Por Odemirton Filho
A vida em sociedade, como se sabe, exige múltiplos relacionamentos. O Homem, ser gregário por natureza, precisa do outro para satisfazer suas mais variadas necessidades, sejam pessoais, sentimentais, comunitária etc. Complementa-se no outro, ou busca-se esse complemento.
A modernidade, fundada no Iluminismo e no progresso da humanidade, trouxe o Homem à razão, como forma de ver e encarar o mundo. Outrora envolto em mística, é na modernidade que encontra a razoabilidade de sua conduta. Temos que:
O desenvolvimento de formas racionais de organização social e de modos racionais de pensamento prometia a libertação das irracionalidades do mito, da religião da superstição, liberação do uso arbitrário do poder, bem como do lado sombrio na própria natureza humana” (Harvey, 2002, p.23).
Por outro lado, a pós-modernidade trouxe uma nova perspectiva, humana, social. Como salienta Barbosa (1998, p. VIII) “após se ter vivido a revolução técnico-industrial, que marcou profundamente os tempos modernos, pode-se dizer que a Pós-Modernidade traz, como principal característica, o seu aspecto cibernético-informático e informacional. Uma prova disso é que, no cenário pós-moderno, reinam mais estudos e pesquisas sobre a linguagem e a inteligência artificial”.
Pois bem. É o Homem um ser solitário. Apesar de viver cercado da tecnologia, com o mundo aos seus pés, resta o individualismo, marca inconteste da sociedade contemporânea. Vive-se para o outro, em razão de conceitos e paradigmas sociais que o impede de ser liberto. Isola-se em uma cúpula, poucos conseguem ser o que verdadeiramente são.
Os relacionamentos, sejam amorosos ou de amizade, desfazem-se de forma instantânea, ante a imperiosa necessidade de afirmar o próprio eu. Renúncia e tolerância são palavras proibidas.
Nas palavras de Bauman:
(…) “Mas quer dizer que estamos passando de uma era de ‘grupos de referência’ predeterminados a uma outra de ‘comparação universal’, em que o destino dos trabalhos de autoconstrução individual (…) não está dado de antemão, e tende a sofrer numerosa e profundas mudanças antes que esses trabalhos alcancem seu único fim genuíno: o fim da vida do indivíduo”. (BAUMAN, 2001).
A vida hodierna, nesse passo, nos leva a caminhos solitários, na busca incessante do ter, em detrimento do ser. A conquista do parceiro ideal e a cobrança de familiares e amigos exigem resultados, que nos fazem perder a individualidade, tornando-nos seres competitivos. Somos frios e, consequentemente, relativos na forma de se relacionar com o outro.
Não raro vemos em mesas de bar e confraternizações as pessoas se isolando no seu mundo virtual, sem ao menos se preocupar em travar um diálogo que os faça aproximar.
Vivemos longe, esquecemos o perto.
No campo sócio-político o isolamento é manifesto. Se unem momentaneamente, para acordos pontuais, esquecendo do objetivo público que deve permear sua vida. Apenas se toleram para alçar aos seus cargos públicos e se fecharem nos seus interesses.
Tem-se, portanto, que apesar de sermos gregários estamos nos individualizando, sempre na busca de nossos objetivos.
Estamos a esquecer o calor humano, de um aperto de mão ou de um abraço. Antes de ser moderno ou pós-moderno ainda somos humanos.
Odemirton Filho é professor e oficial de Justiça
Temos aqui novamente,
Sempre escrevendo com brilho,
Outra crônica excelente
Do nosso Odemirton Filho.
Valeu, meu querido amigo. Até nos comentários você é nota dez.
Abração!
NOTA DO BCS – Larga de preguiça, homem. Vamos voltar à labuta. Sol demais, queima. Saia dessa praia.
Era luta medonha, mas estou de volta (rsrsrs).
Abraços, caro editor.
Assino embaixo. Quero uma chuvinha boa.