domingo - 09/07/2017 - 08:54h

Saúde Pública precisa com urgência de gestão

Por Gutemberg Dias

A saúde pública hoje é um dos grandes gargalos para toda e qualquer gestão. A demanda é crescente e os recursos não crescem na mesma proporcionalidade, ou seja, a cada dia a saúde pública sofre um pequeno estrangulamento que se não sofrer ajustes vai terminar entrando em colapso.

Em Mossoró não é diferente das cidades de porte igual. Mas, aqui ainda existe muito recurso entrando na saúde. É suficiente para resolver toda demanda? Acredito que não, mas tenho a convicção que se algo for feito do ponto de vista da gestão é possível salvar recursos para serem reinvestidos em serviços que estão com deficiência além do tolerável.

Acredito que não necessariamente se precise ter alguém com formação na área de saúde para fazer a gestão da pasta. Muitas vezes se tem ótimos profissionais na área de saúde, que não são bons gestores. Por isso, acredito que para municípios onde as secretarias são grandes, a exemplo de Mossoró, o ideal era que o secretario fosse alguém que conheça profundamente de gestão pública e tenha, obviamente, conhecimento gerais do funcionamento do sistema de saúde.

Em outros artigos já dei exemplo dos plantões que com uso de tecnologia (software para montar escala e ponto eletrônico) foi possível salvar mais de um milhão de reais mês (veja AQUI). Pergunto se essas mesmas ferramentas continuam sendo utilizadas?

Já vou respondendo que “não”.

Tivemos recentemente a denúncia por parte da imprensa de que uma irmã do atual secretario de Saúde, Benjamin Bento, recebeu mais de dez mil reais/mês em vantagens (plantões), fato estranho e, certamente, sem sustentação quanto à real efetivação dos referidos plantões.

Hoje, a Atenção Básica tem que ser o ponto focal de qualquer gestão municipal. Não cabe mais as Unidades Básicas de Saúde (UBS’s) de nossa cidade ainda utilizarem as fichas de atendimento em papel. A informatização da saúde é um caminho que não pode encontrar barreiras, já que ela vai solucionar vários problemas que hoje atingem esse segmento no âmbito da gestão pública.

Através da informatização será possível realizar todas as marcações de consultas através de aplicativos que garantirão o fim das filas físicas nas unidades de saúde, bem como, vai ser possível adequar as marcações de acordo com a carga horária médica.

Outro ganho é a redefinição do fluxo de comunicação ao paciente das consultas marcadas ou canceladas. Nesses casos, a informação será compartilhada de forma online beneficiando o usuário e, também, o serviço que poderá readequar suas demandas de acordo com as informações processadas no sistema.

A informatização garantirá, sobremaneira, a redução de custos com medicamentos. Como todo o processo é informatizado, a própria consulta do médico já define os procedimentos a que o paciente será submetido como, por exemplo, o medicamento que deverá ser ministrado ou entregue pela farmácia. Dessa forma, o controle do estoque passa a ser feito de forma eletrônica e atrelado ao procedimento médico.

Nesse sentindo, acaba-se o descontrole de estoque e, sobretudo, a perda de medicamentos por extravios ou vencimento dos mesmos, haja vista que serão remanejados de acordo com a demanda em cada unidade de saúde. Além disso, o controle referente a demanda para reposição dos estoques passa a ser mais eficiente, subsequentemente, melhorando os processos licitatórios, haja vista que serão planejados de acordo com o controle do estoque na Farmácia Central.

Quantos milhões de reais poderão ser salvo com o investimento na informatização, talvez eu não consiga precisar, mas se levarmos em consideração que o município investe mais de R$ 160 milhões na saúde anualmente, vislumbra-se a possibilidade de estabelecer uma meta de otimização de pelos menos 15% desse montante ano. Algo que considero passível de atingimento.

Reiteramos a importância da discussão sobre a gestão da saúde pública se aprofundar, ser dividida com colegiados ligados à área e à própria sociedade, tendo como prioridade a satisfação dos usuários, sem protecionismos politiqueiros e freando distorções que comprometem qualidade no serviço e sustentam uma “sangria” continuada do erário. Nossa contribuição não é fabricando críticas ou replicando denúncias, mas ofertando ideias, propondo saídas, como tem defendido e ofertado o Blog Carlos Santos sistematicamente.

