Porto Franco com a família numerosa.

      Se fosse eu teria feito o mesmo. Com uma diferença: teria ido para lugar ainda mais longe.

      Abração

      • edmar jose da silva diz:

        amigo gostaria de saber, se na época dos ataque dos bandidos a Mossoró se exixtia um padre por nome Amancio Ramalho, ele foi paroco aqui na minha cidade, e falava que tinha participado da defesar da cidade de Mossoro.

  2. naide maria rosado de souza diz:

    Narrou bonito, Geraldo Maia. Orgulho meu herdar o sangue mossoroense. Povo corajoso. Estratégia militar perfeita envolvendo a saída de mulheres, crianças e doentes . Proteção. Grande Prefeito Cel. Rodolfo Fernandes. O meu idioma “nordestinês” me permite chamá-lo, sem ser ousada, de Cabra-Macho.

  3. Faustino diz:

    Um fato histórico que nos faz reviver o acontecido como se estivesse lá participando do combate. Se não fosse a coragem do Cel. Rodolfo Fernandes, talvez hoje não tivéssemos como contar este fato ao povo nos dias atuais.
    Belo planejamento tanto de fuga quanto de combate. Os verdadeiros Heróis do nosso povo merecem sempre serem lembrados e homenageados. VIVA A RODOLFO FERNANDES, VIVA AOS BRAVADORES DA RESISTÊNCIA.

  4. Marcos Pinto. diz:

    Crescí ouvindo o meu avô paterno Aristides Ferreira Pinto narrando trechos da carta escrita por seu irmão Coronel Francisco ferreira Pinto, que um mês e três dias antes do ataque de Mossoró sofrera ataque em Apodi (10 de Maio de 1927) por parte do bando comandado por Massilon Leite, em que participou o célebre Júlio Porto. Na missiva encaminhada por emissário próprio no mesmo dia do ataque, que montando formoso cavalo dirigiu-se à então Vila de São sebastião, onde pegou o trem com destino a Mossoró, onde entregou a mesma ao seu parente e amigo, o meu tio-avô comunicou que ele e o próprio Rodolfo Fernandes faziam parte de um complô urdido por Felipe Guerra (Cunhado de Tilon Gurgel, figadal adversário do Coronel Chico Pinto) e seu compadre Jerônimo Rosado visando o extermínio dos mesmos, para que ambos fossem alçados a condição de prefeitos – Tilon Gurgel em Apodi e Jeronimo Rosado em Mossoró. O encarregado do plano macabro fora o chefe de jagunços Décio Holanda, genro de Tilon, e que acoitava Massilon e outros jagunços, em sua fazenda Bálsamo, no município de Pereiro, onde Lampião passou um mês se preparando para o ataque a Mossoró. O renomado historiador Raimundo Nonato faz referência à essa missiva na página 53 do livro LAMPIÃO EM MOSSORÓ, porém sem entrar em detalhes sobre o seu conteúdo. O certo é que o meu avô contava que seu irmão Chico Pinto alertou o parente Rodolfo para só colocar parentesa e pessoas de sua mais íntima confiança para guarnecer sua residência. Jerônimo Rosado tinha seis filhos rapazes e não pôs nenhum para fazer parte das trinheiras, sendo que Dix-Sept tinha 16 anos e Dix-Huit tinha 15 anos. Quando Mossoró resistiu heroicamente a horda cangaceira o Coronel Francisco Pinto enviou telegrama para Rodolfo Fernandes nos seguintes termos: “Queira prezado parente receber e transmitir parabéns povo mossoroense. Esse telegrama foi publicado em livro de autoria de Filemon Pimenta com o título: O Cangaço na Imprensa Mossoroense.

  5. fernando diz:

    Os cavalos dos cangaceiros não foram treinados para nadar. Tai a segurança da familia heroica de Mossoró.

  6. marcelo silva diz:

    Percebe-se no memorial da resistência da PMM (ao lado do fórum) que os cangaceiros tem mais visibilidade que os bravos combatentes mossoroenses, pouco se sabe e pouco se escreve sobre estes mossoroenses heróis da cidade que combateram o bando de lampião. Carlos Santos, uma pergunta, nessa época mossoró não tinha policial para ajudar na defesa da cidade? Abraço.

    • Carlos Santos diz:

      NOTA DO BLOG – Tinha, Marcelo. Tão pouco como hoje.

      Mas a cidade era bucólica, muito pacata, sem forças policiais regulares para tamanho enfrentamento.

