quinta-feira - 01/08/2013 - 08:32h
Poder público

O verdadeiro vilão na polêmica da Propaganda x Saúde

A propaganda institucional virou vilã, uma vilã a mais, nesses tempos de crise na administração estadual. Na verdade, uma vilã também escolhida como tal nos mais diversos municípios do Rio Grande do Norte.

Num momento em que os principais serviços prestados à sociedade não funcionam, como Saúde, Educação e Segurança Pública, alguém – ou algo – termina “pagando o pato”. Vai pro cadafalso.

Multidões são açuladas contra o dever do ente público de informar, em nome de uma espécie de  “Santa Inquisição”, suposta cruzada cívico-moralista.

Como é comum à toda unanimidade, a qualquer generalização, temos excessos e distorções nessa celeuma.

O pecado não é investir na publicização dos atos, fatos, serviços e obras públicos. Gravíssimo é transformar o dever constitucional da divulgação, em instrumento de chantagem, manipulação ou asfixia da imprensa.

Criminoso é que os recursos destinados à propaganda sejam bem maiores do que à saúde, por exemplo.

Lamentável e ilegal, é o uso da verba publicitária à promoção pessoal, personalista e com fins eleitoreiros que praticamente todos, isso mesmo, todos os agentes públicos executivos levam a termo.

É importante salientar nessa abordagem, que as agências de publicidade e propaganda, habilitadas à produção do serviço, costumeiramente são içadas e apedrejadas como espectros do mal. Elas abocanhariam fortunas, serviriam para desvio de dinheiro público e enriquecimento ilícito.

De novo, a generalização pecaminosa. Mais uma vez, a unanimidade burra.

O que particularmente acontece com o Governo do Estado, gestão Rosalba Ciarlini (DEM), não é culpa das agências de propaganda e dos veículos que divulgam as peças de informação do interesse governista. O que é cruel, é a inversão de papeis e valores.

O Governo, em três anos consecutivos, despejou milhões a mais na promoção de sua imagem, deixando a Saúde Pública com investimento bem menor.

A culpa dessa preferência e prioridade não é da propaganda. É da mentalidade ególatra e politiqueiras dos inquilinos do poder. Quem precisa ser “apedrejada”, se for o caso, é essa corriola irresponsável, cínica e insensível.

A vilania está nessa postura e não na necessidade e dever de publicização de atos, fatos, serviços e obras do ente público.

Qualquer outra interpretação, sem levarmos em contas esses aspectos, cai no lugar-comum da histeria e revolta da boca para fora.

Ah, um detalhe: o Blog não tem qualquer agência com conta do Governo do Estado ou espaço comercialmente pago para seu uso.

A análise e opinião partem do princípio da razoabilidade e de amplo conhecimento quanto à natureza dessa relação entre propaganda-poder público-cidadão.

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Categoria(s): Administração Pública / Comunicação / Política

Comentários

  1. Carlos Dantas diz:

    Bom texto! Mas permita-me discordar amigo, à muito tempo os governos instituíram a propaganda como prioridade, e de onde para se mostrar obras governamentais e informar a população precisa ser gasto milhões com caríssimas agencias de publicidades? O bom governo na verdade se demonstrar com atos e não com publicidade.

  2. Tiago Silva diz:

    Corretíssimo. Isso mesmo. É preciso separar o joio do trigo.

  3. Pedro Victor diz:

    Infelizmente hoje se gasta mais mostrando que fazendo. Gasta-se 50.000 numa reforma de praça, e 500.000 em propaganda. Hoje, a maioria dos jornais e até blogs políticos existentes (maioria, não totalidade), só existem por causa de propaganda política, por causa daquele bannerzinho da prefeitura. É um exército de babões manipulando a opinião pública.

    A meu ver, propaganda tem que existir sim, mas em caráter informativo, e tem que ser justificada pelo alcance do meio de comunicação. O executivo também não deveria ser caracterizado por cores próprias, nem slogans: cada município tem seu brasão e sua bandeira. Pra que repintar toda a cidade e gastar centenas de milhares de reais desenvolvendo logos e slogans que durarão 4 anos e não dizem absolutamente nada?

    Dinheiro o país tem, mas a corrupção come quase tudo. E não estou me referindo à esfera federal. Acredito que a maior parte, de longe, seja comida nos estados e municípios.

  4. Inácio Augusto de Almeida diz:

    O exagero nos gastos com publicidade é que causam revolta.
    Quem pode imaginar um estado gastando mais com propaganda do que com saúde?
    Pois isto acontece.
    Onde?
    No RN.
    É isto que se questiona.
    Se estes governantes não fossem analfabetos em comunicação saberiam que exposição excessiva na mídia tem um efeito totalmente contrário do desejado.
    Como o doente que exagera na dose do remédio.
    Onde já se viu uma Governadora estar todos os dias nos microfones das emissoras de rádio?
    Onde já viu uma prefeita estar todos os dias, por diversas vezes, nos microfones das emissoras de rádio?
    O homem que melhor soube utilizar a propaganda foi Joseph Goebbels.
    Este que foi considerado o papa da propaganda política e conseguiu fazer com que um povo como o alemão idolatrasse um monstro como Hitler, não permitia mais do que uma aparição pública de Hitler por semana.
    O uso do rádio, na época não existia televisão, era feito de maneira parciomoniosa.
    Hitler só falava nas emissoras quando o assunto era da mais alta importância.
    Os jornais diariamente traziam BOAS notícias, mas o retrato de hitler não era publicado diariamente e jamais chegava ao ridículo de aparecer duas vezes numa única página.
    Quando se anunciava que iria acontecer um pronunciamento do Hitler a Alemanha parava para ouvir o seu líder.
    Mas aqui, como desconhecem os mais comezinhos princípios da propaganda, usam e abusam dos microfones, das páginas de jornais e da televisão.
    Gastam muito e como retorno só conseguem a rejeição do povo.
    Basta fazer uma enquete para saber qual o índice de rejeição à Governadora e á prefeita de Mossoró.
    Como dizia minha avó Tila:
    QUEM NÃO SABE COMER MEL, QUANDO COME, SE LAMBUZA.
    ///
    CUSCUZ COM OVO SEM CAFÉ É SERVIDO NA MERENDA ESCOLAR
    O UNIFORME ESCOLAR AINDA NÃO FOI DISTRIBUÍDO EM MOSSORÓ

  5. Inácio Augusto de Almeida diz:

    Corrigindo
    O exagero nos gastos com publicidade é que CAUSA revolta.
    Mais adiante escrevi parciomonisa quando quis escrever PARCIMONIOSA.
    Coisa de quem toca sino e acompanha procissão.
    KKKKKKKKKKKKKKKK

  6. Hermiro Filho diz:

    Carlos Dantas, bom dia.
    O Carlos Santos está com toda razão, por isso, esse tipo de comportamento do governo do RN tem que vim à tona para o conhecimento de muitos que simplesmente não sabem o que está acontecendo no nosso estado.

  7. ana serour diz:

    Parabéns pelo artigo. Fiquei impressionada com a redação incisa, precisa e concisa. Os comentários dos leitores foram muito pertinentes e primam pela boa redação, demonstrando que o povo do Rio Grande do Norte é culto e inteligente. Falta-me conhecer este estado da Federação…. Noto que aqui no Rio de Janeiro e em São Paulo os internautas escrevem muito mal, com erros crassos de português! O conteúdo da matéria me ajudou muito pois estou fazendo uma pesquisa sobre desvio de verbas da saúde para propaganda institucional. Obrigada!

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