Para que uma meta dessas seja atingida é preciso, sobremaneira, investimento e boa vontade dos gestores em enfrentar muitos obstáculos de todos os tamanhos e natureza. Será que a gestão municipal topa esse desafio?

Se topar vai garantir, sem sobra de dúvida, uma melhora substancial no atendimento que pode ser aferido pelos dados colhidos no Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB). Inclusive, os dados mostram que nossa infraestrutura e espacialização dos equipamentos municipais são de fácil acesso, ou seja, em média até 10 minutos qualquer cidadão acessa um equipamento.

O problema é quando o cidadão adentra esse equipamento de prestação de serviço e não tem a mesma agilidade no atendimento. Eis a questão.

Gutemberg Dias é graduado em Geografia, mestre em Ciências Naturais e empresário

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Categoria(s): Administração Pública / Artigo / Saúde

Comentários

  1. carlos alberto de almeida diz:

    C aro Gutemberg, muito importante estas suas sugestões, mas primeiro precisamos do básico que não temos.Primeiro a saúde das UPAS são quase todas terceirizadas, a parte médica é composta quase toda as equipes por médicos cooperados, quando deveriam ser por médicos concursados e do quadro da prefeitura municipal com qualificação e treinamento periódico monitorizados pela mesma. Não é somente em Mossoró, mas muitos médicos hoje se cooperam para angariar um melhor salário, enquanto os mais pobres sofrem com os atendimentos. A prefeitura deveria fazer concursos para plantonistas ou então aproveitar os médicos do quadro que dispõe o município,consequentemente pagando um salário decente aos médicos do corpo clínico municipal, mas preferem encher os bolsos das cooperativas médicas. gostaria de entender….., no entanto fica a sugestão aos gestores.

  2. FRANSUÊRLDO VIEIRA DE ARAÚJO diz:

    Caro Gutemberg, mais uma vez, fazes uma “bela” radiografia do caos chamada assistência médico hospitalar do pais de mossoró. Não esqueçamos, que não é de hoje, posto que jamais funcionou, sabidamente em função de um obstáculo maior até o presente, intranponível, chamado interesses politico/patrimoniais de meia dúzia, sobretudo da classe médica,clase essa, histórica umbilicalmente vinculada ao atraso comandado pelas oligarquias político empresarais e capitães hereditários desde sempre.

    Simplesmente, não ha efetivamente como tirar o SUS do papel e faze-lo funcionar como determina a nossa Constittuição cidadã. Mesmo porque o dito cidadão médio naõ sabe como e porquê assim faunciona, e, consequentemtne não possui nehmu poder de barganha em seu favor, salvo reclamar da boca pra fora, sem nehmua força poltica que viesse permitir alguma trabformação do citado caos.

    Infelizmente, a maior parcela da sociedade, por razões falta de conciencia poìltica, assim como da conhecida visão imediatista, paternalista e comodista, prefere literalmente tirar o pouco do feijão da panela, e enriquecer os usurários donos de Planos de saúde, que muito prometem atrave´s dos Planos de saúde, e, pouco fazem na hora do cumprimento do contrato de assitência médico/hospitalar de que se diz uma maraviha, sobretudo nos anúncios publicitários e propagandas das cúmplices redes de televisão.

    Um país com as desigualdades sociais, as contradições históricas como o nosso, no que resvala e revela um povo e uma nação que considera educação e saúde, tão somente objeto de comércio, moeda de troca e de usuras mil, não merece ser chamado de nação…!!!

    Um baraço

    FRANSUÊLDO VIEIRA DE ARAÚJO
    OAB/RN. 7318.

  3. naide maria rosado de souza diz:

    Parabéns, Gutemberg Dias. Excelente sugestão. Que seja lida pelos que exercem a administração pública . Receber um trabalho dessa importância, como o seu, de graça, é presente inestimável.

  4. Lair solano vale diz:

    Gutenberg , ótima avaliação e como sempre você procura contribuir com as administrações. Informatizar e treinar todos, parte dos funcinários da saúde não querem usar computadores e sem alimentar o sistema de nada adianta.
    É preciso conferir se o que existe na nota fiscal bate com o que chegou na farmácia central ??? Porque tanta terceirização na saúde ??? Sempre achei que a Gestão tem tanta importância quanto o financiamento. Hoje temos outro agravante , JUDICIALIZAÇÃO . O nosso judiciário precisa saber o que é medicina baseado em evidência e os nossos médicos não podem se deixar levar pelos interesses econômicos da industria farmaceutica e de OPME.

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