      Abraços

    • JORGE LUIZ diz:

      Pesquisando sobre o tema, encontro opinião semelhante à minha em relação a pouca ”visibilidade” dada aos HERÓIS DA RESISTÊNCIA e o destaque dado aos cangaceiros em paineis enormes no Memorial. Uma pena…

  7. Marcos Pinto. diz:

    Em adendo ao comentário anterior: Os Coronéis Francisco Pinto e Rodolfo Fernandes foram vítimas do complô, portanto, faziam parte como futuras vítimas a serem eliminadas pelo poder de mando dos que arquitetaram o complô. Para melhor compreensão do ataque à Mossoró, sugiro leitura do livro “MASSILON”, de autoria do celebrado escritor e historiador HONÓRIO DE MEDEIROS FILHO.

  8. Marcos Pinto. diz:

    Jerônimo Rosado estivera à frente do executivo mossoroense como Intendente (Atual Vereador) e eleito pelos seus pares como Presidente da Intendência Municipal (Depois de Agosto de 926 passou a denominação de Prefeito) para o período 1917-1919). Com a grande ascensão do poderio econômico dos Fernandes, dominantes dos ramos algodoeiro e salineiro, maiores empregadores à época, passaram ao domínio político de Mossoró e de outras cidades oestanas, sendo certo que em Mossoró eclipsou a estrela do Jerônimo Rosado, despertando no mesmo ignoto ranço de rancor, nunca revelada de público.

  9. naide maria rosado de souza diz:

    Sempre soube da participação de meu pai e tios em revoluções, havendo uma declaração de minha avó sobre seus filhos “serem para o Brasil”. A coragem de Dix-huit Rosado está confirmada em muitas passagens de sua vida. Ainda capitão enfrentou o pior do sertão, como único médico da Polícia Militar do RN, atrás dos soldados contaminados com tifo. Desapropriou um prostíbulo, construção solitária do local e transformou-o num hospital. Salvou gente. Louvo a coragem de quem enfrentou Lampião. Não preciso explicar o que é TIFO. Numa cidade assolada pelo tifo, Lampião não precisaria matar ninguém…a população morreria , em agonia, sem precisar que ele desse um tiro. Épocas diferentes e idades diferentes, digam os senhores, mas podemos comparar a evolução do menino de 15, com o de trinta e poucos. Já tinha a coragem moldada em seu caráter. Meu pai homem era também cabra muito macho, como me permite falar o meu nordestinês.
    Aos 15 anos, como alguém disse, filho meu não iria para trincheira nenhuma. Não sou magnânima e nem aprecio quem envia seus filhos, crianças ou adolescentes, para a morte. Não aprecio, também, o estado que os convoca. Para, como na atualidade, não ter que chorar ouvindo: “Era um garoto, que como eu, amava os Beatles e os Rolling Stones….cantava viva a liberdade….mas foi chamado ao Vietnã, lutar com vietcongs…ao seu país, não voltará pois está morto no Vietnã.”
    Podem dizer …estamos falando de lampião e ela vem com os beatles. Não. Venho com jovens convocados em tenra idade para lutar em guerras ou contendas que nem entendem.
    Fatos, acontecimentos históricos, podem ser criados pela ótica de quem os escreve. Na história de Lampião, posso dizer, na minha versão, que seu amor não era Maria Bonita. Que, na verdade, ele vivia um romance tórrido com a esposa de Massillon, Carmela. Isso consumia a alma bandida de Lampião, provocava remorsos profundos. Mesmo assim, ele confiava missões em outros estados a Massillon, para usufruir de momentos com Carmela. Em Beira de Cerró, diziam que Carmela engravidou de Lampião. Massillon, tinha um problema . Na época não se conhecia a azoospermia. Era o mal de Massillon. Ele já tivera muitas mulheres, muitas e não conseguiu engravidar nenhuma. Os filhos que, por acaso disseram ser dele, não eram. Tinha um de cabelo vermelhinho, filho de Manú, com quem viveu um ano e meio. O vizinho de Manú era ruivo….
    Posso, se quiserem, romancear a vida de qualquer um dos cangaceiros, basta um lápis e um papel. Leiam mais, minhas criações … Em Beira de Cerró, diziam que Lampião tinha umas visões. Nessas visões, um anjo ferido guiava-o e incentivava-o a invadir e saquear cidades. Já o Dr. Ednaldo Junqueira, de Brejo dos Nogueiras, afirmava ter ouvido relatos de convulsões de Lampião e ele, na qualidade de médico, poderia afirmar que Lampião era epilético.
    Posso escrever cem histórias sobre o cangaço e , de tal forma pesquisar, sem deixar dúvidas e todos crerem ao lê-las, como sendo certas e dependendo de minha imaginação , posso criar um “Best seller”…Duvidem não.

  10. Inácio Augusto de Almeida diz:

    Disto tudo eu tenho uma cereteza. O bando de Lampião contribuiu e muito para o atraso do Nordeste. Este bandido, que alguns querem transformar em mocinho, desgraçou por muitos anos a vida de milhares de nordestinos. Infelizmente alguns “historiadores” teimam em retratá-lo como uma vítima da injustiça social, quando se sabe que antes de entrar para o cangaço já praticava pequenos assaltos.
    LAMPIÃO FOI UM BANDIDO.
    E como bandido deveria mergulhar na vala do esquecimento.
    ///////
    OS RECURSOS SAL GROSS SERÃO JULGADOS A QUALQUER INSTANTE. A QUALQUER INSTANTE!

  11. François Silvestre diz:

    O texto comentário de Naide Rosado desafia informações “cristalizadas”. Gostaria de ver a réplica dos estudiosos sobre o assunto. Honório de Medeiros, por exemplo, nunca falou sobre ser Massillon um corno manso. Mesmo sendo ele um brabo de chifre. Massillon era um guzerá? Touro fornido de chifres esbeltos? Beleza de questão.

  12. Jerônimo Dix-sept Rosado Maia Sobrinho diz:

    Prezado Carlos Santos.

    Vejamos o que tenho a dizer. A História tem que ser encarada como uma ciência. Como tal tem que haver comprovação, compromisso com a verdade. Estou a perceber que se quer dar um viés de política atual a algo que ocorreu em 1927. Misturando-se rancores atuais,interesses de vender mais livro e outros interesses e intenções. Um novo Romeu e Julieta nos idos de 20 não tem comprovação e o próprio Honório de Medeiros Filho é honesto e nos alerta no livro de sua autoria citado. Na página 55 da 4ª Edição do “A Marcha de Lampião” de Raul Fernandes, ilustre filho de Rodolfo Fernandes, cita-se participação de Jeronimo Rosado. Agora, “ignato ranço de rancor” deve sentir o amigo Marcos Pinto, sendo sempre revelado, mas não apontando a quem dos “Rosado Maia”. O grande François Silvestre deve ter discordado da decisão de Jeronimo Rosado, instado por um dos filhos, de levar sua família, com muitos filhos e filhas para localidade próxima a Mossoró e ter se armado para proteger sua numerosa família. Jeronimo Rosado, está lá no livro de Raimundo Nonato”Lampião em Mossoró”, também citado, telegrafou para o Governo da Paraíba pedindo reforços para Mossoró e contribuiu para a compra de armas e munições como consta deste mesmo livro que é um dos esteios da História do ataque do bando de Lampião a Mossoró, dentre outras iniciativas suas.
    Esta decisão de Jeronimo Rosado é pública. Nós que temos orgulho do velho Jeronimo Rosado, nunca escondemos nada que soubéssemos a respeito . Louvamos o senso de responsabilidade do Prefeito Rodolfo Fernandes, sua coragem e liderança na orientação da estratégia de defesa de nossa cidade. Assim como dos outros que se destacaram no episódio, como o Padre Mota, alguns dos Duarte, o Tenente Laurentino de Morais e tantos outros.
    Mas eu compreendo que os que hoje ironizam a atitude do chefe de família Jeronimo Rosado, teriam pegado em armas e combatido nas trincheiras de frente o mais terrível dos cangaceiros nordestinos! Não duvido nem um pouquinho…

  13. naide maria rosado de souza diz:

    Dix-sept. Muito bom encontrar você aqui. Você e sua serenidade. Aprecio, primo querido ,esse seu jeito de ser ponderado, mas que diz o que precisa
    ser dito.

  14. naide maria rosado de souza diz:

    François Silvestre. Quis, mais do que tudo, mostrar o que a criatividade pode fazer diante de um fato. O direito de interpretar , romancear ou mesmo desapontar com ótica própria. Nesses dias li um documentário sobre Marilyn Monroe. Há três versões para sua morte. Teria sido assassinada por seu próprio médico, apaixonado por ela ,segundo desabafos posteriores de um amor imenso. Teria ,noutra versão, sido morta por Bob Kennedy, que segundo uma doméstica de Marilyn, estivera com ela naquele dia fatal. Marilyn havia ameaçado divulgar seus romances com os Kennedys ,Bob e John. A terceira hipótese, a que acredito mais é a de que ela teria contado ao amigo Peter Lawford que John iria casar com ela. Peter trouxe-a à realidade e disse que isso jamais ocorreria, esclarecendo absolutamente tudo. Marilyn acordou de seu sonho louco e, desesperada, ingeriu a quantidade de remédios que a adormeceu para sempre. Essa ,para mim, é a história verdadeira. Veja quantas opiniões. Poderia romancear. Poderia falar muito de seu amor por John…da crença em suas promessas…escreveria um livro .”John, minha vida.” Poderia dizer que Marilyn não queria morrer…Queria apagar..dormir,esquecer as promessas, esquecer sua ilusão quase pueril. Esquecer o que Peter lhe dissera. Foi uma fuga mortal do momento em que vivia. Poderia , em meu livro, criar as palavras ditas de forma eloquente nas quais todos acreditaria. É o poder de interpretação que pode ser maldoso ou não.

  15. RICHARD CONRADO diz:

    Estarei usando este fato histórico como tema de meu grupo folclórico aqui em Manaus. Alguém pode me fornecer contato dos organizadores do chuva de bala em Mossoró???

  16. Anne diz:

    Sou de Marília/SP, mas meu avô materno, Adonias Carlos de Souza, nasceu em 1921 em São Sebastião, atual Dix-Sept Rosado. Contava que quando era criança ele e sua família tiveram que sair às pressas de casa e se esconder porque Lampião e seu bando estavam chegando. A família ficou escondida no mato do quintal da casa, e conseguiram ouvir que Lampião combinava um ataque, enquanto comiam o que tinha na casa. Ao ler esse texto, vi que combina com a história de meu avô e fiquei emocionada. Minha mãe foi nos anos 80 visitar a cidade e disse que essa casa em que meu avô morou tinha virado um tipo de museu, tombada pelo patrimônio histórico como rota do lampião. Ainda sonho em conhecer essa região carregada de valor histórico e sentimental para mim.

  17. Edvan diz:

    Ninguém aqui comenta a história de Tetê de Nicolau. Mulher acostumada a sofrer na mão de Justo de Pompilha, seu marido e pai de seus 10 filhos. Justo vivia a espancar Tetê e a surrar com chicote de couro cru o espinhaço dos meninos. Quando soube que Lampião estava prestes a invadir Mossoró, o cabra perverso decidiu virar herói. Escalou a pedra da moleira de 15 metros de altura para emboscar os cangaceiros e determinou que a esposa retirasse a escada de madeira por onde ele chegou lá no alto. Devendo ela voltar para retirá-lo lá de cima assim que o combate fosse encerrado. Tetê fugiu com todos os filhos num dos trens que partiram levando os moradores para esvaziar a cidade. Foi se instalar em São Paulo. Justo de Pompilha só foi encontrado alguns anos depois quando um grupo de aventureiros viajantes resolveu escalar a pedra. Ao lado de sua ossada, uma espingarda e o embornal cheio de munição.

  18. Francisco Ciriaco diz:

    Sou um apreciador da história do Cangaço. Já fui duas vezes a Grota de Angicos e visitei o prédio/Prefeitura de Piranhas do São Francisco onde as cabeças dos cangaceiros foram expostas após a emboscada na Fazenda Angicos/Sergipe, porém nada mais empolgante do que os comentários e críticas dos cronistas e escritores, entre eles dois conhecidos de perto:François Silvestre e Honório Medeiros e assim pude sentir com profundidade a importância que a Cidade de Mossoró e o seu povo deixou para a história do Cangaço no Nordeste

  19. Adolpho Henrique de Paula Ramos diz:

    Que aconteceu com os reféns?

  20. Marcos Antônio Macêdo Muniz diz:

    O avô de minha mulher ,Margarete de Paula contava que ficou na torre da igreja.O nome dele era José de Paula.

  21. Marcondes Paula diz:

    Muito interessante. Gostei de ler esses relatos históricos.

    Só uma pergunta? Só foi a polícia e a população que participaram da resistência? Ou as volantes também estavam presentes?

  22. Naelson Martins Nogueira diz:

    Meu avô participou dessa luta em defeza da nossa terra Mossoró. Eu faria o mesmo…. se for preciso hoje, farei o que meu avô e toda resistência fizeram.

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